Irmandade do Santíssimo Sacramento
A Irmandade do Santíssimo Sacramento é uma confraria católica originada ainda na Idade Média, está entre as mais respeitáveis e antigas irmandades religiosas do catolicismo. Sua origem está ligada piedade e devoção eucarística. Sabe-se que a celebração de Corpus Christi, criada por Urbano IV em 1264 teve a participação da citada confraria.[1] Porém, sua autorização canônica veio através da Bulla Dominus Noster Jesu Christi do Papa Paulo III, de 30 de novembro de 1539, na qual concedia grandes privilegiativos a Irmandade do Santíssimo existente na Santa Maria sopra Minerva, e de lá, espalhou-se por todo mundo católico.[2] Atualmente é formada por todas as raças, se faz presente em quase todas as paróquias e é geralmente no Brasil, responsável ou associada as tradições da Semana Santa e Corpus Christi. OrigensTratando-se de uma confraria presente em quase todas as Paróquias, existe várias lendas, histórias e folclore quanto ao surgimento da Irmandade, porém, todas estão ligadas a piedade e devoção a Eucaristia. Dentre os relatos mais antigos estão a celebração de Corpus Christi, em 1264.[1] Em Portugal, sabe-se que em 1403 já existia na Arquidiocese de Braga a Confraria do Corpo de Deus, e que a mesma congregava naquele ano mais de cem irmãos. Em 1457 também em Ponte da Barca e demais locais de Portugal.[2] Após tomar parte no Concílio de Trento, o frei dominicano Tomás de Stella O.P, italiano de Veneza, preocupado com o estado no qual se encontravam os sacrários de Roma, agrupou na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva, um grupo de clérigos e leigos, dentre eles Inácio de Loyola fundador dos Jesuítas, grande defensor e propagador desta Irmandade.[3] Com os grandes frutos e benefícios obtidos na Irmandade, Stella é ordenado Bispo de Justinópolis[3] e o Papa Paulo III aprovou sua Confraria, concedendo-a através da Bula Dominus Noster Iesus Christus (Nosso Senhor Jesus Cristo) de 30 de novembro de 1539, privilégios e indulgências, bem como as demais que se fundasse em iguais condições, espalhando-se por todo mundo católico. Ao ter conhecimento da Confraria de Roma, o então arcebispo de Braga Cardeal-Rei D. Henrique obteve autorização para que em sua Diocese tivesse o mesmos privilégios da de Roma, o que foi autorizado em 1540. Em senso de 1918 tal diocese possua 803 Irmandades do Santíssimo.[2] Com a transferência para Évora tal bispo também fundou Irmandades do Santíssimo com estes mesmo privilégios, ficando a Irmandade associada a elite e a realeza, espalhando-se pelos territórios portugueses. BrasilNo Brasil, a Irmandade se faz presente desde a ocupação branca do território brasileiro e formada pela elite branca, sobretudo no período colonial, responsável pela construção das Igrejas Matrizes nas regiões do Ciclo do Ouro.[4] Até o presente momento, não existe o documento que comprove o local da criação da primeira Irmandade em terras brasileiras, mas há uma carta escrita em 09 de agosto de 1549 por Manuel da Nóbrega solicitando a concessão das mesmas indulgências as Irmandade de Minerva.[5] Segundo Serafim Leite, não há elementos bastantes para se ver a consequência imediata do pedido de 1549, mas vinte e poucos anos mais tarde, as confrarias do Santíssimo Sacramento já existiam no Brasil até nas aldeias dos índios, depois de elas se organizarem em bases de continuidade,[6] sendo hoje presente em todas as regiões do país. Para integrar as centenas de Irmandades do Santíssimo espalhada pelo território nacional, em 1971, o então arcebispo da Arquidiocese de Aparecida Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta iniciou a Romaria Nacional em Aparecida, que desde então é realizada.[7] Concluindo o projeto iniciado pelo Cardeal Mota, em 26 de janeiro de 2021 foi criada a Provedoria Nacional das Irmandades do Santíssimo, com a eleição da sede em Aparecida, e no dia seguinte, 27 de janeiro foi celebrada por Dom Orlando Brandes arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, a Missa em ação de graças pela criação da Provedoria Nacional.[8] SudesteNo Rio de Janeiro teve um papel fundamental no âmbito cristão, quando ajudou a igreja a levantar fundos para grandes obras, destacando-se a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, sede da mais antiga Irmandade do Santíssimo da cidade. Em âmbito assistencial, a Irmandade em 1763, fundou o venerável Hospital Frei Antônio no bairro de São Cristóvão, com autorização de frei Antônio, então bispo do Rio de Janeiro que delegou a Irmandade como responsável pela administração do hospital. Assistindo os cidadãos cariocas, o hospital é um exemplo das relações estreitas entre o papel da Igreja e do Estado na cidade. A Irmandade e o hospital existem até os dias atuais.[9] Em Minas Gerais, dentre as principais construções destaca-se a Matriz do Pilar e a Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias em Ouro Preto[4] e a Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar em São João Del Rei. NordesteNo Nordeste há várias Igrejas construídas pela Irmandade. Em sobral a Irmandade está presente há 260 anos. Centro-oesteEm Goiás, foi inicialmente fundada na cidade de Pirenópolis em 1728, ano em que deu início a construção da Igreja Matriz local,[10] possibilitando assim a criação da Paróquia do Rosário, em cujo local até hoje se faz influente,[11][12] sendo em 2019, reconhecida com o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Município. NorteNo Amazonas, uma das primeiras Irmandades do Santíssimo a serem fundadas foi a de Catedral Manaus em 1890,[13] ano em que adquiriu várias peças sacras.[14] Também ela nesse ano construiu o Cemitério São João Batista, que até hoje abriga túmulos famosos no principal cemitério de Manaus.[15] Ver também
Referências
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