No segundo livro da trilogia, Encontro Com o Destino, estão presentes princípios estéticos que se mostram consonantes com o conjunto de ideias do versatilismo. Como os conceitos são proferidos por um dos personagens (Harton), não é possível afirmar categoricamente que sejam ditames morais compartilhados pelo autor.
Tais princípios podem ser entrevistos na cena 55 do citado:[19]
Ao longo do processo de desenvolvimento artístico, o indivíduo vê sua produção próxima dos contornos vagos e metafóricos, para numa segunda etapa se voltar para o exato e o conciso, buscando num terceiro momento a união desses elementos, aparentemente, imiscíveis, não importando a ordem em que ocorram;[19]
A aclamação popular é vista como posição a ser tratada com seriedade e cautela, por não ser fácil ao homem comum manter-se como modelo de conduta, enfatizando-se ainda que uma maior visibilidade gera um maior compromisso social;[19]
A notoriedade pública é considerada como um meio para que o indivíduo tenha acesso a muitos e, desse modo, possa influenciá-los de maneira positiva. Como explicação para o significado de "maneira positiva", o personagem diz que se o artista levar os seus seguidores para escolhas de sofrimento e desespero, seria melhor que este nada tivesse realizado nesse campo; o que se afina com uma máxima sobrevinda do pensamento cristão;[20][19]
O texto exibe uma preocupação premente com o conteúdo da mensagem, sem que se abandone o esmero da forma. É possível entender tal zelo depois da explanação de que o domínio da técnica pode gerar o belo, para o bem ou para o mal.[4][21][19][22]
A teoria da percepção quadridimensional, escrita em 1995, sob o título de O Tempo na Arte Pictórica, desenvolve-se no capítulo Crítica da Teoria das Projeções. Ela afirma[30] que o observador pontual fixo, postulado na perspectiva renascentista, sugeria ser possível representar algo próximo da visão humana (figura 1), mas que, na realidade, tais processos deveriam ter gerado desenhos curvilíneos, parecidos com as imagens produzidas por uma máquina fotográfica (figura 2).[31]
Em Novas Interfaces em Comunicação e Audiovisual lê-se: "Vale acrescentar, como um exemplo que sempre afetou os nossos álbuns de família, que uma imagem fotográfica, por se aproximar do ponto fixo, arredonda o que está sendo retratado, fazendo com que uma pessoa pareça maior do que realmente o é."[32]
O fato de que tudo diminui, ao se afastar do observador, implica que as perspectivas centrais não poderiam ter as verticais e horizontais como retas paralelas entre si.[33] Junto com outros fatores fisiológicos e psicofisiológicos, somente a observação no espaço-tempo é capaz de produzir imagens naturalistas. Em se considerando uma distância focal constante, o quadro de projeção deixaria de ser plano e se tornaria curvo (figura 3). Na última página do referido capítulo[30] encontra-se a seguinte afirmação: "A intenção da representação gráfica dos períodos compreendidos entre o Renascimento e o final do século XIX era tridimensional, porém, inconscientemente, eles (os artistas) trabalharam com o tempo em suas representações".
Em resumo: "Conclui-se que o sistema de perspectiva surgido no Renascimento foi uma manifestação inconsciente da quadridimensão e que a representação tridimensional teria um caráter curvilíneo e, portanto, totalmente diferente do que comumente se lhe atribui".[34]
O processo de perspectiva quadridimensional, criado com base na teoria da Percepção quadridimensional, foi usado pela primeira vez no quadríptico"Observação no Tempo", de 1997,[35] que é a representação plana do tipo de perspectiva que se vê na realidade aumentada, ou seja, uma cena com diferentes pontos de vista, que são "capturados" por um observador móvel (o desenhista) e que pode ser feita em superfície plana ou curvilínea.[1]
Em tempo: Inspirado pela teoria da percepção quadridimensional, desenvolvi um processo de perspectiva que nomeei de perspectiva quadridimensional.
”
[36] Apesar da semelhança entre os nomes, os textos tratam de assuntos diferentes.[37]
Ao ser analisada, com o auxílio do computador, a pintura Observação no Tempo exibiu as seguintes particularidades:[37]
1. a representação tem vários pontos de fuga, num resultado que só poderia ser conseguido por alguém que rotacionasse a cabeça, ou que se movimentasse de um lado para o outro durante o processo de observação;
2. a possibilidade de existir diversas linhas de horizonte, o que indica que o observador movimentou-se também no sentido vertical, alterando a sua altura em relação ao chão (linha de terra);
3. o desenho pretende ter a abrangência de uma objetiva grande-angular, sem as curvaturas provocadas por esse tipo de lente fotográfica;
4. além das telas planas tradicionais, esse tipo de perspectiva é adequado pra ser utilizado de suportes curvos (cilindros, esferas, calotas e etc.).
Ainda segundo o autor, todos os processos de perspectiva, desde o Renascimento, são artificiais e não passam de diferentes formas de representação. A perspectiva 4D é tão somente mais um sistema com vantagens em algumas situações e desvantagens em outras.
Em O Processo no Desenho Projetivo, de (1995), lê-se:
“
O Processo (de perspectiva) é um produto criativo que estabelece o limite de suas próprias leis (regras).
Em 2011, fora do âmbito do desenho projetivo e da perspectiva, classificou a superfície capazoide como um elemento da geometria espacial, a qual, à época, ainda não havia sido catalogada. Trata-se de um lugar geométrico tridimensional, cujos pontos são capazes de "enxergar" um segmento de reta num determinado ângulo. Esse segmento é o eixo de revolução de um arco capaz, origem da nomenclatura. Num caso extremo, quando o capazoide é de 90º, ele assume a forma de uma superfície esférica, excetuando-se os pontos extremos do segmento observado, que não pertencem ao capazoide.[39]