Copa das Confederações FIFA de 2013
A Copa das Confederações (português brasileiro) ou Taça das Confederações (português europeu) FIFA de 2013 foi a nona edição da competição de futebol realizada a cada quatro anos pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). Foi realizada no Brasil entre 15 a 30 de junho[1] e serviu como teste para realização da Copa do Mundo de 2014. A competição contou com a participação de oito equipes: a campeã da Copa do Mundo de 2010, os campeões continentais, e o Brasil, país-sede, além da vice-campeã europeia, Itália, pois a campeã, Espanha, já obtivera a vaga por ser campeã do mundo. Das seleções participantes quatro eram campeãs mundiais: Brasil, Espanha, Itália e Uruguai. O Brasil derrotou a Espanha na final por 3–0 e conquistou seu quarto título da Copa das Confederações, sendo o terceiro consecutivo, após vencer as edições de 1997, 2005 e 2009.[2] Na disputa pelo terceiro lugar, a Itália bateu o Uruguai por 3–2 na disputa por pênaltis após empate por 2–2 no tempo normal.[3] ParticipantesAs oito seleções participantes incluiam o país-sede, o vencedor da Copa do Mundo FIFA de 2010, e todos os campeões continentais (o vice no caso da Europa).[a] Cada uma das equipes tinham direito a convocar 23 jogadores, três dos quais goleiros, até 3 de junho de 2013.[4]
a. ^ A Espanha, campeã da Eurocopa, já estava classificada como campeã da Copa do Mundo de 2010. PreparativosInfraestruturaComo evento-teste da Copa do Mundo, as sedes da Copa das Confederações necessitavam da conclusão antecipada de projetos de infraestrutura planejadas para o evento de 2014. As seis sedes conseguiram acelerar a implantação de serviços de acessibilidade, sinalização e centros de turismo, mas as obras de mobilidade urbana e reformas de aeroportos ficaram em sua maioria para depois do evento. Apenas dois estádios, Mineirão e Castelão, terminaram suas reformas no prazo,[5] com o mais atrasado sendo o Maracanã, entregue incompleto para a FIFA menos de um mês antes do início do torneio.[6] MarketingDezenove empresas atuaram como parceiras oficiais do torneio. Além de multinacionais como Coca-Cola, Adidas, Sony e Visa, houve o apoio de companhias brasileiras como AB InBev - dona da cerveja americana Budweiser, patrocinadora da Copa, e a brasileira Brahma, parceira da seleção brasileira - e o Banco Itaú.[7] Mesmo não sendo patrocinadora oficial, a montadora Fiat lançou o comercial "Vem pra Rua", dando início a uma campanha celebrando os eventos esportivos no Brasil.[8] Venda de ingressosUm total de 477.441 mil ingressos foram direcionados pela FIFA para o público em geral, e um número similar foi reservado a patrocinadores e autoridades em geral. Com preços entre R$ 57 e R$ 418, os ingressos foram divididos em quatro categorias, sendo que a quarta, com a faixa mais barata, era exclusiva para brasileiros.[9] A FIFA inicialmente tinha vetado a meia-entrada, mas após extensa pressão da União Nacional dos Estudantes reservou 50 mil ingressos pela metade do preço para estudantes, idosos e beneficiários do programa Bolsa Família. Porém o lote promocional se restringiu à Categoria 4.[10] Às vésperas da abertura em 15 de junho, mais de 739 mil ingressos haviam sido vendidos, com esgotamento das três primeiras partidas - a abertura Brasil x Japão em 15 de junho, mais México x Itália e Espanha x Uruguai no dia 16 - mais os outros dois jogos do Brasil na primeira fase e a decisão no Maracanã.[11] Cerca de 73% dos ingressos foram vendidos para residentes dos seis estados-sede, com 23,5% por brasileiros de outros estados, e 2,9% por estrangeiros.[12] O número final de ingressos vendidos foi 796.054, o segundo maior público após a edição de 1999 no México.[13] A taxa de ocupação de 82% dos assentos disponíveis ficou apenas um por cento atrás do recorde da edição de 2005 na Alemanha.[14] Os três maiores públicos foram no Maracanã, liderados pela final Brasil x Espanha com 73.351 espectadores. Os dois menores envolveram a seleção do Taiti, com o jogo dos taitianos contra a Nigéria em Belo Horizonte atraindo apenas 20.187 espectadores.[13]
