Árabe jugari
Árabe centro-asiático ou árabe jugari (em árabe: العربية الآسيوية الوسطى) é um conjunto de variantes do árabe comuns falados em alguns países da Ásia Central à beira da extinção. Muito diferente de outras variantes conhecidas da língua árabe, ainda que guardem certas semelhanças com o árabe falado mesopotâmico setentrional, são dialetos que formam um grupo independente dos cinco grandes ramos do árabe moderno.[1] Com seu número de falantes em declínio, são falados atualmente somente por poucos membros das comunidades árabes que vivem no Afeganistão, no Irã, no Tajiquistão e no Uzbequistão, países onde a língua árabe não é um idioma oficial. Ao contrário do que ocorre com outras variantes em praticamente todo o mundo árabe, não há diglossia do dialeto com o árabe moderno padrão nessas comunidades, onde o dari, o farsi, o tajique e o usbeque são usados amplamente para a comunicação diária ou mesmo já são a língua materna desses grupos étnicos minoritários.[1] HistóriaNo passado, eram falados entre as inúmeras comunidades árabes nômades da Ásia Central que habitavam, desde a queda do Império Sassânida, áreas como as províncias uzbeques de Samarcanda, Bucara, Qashqadaryo e Surcã Dária, a província tajique de Khatlon, além do Afeganistão. Devido às fortes influências islâmicas, o árabe rapidamente se tornou o idioma comum da ciência e da literatura da época. Como a maioria dos árabes da Ásia Central vivia em comunidades isoladas e não era a favor de casamentos com a população local, esse fator ajudou a língua árabe a sobreviver em um ambiente multilíngue até o século XX. Na década de 1880, muitos pastores árabes haviam migrado para o norte do Afeganistão (do que hoje é o Uzbequistão e o Tajiquistão), mas hoje essas comunidades árabes não falam árabe, tendo se adaptado ao dari e ao usbeque.[2] Com o estabelecimento do domínio soviético no Uzbequistão e no Tajiquistão, as comunidades árabes enfrentaram grandes mudanças linguísticas e identitárias, tendo que abandonar o estilo de vida nômade e gradualmente que se misturar com uzbeques, tadjiques e turcomenos. Segundo o censo de 1959, apenas 34% dos árabes soviéticos, a maioria idosos, falavam variantes do árabe jugari. Outros relataram uzbeque ou tadjique como língua materna. Não existem números precisos sobre a abrangência de falantes do árabe jugari atualmente. Em 2003, estimava-se a existência de 6 mil falantes distribuídos por povoados árabes no Afeganistão, no Tajiquistão e no Uzbequistão.[1] Não há fontes sobre o número de falantes em comunidades no Irã. VariantesFortemente influenciados em fonética, vocabulário e sintaxe pelos idiomas majoritários locais onde são falados, os principais dialetos do árabe jugari são o árabe bakhtiari (também chamado de árabe bactriano), o árabe bukhara (também chamado de árabe buxara), o árabe kashkadarya e o árabe khorasani. Os três primeiros tem seus falantes distribuídos por Afeganistão, Tajiquistão e Uzbequistão.[1] Já o khorasani passou a ser considerado por estudiosos como parte da família de dialetos árabes da Ásia Central apenas recentemente.[3][4] O árabe bukhara é fortemente influenciado pelo tajique, enquanto que o árabe kashkadarya é bastante influenciado pelo usbeque e outras línguas turcomanas.[1][5] O número de falantes desses dialetos está em caindo nas comunidades árabes locais, onde se relatam alguns falantes bilíngues e outros que falam apenas tajique ou usbeque.[1] No Tajiquistão, apenas 35,7% das minorias árabes do país falam um dialeto jugari.[6] O árabe bakhtiari é falado em comunidades árabes no norte do Afeganistão.[7][8] Já o árabe khorasani é um dialeto falado na província de Coração, no Irã, e estudiosos recentes mostram que é uma variante intimamente relacionada ao árabe kashkadarya.[3][4] Apenas dois desses dialetos, o bukhara e o kashkadarya, possuem códigos ISO 639 próprios. Bibliografia
Referências
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