Clube de Artistas ModernosO Clube de Artistas Modernos (CAM), dissidente da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), foi uma das primeiras associações culturais paulistas. Criado em fins de 1932, nos baixos do Viaduto Santa Ifigênia, como uma agremiação auto-organizada e sem a presença de mecenas, cobrava mensalidade de seus associados ou vendia na bilheteria ingressos para as atrações. Misturava o público (atividades variadas) com o privado (seus diretores moravam no local), o que acabava gerando movimento em seus salões a toda hora do dia e da noite. Formada por artistas do modernismo com formação na Europa, boêmios e “progressistas” interessados por experimentações no campo das artes, pelos debates relacionados aos temas contemporâneos, além da divulgação dos seus trabalhos ou pelo próprio divertimento. A maior parte dos associados alimentava o interesse pelo destino do povo brasileiro, vendo no comunismo a solução dos males de nossa sociedade, misturando em sua programação, apresentações de sambas e músicas populares em voga, difundidas pelo recém-criado rádio, o qual recebia investimentos da indústria discográfica e vinha agradando às camadas médias e baixas da população. Criou o primeiro curso de pintura cubista da cidade, o qual foi ministrado por Antônio Gomide. No campo das experimentações, realizou a Semana de Arte dos Loucos e das Crianças, seguida de ciclo de palestras onde as maiores autoridades médicas ligadas ao estudo da psiquiatria deram seus depoimentos. Num segundo momento, a agremiação contestou a ordem instituída e trabalhou na divulgação da experiência russa, fato que atraiu grupos de operários para o endereço da sede. No teatro, introduziu uma nova linguagem e o uso de recursos cênicos. A ideia era promover o teatro moderno, sério e livre dos moldes antigos. Para tanto, seriam realizados espetáculos-provas só para autores, espetáculos de vozes, espetáculos de luzes, promovendo o estudo da influência da cor e da forma na composição teatral, para diminuir ou eliminar as interferências humanas e figuradas na representação. O objetivo era incentivar as pessoas de um modo geral a escreverem peças teatrais porque havia falta de autores. Um grupo de intelectuais formado por A. C. Couto de Barros, Caio Prado Júnior, Carlos Pinto Alves, Galeão Coutinho, Jorge Amado e Paulo Mendes de Almeida se prontificou a criar os textos a serem encenados. A peça de estreia estava encomendada a Oswald de Andrade; no entanto o escritor não conseguiu finalizá-la a tempo e Flávio de Carvalho resolveu escrever. O resultado foi O Bailado do Deus Morto, feita em apenas três dias. Mescla de teatro, dança, música e pintura, é um espetáculo em dois atos, de conteúdo filosófico-exótico que incomodou os setores conservadores da capital paulista. Entre os meses de novembro de 1933 e janeiro de 1934 uma guarda especial permaneceu na porta do prédio onde se localizava a sede do CAM e a sala de espetáculos. A suspensão da peça e a intervenção no Teatro da Experiência, segundo as ordens do censor, que a classificou como ofensiva à moral e aos bons constumes, não impediu, inicialmente, o funcionamento do Clube de Artistas Modernos, no andar superior do mesmo edifício. Mesmo com todo o problema policial, Flávio de Carvalho procurou dar sequência à agenda cultural e no dia 21 de novembro, Oswald de Andrade leu, para uma sala lotada de gente trechos de O Homem e o Cavalo, sua peça semipronta, tornando-se a segunda montagem da programação. Havia três peças prontas e todas elas foram classificadas pela polícia de costumes como fortemente imorais, sendo O Bailado do Deus Morto anti-religiosa; O Homem e o Cavalo e Esperança comunistas. Assim, o teatro ficou impedido de funcionar devido a mais dois motivos: o horário dos espetáculos, considerados tarde e a inadaptação do prédio por não apresentar bilheteria, camarins e comunicação entre o palco e a plateia. O Homem e o Cavalo foi lançada em livro, em 1934, e uma segunda tentativa de encenação deu-se em 1972, nas comemorações do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, com Ruth Escobar no projeto. A Censura Federal da época vetou os dois últimos quadros. E em 1991, foi encenada no Teatro Villa-Lobos do Rio de Janeiro. Após quase sessenta anos, por ocasião de uma retrospectiva organizada pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, e logo depois realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), houve a montagem de O Bailado do Deus Morto; e em 1986 foi apresentada pelo Centro Cultural São Paulo. Em 1987, Lívio Tragtenberg fez a sua montagem para a obra de Flávio de Carvalho; vinte anos depois foi convidado a repetir o feito. Para evitar comparações com o primeiro trabalho, o título foi alterado para Balada do Deus Morto. FundadoresDiretor da SedeDiretoria (comissões)
Atividades
Bibliografia
Ligações Externas
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