A raiz etimológica de maior aceitação é a que considera as palavras de língua tupipará (rio ou mar) + aíb (ruim) + o sufixo substantivador-a, originando, desse modo, o topônimoParaíba, atribuído inicialmente ao principal rio da região, e que significa "rio ruim" (no sentido de ruim para navegar).[8]
O geógrafo e governador da capitania da ParaíbaElias Herckmans confirma essa versão em sua obra «Descrição geral da Capitania da Paraíba», de 1639, dizendo que os mais entendidos da língua nativa se referiam à estreita boca do canal que dificultava ao invasor conquistar na primeira expedição e de cara visto que bastavam duas baterias de canhão em cada margem para abater os navios pretendentes, fora já um rochedo que havia e que aparece nos mapas antigos, mas foi dinamitado por razões portuárias nas últimas décadas do século XX. Depois, tal potamônimo passou a designar também a capitania, que se elevou à categoria de província em 1822, sendo, em seguida, transformada em estado em 1889.[9]
Antes do descobrimento do Brasil, o território que hoje corresponde à Paraíba possuía inúmeras tribos indígenas. Entre o litoral e a região do Planalto da Borborema, os principais grupos indígenas eram os potiguaras, que habitavam em especial as margens do rio São Domingos, atual Rio Paraíba. Entre as tribos que habitavam desde a região da Borborema até o sertão, estão os índios cariris e os ariús.[10][11]
Colonização e conquista
Em 1534, o rei de Portugal D. João III divide a colônia em capitanias hereditárias, sendo a Paraíba subordinada à Capitania de Itamaracá, cujos limites iam desde o rio Guaju, próximo à divisa com o atual estado do Rio Grande do Norte, até o rio Goiana, localizado na divisa com Pernambuco. Porém, diferente da vizinha capitania de Pernambuco, a situação de Itamaracá não era tranquila, devido ao comércio entre os indígenas locais e os franceses, os quais adquiriam riquezas da terra, como pau-brasil, âmbar, peles de animais e óleos vegetais.[12][13][14]
Na capitania se fixaram alguns conventos e igrejas, bem como engenhos de açúcar. Um deles, o engenho Tracunhaém de propriedade de Diogo Dias, foi destruído no ano de 1574 por indígenas potiguaras, que também mataram seus moradores e forçaram os colonos residentes a se fixarem na Ilha de Itamaracá, ocasionando o ataque ao engenho Tracunhaém. A repercussão por parte da corte em Lisboa foi enorme e, para tranquilizar a situação, o rei criou a Capitania Real da Paraíba, subordinada diretamente à Coroa Portuguesa.[12][13] Esse acontecimento foi também o estopim da Guerra dos Potiguaras, que durou 25 anos.
Embora criada em 1574, a capitania da Paraíba só foi ocupada onze anos depois. Luís de Brito foi nomeado para ser o governador-geral da capitania recém-criada e recebeu do rei português a ordem de punir os responsáveis pelo ataque do engenho e fundar uma nova cidade para abrigar a sede do governo, dando origens a cinco expedições com o propósito de conquistar a capitania, sendo as quatro primeiras terminadas em fracasso. Para repelir os invasores franceses, foi construído em 1584 o forte de São Tiago, na margem direita do rio Paraíba.[12][13]
A quinta expedição foi comandada por Martim Leitão, ouvidor-geral de Olinda, contando também com a participação de Frutuoso Barbosa e João Tavares. À época, o litoral paraibano era habitado pelos índios potiguaras, tendo como principais rivais os tabajaras, comandados por Piragibe e originários do médio São Francisco e que, devido a secas que assolavam a região, deslocaram-se para as proximidades do litoral da Paraíba. Os tabajaras se juntaram aos colonos portugueses e, oferecendo-lhes apoio militar, conseguiram expulsar os índios potiguaras, acontecendo assim a conquista da Paraíba e sendo fundada, em 5 de agosto de 1585, a cidade de Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa).[12][13]
Em 10 de janeiro de 1586, tem-se registro a primeira sesmaria da Paraíba, que se localizava próximo à foz do rio homônimo. Na margem direita da foz desse rio, foi construído, no mesmo ano, a Fortaleza de Santa Catarina, para efetivar assim a colonização da Paraíba e garantir o controle das terras.[12]
Em 1599, foi selada a paz entre os portugueses e potiguaras, fator que, junto com a conquista do Rio Grande do Norte, consolidou a conquista e colonização da Paraíba. O litoral e a Zona da Mata paraibano foram ocupados pela cultura canavieira. Essas áreas também foram ocupadas pela criação de gado, mas, devido à pouca demanda, o número de cabeças de gado na Paraíba se multiplicou.[14][15]
Invasão holandesa
A primeira aparição dos holandeses em terras paraibanas aconteceu em 20 de junho de 1625.[16] Após expulsão dos holandeses de Salvador a 1.º de maio, no caminho de volta a Amsterdã, o almirante Boudewijn Hendricksz desembarcou seus navios em Baía da Traição para tratar os enfermos[17] e enterrar 700 mortos.[16] Logo que chegou, Hendricksz tratou de fazer aliança com os potiguares, prometendo-lhes proteção em troca de serviços contra os portugueses.[16] Tão cedo soube do aporte dos holandeses, o governador-geral paraibano, Antônio de Albuquerque, enviou tropas para expulsar os invasores. Comandados por Francisco Coelho de Carvalho, com gente da Capitania da Paraíba e da Capitania de Pernambuco, e por Antônio de Albuquerque de Melo, com gente da Capitania do Rio Grande, totalizando sete companhias de emboscadas, e auxiliados por 300 índios, os portugueses repeliram os holandeses em 1.º de agosto.[18] Na batalha sangrenta, os índios potiguares aliados dos holandeses foram exterminados, na morte de 600 a milhares entre homens, mulheres e crianças.[16][18] Derrotado, Hendricksz partiu da Paraíba rumo a Porto Rico.