SorteioNo dia 28 de novembro de 2012, a FIFA anunciou que o Brasil e a Espanha seriam os cabeças de chave do torneio, nos grupos A e B respectivamente, e que o Uruguai seria adversário da Espanha e a Itália, do Brasil, evitando que países da mesma Confederação ficassem na mesma chave na primeira fase.[15] O sorteio dos participantes dos grupos ocorreu em 1 de dezembro de 2012, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo às 11 horas da manhã (horário local de verão) e foi nomeado de "Festival dos Campeões". Neste evento, foram assistentes convidados o chef Alex Atala e a supermodelo Adriana Lima, com apresentação da jornalista e apresentadora Glenda Kozlowski.[16] A distribuição das equipes pelos potes se deu da seguinte maneira:[17]
Durante o sorteio, Atala errou ao tirar as bolinhas e causou uma grande confusão na formação dos grupos.[18] Ao invés de sortear a posição do Uruguai no Grupo B, ele sorteou uma das bolinhas do pote do Grupo A, o que confundiu o secretário geral da FIFA, Jérôme Valcke. Para consertar o erro, ele colocou o Uruguai na posição B2, que foi a última bolinha que sobrou do sorteio do grupo da Espanha. Já no grupo do Brasil, o erro foi consertado colocando-se o México, último sorteado da chave da Seleção para ficar na posição que havia sido sorteada erroneamente.[19] O evento teve duração de 40 minutos e contou com shows musicais de Arlindo Cruz, Maria Gadú e da ONG Meninos do Morumbi.[20] A divulgação final da tabela de jogos foi determinada ao final do sorteio.[21][22][23][24][25] BolaDurante o sorteio, a bola oficial do torneio foi apresentada pelo ex-jogador brasileiro Cafu. Fabricada pela Adidas, ela chamou-se "Cafusa", que significa a expressão "cafuzo", usada para designar no Brasil os indivíduos que nasceram da miscigenação entre índios e negros. Também deriva-se de uma mistura de três palavras que representam o país: "carnaval", "futebol" e "samba".[26][27] CerimôniasAberturaA cerimônia de abertura teve uma apresentação comandada pelo carnavalesco Paulo Barros. Ela começou por volta das 14:30 (UTC−3), uma hora e meia antes da partida de abertura, e durou cerca de 20 minutos.[28] A festa, que exaltou as oito seleções participantes da competição através de uma homenagem à cultura dos oito países participantes,[29] contou com a participação de 2,8 mil voluntários.[30] Sobre a cerimônia, o idealizador fez a seguinte explicação:
A cerimônia foi marcada por vaias do público ao presidente da FIFA, Joseph Blatter, e à presidente do Brasil, Dilma Rousseff.[31] Pouco após a abertura oficial do torneio, várias hashtags foram postadas na rede social Twitter sobre a presidente do Brasil, o que fez o assunto alcançar o "Top 10" dos trending topics do dia.[32] EncerramentoA cerimônia de encerramento da competição iniciou-se às 17:25 locais (UTC-3), a pouco mais de uma hora e meia da partida final, e durou 18 minutos. Com o tema "Juntos num só ritmo", a apresentação contou com 1 250 voluntários que usavam uma fantasia que sugeria uma bola, como se fossem "joaninhas" nas cores preto e branca.[33] Os ensaios para a apresentação na final começaram no dia 3 de junho sob coordenação do Comitê Organizador Local (COL).[34] Na parte musical, a cerimônia contou com shows de Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor, da dupla sertaneja Victor & Leo, além de Arlindo Cruz e a bateria da escola de samba Grande Rio.[35] Na parte final da apresentação, dois figurantes que participavam da cerimônia no gramado tentaram mostrar uma faixa de protesto com a mensagem "Imediata anulação da privatização do Maracanã", mas foram rapidamente repreendidos pelos seguranças.