Anunciação Nota: Para outros significados, veja Anunciação (desambiguação).
A Anunciação, também conhecida como Anunciação da Virgem Maria, é a celebração cristã que recorda e celebra o anúncio dado pelo Arcanjo Gabriel à Virgem Maria de que ela seria a mãe de Jesus Cristo. Apesar de sua virgindade perpétua, Maria milagrosamente conceberia uma criança, que seria chamada de Filho de Deus. Gabriel também disse a Maria que ela deveria chamar a criança de Jesus ("Salvador"). Muitos cristãos celebram este evento na festa da Anunciação, em 25 de março, exatamente nove meses antes do Natal. De acordo com a Bíblia (em Lucas 1:26), a Anunciação ocorreu no "no sexto mês" da gravidez de Isabel, a prima de Maria e mãe de João Batista. Tanto a Igreja Católica como a Igreja Ortodoxa mantêm que o evento ocorreu em Nazaré, mas discordam da localização precisa. A Basílica da Anunciação marca o lugar segundo a primeira, enquanto que a Igreja Grega Ortodoxa da Anunciação está no lugar preferido pela segunda. A Anunciação é também um dos mais importantes temas da arte cristã em geral, particularmente durante a Idade Média e o Renascimento. AnunciaçãoUma descrição mais detalhada da Anunciação é feita no Evangelho de São Lucas (Lucas 1:26–38):
Outra, mais breve, está no Evangelho de São Mateus (Mateus 1:18–21):
O texto da Anunciação como relatado nos Evangelhos serviu de base para a criação da oração da Ave Maria, que se inicia com a saudação feita por Gabriel à Maria ("Ave Maria, cheia de graça O Senhor é convosco!" - Ave Maria, gratia plena, Dóminus tecum). A oração depois continua com o trecho da Visitação. CelebraçãoTradições ocidentaisNo calendário litúrgico das Igrejas Católica, Anglicana e Luterana, a data da festa é alterada sempre que ela cair na Semana Santa ou num domingo. Para evitar o domingo antes da Semana Santa, o dia seguinte (26 de março) será o dia da celebração. Em anos como 2008, quando 25 de março caiu na Semana Santa, a Anunciação foi comemorada na segunda após a oitava da Páscoa, que é o domingo após a Páscoa.[1] Quando o sistema calendário do Anno Domini foi introduzido pela primeira vez por Dionísio Exíguo em 525 d.C., ele marcou o início do ano novo no dia 25 de março, pois, de acordo com a teologia cristã, a nova era de graça divina começou com a Encarnação de Cristo, da qual a Anunciação é o primeiro ato. No rito latino da Igreja Católica, a Anunciação é um Mistério Gozoso do Santo Rosário. Tradições orientaisNo cristianismo oriental, Maria é chamada de Teótoco ("Mãe de Deus"). O tropário tradicional (hino do dia) da Anunciação remonta à época de Atanásio de Alexandria.[2] A Festa da Anunciação é uma das Grandes Festas do ano litúrgico. Sendo o primeiro ato da Encarnação de Jesus, a Anunciação tem tanta importância na teologia oriental que a Liturgia Divina Festiva de São João Crisóstomo é sempre celebrada no dia 25 de março, independente de quando este dia cair, mesmo se for no dia da Pascha, uma coincidência que é chamada de Kyriopascha.[3] É também a única possibilidade da Divina Liturgia ser celebrada na Grande e Sagrada Sexta é se ela cair no dia 25 de março. Por conta disso, o ritual de celebração desta festa é um dos mais complicados de toda a liturgia da Igreja Ortodoxa. Origens da FestaEsta festa era observada já muito cedo pelos calendários cristãos. Segundo Talley, liturgista anglicano, a data baseia-se na tradição judaica e pensamento rabínico. Ele observa que o nascimentos e mortes, inícios e finais, já eram celebrados em uma data específica. Dada a suprema importância de 14 Nisan, a data da Páscoa judaica, era uma escolha óbvia para os novos cristãos marcar o início de sua história, ou seja, a Anunciação da vinda de Jesus Cristo. Talley, no tratado 'De solstitiia et aequinoctia conceptionis et nativitatis domini nostri iesu Christi et iohannis baptista', toma por base o fato do anjo Gabriel ter aparecido para Zacarias, marido de Isabel e pai de João Batista, quando este servia no Santíssimo Altar do Templo de Jerusalém, quando este servia como Sumo Sacerdote durante a Festa do Yom Kipur, o que coloca a concepção de João Batista na Festa dos Tabernáculos e seu nascimento nove meses após, próximo ao solstício de verão (do hemisfério norte). Como o Evangelho de São Lucas afirma que a Anunciação ocorreu no sexto mês de gravidez de Isabel, ele deve ter ocorrido próximo ao equinócio da primavera, ou seja, da Festa da Páscoa judaica. As primeiras alusões à festa encontram-se no cânon do Décimo Concílio de Toledo (656). O Concílio de Constantinopla (692) proibiu a celebração de festas durante a Quaresma, excetuando-se os domingos (Dia do Senhor) e a Anunciação. Uma origem ainda mais antiga já foi alegada para ela, alegando que a festa foi citada nos sermões de Atanásio de Alexandria e de Gregório Taumaturgo, mas ambos os documentos são hoje considerados espúrios. O Sínodo de Worcester, na Inglaterra, em 1240, proibiu todo o trabalho servil nesta data. Anunciação na arteA Anunciação é um dos mais frequentes temas da arte cristã, tanto no oriente quanto no ocidente, principalmente durante a Idade Média e o Renascimento, e figura no repertório de quase todos os grandes mestres. As imagens da Virgem Maria e do Anjo Gabriel, emblemáticas da pureza e da graça, eram o tema favorito na arte mariana católica romana. Obras sobre o tema foram criadas por artistas como Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci, Caravaggio, Duccio e Murillo, entre outros. Os mosaicos de Pietro Cavallini em Santa Maria in Trastevere (1291), o afresco de Giotto na Capela Scrovegni em Pádua (1303), o afresco de Domenico Ghirlandaio na igreja de Santa Maria Novella (1486) e a escultura dourada de Donatello na Basílica de Santa Croce (1435), ambas em Florença, são exemplos famosos. Galeria
Ver tambémReferências
Ligações externas
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