É a cidade que deu o nome a Portugal — desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, de onde se formou Portugal. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitetura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO,[5] pela qualidade dos seus restaurantes e pela sua gastronomia,[6] pelas suas principais equipas de futebol, o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube, o Sport Comércio e Salgueiros, pela sua principal universidade pública: a Universidade do Porto, colocada entre as 200 melhores universidades do Mundo e entre as 100 melhores universidades da Europa,[7] bem como pela qualidade dos seus centros hospitalares.[8]
É a sede da Área Metropolitana do Porto, que agrupa 17 municípios com 1 737 395 habitantes em 1 900 km² de área, com uma densidade populacional próxima de 914 hab./km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia e a segunda área (NUTS III) mais populosa de Portugal (atrás de Lisboa) . O Porto e a Área Metropolitana do Porto constituem o núcleo estrutural da Região do Norte, que tem uma população de 3 689 609 habitantes (Censos de 2011),[9] sendo, portanto, a região (NUTS II) mais populosa de Portugal.[10] Compreende 8 sub-regiões ou unidades de nível III (NUTS III).[11]
Tem origem num povoado celta, pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal.
A 27 de abril de 711, dá-se o início da invasão muçulmana da Península Ibérica, com o desembarque em Gibraltar dum exército mouro de 9 000 homens, liderados por Tárique.[15][16] Em 714 tomam Lisboa, e em 715 as forças islâmicas atingem a região norte do que hoje conhecemos como Portugal, tomando as principais povoações e cidades, tais como Porto e Braga.[17][18] Em 716 já praticamente toda a Península estava sob domínio do Califado Omíada,[19][20][21] com exceção de uma pequena zona montanhosa das Astúrias, onde a resistência cristã se refugiou.[22]
Passado um século e meio, em 868, surgem as primeiras tentativas de reconquista definitiva, Vímara Peres, fundador da terra portucalense, teve uma importante contribuição na conquista do território, restaurando assim a cidade de Portucale.
Finalmente, e passados dois séculos após o início da invasão,[15] em 999, fidalgos gascões entre os quais se encontrava D. Nónego bispo de Vendôme em França e mais tarde bispo do Porto entraram com uma grande armada pela foz do Rio Douro, para expulsarem os mouros. Esta armada, que ficou conhecida como a Armada dos Gascões, associada a D. Munio Viegas, conquistou a cidade do Porto aos mouros para dedicá-la à Virgem Mãe de Deus. Depois desta batalha, D. Munio e os "franceses" trataram de reedificar o Porto. Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade, fundaram um alcácer acastelado e bem fortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado. A torre e a porta principal foram obra de D. Nónego, que, em memória da pátria, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde colocou a imagem de Nossa Senhora do Porto, que já trouxera consigo de França.[23]
Em 1111, Teresa de Leão, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal.[24]
Séculos XIV e XV
A cidade foi apelidada de "Paraíso" por D.Fernando que, durante a sua infância, visitou várias vezes a cidade acompanhado dos maiores e mais poderosos descendentes das grandes famílias nobiliárquicas portugueses tais como D.Dinis de Aveiro, grande amigo dele.[25][26]
Durante a crise dinástica de 1383–1385 a cidade manteve-se, a grande maioria do tempo, leal ao Mestre de Avis, filho ilegítimo de D.Pedro e meio-irmão de D.Fernando. Em 1384, junto do que é hoje a margem norte da cidade do Porto, uma força expedicionária castelhana, que tinha entrado em Portugal pela Galiza, é enfrentada por uma pequena guarnição portuguesa composta por cerca de 180 homens, que tinha como função patrulhar a passagem ilegal através do rio Douro. A força castelhana, muito mais numerosa, contava com cerca de 650 homens, entre os quais 500 eram peões e os restantes uma mistura de 150 fidalgos castelhanos e franceses, que tinha como objetivo juntar-se ao exército de D.Juan de Castela para o cerco de Lisboa. Esta pequena escaramuça decorreu na manhã de 16 de julho de 1384 e teve um desfecho agradável para os portugueses que, mesmo com tamanha desvantagem numérica, conseguiram afugentar os castelhanos, que partiram em debanda para o norte de Portugal. Os mantimentos que traziam para aliviar as tropas castelhanas no cerco de Lisboa foram apreendidos por Pedro Rito e Dinis Oliveira, oficiais da guarnição portuguesa. Há quem diga que esta pequena batalha foi decisiva para o desfecho do cerco em Lisboa, pois além de as tropas castelhanas perderem um reforço de 650 homens, todos os mantimentos que traziam como comida e armas de cerco foram apreendidos e nunca chegaram ao resto do exército.[27][28]
Foi dentro dos seus muros que se efetuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade foi berço do infante D. Henrique, conhecido como o Infante de Sagres ou O Navegador.
