The Perks of Being a Wallflower Nota: Se procura pelo filme, veja The Perks of Being a Wallflower (filme).
The Perks of Being a Wallflower (no Brasil e em Portugal, As Vantagens de Ser Invisível) é um romance epistolar do escritor norte-americano Stephen Chbosky. Publicado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1 de fevereiro de 1999 pela editora MTV Books, foi depois publicado em dezesseis países e traduzido para treze idiomas. Também encontra-se disponível nos formatos digital e áudio. Narrado na primeira pessoa por um adolescente que se autodenomina "Charlie", a trama acompanha diversas cenas da vida do rapaz através de cartas escritas por ele a uma pessoa anônima. O romance aborda temas como introversão, sexualidade, uso de drogas e outros assuntos comuns na adolescência. Além disso, conforme a história avança, também são mencionadas diversas obras da literatura, do cinema e da cultura pop em geral e discutidos seus significados. Chbosky levou cinco anos para escrever o romance, publicando-o aos 29 anos. Ele se inspirou em lembranças de sua própria juventude para criar os personagens e outros aspectos importantes da história. Apesar de ser seu primeiro trabalho, o livro obteve significativo sucesso comercial — entretanto, por seu conteúdo polêmico, foi banido de algumas escolas públicas dos Estados Unidos. Mesmo assim, foi acolhido por adolescentes de todo o país e se mantém popular até a atualidade. Em setembro de 2012 foi lançado um longa-metragem homônimo durante o Festival de Toronto, com Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller interpretando as personagens principais. Dirigido e roteirizado pelo próprio Chbosky, a adaptação cinematográfica da obra foi bem recebida pela crítica e pelo público, sendo considerado relativamente fiel ao material original. Em comemoração aos 20 anos de lançamento da obra, a editora Intrínseca anunciou que lançaria uma nova edição do livro, com capa especial e trecho inédito. A nova edição chegou ao mercado em 15 de agosto de 2020[1]. Enredo"Charlie" é o apelido do narrador adolescente do romance, que está prestes a começar seu primeiro ano do ensino secundário. O livro é apresentado por meio de cartas que Charlie escreve para uma pessoa anônima, que ele não conhece — ele ouve meninas falarem de forma carinhosa sobre essa pessoa em uma conversa no colégio. Charlie começa seu ano de calouro apreensivo devido à morte de seu único bom amigo Michael, que cometeu suicídio alguns meses antes.[2] Ele não sente que pode confiar em seus pais ou irmãos mais velhos para apoiá-lo, porque eles nunca o compreenderam verdadeiramente.[2] Ele também explica que o único parente de quem já se sentiu perto foi sua tia Helen(amada), mas ela foi morta em um acidente de carro anos atrás.[3] Charlie rapidamente faz amizade com dois alunos mais velhos: Sam e seu meio-irmão Patrick.[4] Ele logo desenvolve fortes sentimentos pela garota. Os dois apresentam a ele muitas experiências novas e também a um grupo de amigos veteranos desajustados. Charlie escreve sobre situações em que ele fica com seus novos amigos — incluindo ir a festas,[5] dirigir ao longo do túnel da sua cidade e sentir-se "infinito",[6] assistir e atuar no espetáculo Rocky Horror Picture Show,[7] ir a seu primeiro encontro, e experimentar várias drogas.[5] Depois de uma festa onde Charlie consumia drogas, a polícia encontra o garoto deitado na neve em algum lugar, desmaiado. No hospital, falando com a polícia e com seus pais, descobrimos que Charlie muitas vezes tem visões, mostrando que ele não está mentalmente bem.[8] Bill, o professor de inglês de Charlie, também desempenha um papel importante em sua vida. Após dar uma nota "C" num trabalho seu sobre um romance, Bill começa a oferecer ao rapaz livros para que ele leia fora da classe de aula e encoraja-o a escrever ensaios sobre cada um deles. Bill, então, os corrige para ajudar Charlie a desenvolver melhor sua dicção e sintaxe.[9] Além de ter de lidar com seus sentimentos por Sam, Charlie tem um breve relacionamento com Mary Elizabeth, uma garota de seu círculo de amigos.[10] Ele a leva para um baile na escola e também a alguns encontros. A princípio, Charlie não se importa com o quão unilaterais suas conversas são. Mas, depois de Mary Elizabeth comprar-lhe um livro, ele sente uma mudança no ritmo das coisas de que não gosta.[11] Durante uma festa, em um jogo de verdade ou desafio?, Charlie é desafiado a beijar a menina mais bonita da sala. Ele beija Sam, e seu relacionamento com Mary Elizabeth termina oficialmente.