Antilegomena (αντιλεγομένα), são os escritos cristãos que são "disputados" ou, literalmente, as obras em que há alguém que "falou contra". Este grupo é distinto dos notha ("espúrios ou "rejeitados") e se opõe aos "Homologoumena" ("escritos aceitos", como os Evangelhos canônicos).
Em muitas línguas e tradições, o termo homologoumena é considerado uma alternativa viável aos termos dogmáticos protocanônico e deuterocanônico, com a única exceção sendo os livros que não estão hoje presentes em nenhum dos cânones cristãos da Bíblia. Assim, em várias tradições pelo mundo, os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento também são conhecidos como "Antilegomena do Antigo Testamento", por exemplo.
Entre os escritos em disputa [των αντιλεγομένων] que são, apesar disso, reconhecidos por muitos, ainda existem as assim chamadas epístolas de Tiago e de Judas, também a segunda epístola de Pedro, e as que são chamadas de segunda e terceira epístolas de João, se pertencem ao evangelista ou a outra pessoa de mesmo nome. Entre os escritos rejeitados estão os Atos de Paulo, o chamado Pastor, o apocalipse de Pedro e além disso a ainda sobrevivente epístola de Barnabé, além do chamado "Ensinamentos dos Apóstolos" [Didaquê]; e além disso, como eu disse, o Apocalipse de João, se parece apropriado, que alguns, como eu disse, rejeitam, mas que outros colocam entre os livros aceitos. E entre estes alguns também colocaram o Evangelho dos Hebreus, com o qual os Hebreus que aceitaram Cristo são especialmente deslumbrados. E todos estes estão entre os livros disputados [των αντιλεγομένων]
Não é de fato direito passar por cima do fato de que alguns rejeitam a epístola aos Hebreus, dizendo que ela é disputada [των αντιλεγομένων] pela igreja de Roma, sob a alegação de que ela não teria sido escrita por Paulo.
Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero levantou o assunto dos antilegomena entre os Padres da Igreja[5]. Como ele questionou Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, este livros são por vezes conhecidos como "Antilegomenas de Lutero".[6]
No uso corrente luterano, antilegomena descreve os livros do Novo Testamento que tem uma posição dúbia no cânon. Atualmente são as epístolas de Tiago e Judas, II Pedro, II e III João, o Apocalipse de João e a Epístola aos Hebreus.[8]
O termo também se aplica a alguns livros da Bíblia hebraica[9]. Há registros na Mishná de controvérsias em alguns círculos judeus durante o século II d.C. sobre o status de livros como o Cântico dos Cânticos, Eclesiastes e Ester. Algumas dúvidas foram proferidas sobre Provérbios durante este período também. A Gemara nota que o livro de Ezequiel também foi questionado em relação à sua autoridade até que as objeções foram resolvidas em 66 d.C.. Além disso, durante o século I a.C., os discípulos de Shammai contestaram a canonicidade de Eclesiastes por conta de seu pessimismo, enquanto que a escola de Hillel a defendeu, tão vigorosamente quanto. No concílio de Jamnia (ca. 90 d.C.) houve ainda mais disputas.
↑Lutheran Cyclopedia: Canon: "6: Durante toda a Idade Média não houve dúvida sobre o caráter divino de qualquer livro do Novo Testamento. Lutero novamente apontou a diferença entre homologoumena e antilegomena* (seguido por M. Chemnitz* e M. Flacius*). Os dogmáticos posteriores deixaram esta distinção novamente retroceder. Ao invés de antilegomena, eles usam o termo deuterocanônico. Racionalistas usam o termo cânon no sentido de lista. Os luternos dos Estados Unidos seguiram Lutero e defendem que a distinção entre homologoumena e antilegomena não deve ser suprimida. Mas é preciso ter cautela para não exagerar a distinção."
↑Knox Theological SeminaryArquivado em 9 de dezembro de 2007, no Wayback Machine.: "A alegoria de Salomão foi relegada aos antilegomena por que mesmo o antropomorfismo de Deus esposando a si mesmo como povo, uma vez mais refletindo a imaginação humorística, foi considerado muito ousado e corajoso". "Canon of the Old Testament" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.: "Todos os livros do Antigo Testamento hebraico são citados no Novo, com exceção dos que foram corretamente chamados de antilegomena do Antigo Testamento, como Ester, Eclesiastes e Cânticos."
Schaff. «History of the Christian Church: The Revolution at Wittenberg. Carlstadt and the New Prophets» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 28 de janeiro de 2011: Andreas Carlstadt"pesou a evidência histórica, discriminou entre três ordens de livro como primeira, segunda e terceira dignidade, colocando a hagiographa do Antigo Testamento e sete antilegomena do Novo Testamento na terceira ordem, e expressou dúvidas sobre a autoria mosaica do Pentateuco. Ele baseou suas objeções ao antilegomena não em critérios dogmáticos, como Lutero, mas na necessidade de testemunho histórico; sua oposição ao cânon tradicional era também tradicional; ele colocou os ante-nicenos contra os pós-nicenos. Este livro sobre o cânon, porém, era rude e prematuro e passou despercebido."