Devido aos sacrifícios que a cidade fez para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as "tripas" para a alimentação, os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto".
Séculos XVIII e XIX
A cidade desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo mais concretamente nas batalhas do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832–34 e os feitos valorosos empreendidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é frequentemente mencionada por antonomásia — a «Invicta». Alberga numa das suas muitas igrejas — a da Lapa — o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.
O território do Porto tem uma área de 45 km2 e uma população de cerca de 240 000 pessoas, sendo a segunda maior aglomeração urbana do país. A cidade é conhecida como a capital do Norte e seu Centro Histórico é classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996.[30]
A localização geográfica da cidade, aliada a uma rede de autoestradas, permite chegar a regiões como Galiza, Algarve, Lisboa, Coimbra ou outros lugares facilmente. Porto é classificada como a 3ª cidade portuguesa com condições de vida mais habitáveis, conforme medido por um estudo publicado anualmente pelo Expresso.[31]
Clima
A cidade do Porto tem um clima mediterrânico do tipo Csb de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.[32][33] No Inverno as temperaturas variam entre os 5 °C e os 14 °C raramente descendo abaixo dos 0 °C. Durante esta estação, períodos chuvosos alternam com dias mais frios e de céu limpo. No Verão as temperaturas variam entre os 15 °C e os 25 °C podendo ocasionalmente atingir ou mesmo ultrapassar os 35 °C nos meses de Julho ou Agosto. Temperaturas estivais acima dos 30 °C são raras devido à proximidade do oceano, contudo verificam-se quando o vento sopra do quadrante leste. Devido à sua situação geográfica, períodos mais frescos e com precipitação podem ser comuns durante o Verão em anos mais húmidos.[34][35] A baixa amplitude térmica deve-se à proximidade do oceano e à presença da corrente quente do Golfo.
A Área metropolitana do Porto é o lar de 1 757 413 habitantes e tem 1 900 km² de área, com uma densidade populacional próxima de 1 098 hab/km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia, sendo, portanto, a segunda maior área (NUTS III) de Portugal. O Porto e sua área metropolitana constituem o núcleo estrutural da Região Norte, que é a região (NUTS II) mais populosa do país,[37] concentrando quase 35% da população residente em Portugal. Muitas das casas mais antigas da cidade estão em risco de colapso. A população do município do Porto caiu em quase 100 000 desde a década de 1980, mas o número de residentes permanentes na periferia e cidades satélites cresceu fortemente.[38]
A cidade do Porto é conhecida como a Cidade Invicta e como a Capital do Norte. Foi a cidade principal do Entre Douro e Minho e a capital da região do Douro Litoral, que são dois territórios identitários que ainda hoje têm forte coesão, em termos físicos, naturais, humanos e sociais, estando localizada num dos pontos nucleares da bacia hidrográfica do rio Douro. O Porto é, frequentemente, referido como a cidade portuguesa com o temperamento mais centro-europeu, devido ao bucolismo requintado do seu espaço urbano (a fazer lembrar o requinte das cidades comerciais e capitalistas dos países centrais e nórdicos da Europa que se encontram localizadas perto dos rios e do oceano), surgido das influências estruturais que moldaram os seus habitantes e o temperamento da cidade:[39] a Monarquia de Portugal, a influência cultural dos Judeus[40] e a forte ligação a Inglaterra, com uma forte presença britânica. É a cidade onde vive a maior comunidade britânica em Portugal[41] e onde se encontram as raízes judaicas mais antigas[42] e consistentes dos portugueses,[43] através de uma herança «marrana», «cripto-judaica» e «cristã-nova» muito forte.[44]
Na cidade encontra-se a maior sinagoga da Península Ibérica e uma das maiores da Europa — a Sinagoga Kadoorie, edificada em 1938. Nela pode-se conhecer a história e religião judaicas, tomar contacto com importantes objetos históricos e documentos assim como saber mais sobre a comunidade judaica do Porto ao longo dos séculos até aos dias de hoje.