[12] Sam também inicia um relacionamento com um rapaz chamado Craig, que é "atraente e bem-talhado".[13] Charlie não gosta da maneira como ele a trata, explicando que se Craig tirou uma foto bonita de Sam, ele logo pensa que é graças a seus dons de fotógrafo, e não devido à beleza da modelo.[13] Após seu relacionamento com Charlie, Mary Elizabeth namora um amigo de Craig chamado Peter, que ela diz "melhor complementá-la".[14] Sam e Craig, em seguida, separam-se.[15] Charlie descobre por Peter que Craig a traia com outras garotas.[15] Além disso, Charlie escreve sobre o relacionamento de Patrick com Brad, o quarterback do time de futebol americano que é gay, mas que ainda não "saiu do armário".[16] Um dia, o pai de Brad vê seu filho com Patrick, tendo relações no porão. Ele dá uma surra em Brad. O garoto chega com hematomas na escola e finge não saber quem Patrick é.[17] Quando um dos amigos de Brad agride Patrick, Brad não o ajuda e ainda o chama de "veado", causando uma luta no meio do refeitório. Os amigos de Brad se unem contra Patrick e começam a espancá-lo.[17] Charlie vem em socorro de Patrick. Sozinho, ele acaba vencendo as pessoas que machucavam seu amigo. Ajudando Patrick a se erguer, ele avisa Brad que se machucassem Patrick de novo, ele iria cegá-los.[18] Outra relação discutida é a de sua irmã, que está namorando Derek, um jovem que Charlie viu bater nela.[19] Charlie é especialmente sensível a esse fato, uma vez que sua tia Helen tornara-se "louca" após sofrer abusos de homens ruins.[20] Sua irmã, eventualmente, termina com o cara.[21] Charlie cresce muito durante a história e aprende a "participar da vida", como aconselhado por Bill. Conforme o tempo passa, ele percebe que, com o fim do ano letivo, todos os seus amigos e sua irmã partirão para suas respectivas faculdades.[22] Sam foi aceita na Penn State e Patrick está indo para a Universidade de Washington. Charlie assiste à cerimônia de graduação,[23] e na noite seguinte Sam reúne todos os seus colegas na casa dela para que contem histórias.[24] Quando todos vão embora, Sam confronta Charlie sobre por quê ele nunca a chamou para sair e ele diz que só queria vê-la feliz.[25] Eles se beijam e deitaram na cama. Quando ela acaricia sua perna, lembranças voltam à mente do garoto, de quando sua tia Helen tocara sua perna da mesma forma quando ele era criança.[26] Sam e Charlie passam a noite juntos e na manhã seguinte ela e Patrick partem.[27] Sozinho em casa, Charlie começa a lembrar das coisas que aconteceram ao longo do ano e sua condição começa a ficar ruim novamente.[28] Seus pais o encontram nu, em estado catatônico, e o levam para o hospital. Ele não fala com ninguém por dias.[28] No hospital, Charlie vê uma psiquiatra que começa a lhe perguntar sobre sua tia Helen, que aparentemente não estava totalmente sã.[29] Charlie se abre para a médica, e ela revela aos pais do garoto que tia Helen o havia molestado sexualmente quando ele ainda era criança, e que esta é, provavelmente, a razão por que Charlie não estar mentalmente bem.[29] Ele permanece no hospital por um tempo, com visitas ocasionais de seus irmãos e amigos,[30] e, eventualmente, vai para casa, planejando continuar vendo a psiquiatra.[31] Um pouco mais tarde, Patrick e Sam vão com Charlie de carro até o túnel, e, desta vez, Charlie fica em pé na parte de trás do veículo. No final, ele descobre que pode continuar com a vida sem medo, porque agora não é mais "invisível".[32] Personagens
AntecedentesEm 1994, Stephen Chbosky estava trabalhando em um "tipo de livro muito diferente" de The Perks of Being a Wallflower, quando escreveu a frase "I guess that's just one of the perks of being a wallflower".[44][nota 1] Ele lembra: "Escrevi a linha. E parei. E percebi que em algum lugar naquela [sentença] encontrava-se o garoto que eu estava realmente tentando achar".[44] Ele começou a escrever o romance na faculdade, quando já tinha o título e algumas imagens em mente.[45] A ideia das cartas endereçadas a uma pessoa anônima veio de uma experiência real: no último ano do ensino médio, Chbosky enviou uma carta sem assinar a seu ídolo Stewart Stern (roteirista de Rebel Without a Cause); após um ano e meio de busca, Stern o encontrou e desde então passou a ser seu mentor — foi ele, inclusive, a primeira pessoa a ler o roteiro do filme baseado em The Perks of Being a Wallflower.[46] Chbosky demorou cinco anos para escrever o livro, publicando-o aos 29 anos.