[36] Um terceiro figurante também aproveitou a ocasião para protestar contra a homofobia.[37] Protestos e incidentesDurante a competição, uma série de protestos iniciaram-se por todo o país provocado pelo aumento dos preços dos bilhetes nos transportes públicos, e posteriormente o crescente descontentamento com o poder público na gestão financeira do país pelo governo, especialmente devido à alta inflação e corrupção.[38] Antes da cerimônia de abertura no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, em 15 de junho, manifestações ocorreram fora do estádio, organizado por pessoas descontentes com a quantidade de dinheiro público gasto para permitir a realização da Copa do Mundo FIFA de 2014. A polícia usou gás lacrimogêneo e spray de pimenta para conter os protestos, gerando mais insatisfação popular.[39] Mais protestos ocorreram no dia seguinte antes do jogo entre México e Itália, no Rio de Janeiro.[40] Enquanto os protestos se intensificavam durante a semana, com a participação de mais de um milhão de pessoas às ruas em mais de cem cidades diferentes, surgiram relatos de que a FIFA estaria pensando em suspender a Copa das Confederações e que algumas delegações teriam solicitado o cancelamento da competição por falta de segurança.[41] No entanto, um comunicado da FIFA em 21 de junho insistiu que "em nenhum momento a FIFA, o Comitê Organizador Local (COL) ou o Governo Federal discutiram ou sequer consideraram o cancelamento da Copa das Confederações da FIFA".[42] Para além dos protestos diários nas imediações dos estádios, incluindo apedrejamentos e incêndio a dois ônibus da FIFA,[43] outros incidentes ocorreram durante a prova, como uma inundação no Aeroporto Internacional de Salvador e dificuldades para treino da seleção do Uruguai na capital baiana,[44][45] o assalto à mão armada que teve como vítima a esposa do goleiro Júlio César, Susana Werner, em Fortaleza,[46] e um suposto furto à delegação da Espanha e problemas relacionados aos treinamentos do Uruguai ocasionados pelas fortes chuvas que alagaram o Estádio do Arruda no Recife.[47][48] SedesEm 12 de maio de 2011, foi divulgada uma lista com as cinco cidades sedes do torneio, a qual deveria ser confirmada, oficialmente, em 29 de julho. Porém, a FIFA adiou a decisão para outubro do mesmo ano.[49] Duas cidades foram excluídas do páreo por atrasos em seus projetos, São Paulo, a maior cidade do país, e Natal, que seria a única sede da Copa de 2014 no Nordeste brasileiro a não abrigar a Copa das Confederações.[50] Em 20 de outubro, foram anunciadas como sedes as cidades de Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Rio de Janeiro. Recife e Salvador entraram como possíveis sedes desde que avançassem no andamento das obras.[51] A tabela de jogos da competição foi apresentada em 30 de maio de 2012 com as seis cidades-sede previamente estabelecidas.[52] Em 8 de novembro de 2012 a FIFA e o Comitê Organizador Local confirmou todas as cidades previstas na Copa das Confederações, sendo a primeira vez que a competição contaria com seis cidades-sede.[53]
ArbitragemEm 13 de maio de 2013 a FIFA divulgou os dez trios de árbitragem que atuaram na Copa:[60]
TransmissãoEm PortugalEm Portugal, a prova foi emitida pela RTP.[61] No BrasilNo Brasil, a competição foi transmitida pela Rede Globo e Rede Bandeirantes em TV aberta e pelo SporTV em TV por assinatura.[61] Apesar da SporTV negar os direitos de transmissão para a ESPN Brasil, [62] a emissora contornou com o programa Cabeça no Jogo, onde durante as partidas Marcelo Duarte comandava uma equipe de cinco comentaristas que falava sobre o jogo. [63] Pela internet, a transmissão foi feita pelo GloboEsporte.com.[64] Por rádio, as seguintes emissoras transmitiram a competição:[61]