(De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
(a) O CDS-PP apoiou a lista independente "O Nosso Partido é o Porto" nas eleições de 2013, 2017 e 2021. O MPT e o Nós Cidadãos também apoiaram Rui Moreira em 2017 e 2021. A IL e o MAIS — Movimento de Cidadania Independente seguiram o mesmo caminho em 2021.
A região da cidade é onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas do país, sendo também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa. A Região Norte produz 40% do valor acrescentado do país e tem 50% do emprego industrial, tendo uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 129%, contra a média nacional de 74%.[52] Esta região é servida por duas importantes infra-estruturas: o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu.[53]
As relações económicas entre a cidade do Porto e o vale do Douro estão bem documentadas desde a Idade Média. Nozes, frutos secos e azeite sustentaram um próspero comércio entre o Porto e a região. Do Porto, estes produtos eram exportados para mercados externos no Velho e no Novo Mundos. No entanto, o grande impulso ao desenvolvimento das relações comerciais inter-regionais veio da agro-indústria do Vinho do Porto. Esta atividade desenvolveu decididamente a relação de complementaridade entre o grande centro urbano do litoral e esta região de enorme potencial agrícola, particularmente vocacionada para a produção de vinhos fortificados de grande qualidade. O desenvolvimento do Porto esteve sempre intimamente ligado com a margem sul do Douro, Vila Nova de Gaia, até 1834 parte integrante do seu termo, onde se estabeleceram as caves para envelhecimento dos vinhos finos do Alto Douro.[carece de fontes?]
O Porto sempre rivalizou com Lisboa ao nível económico. A abastada classe de industriais da região criou, logo em meados do século XIX, a poderosa Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal. A antiga Bolsa do Porto foi transformada na maior Bolsa de Derivados de Portugal, tendo-se fundido com a Bolsa de Lisboa criando a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Em 2002, a BVLP acabou por se integrar na Euronext, em conjunto com bolsas da Bélgica, França, Países Baixos e Reino Unido. O edifício que albergou durante muito tempo a bolsa, o Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto, é hoje uma das principais atrações turísticas da cidade. O Porto e a região Norte constituem a região onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas e onde se situam as regiões agrícolas mais produtivas e também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa.[54]
O Porto é sede do Jornal de Notícias, um dos jornais diários de maior tiragem a nível nacional, e da Porto Editora, a maior empresa editora do país, conhecida pelos seus dicionários e livros escolares.
No Porto, cruzam-se várias estradas e linhas de caminho-de-ferro que também contribuíram para tornar a cidade o principal centro comercial de toda a região nortenha. Apesar da progressiva terciarização do centro, a atividade industrial continua com grande relevância, laborando, na sua cintura industrial, fábricas de têxteis, calçado, metalomecânica, cerâmica, móveis, ourivesaria e outras atividades fabris, algumas ainda a nível artesanal.
Como pontos turísticos, destacam-se a Torre dos Clérigos, da autoria de Nicolau Nasoni, e a Fundação de Serralves, um museu de arte contemporânea. O Centro Histórico é Património da Humanidade, classificado pela UNESCO. A Foz é outra zona altamente turística, por muitos considerada a mais bela zona da cidade, onde se pode desfrutar da beleza do Oceano Atlântico conjugada com um belíssimo e romântico passeio marítimo.
Foi Capital Europeia da Cultura em 2001 (Porto 2001) e acolheu vários jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, nomeadamente o jogo de abertura. Ainda, em evidência, está o Mercado do Bolhão, um símbolo arquitetónico de comércio tradicional, onde se encontram as famosas vendedeiras do Mercado, características da cidade. Está prevista a intervenção do Arquiteto Joaquim Massena para o restauro e reabilitação no Mercado do Bolhão, dotando-o de infra-estruturas de salubridade para o comércio de frescos, bem como a inclusão de novas funcionalidades, mantendo toda a estrutura Patrimonial.
O conjunto histórico classificado pela UNESCO, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade do Porto, onde se podem encontrar diversos pontos de comércio, praças e edifícios históricos, que estão na origem da cidade, como a Sé Catedral.
