Beja é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Beja, encontrando-se inserida na sub-região do Baixo Alentejo (NUT III) e na região do Alentejo (NUT II), com 22 362 habitantes (2021).[1]
Crê-se que a cidade foi fundada cerca de 400 anos a.C., pelos celtas,[4] especificamente pelo povo dos célticos, um povo celta que habitava grande parte dos territórios de Portugal a sul do rio Tejo (atual Alentejo e Península de Setúbal), e também parte da Estremadura Espanhola, até ao território dos cónios (atual Algarve e parte do sul do distrito de Beja). Também é possível que tenha sido fundada pelos Cónios, que a terão denominado Conistorgis,[5] embora a localização desta cidade ainda seja desconhecida. Os cartagineses lá se estabeleceram durante algum tempo, no século III a.C., um pouco antes da sua derrota e expulsão da Península Ibérica pelos romanos (latinos) no seguimento da segunda guerra púnica. Nos séculos III e II a.C. houve o processo de romanização das populações locais e esta cidade passou a fazer parte da civilização romana, pertencendo a uma região muito romanizada. As primeiras referências a esta cidade aparecem no século II a.C., em relatos de Políbio e de Ptolomeu.[6]
Com a conquista romana, esta cidade passa a fazer parte do Império Romano (mais especificamente da República Romana), ao qual pertenceu durante mais de 600 anos, primeiro na província da Hispânia Ulterior e posteriormente na província da Lusitânia.
Com o nome alterado para Pax Julia, e a língua latina generalizada, foi sede de um conventus (circunscrição jurídica) pouco depois da sua fundação romana - o Convento Pacense (em latim: Conventus Pacensis), também teve direito itálico. Nessa época, estabelecem-se na cidade os primeiros judeus. Esta cidade, que se tornou então uma das maiores do território, albergou uma das quatro chancelarias da Lusitânia, criadas no tempo de Augusto. A sua importância é também atestada pelo facto de por lá passar uma das vias romanas.
Durante 300 anos, ficou integrada na Hispânia Visigótica cristã, depois da queda do Império Romano, tornando-a sede de bispado. No século V, depois de um breve período no qual haverá sido a sede dos Alanos, os Suevos apoderaram-se da cidade, sucedendo-lhes os Visigodos. Nessa época na cidade, da qual restam importantes elementos escultórico-arquitetónicos muito originais no seu estilo próprio, de basílicas e igrejas destruídas no período islâmico, foi edificado um hospital de média dimensão (xenodoquian, do grego), semelhante ao de Mérida, um dos primeiros no mundo de então, (ainda não alvo de prospeção arqueológica), destacando-se ainda a relevante mas pouco conhecida obra literária do bispo Apríngio de Beja (c. 531-560), "Comentário ao Apocalipse", elogiada pelo filósofo-enciclopedista Isidoro de Sevilha, e passa a denominar-se Paca.
Do ano 714 (século VIII) ao ano de 1162 (meados do século XII), durante mais de 400 anos, diminuiu a sua importância, e esteve sob a posse dos Árabes, primeiro sob o Califado de Córdova e mais tarde sob domínio dos Abádidas do Reino Taifa de Sevilha, que lhe alteraram o nome para Baja ou Beja (existe outra cidade com este nome na Tunísia), uma alteração fonética de Paca (a língua árabe não tem o som "p"). Aqui nasceu o Almutâmide, célebre rei-poeta que dedicou muitas das suas obras ao amor a donzelas e também a mancebos homens.
A cidade manteve-se pequena os séculos seguintes, sendo muito destruída durante as Invasões Francesas entre 1807 e 1811. A partir do século XX notou um certo desenvolvimento económico, como a construção de escolas (o novo Liceu em 1937), o Hospital José Joaquim Fernandes (1970), assim como novas instalações judiciais e comerciais, embora muito do seu património antigo tenha sido destruído pelas novas construções, nomeadamente no centro histórico. Em 2011 foi inaugurado o Aeroporto de Beja sendo que no entanto a grave crise económica motivou a que este se mantivesse em fraco funcionamento e em situação de quase fecho.