[47] Ele passava por "um momento difícil" em sua vida quando decidiu escrever o romance — chegando a dizer que "estava sem esperanças" naquele período e que após terminar a obra "estava em um lugar muito melhor".[48] Ele também afirmou que, com esta história, gostaria de transmitir a seus leitores jovens a mensagem de que eles não estavam sozinhos e que tudo pelo que eles estavam passando "é válido e merece ser respeitado e comemorado".[49] O livro é semi-autobiográfico: através de Charlie, Chbosky escreve muito do que ele próprio sentia e pensava na adolescência. Entretanto, ele afirmou que apesar de se identificar com Charlie sua vida no colégio "foi, de muitas maneiras, diferente".[44] O nome do protagonista não foi retirado de uma pessoa real; na verdade, mesmo após começar o romance, Chbosky ainda não tinha um nome em mente. Contudo, após escrever o primeiro "Com amor", ele soube como chamaria o garoto.[50] Ele incluiu no livro inúmeros detalhes do seu crescimento em Pittsburgh, sua cidade natal — como o Rocky Horror Picture Show, que ele gostou muito de ver nessa época.[51] Ele apreciava muito observar e ouvir confissões de seus colegas, de modo que ao escrever o romance ele apenas reuniu todas aquelas informações para criar suas personagens: Sam tornou-se a união de várias garotas diferentes, enquanto Patrick é uma celebração de todas as crianças gays que "encontraram seu caminho e construíram sua própria identidade".[51] Estrutura e temática
Stephen Chbosky, em entrevista para Chandra Rooney do blog Indigo.[52] Apesar de também ser lido por adultos, The Perks of Being a Wallflower apela sobretudo ao público juvenil.[53] Ainda que escrito em 1999, sua história se passa entre 1991 e 1992.[45] Chbosky a escreveu na forma de cartas porque achou que esta era a maneira mais íntima de falar ao leitor.[51] Além disso, ele sentiu que esta seria uma forma de manter a história coesa, já que a juventude possui altos e baixos — onde, segundo o próprio romancista, "um dia, você está no topo do mundo e [...] três semanas depois, você está terrivelmente deprimido".[51] Isso se reflete na escrita de Charlie: no início, o texto do garoto é simples e infantil, mas, à medida que amadurece, ele começa a escrever de uma forma mais profunda e completa.[47] O livro aborda com naturalidade elementos como sexo e drogas, evitando tanto criticar quanto glorificar esses temas.[54] Também estão presentes outros assuntos, como problemas com a imagem corporal, distúrbios alimentares, a dor do primeiro amor e as relações entre amigos.[48] A obra traz diversas referências à cultura pop, que exercem um papel importante na formação do protagonista.[47] Músicas de bandas como The Smiths, Nirvana, The Beatles e U2 são citadas ao longo de toda a história, bem como o filme Reds e a série televisiva M*A*S*H.[47] Charlie também é um leitor ávido, e recebe de seu professor de literatura obras como On The Road (de Jack Kerouac), To Kill a Mockingbird (de Harper Lee) e A Separate Peace (de John Knowles).[55] Lançamento e recepçãoSendo o romance de estreia de Chbosky, The Perks of Being a Wallflower foi publicado pela MTV Books em 1999, tornando-se um sucesso imediato entre os leitores adolescentes e o título mais vendido da MTV Books um ano após o lançamento.[56] Entretanto, ele não foi recebido com unanimidade pelos críticos. Em uma revisão negativa, a revista Publishers Weekly afirmou achá-lo "banal" e comentou que para questões dos adolescentes como sexo e timidez "Chbosky infunde uma insistência monótona na disposição supersensível de Charlie".[57] Por outro lado, a revista Kirkus Reviews achou a narrativa de Chbosky "simples", comparando Charlie ao protagonista do clássico O Apanhador no Campo de Centeio, do romancista norte-americano J. D. Sallinger.[58] A mesma comparação foi feita por vários críticos; no entanto, Chbosky afirmou em algumas entrevistas que mesmo gostando de O Apanhador, não tentara imitar o estilo de Sallinger — apesar deste ser, ao lado de F. Scott Fitzgerald e Tennessee Williams, uma importante influência em sua escrita.[44] Brangien Davis, em uma revisão para a loja virtual Amazon.com, elogiou a trama e comentou: "O que é mais notável sobre este engraçado, comovente e memorável primeiro romance de Stephen Chbosky é a precisão retumbante com que o autor capta a voz de um menino à beira da idade adulta".[59] Por sua vez, Marah Eakin, escrevendo para o jornal The A.V. Club, comentou que aos olhos de um adulto o livro sofre de "um excesso de angústia pura e crua"; contudo, ela finalizou dizendo que, ao contrário de outras obras com público amplo e mais favoráveis ao desenvolvimento pessoal como a série Harry Potter da britânica J. K. Rowling, Perks falava a uma faixa etária mais específica e fazia bem a ela.