Em 2012 e 2014, a cidade do Porto foi eleita "Melhor Destino Europeu", distinção atribuída anualmente pela "European Consumers Choice".[55] Em 2013, foi eleita o "Melhor Destino de férias na Europa" pela Lonely Planet. Também, no ano de 2014, a revista Business Destinations, que organiza anualmente os Business Destinations Travel Awards, considerou que a Alfândega do Porto é o melhor espaço para "reuniões e conferências" da Europa, elegendo este centro de congressos pela sua qualidade e inserção urbana[56] e, nesse mesmo ano, a edição europeia do Wall Street Journal dedicou duas páginas à cidade do Porto, que sugeriu como a cidade "fascinante e charmosa ... perfeita para um fim de semana prolongado".[57] No ano de 2015, a cidade do Porto volta a ser escolhida como um dos principais destinos turísticos da Europa, fazendo parte de uma lista de 10 polos turísticos feita pelo jornal britânico The Guardian.[58] Em Fevereiro de 2017, o Porto foi novamente eleito, pela "European Consumers Choice", "Melhor Destino Europeu" do ano.[59] É a terceira vez que a cidade é distinguida com esse galardão e a única a conseguir esse feito por três vezes.[60]
O Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro (OPO), que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu.[53] Depois de radicalmente reconstruído sua zona de influência se alastrou pelo noroeste da Península Ibérica, sendo hoje um aeroporto funcional e de arquitetura contemporânea com capacidade para receber até 16 milhões de passageiros por ano, considerado por diversas entidades internacionais como o melhor da Europa na sua categoria.[61]
o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, situado no concelho vizinho de Matosinhos, passará por uma ampliação que duplicará a possibilidade de carga, e trará vários cruzeiros de luxo ao porto, ou mesmo os estudos científicos realizados na cidade que já deram cartas na história da Ciência Mundial. Leixões foi classificado em 2013 como um dos 125 portos mais movimentados do mundo.[62]
O transporte público na cidade do Porto remota ao ano de 1872, altura em que a Companhia Carril Americano do Porto foi pioneira ao iniciar a sua exploração em Portugal. Um ano depois é criada a Companhia Carris de Ferro do Porto. A fusão das duas empresas dará origem à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que toma a atual designação em 1946. A STCP tem a seu cargo a exploração dos autocarros e as linhas de eléctrico que resistiram da época de ouro destes transportes, estando hoje troços em reabilitação na baixa portuense.[63]
A exploração da rede de metropolitano é efetuada pela empresa Metro do Porto que ao todo possuiu 68 estações distribuídas por 60,0 km de linhas comerciais em via dupla, com 8 km da rede enterrada, dispostas pela metrópole do Porto, tornando-se assim na maior rede metropolitana de transporte público de massas em Portugal. O Funicular dos Guindais, operado pela Metro do Porto, é um caminho de ferro numa escarpa que liga, de forma rápida, a zona da Batalha à Avenida Gustavo Eiffel, na Ribeira. A cidade dispõe ainda de uma rede ferroviária suburbana explorada pela CP: linhas de Aveiro, Braga, Guimarães e Penafiel ou Caíde.[64]
A capacidade do sistema rodoviário da cidade é aumentado pela autoestrada A20, uma estrada interna ligada a várias autoestradas e saídas da cidade, complementando a uma estrada periférica, que faz fronteira com o norte da cidade e liga o lado oriental da cidade para a costa atlântica. A cidade está ligada a Valença pela autoestrada A28, a Estarreja pela A29, a Lisboa pela A1, a Bragança pela A4 e a Braga pela A3. Há também a Via de Cintura Interna, um anel viário que liga todas as principais cidades ao redor Porto e que ligam a cidade a outras principais rodovias metropolitanas, como A7, A11, A42, A43 e A44. Desde 2011, uma nova autoestrada, a A32, liga a região metropolitana a São João da Madeira e Oliveira de Azeméis.[65]
