Terrorismo de esquerda
Terrorismo de esquerda (por vezes chamado de terrorismo marxista-leninista ou terrorismo revolucionário) é uma forma de terrorismo que almeja derrubar sistemas capitalistas e substituí-los por sistemas de sociedades marxistas-leninistas ou socialistas.[1][2] O mesmo também ocorre quando estados socialistas já existentes sofrem ativismo contra o governo em questão. O terrorismo de esquerda ganhou manifestações vívidas por todo o mundo, apresentando dinâmicas e relações divergentes com governos nacionais e economias políticas. Ideologia e motivaçõesTerroristas de esquerda têm sido influenciados por inúmeras correntes comunistas e socialistas, incluindo o marxismo. Naródnaia vólia, um grupo terrorista do século XIX que matou o czar Alexandre II da Rússia em 1881 e desenvolveu o conceito de propaganda pelo ato é uma influência notável.[3] De acordo com Sarah Brockhoff, Tim Krieger e Daniel Meierrieks, enquanto o terrorismo de esquerda é motivado ideologicamente, o terrorismo nacional-separatista é motivado etnicamente.[4] Eles argumentam que a meta revolucionária da esquerda é não-negociável, enquanto terroristas de direita estão dispostos a fazer concessões. Eles também sugerem que a rigidez das demandas de tais terroristas podem explicar a falta de apoio em relação a grupos nacionalistas.[5] Entretanto, muitos dos revolucionários de esquerda mostraram solidariedade por grupos de liberação nacional que fazem uso de terrorismo, como os Nacionalistas Irlandeses, a Organização para a Libertação da Palestina e os Tupamaros, vendo eles como membros em comum de uma luta global contra o capitalismo.[6] Uma vez que o sentimento nacionalista é alimentado por condições socioeconômicas, alguns movimentos separatistas como o ETA Basco, o Exército Republicano Irlandês Provisório e o Exército de Libertação Nacional Irlandês incorporaram ideologias de esquerda (como a comunista e socialista) em suas políticas.[7] HistóriaO terrorismo de esquerda tem suas raízes no terrorismo anarquista do século XIX e início do século XX e tomou forma durante a Guerra Fria. O terrorismo moderno de esquerda desenvolveu-se no contexto da agitação política de 1968. Na Europa Ocidental, grupos notáveis incluíam a Fração do Exército Vermelho da Alemanha Ocidental (RAF), as Brigadas Vermelhas Italianas, o Action Directe Francês (AD) e o Cellules Communistes Combattantes (CCC). Grupos asiáticos incluíram o Exército Vermelho Japonês e os Tigres da Libertação do Tâmil Eelam, embora a organização posterior tenha adotado o terrorismo nacionalista. Na América Latina, grupos que se envolveram ativamente no terrorismo nas décadas de 1970 e 1980 incluíram os sandinistas nicaraguenses, o Sendero Luminoso Peruano e o Movimento Colombiano de 19 de abril. Especificamente no Brasil, o Movimento de Libertação Popular (Molipo), de inspiração cubana, ganhou notoriedade por atos terroristas cometidos durante a ditadura militar. América latinaStefan M. Aubrey descreve os Sandinistas, o Sendero Luminoso, o Movimento 19 de Abril e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) como as principais organizações envolvidas no terrorismo de esquerda na América Latina durante as décadas de 1970 e 1980. Essas organizações se opuseram ao governo dos Estados Unidos e atraíram apoio local, além de receber apoio da União Soviética e de Cuba. [1] FARCAs Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são uma organização marxista-leninista na Colômbia que se envolveu em explosões de veículos, bombas de botijão de gás, assassinatos, minas terrestres, sequestros, extorsão e espoliação (sequestro de aeronaves), bem como guerrilha e formações militares convencionais. O Departamento de Estado dos Estados Unidos inclui as FARC-EP em sua lista de organizações terroristas estrangeiras, assim como a União Europeia. A organização financia-se principalmente através de extorsão, sequestro e sua participação no comércio ilegal de drogas.[8][9] Muitas de suas frentes recrutam recrutas menores de idade à força, distribuem propaganda e roubam bancos. As empresas próximas aos domínios das organizações e que operavam em áreas rurais, incluindo as de interesses agrícolas, petrolíferos e de mineração, eram obrigadas a pagar "vacinas" (mensalidades em dinheiro) que "protegiam" eles de ataques e sequestros subsequentes. Uma fonte de receita adicional, embora menos lucrativa, foram os bloqueios de rodovias nos quais os guerrilheiros paravam motoristas e ônibus para confiscar joias e dinheiro. Estima-se que 20 a 30 por cento dos combatentes das FARC tenham menos de 18 anos de idade, e muitos têm apenas 12 anos de idade, totalizando cerca de 5 mil crianças.[10] Crianças que tentam escapar das fileiras da guerrilha são punidas com tortura e morte.[10][11] Organização Comunista 19 de maioA Organização Comunista 19 de maio, também conhecida como a Coalizão Comunista de 19 de maio, era uma auto-intitulada organização revolucionária de base nos Estados Unidos, formada por membros oriundos do Weather Underground e do Black Liberation Army.[12] O nome M19CO foi derivado dos aniversários de Ho Chi Minh e Malcolm X. A organização esteve ativa de 1978 a 1985. Também incluiu membros dos Panteras Negras e da República da Nova Áfrika (RNA).[13][14] Segundo um relatório do governo dos EUA de 2001, a aliança entre os membros do Exército de Libertação Negra e do Weather Underground tinha três objetivos: libertar ativistas políticos prisioneiros das penitenciárias dos EUA; apropriar a riqueza capitalista (através de roubos à mão armada) para financiar suas operações; e iniciar uma série de bombardeios e ataques terroristas contra os Estados Unidos.[13] Sendero LuminosoO Partido Comunista do Peru, mais comumente conhecido como Sendero Luminoso, é uma organização guerrilheira maoísta que iniciou um conflito interno no Peru em 1980. Amplamente condenado por sua brutalidade, incluindo a violência contra camponeses, sindicalistas, autoridades popularmente eleitas e população civil geral, [15] Sendero Luminoso está na lista "Organizações Terroristas Estrangeiras Designadas" do Departamento de Estado dos Estados Unidos.[16] O Peru, a União Europeia, e o Canadá [17] também consideram o Sendero Luminoso como um grupo terrorista e proíbem o seu financiamento ou qualquer outro tipo de apoio financeiro. Ver também
Referências
Bibliografia
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