Resumo do torneioPrimeira faseO Grupo A se definia logo na segunda rodada com as classificações de Brasil, que vencera seus dois jogos marcando 5 gols e não levando nenhum, e Itália, com duas vitórias apertadas por apenas um gol de diferença. No jogo entre as duas equipes, os brasileiros garantiram o primeiro lugar ao bater os italianos por folgados 4 a 2. A partida remanescente entre os eliminados México e Japão viu vitória mexicana por 2 a 1, com Javier Hernández marcando dois gols e desperdiçando um pênalti.[65] No grupo B, a semi-profissional equipe do Taiti garantiu a simpatia do público brasileiro enquanto sofria derrotas por goleada, levando 24 gols e marcando apenas um.[66] A campeã mundial Espanha venceu todos os seus jogos para garantir a liderança do grupo, aplicando a maior goleada da história da Copa das Confederações, seguidos pelo Uruguai, que venceu por 2 a 1 o confronto com a terceira colocada Nigéria.[65] SemifinaisA semifinal entre Brasil e Uruguai garantiu um recorde de público no reinaugurado Mineirão, com 57.483 pagantes. A partida disputada via os brasileiros sem muitas oportunidades de ataque diante de muitos avanços uruguaios, com direito a um pênalti em Diego Forlán aos doze minutos que Júlio César defendeu. Fred abriu o placar no final do primeiro tempo, e Edinson Cavani empatou logo aos dois minutos do segundo. Nos minutos finais da etapa complementar, Paulinho fez um gol de cabeça que garantia a presença brasileira na final.[67][68] No dia seguinte, no Castelão, Espanha e Itália se reencontravam um ano após a final da Eurocopa entre ambos. Os italianos atacavam mais, sendo impedidos por inúmeras defesas do goleiro Iker Casillas. O forte calor cearense afetou as equipes, que não conseguiram marcar gols no tempo regulamentar e prorrogação. O jogo se resolveu em uma longa série de pênaltis, com doze cobranças convertidas antes de Leonardo Bonucci errar seu chute e Jesús Navas garantir a vitória espanhola.[69] Final e disputa de terceiroO dia 30 de junho abriu com a disputa de terceiro entre Itália e Uruguai em Salvador, com o horário de 13 horas sob o forte sol da Bahia garantindo críticas do goleiro Gianluigi Buffon.[70] Os italianos chegaram a abrir vantagem duas vezes, em ambas com o atacante uruguaio Cavani empatando em seguida. Na prorrogação, os uruguaios partiram para o ataque após a expulsão do italiano Riccardo Montolivo, mas não conseguiram desempatar para impedir a disputa de pênaltis. Buffon defendeu três cobranças uruguaias para garantir o bronze para os italianos.[71] A final no Maracanã marcava o primeiro jogo entre Brasil e Espanha desde 1999, com os espanhóis sendo considerados favoritos antes da partida, por liderarem o ranking da FIFA, e estarem invictos em competições oficiais desde 2010, garantindo no período títulos da Copa do Mundo e Eurocopa.[72] Os brasileiros dominaram a partida, com Fred marcando com apenas dois minutos de jogo, e Neymar ampliou pouco antes do intervalo. No segundo tempo, Fred marcou o terceiro gol do Brasil logo no primeiro minuto, e pouco depois a Espanha perdeu a chance de diminuir com Sergio Ramos desperdiçando um pênalti. O esquema tiki-taka espanhol não funcionava, com muitos passes errados, espaços para os contra-ataques, e faltas desnecessárias, com uma levando à expulsão do zagueiro Gerard Piqué.[73] A vitória brasileira garantiu o terceiro título consecutivo da Copa das Confederações, e quebrou uma série invicta de 26 jogos dos espanhóis.[74] Fase de gruposTodas as partidas seguem o fuso horário de Brasília (UTC−3).
Grupo A
Grupo B
Fase final
Semifinais
Disputa pelo terceiro lugar
Final
Premiações
Equipe do campeonatoFonte:[76]
EstatísticasArtilhariaFonte:[77]
Referências
Ligações externas
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