A necessidade de uma travessia permanente entre as duas margens do Douro para circulação de pessoas e mercadorias, levou à construção da Ponte das Barcas em 1806, anteriormente a travessia do rio fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões. A ponte era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. O aumento do tráfego exigiu a construção de uma ponte permanente o que levou à construção da Ponte pênsil D. Maria II em 1843, desmantelada anos mais tarde após a abertura da Ponte de D. Luís I em 1886, a ponte mais antiga da cidade que permanece em atividade. Com os seus dois tabuleiros — o inferior e o superior — servia primitivamente como ligação rodoviária entre as zonas baixa e alta de Vila Nova de Gaia e do Porto e, de uma forma mais geral, entre o norte e o sul do país, durante largas décadas. A partir da segunda metade do século XX, no entanto, começou a revelar-se insuficiente para assegurar o trânsito automóvel entre as duas margens, tendo sido substituída por outras pontes e após adaptação o tabuleiro superior passou a ser utilizado pelo Metro do Porto.[66]
A Ponte de D. Maria Pia, construída entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877 pela empresa de Gustave Eiffel, foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro. Dotada de uma só linha, o que obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas, no último quartel do século XX tornou-se evidente que a ponte já não respondia de forma satisfatória às necessidades. O que levou a que fosse desativada e substituída pela Ponte de São João em 1991.[66]
A Ponte da Arrábida tinha à data da construção o maior arco do mundo em betão armado, e constitui o tramo final da auto-estrada A1 que liga Lisboa ao Porto. Inicialmente a ponte tinha duas vias de trânsito com 8 m cada, separadas por uma via sobrelevada de 2 m de largura; duas pistas para ciclistas de 1,70 m cada e dois passeios marginais de 1,50 m de largura, também sobrelevados. Mais tarde, foram acrescentadas uma via de trânsito em cada sentido, construídas à custa da eliminação das pistas para ciclistas e da redução do separador central. Apesar da construção da Ponte do Freixo, mais a montante, a Ponte de Arrábida continua a ser a principal ligação entre a cidade do Porto e a margem sul do Douro.[66]
Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio. Foi construída na tentativa de minimizar os congestionamentos ao trânsito automóvel vividos nas Pontes da Arrábida e de Dom Luís, particularmente notórios desde finais da década de 1980. Trata-se, na verdade, de duas pontes construídas lado a lado e afastadas 10 cm uma da outra. É uma ponte rodoviária com oito vias de trânsito (quatro em cada sentido). A Ponte do Infante, batizada em honra do Infante D. Henrique, nascido no Porto, é a mais recente que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da Ponte Dom Luís, entretanto convertida para uso da "Linha Amarela" (Hospital de São João/Santo Ovídio) do Metro do Porto. Foi construída pouco a montante da Ponte de Dom Luís, em plena zona histórica, ligando o bairro das Fontainhas (Porto) à Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia).[66]
Saúde
Na cidade do Porto existem vários hospitais (quer públicos quer privados), clínicas e centros de saúde. Alguns dos hospitais públicos do Porto estão organizados num Centro Hospitalar, o Centro Hospitalar Universitário de Santo António. Os hospitais incluídos neste Centro Hospitalar são o Hospital de Santo António, Centro Materno-Infantil do Norte Dr. Albino Aroso, Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório e Centro de Genética Médica Doutor Jacinto de Magalhães.[67] Para além destes, ainda há o Hospital de São João e o IPO. Entre o serviço de saúde privado destacam-se o Hospital da Luz Porto, o Hospital da Boavista ou o Hospital da Luz Arrábida.
Educação
A cidade do Porto possui diversas escolas e jardins de infância, públicas e privadas, de ensino primário, básico e secundário, como a Escola Secundária Alexandre Herculano. Na área do Grande Porto existem escolas internacionais como a British Council Porto.
O Porto tem duas bibliotecas municipais. A Biblioteca Pública Municipal do Porto, onde se pode encontrar, entre outros, os livros, as revistas e os jornais editados em Portugal e onde estão os conteúdos com acesso restrito. A Biblioteca Municipal Almeida Garrett é uma biblioteca moderna, projeto do arquiteto José Manuel Soares, de leitura pública onde os documentos têm livre acesso.
A cidade conta com mais de 10 000 eventos anuais, desde concertos, passando por teatros, exposições ou mesmo festas com disc jockeys famosos numa das várias discotecas e bares da cidade.