Sóror Mariana Alcoforado
É atribuída à freira portuguesa Sóror Mariana Alcoforado (1640 - 1723), natural de Beja, a autoria de cinco cartas de amor dirigidas ao Marquês de Chamilly, passadas através da janela do Convento e datadas da época em que o oficial francês serviu em Portugal, país ao qual chegou em 1665. A sua obra Cartas Portuguesas tornou-se num famoso clássico da literatura universal.
Lenda de Beja
Conta a lenda que quando a cidade de Beja era uma pequena localidade de cabanas rodeada de um compacto matagal, uma serpente assassina era o maior problema da população. A solução para este dilema passou por assassinar a serpente, feito alcançado deixando um touro envenenado na floresta onde habitava a serpente. É devido a esta lenda que existe um touro representado no brasão da cidade.
★ Número de habitantes que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.
★★ De 1900 a 1950 os dados referem-se à população presente no município à data em que eles se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.
O clima na cidade de Beja é mediterrânico (Csa, segundo a classificação climática de Köppen-Geiger), influenciado pela distância à costa. Tem Invernos suaves e Verões quentes e longos. A neve não é muito comum, mas por vezes pode nevar em períodos mais frios do inverno. A máxima em Janeiro é de 14 °C e em Julho é de 32,8 °C. A mínima é de 5 °C em Janeiro e de 16 °C em Julho e em Agosto. A média anual anda à volta dos 17 °C. A precipitação total anual média é de 572 mm. A temperatura mais alta registada foi 45.4 °C e a mais baixa -5.5 °C.
(fonte: Instituto de Meteorologia. Os dados não aparecem na tabela porque não fazem parte do período 1971-2000).
As principais fontes de rendimento são os serviços, o comércio e a agricultura. Na agricultura, antes destacava-se a cultura do trigo, atualmente, devido ao sistema de regadio da barragem do Alqueva desenvolvem-se a do olival e da vinha, sendo que o amendoal está atualmente em expansão[11]. A nível da indústria destaca-se a agroindústria, tal como a FairFruit[12], empresa de transformação e embalamento de fruta. O aeroporto tem também trazido algum crescimento ao concelho, com a abertura em 2021, de um hangar de manutenção de aeronaves da empresa Mesa[13], e com um novo centro logístico previsto para 2025.
O concelho regista um dos maiores crescimentos de exportações para o exterior do país nos últimos anos, tendo tido um crescimento de 472% entre 2013 e 2023.[14]
Em Beja estão instaladas duas importantes Empresas Públicas: a EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, SA. e a ANA Aeroporto de Beja.
Este museu foi criado em 1927 e 1928 no antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de Santa Clara (extinto em 1834), e tem vindo a expandir gradualmente a sua coleção. O edifício (um convento franciscano) foi estabelecido em 1459 por Fernando de Portugal, Duque de Viseu e de Beja ao pé do seu palácio ducal. As obras continuaram até 1509. A coleção do museu divide-se em três áreas distintas; arqueologia, ourivesaria e pintura.
Na arqueologia podemos encontrar machados de pedra polida, e lápides funerárias epigrafadas da Idade da Pedra; do período romano encontra-se capitéis, numismática e cerâmica comum; alguns vestígios da ocupação árabe; e do período medieval encontram-se principalmente fragmentos de edifícios civis e religiosos da cidade. Os vestígios paleocristãos encontram-se no núcleo visigótico do museu, na igreja de Santo Amaro.
A ourivesaria do museu é constituída por prataria do século XVI ao século XIX principalmente de origem sacra, mas também existem exemplares da civil. Uma peça que sobressai é uma escrivaninha em prata branca do século XVI oferecida pelo rei D. Manuel I à cidade.
Na pintura, o museu possui uma coleção de pinturas do século XV ao século XVII das escolas portuguesa, espanhola e flamenga.
