As folhas apresentam filotaxia do tipo alterno e espiral, por vezes opostas ou verticiladas (em Tribeles australis), com pedúnculo foliar bem desenvolvido, sem estípulas. As folhas são simples, com as lâminas por vezes glandulares ou resinosas, herbáceas a coriáceas ou carnudas.[6] A nervação é do tipo pinado. As margens das folhas são entalhadas, serrilhadas ou mais ou menos lobadas, por veze com glândulas caducas.[6]
As flores ocorrem em inflorescências terminais ou axilares, geralmente rácemos ou panículas, menos frequentemente como pequenas flores terminais solitárias (apenas em Tribeles australis).[5] A flores e as inflorescências apresentam brácteas.
As flores são actinomorfas, bissexuais, com 4-9 sépalas persistentes, mas mais frequentemente 5 sépalas e duplo perianto, frequentemente fundidas na base para formar um tubo curto. As pétalas são também 4-9, mas mais frequentemente 5, lineares, espatuladas ou obovadas, erectas ou dobradas, quase sempre livres, mas quando fundidas formam apenas um tubo de corola curto com lóbulos significativamente mais longos. O receptáculo floral forma um disco epígino sobre o qual se insere um androceu formado por um ou dois verticilos, cada um dos quais com 4-6 estames, geralmente 5, livres e alternipétalos. Apenas o verticilo interno contém estames férteis, pois havendo um segundo verticilo este consiste em estaminódios. As anteras são deiscentes longitudinalmente. O gineceu apresenta de um a seis carpelos rectos, geralmente súperos, mas por vezes ínferos, livres ou fundidos para formar o ovário. O ovário apresenta de um a muitos óvulos bitegumentados em cada carpelo. Existem de um a seis longos estiletes que terminam numa pequeno estigma.
Frutos em forma de cápsulas, raramente bagas.[6]Sementes numerosas, pequenas e com endosperma. O géneros Anopterus apresenta sementes aladas.[5] O embrião é longo.
Com o advento dos sistemas de base filogenética, as Escalloniaceae foram inequivocamente colocados dentro dos asterídeas no grupo dos Euasterids II, mas a posição sistemática da família permaneceu incerta durante largo tempo por falta de dados filogenéticos que permitissem uma integração segura ao nível taxonómico da ordem. No sistema APG II esta foi uma das 8 famílias do clado das euasterids II, as campanulídeas, que ficaram sem atribuição a uma ordem. Contudo, estudos mais recentes providenciaram evidências que duas dessas famílias, Eremosynaceae e Tribelaceae, integram a família Escalloniaceae. O sistema APG III, de 2003, considera este agrupamento taxonómico como possivelmente consstituindo o grupo irmão das Asterales ou de todos os Euasterids II, com exceção das Asterales e Aquifoliales, e inclui nele as anteriores famílias Eremosynaceae, Polyosmaceae e Tribelaceae.[7]
A partir de 2006 o APWebsite passou a incluir as espécies Eremosyne pectinata (anteriormente na família Eremosynaceae) e Tribeles australis (anteriormente na família Tribelaceae) dentro desta família. Em consequência, no Angiosperm Phylogeny Website essas duas famílias foram fundidas na família Escalloniaceae, sendo esta colocada na ordem Escalloniales.[8] Esta foi a solução adoptada pelo sistema APG IV, de 2016, ao criar a ordem monotípica Escalloniales, com Escalloniaceae como única família, nela colocando os sete géneros então reconhecidos.
Na sua presente circunscrição taxonómica, a família Escalloniaceae integra 7-8 géneros[9] com cerca de 130 espécies (quando o género Polyosma é colocado na família Polyosmaceae, este número reduz-se a 70):
PolyosmaBlume — com cerca de 60 espécies, nativas do leste dos Himalaias e de uma faixa que vai do sul da China até ao nordeste da Austrália e à Nova Caledónia. Muitos autores consideram este géneros como paste de uma família monotípica Polyosmaceae.
Rayenia — recentemente descrito,[10] filogeneticamente próximo de Tribeles, com uma única espécie:
Um novo género, Rayenia, foi recentemente descrito.[10] É próximo de Tribeles e integra uma única espécie (Rayenia malalcurensis) nativa do centro do Chile.
O seguinte cladograma sintetiza as relações filogenéticas das Escalloniales com as restantes asterídeas:
↑ abAngiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x
↑Angiosperm Phylogeny Group: An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. In: Botanical Journal of the Linnean Society. Band 161, Nr. 2, 2009, S. 105–121, doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x.
Johannes Lundberg: Phylogenetic Studies in the Euasterids II: with Particular Reference to Asterales and Escalloniaceae. Dissertation, Uppsala University, Biology, Department of Evolutionary Biology, Department of Systematic Botany, 2001, ISBN 91-554-5191-8, PDF-Datei; 0,9 MB.