Contudo, o maior evento de diversão continua a ser o São João do Porto, de 23 para 24 de junho, quando milhares de pessoas invadem as ruas da cidade. Neste evento são de destacar as sardinhadas, os manjericos com as respetivas quadras sanjoaninas, o alho-porro, as marteladas e os bailaricos de freguesia.
Gastronomia
Vários pratos da tradicional culinária portuguesa tiveram origem na cidade do Porto, cuja identidade (a nível dos pratos principais de carne e de peixe, das sopas, das entradas e dos aperitivos, dos vinhos e das aguardentes, dos queijos e dos enchidos, bem como das sobremesas e da doçaria) se insere na identidade gastronómica mais vasta do território identitário do Entre Douro e Minho.[69]
O prato típico por excelência da cidade são as tripas à moda do Porto, prato histórico e que remonta à altura dos descobrimentos portugueses, e que pode ser encontrado em muitos dos restaurantes da cidade. O bacalhau à Gomes de Sá é outro prato emblemático da cidade do Porto, muito apreciado pelo seu sabor e requinte, que tem também impacto em todo o território português, assim como no Brasil, visto este ter sido povoado, estruturalmente, por portugueses do Norte de Portugal. O Caldo Verde também é um sopa típica, originária e emblemática do Porto e da região Norte. A francesinha é, da culinária recente, o prato mais famoso, e consiste numa sanduíche recheada com várias carnes (normalmente carne de vaca, linguiça, salsicha fresca e fiambre) e coberta com queijo e um molho especial (molho de francesinha).
A bebida que tem o nome da cidade é o vinho do Porto, é produzido na região vitivinícola do Alto Douro (a mais antiga região demarcada do mundo). O vinho do Porto é exportado internacionalmente a partir das caves que se situam na margem esquerda do Rio Douro, em Vila Nova de Gaia.
No Porto, também se situa a sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes,[70] sendo o vinho verde também o tipo de vinho, para além do vinho do Douro, que costuma acompanhar vários tipos de pratos da gastronomia portuense. É, no Porto, que se realiza, anualmente, o 'Vinho Verde Wine Fest'.[71]
Inserido no edifício da Alfândega Nova, o Museu de Transportes e Comunicações tem como objetivo mostrar a história dos transportes e meios de comunicação. O Museu do Carro Eléctrico, instalado na antiga central termo eléctrica de Massarelos, dispõe de uma coleção carros elétricos e atrelados que circulavam pela cidade. Anualmente, organiza um desfile de carros elétricos do museu pelas ruas da cidade, entre Massarelos e o Passeio Alegre.
Por influência das famílias inglesas que exploravam o negócio do vinho do Porto, as primeiras partidas de futebol em Portugal realizaram-se na cidade do Porto. O Porto conta com grandes clubes desportivos, sendo os principais o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube e o Sport Comércio e Salgueiros. Existem ainda numerosos clubes de menor dimensão, mas com função social de grande relevo. O Estádio do Dragão, da autoria do Arq. Manuel Salgado, é a casa do Futebol Clube do Porto. O estádio já esteve diversas vezes em revistas internacionais de arquitetura, onde fora fortemente elogiado.[carece de fontes?]
Na cidade organizam-se muitos eventos desportivos das mais variadas modalidades. De referir a Maratona do Porto em atletismo, as corridas históricas do Circuito da Boavista e as Red Bull Air Races. Ainda em desportos alternativos a cidade do Porto destaca-se por acolher várias provas internacionais dos mais variados desportos, como por exemplo hipismo. Neste desporto, em particular, há mesmo uma candidatura para uma qualificativa da taça do mundo de hipismo no Porto.[72]
Na Boavista situa-se o Circuito Urbano da Boavista que é realizado de dois em dois anos. O Circuito costuma contar com uma média de 115 000 espetadores, integrando várias categorias, mas a mais esperada é o WTCC, devido ao homem da casa Tiago Monteiro que já foi piloto de Fórmula 1. O Circuito Urbano também já recebeu a Fórmula 1 em 1958 e 1960, tendo como vencedores Jack Brabham (em 1960) pela Cooper-Climax e Stirling Moss (em 1958) pela Vanwall.
↑Ministério dos Negócios Estrangeiros (ed.). «Centro Histórico do Porto». Consultado em 6 de abril de 2015. Arquivado do original em 20 de janeiro de 2015