Tommaso Gaudenzio Bezzi
Tommaso Gaudenzio Bezzi (Turim, 18 de janeiro de 1844[1] — Rio de Janeiro, 23 de maio de 1915[2]) foi um engenheiro e arquiteto italiano radicado no Brasil desde 1875.[3] Trabalhou para a Corte Imperial Brasileira no final do século XIX em várias cidades do país, como Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.[4] Sua obra de maior destaque é o edifício-monumento Museu do Ipiranga, museu público mais antigo de São Paulo que faz parte conjunto arquitetônico do Parque da Independência,[5] tombado como patrimônio de valor histórico pelo IPHAN.[6] Juventude na Itália e formaçãoTommaso Bezzi nasceu em Turim, na Itália, no ano de 1844. Na adolescência, é voluntário nas campanhas de Giuseppe Garibaldi pela unificação italiana, chegando até a receber medalhas por sua atuação em combate.[2] Em 1860, luta e é ferido duas vezes, na Batalha de Milazzo e de Cápua. Em 1866, como oficial do exército regular, combate os austríacos na Batalha de Custoza.[7] Nesse ínterim entre as batalhas, ingressa na Universidade de Turim e forma-se como engenheiro.[2] Com a derrota de Garibaldi para os franceses em 1868, decide abandonar a farda e emigra da Itália para a América do Sul. América do SulO primeiro país que Bezzi visita em 1868 é o Uruguai.[2] Logo depois muda-se para Argentina, onde fica até 1975 e é quando começa a ser reconhecido por seu trabalho como arquiteto. Em Buenos Aires, desenvolve projetos de residências, prédios, boulevards e faz parte do processo de modernização arquitetônico da capital na época.[4] BrasilBezzi chega ao país em 1875.[7] Seu primeiro projeto como arquiteto em terras brasileiras é o edifício da alfândega de Fortaleza, capital da Província do Ceará, a pedido do governo imperial.[3] Rio de JaneiroTommaso muda para o Rio de Janeiro em 1875 e nos primeiros meses de estadia, hospeda-se na residência do Visconde do Rio Branco, importantíssima figura política da época e que introduz o arquiteto ao círculo de amizade de D. Pedro II.[4] Em 26 de janeiro de 1876, Tommaso Bezzi se casa com Francisca Nogueira da Gama Carneiro de Bellens, de família nobre tradicional brasileira.[8] A união serve para estreitar ainda mais as relações do arquiteto com o imperador e o fixar definitivamente no Brasil. Bezzi tinha a simpatia de outras personalidades da época, como Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiuva e Rui Barbosa, o que foi importante para aproximá-lo dos empreendimentos relevantes da época.[7] No Rio, foi responsável pelo projeto do antigo Banco do Comércio (hoje demolido) em 1882 e pela reforma do Palácio do Itamaraty, na virada do século.[4] Sua obra de maior expressão em terras fluminenses é o edifício-sede do Clube Naval, localizado na Av. Rio Branco, que teve sua construção iniciada em 1905 mas só foi inaugurado em 1910.[9] São PauloAlém do Museu do Ipiranga, Bezzi tem outras duas obras importantes em São Paulo. A primeira delas é a Praça da República, projeto feito entre 1902 e 1904 a pedido do primeiro prefeito de São Paulo, conselheiro Antonio da Silva Prado.[10] A outra é o Velódromo de São Paulo, pista de ciclismo que veio a ser o primeiro estádio de futebol do Brasil. Em 1895, Bezzi é novamente chamado pelo prefeito para melhorar as instalações da pista de ciclismo, em especial da arquibancada. Em 21 de junho de 1896, o Velódromo de São Paulo é reinaugurado para o ciclismo.[11] A partir de 1900, o Club Athlético Paulistano passa a usar o espaço como sede, o que abriu o espaço para o uso do Velódromo como estádio.[12] Museu do IpirangaO Museu do Ipiranga é a obra mais importante e mais conhecido de Tommaso Gaudenzio Bezzi. A construção de um grandioso monumento em homenagem à Proclamação da Independência vinha sendo planejado desde 1822 — José Bonifácio autorizou a abertura de uma subscrição pública para a construção de uma obra comemorativa em 1823.[7] Mas a ideia só veio a se concretizar anos com a criação da Comissão do Monumento, em 1873. A Câmara Municipal da Imperial Cidade de São Paulo nomeou 28 membros para cuidar dos assuntos relacionados ao projeto e foi no interior desta comissão que se consolidou a ideia de criar uma obra não apenas escultural, mas arquitetônica, que tivesse utilização prática e cultural.[13] Em 1822, Bezzi é indicado pela Comissão para elaborar o projeto do Museu Paulista, graças à influência direta do imperador.[4] A primeira pedra do monumento é colocada no dia 10 de outubro de 1882. Em janeiro de 1883, a Comissão nomeia outro grupo, de engenheiros, para opinar e fazer alterações no projeto de Bezzi - entre eles, o italiano Luigi Pucci. Em maio do mesmo ano, o projeto passa pela aprovação total das comissões, bem como a de D. Pedro II.[14] As obras tem início em 25 de março 1885. Porém, as relações entre Bezzi, o Governo do Estado e o responsáveis pelo empreendimento não foi amigável. Mesmo em andamento, o projeto precisou ser alterado algumas coisas por conta de falta de fundos, o que deu início a uma série de desentendimentos entre o arquiteto e o resto do grupo.[1] Em 1890 as obras são paralisadas. Bezzi tem seu contrario rescindindo em 1892 e é retirado do projeto em 1894, quando as obras são retomadas. Mesmo inacabado, a inauguração solene do Museu do Ipiranga ocorre dia 7 de setembro de 1895.[3] Anos finais e morteApós sair do projeto do Museu do Ipiranga, Tommaso Bezzi volta ao Rio de Janeiro, onde retoma suas atividades profissionais e acompanha, à distância, a trajetória do edifício-monumento que projetou. Falece no dia 23 de maio de 1915.[1] Impacto cultural e influênciasAlém de abrigar um dos maiores acervos culturais e históricos do país, é no aspecto arquitetônico que o projeto do Museu do Ipiranga foi um marco para a cidade de São Paulo. O estilo eclético do edifício-monumento serviu de modelo para inúmeras outras construções - os elementos estranhos ao que se era praticado, como colunatas duplas e detalhes ornamentais, passaram a ser visto em diversos casarões pela cidade.[14] Do aspecto geográfico, por se tratar de um espaço celebrativo, bucólico e de lazer, sempre foi responsável por um fluxo volumoso de visitantes, que ajudou com a urbanização do bairro.[14] Em relação à opinião pública, é fato que Tommaso Bezzi era uma figura conhecida. Além de fazer parte do círculo íntimo de amizade de D. Pedro II, o italiano foi o projetista responsável pela obra de maior destaque da virada do século no Brasil. As pessoas estavam ansiosas para ver o monumento finalizado e Bezzi foi pauta dos jornais da época diversas vezes. Seu trabalho agradou aos críticos principalmente por trazer novas técnicas e tendências arquitetônicas que para o país.[1] Principais obras realizadas
Ver tambémReferências
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