Feminismo marxista é um ramo do feminismo focado em investigar e explicar as maneiras pelas quais as mulheres são oprimidas por meio dos sistemas do capitalismo e da propriedade privada. De acordo com as feministas marxistas, a libertação das mulheres só pode ser alcançada através de uma reestruturação radical da economia capitalista atual, em que grande parte do trabalho das mulheres é desigual.[1] Apesar disso Marx criticou o carreirismo do feminismo burguês escandinavo.[2]
Karl Marx chegou a citar Charles Fourier que dizia que o progresso humano estaria associado a emancipação com relação ao sexismo.[3] O combate que Marx e Engels faziam ao sexismo era confirmado por contemporâneos como August Bebel que republicou os trabalhos do antropólogo Lewis Henry Morgan sobre este tema.[4] Marx também argumentava que o trabalho extenuante tirava o foco dos pais com relação ao cuidado da prole[5] e defendia que a família tradicional era uma maneira de preservar a propriedade privada.[5][6]
O autor também não descartou o papel da mulher como grupo social na história,[7] desafiando o determinismo machista e darwinista da época, apesar de afirmar que a emancipação das mulheres seria algo inevitável desde que haja a superação dos modos de produção.[8] Os autores marxistas dos séculos XIX e início do XX[3][9][10][11][12] acreditavam que a resolução do sexismo era uma das maiores questões a serem enfrentadas pela esquerda a nível de justiça social e equidade.
A prostituição também é descrita pelo pensador como algo suscetível a toda classe trabalhadora[7] e Karl defendia como antídoto um conceito de nova família em que cada membro fosse considerado como irmão.[9][13] Apesar disso, alguns autores argumentam que Marx defendia uma redução da jornada de trabalho para que as mulheres ficassem na dependência do lar.[14] Ainda esta vertente é a pioneira na análise feminista conjuntamente com o feminismo anarquista na Europa.[15] O feminismo marxista tem influenciado movimentos anti-coloniais no mundo todo, mesmo que indiretamente, dialogando com outros feminismos de esquerda.[16]
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↑Hayden, Carol Eubanks. 1979 /1984. Feminism and Bolshevism: The Zhenotdel and the Politics of Women’s Emancipation in Russia, 1917-1930. Ann Arbor, Mich.: University Microfilms International.p. 32-34
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↑Field, Mark G. 1968. “Workers (and Mothers): Soviet Women Today.” Pp.7-56 in The Role and Status of Women in the Soviet Union by Donald R. Brown, ed. NYC: Teachers College Press.
↑Field, Mark G. 1968. “Workers (and Mothers): Soviet Women Today.” Pp.9 in The Role and Status of Women in the Soviet Union by Donald R. Brown, ed. NYC: Teachers College Press.
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