[60] Francisca Goldsmith, do jornal School Library Journal, afirmou que o livro possui uma "narrativa inteligente" que coloca os leitores como destinatários de cartas de Charlie, complementando: "Este relatório sobre a sua vida vai envolver os leitores adolescentes pelos próximos anos".[59] The Perks of Being a Wallflower também despertou controvérsia devido ao retrato que Chbosky faz da sexualidade adolescente e do uso de drogas.[54] O livro foi proibido em algumas escolas de Massachusetts, Winsconsin e Long Island,[54] e apareceu em listas de 2006, 2008 e 2009 da Associação de Bibliotecas Americanas dos "dez livros mais frequentemente contestados".[53][61][62] Apesar disso, ele se manteve popular no decorrer dos anos, com os próprios leitores indicando-o para seus amigos na base do "boca a boca".[63] Isto se reflete de diversas formas; Chbosky, por exemplo, já chegou a receber cartas de adolescentes que após lerem seu romance desistiram de se suicidar, tal foi o sentimento de conexão que sentiram com Charlie.[54] Além disso, até 2007 mais de 700.000 cópias da obra haviam sido vendidas nos Estados Unidos.[53] Em agosto de 2012, a rádio norte-americana NPR organizou uma pesquisa entre o público jovem e listou "os cem melhores romances adolescentes"; The Perks of Being a Wallflower encontrava-se em 16º lugar no ranking.[64] Por conta do lançamento de sua adaptação cinematográfica, a obra alcançou o primeiro lugar na referencial lista de livros infanto-juvenis mais vendidos (em brochura) do jornal The New York Times, no final de 2012.[65] No mesmo período, ele atingiu a marca de 1,5 milhão de cópias impressas nos Estados Unidos,[66] com disponibilidade tanto em formato impresso (brochura e capa dura), quanto em áudio e para download digital para o leitor Kindle.[59] Além disso, foi publicado em dezesseis países e traduzido para treze idiomas.[67] No Brasil, foi lançado originalmente em 2007 com uma tiragem de quatro mil exemplares.[47] Adaptação para o cinemaChbosky afirmou muitas vezes que desde que começou a escrever The Perks of Being a Wallflower ele tivera a vontade de ver sua história adaptada para o cinema, dizendo também que este "era o sonho de sua vida".[45] Após o lançamento do romance, seu agente recebeu diversas ofertas de estúdios interessados em obter os direitos do livro, inclusive de uma empresa alemã, mas Chbosky optou por não vendê-los a ninguém, com esperanças dele próprio fazer a transposição da história para o cinema.[48] A produção da empresa Mr. Mudd desenvolveu a adaptação cinematográfica do romance,[68] enquanto a Summit Entertainment distribuiu o filme no mercado norte-americano.[69] Os produtores da Mr. Mudd — John Malkovich, Lianne Halfon e Russell Smith — contrataram Chbosky para escrever o roteiro e também para dirigir a obra.[68] A produção é estrelada por Logan Lerman como Charlie, Ezra Miller como Patrick, e Emma Watson como Sam. Papéis secundários importantes foram ocupados por Nina Dobrev (como a irmã de Charlie), Paul Rudd (como Bill), além de Kate Walsh e Dylan McDermott (retratando os pais de Charlie).[70] The Perks of Being a Wallflower foi rodado na área metropolitana da cidade de Pittsburgh, de 9 de maio de 2011 a 29 de junho do mesmo ano.[71] O longa-metragem foi lançado em 8 de setembro de 2012 no Festival de Toronto e foi bem recebido pela crítica especializada: ele possui uma aprovação de 85% no agregador de revisões Rotten Tomatoes,[72] enquanto o Metacritic, numa escala de 0 a 100, lhe atribui uma nota 67 (indicando "opiniões geralmente favoráveis").[73] Ian Buckwalter, da revista The Atlantic Monthly, elogiou a fidelidade do filme em relação ao livro, além de comentar o que chamou de "excelente desempenho" do trio formado por Lerman, Miller e Watson.[74] Por sua vez, Amy Biancolli, do jornal San Francisco Chronicle, afirmou que "The Perks of Being a Wallflower dói. Dói porque ele retrata a solidão, a ansiedade e a total bagunça fremente da adolescência que não é vista com frequência desde o auge [dos filmes do diretor] John Hughes".[75] Com orçamento de 13 milhões de dólares, o longa-metragem rendeu pouco mais de 32 milhões nas bilheterias mundialmente.[69] Também foi indicado a vários prêmios da indústria, incluindo um Independent Spirit Award.[76] Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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