Teresa Lourenço
Teresa Lourenço (Lisboa, 1330 — ?) é uma das amantes do rei D. Pedro I e com quem teve D. João I de Portugal[1]. Segundo uns, seria filha do mercador lisboeta Lourenço Martins da Praça; segundo outros, seria uma dama galega do séquito de D. Inês de Castro. Uma das versões conta que, após o assassinato de Inês de Castro, o rei Pedro I de Portugal teria mantido uma relação vulgar com uma dama galega de nome Teresa. A existência duma Teresa Lourenço, mãe do Mestre de Avis D. João, que seria filha de Lourenço Martins da Praça - este, por sua vez, filho de Martim Lourenço e de sua mulher, Sancha Martins - nunca foi comprovada de facto.[2] O próprio nome da senhora necessita de ser desvendado, pois que, segundo os mais antigos manuscritos daquela Crónica de Fernão Lopes (por exemplo, o ms. 352 do Arquivo Nacional da Torre do Tombo), chamar-se-ia apenas Dona Tareija ou Teresa Lourenço, como era mencionado no documento copiado por António Caetano de Sousa. Na edição de 1735 da Crónica de el-rei D. Pedro I, de Fernão Lopes[3], o texto do capítulo I da obra apresenta-se alterado e menciona… «uma Dona natural de Galiza que chamavam Dona Tareija Lourenço». A partir daí, ela já passaria a ser designada comumente por Lourenço, mas ainda era galega. Mais tarde, além de Lourenço, passou a ser lisboeta e, ademais, filha daquele mercador, como, há que o assinalar, já antes de António Caetano de Sousa alguns autores sustentavam. Segundo Isaac da Costa, em seu trabalho Israël in de Volken, publicado em 1850, Teresa Lourenço era judia.[4] António Caetano de Sousa, no século XVIII, copia[5] da Torre do Tombo, duma súmula relativa a documentos da época do rei D. Pedro - o chamado Livro da Chancelaria de D. Pedro I -, um texto referente a uma doação deste rei à mãe do dito D. João, Mestre de Avis. Nesse texto ela é designada como «Teresa Lourenço». Em 1987 José Carlos Soares Machado publicou um estudo sobre a linhagem dos Castro de Moncorvo, na qual insere Teresa Lourenço [de Castro], a mãe de D. João, Mestre de Avis e depois Rei. Naturalmente que alarga a análise e a investigação acerca da mãe do primeiro monarca da dinastia de Avis[6]. O que é verdade é que, de uma "cópula ordinária ou coito vulgar" (como se dizia à época), vingaria em Lisboa, em São João da Praça (onde residiam os comerciantes lisboetas), a 11 de Abril de 1357 um filho natural a que deram o nome de João, e que, não podendo ser criado na Corte por bastardo, foi confiado a Lourenço Martins, o da Praça, a fim de o criar. Poucos anos depois, João foi feito Mestre de Avis, a pedido do galego D. Nuno Rodrigues Freire de Andrade, o então mestre da Ordem de Cristo. E esse mesmo João veio a ascender ao trono durante a Crise de 1383-1385, sob o nome de D. João I. O olisipógrafo José Sarmento de Matos, no segundo volume de «A Invenção de Lisboa», reforça essa ideia, referindo o facto do príncipe ser entregue à educação de Lourenço Martins por este ser seu avô. Mais acrescenta o facto dele ter tido o seu grande apoio nos cidadãos de Lisboa por a família dele, do seu tutor, ser aí numerosa e muito influente[7]. Referências
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