Espaço Museológico Rua do Sembrano
O Núcleo Museológico da Rua do Sembrano integra um conjunto de estruturas arqueológicas que permitem, apesar de se tratar de uma área restrita no conjunto da estrutura urbana de Beja, entrever alguns momentos da história desta cidade e o modo como o espaço aqui foi evoluindo. As escavações arqueológicas, efetuadas durante as décadas de 80 e 90 do século XX, colocaram a descoberto vestígios que se estendem, cronologicamente, desde a Pré-História até à Época Contemporânea. Os mais antigos, alguns fragmentos cerâmicos, apontam para uma ocupação deste local que remonta à Idade do Cobre ou Período Calcolítico, no 3º milénio a.C..
É, porém, da Idade do Ferro, na segunda metade do 1º milénio a.C., o conjunto mais importante de elementos aqui recuperados, destacando-se, para além de um significativo conjunto de objetos, um troço de uma robusta muralha construída em pedra ligada com argila, que delimitava o perímetro do povoado deste período, ficando comprovada a teoria segundo a qual já existiria no local onde atualmente se ergue Beja um importante aglomerado urbano antes da presença romana. Esta construção pode hoje ser observada através de uma estrutura em forma de grade de grandes dimensões, abarcando a quase totalidade do piso do Núcleo Museológico, com o chão em vidro, possibilitando uma leitura da zona arqueológica fora do comum. É possível, igualmente, observar algumas estruturas do período romano, nomeadamente os vestígios de umas termas de pequena dimensão, possivelmente parte de uma habitação romana ou constituindo um estabelecimento com exploração comercial.
Para além desta componente, o Núcleo integra ainda uma exposição de caráter permanente, na qual podem ser observados objetos retirados das escavações realizadas no sítio, abarcando todos os períodos desde a Idade do Ferro até à Época Contemporânea, fornecendo, por isso, um resumo sobre a história da cidade, e exposições de caráter temporário, relacionadas com a arqueologia e o património histórico da região.
O projeto de arquitetura é da autoria do arquiteto Fernando Sequeira Mendes e junto à entrada do edifício pode ser admirado um painel de azulejos de grande dimensão, que recupera o tema da água na cidade antiga, da autoria do artista plástico Rogério Ribeiro.
Cultura
Eventos
Ovibeja - Feira de atividades agrícolas, pecuárias, artesanais e turísticas.
Ruralbeja e Feira de Santa Maria
Beja Romana
Semana Académica do IPBeja
Receção Caloiro do IPBeja
"Terras de Cante" - Festival Internacional de Tunas Universitárias Cidade de Beja
Semana de Música para o Natal (Coro de Câmara de Beja)
Artshots - Workshops de Arte e Comunicação Multimédia (IPBeja)
Infomedia - semana de Multimédia na Escola Secundária Diogo de Gouveia
Festival de Bandas da Cidade de Beja
Rastafest - Festival da Diversidade
Palavras Andarilhas
Encontro de Coros de Beja (Coro de Câmara de Beja)
Imprensa
Os jornais locais são o Diário do Alentejo e o Correio do Alentejo. Os outros órgãos de comunicação social são Rádio Voz da Planície (104.5 FM), Rádio Pax (101.4 FM), Rádio Boa Onda (rádio por internet). "ESDGtv" (televisão interna da ESDG)
Companhias teatrais
Arte Pública
Grupo de Teatro Jodicus
Lendias d'Encantar
Agremiações culturais
Coro do Carmo de Beja
Associação Cultural e Recreativa Zona Azul
Coro de Câmara de Beja
Associação Trovadores de Beja - Tuna Universitária de Beja
Sociedade Filarmónica Capricho Bejense
Arruaça - Associação Juvenil
Grupo Coral e Instrumental Trigo Limpo
Ideias em Comum - Associação Cultural
Zarcos - Associação de Músicos de Beja
Agremiações desportivas
Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Beja
Associação Cultural e Recreativa Zona Azul
Associação de Patinagem do Alentejo
Beja Atlético Clube
Clube Desportivo de Beja
Clube de Patinagem de Beja
Clube de Radiomodelismo de Beja
Despertar Sporting Clube
Casa do Benfica de Beja
Judo Clube de de Beja
Centro de Cultura e Desporto do Bairro de Nª Sr.ª da Conceição
Clube Airsoft de Beja
TTBAVENTURA - Clube de Todo Terreno e Bicicleta de Beja