Eleições presidenciais portuguesas de 1976
As primeiras eleições presidenciais portuguesas após o 25 de Abril de 1974 tiveram lugar em 27 de Junho de 1976.
A ela concorreram o general António Ramalho Eanes (independente, embora com o apoio dos partidos da esquerda moderada e do centro-direita), Otelo Saraiva de Carvalho (antigo comandante do COPCON, independente), José Pinheiro de Azevedo (antigo primeiro-ministro, independente) e Octávio Pato (com o apoio do PCP).
O prestígio que adveio a Ramalho Eanes da chefia das forças que derrotaram o movimento de 25 de Novembro do ano anterior facilmente o conduziram à vitória, tornando-se assim o primeiro presidente democraticamente eleito na história portuguesa. Foi o candidato mais votado em todos os distritos do continente (excepto no de Setúbal), bem como nas regiões autónomas.
Os resultados da eleição foram transmitidos em direto pela RTP1, a partir das 15 horas do dia 27 de junho até às 17 horas do dia 28, com a apresentação, em Lisboa, de Fernando Balsinha, José Alberto de Sousa, Seruca Salgado, Fernando Midões, Maria Elisa Domingues, José Viegas e Adriano Cerqueira, e do Porto, de Carlos Blanco e Manuela Melo, e Raul Durão a partir da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa[1][2][3][4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19][20][21][22][23][24][25].
Candidatos
Candidaturas admitidas
Candidato (nome e idade)
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Histórico político
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Detalhes
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António Ramalho Eanes (41) Independente, apoiado por PS, PPD, CDS e MRPP
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Presidente do Conselho de Administração da RTP (1974-1975)
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Tenente-Coronel dirigente das operações militares do Golpe de 25 de Novembro de 1975, Ramalho Eanes, serviu na Guerra Colonial, realizando comissões na Índia Portuguesa, Macau, Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Depois de demorada carreira de combatente, Eanes encontrava-se ainda em serviço em Angola aquando da revolução de 25 de Abril. Aderiu ao Movimento das Forças Armadas e, regressado a Portugal, foi director de programas e nomeado presidente do conselho de administração da RTP, até março de 1975.
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José Pinheiro de Azevedo (59) Independente
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Primeiro-ministro de Portugal (1975-1976)
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Primeiro-ministro do VI Governo Provisório, Pinheiro de Azevedo integrou o MUD e foi apoiante das candidaturas de José Norton de Matos, Manuel Quintão Meireles e Humberto Delgado. Serviu na Guerra Colonial e, depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, foi nomeado para a Junta de Salvação Nacional, tendo sido promovido a chefe do Estado-Maior três dias depois. Empenhado na democratização do país durante o PREC, assumiu funções como primeiro-ministro do VI Governo Provisório em 19 de setembro de 1975, contribuindo para a normalização da vida nacional
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Otelo Saraiva de Carvalho (39) Independente, apoiado por UDP, MES, FSP e PRP
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Estratega da Revolução dos Cravos
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Responsável pelo setor operacional da Comissão Coordenadora e Executiva do Movimento dos Capitães, elaborou o plano de operações militares do 25 de Abril de 1974. Dirigiu, além disso, as operações com outros militares, a partir do posto da Pontinha, no Regimento de Engenharia n. 1, onde esteve em permanência desde o fim da tarde de 24 de abril até ao dia 26 de abril de 1974. Depois da revolução, foi nomeado comandante da Região Militar de Lisboa e Comandante do Copcon.
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Octávio Pato (51) Partido Comunista Português (PCP)
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Deputado e Presidente do Grupo Parlamentar do PCP (1975-1976)
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Resistente anfi-fascista de longa data, Pato foi membro do Comité Central como membro suplente desde 1949, tendo como principais tarefas o controlo das tipografias clandestinas centrais do Partido, bem como trabalhar nas Direcções Regionais de Lisboa, do Norte e do Sul, assim como na redacção do jornal "Avante!". Em Dezembro de 1961 é preso pela PIDE, condenado a 8 anos e meio de cadeia, indefinitivamente prorrogáveis por "medidas de segurança". É por via de um movimento de solidariedade nacional e internacional que é libertado, em 1970. Após a sua libertação esteve alguns meses em Vila Franca de Xira, regressando de novo à clandestinidade. Pouco tempo depois é chamado ao Secretariado e à Comissão Executiva do Partido, ficando a seu cargo, entre outras tarefas, a redacção do jornal "Avante!"[26].
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Candidaturas rejeitadas
Houve também um candidato rejeitado pelo Supremo Tribunal de Justiça por não cumprir os requisitos legais:
Debates
Houve três debates para as eleições presidenciais 1976: um transmitido pela RTP1 e dois pela Emissora Nacional, através da colocação de questões aos candidatos.
Tabela de resultados oficiais
Resultados por Círculo Eleitoral
Círculo eleitoral
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%
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ARE
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OSC
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JPA
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OP
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Açores
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71,1
|
2,3
|
22,4
|
4,2
|
Aveiro
|
74,5
|
7,0
|
15,9
|
2,7
|
Beja
|
34,6
|
32,8
|
7,0
|
25,6
|
Braga
|
70,2
|
8,1
|
19,0
|
2,8
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Bragança
|
82,6
|
3,3
|
11,4
|
2,7
|
Castelo Branco
|
76,3
|
11,3
|
8,6
|
3,8
|
Coimbra
|
71,9
|
9,6
|
14,1
|
4,3
|
Évora
|
36,0
|
34,8
|
9,5
|
19,7
|
Faro
|
52,9
|
24,8
|
14,7
|
7,7
|
Guarda
|
82,9
|
4,2
|
10,5
|
2,4
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Leiria
|
76,6
|
9,2
|
9,9
|
4,4
|
Lisboa
|
53,4
|
23,9
|
12,2
|
10,3
|
Madeira
|
72,4
|
9,0
|
16,2
|
2,4
|
Portalegre
|
56,1
|
16,6
|
12,8
|
14,4
|
Porto
|
60,4
|
11,6
|
22,8
|
5,2
|
Santarém
|
56,7
|
20,1
|
13,1
|
8,2
|
Setúbal
|
29,9
|
41,8
|
9,6
|
18,7
|
Viana do Castelo
|
74,6
|
6,9
|
14,7
|
3,7
|
Vila Real
|
81,6
|
4,1
|
11,3
|
3,1
|
Viseu
|
81,2
|
3,9
|
13,1
|
1,8
|
Portugal
|
61,6
|
16,5
|
14,4
|
7,6
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Ligações Externas
Referências
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