Em 5 de dezembro de 1632, 1,6 mil batavos chegaram à Paraíba, comandados por Callenfels. Ocorreu um verdadeiro tiroteio e os holandeses ergueram trincheiras em frente ao forte de Santa Catarina, mesmo assim foram derrotados, após a chegada de homens enviados pelo governador-geral à cidade de Nossa Senhora das Neves. Os brasileiros também tentaram construir uma trincheira em frente ao mesmo forte, mas logo enfrentaram resistência holandesa. Sem capacidade de vencer, os invasores se retiraram do local e fugiram para Pernambuco. Os invasores holandeses decidiram ir em direção ao Rio Grande do Norte e atacá-lo, contudo, tal ataque foi impedido. Os invasores voltaram para a Paraíba para atacar o Forte de Santo Antônio, porém desistiram devido à construção de uma trincheira nesse forte, seguindo diretamente para Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.[19][20]
Em 25 de novembro de 1634, ocorreu uma nova tentativa de ataque com a chegada de uma esquadra de 29 navios à costa paraibana e, no dia 4 de dezembro, os invasores chegaram ao norte do Jaguaribe, onde prenderam o governador (que conseguiu escapar mais tarde) e mais dois brasileiros. No dia seguinte, já em direção a Cabedelo, os batavos foram conseguindo se fortificar. Enquanto várias propriedades eram furtadas por Callabar, Antônio de Albuquerque Maranhão, filho de Jerônimo de Albuquerque Maranhão (que conquistou o Maranhão no início do século XVII) enviou à Paraíba vários combatentes para repelir os holandeses, contando com ajudas de Pernambuco e Rio Grande do Norte. Mesmo com a chegada com conde Bagnuolo para tentar ajudar os paraibanos, estes já se encontravam muito enfraquecidos, razão pelo qual entregaram os fortes de Santa Catarina e Santo Antônio. O conde decidiu abandonar a Paraíba e fugiu para Pernambuco.[19]
As tropas comandadas por Antônio de Albuquerque, contando com apoio da população local, tentaram fundar o Arraial do Engenho Velho. Os holandeses se dirigiram então à cidade de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, em busca de Antônio de Albuquerque, que não foi localizado, e encontraram a cidade praticamente abandonada e vazia. Somente algum tempo depois, o comandante e líder das tropas holandesas encontrou Duarte Gomes, que foi preso por Antônio de Albuquerque e mandado em direção ao Arraial do Bom Jesus, sendo posteriormente libertado pelos invasores. A população local ainda possuía o desejo de expulsar todos os holandeses de suas terras. Em duas tentativas, ambas sob a liderança de André Vidal de Negreiros, os paraibanos conseguiram, primeiramente, vencer os invasores, no engenho do Espírito Santo e, em outra tentativa, novos homens foram contratados e treinados para poder repelir os holandeses. Em Timbiri, os paraibanos se reuniram e caminharam em direção ao engenho de Santo André, local em que foram atacados pelas tropas de Paulo Linge. Depois de vários combates e lutas, mais de oitenta paraibanos foram dizimados, incluindo o capitão Francisco Leitão.[19]
Conquista do interior e autonomia
Após o contexto das invasões holandesas, a economia canavieira se viu arrasada. As plantações de cana-de-açúcar no litoral foram incendiadas, fazendo com que a produção do açúcar diminuísse consideravelmente. Nos dez anos seguintes, os governantes da Paraíba não conseguiram recuperar a economia canavieira. Até 1670, a ocupação do espaço paraibano se restringia apenas ao litoral. A partir de então deu-se início à ocupação do interior, em duas direções: uma do litoral ao sertão, comandada pela família Oliveira Ledo, responsável pela fundação de vários povoados, hoje municípios; outra, mais importante, partia do sertão do São Francisco, na Bahia, e prosseguiu na direção norte, chegando ao interior paraibano.[21]
A brutalidade da conquista, a escravização e os massacres de indígenas na colonização do interior da Paraíba resultaram na chamada Guerra dos Bárbaros, que perdurou por vários anos, entre os colonos e os principais grupos indígenas que habitavam a região, como os caicós, os icós, os janduís e sucurus.[14][21][22]
A conquista do interior também foi realizada por meio das missões de catequese, que objetivavam, principalmente, a catequização dos índios. Entre os principais missionários, um dos mais importantes é o sacerdote Martim Nantes, fundador da vila de Pilar.[23] Outros nomes que também tiveram importância no projeto de conquista e colonização do interior foram o Luís Soares e Elias Herckmans, este último que, juntamente com Manuel Rodrigues, estabeleceu-se na região em busca de minas de ouro, principalmente na Serra da Borborema, além de Francisco Dias D’Ávila, fundador da Casa da Torre.[24]
Em 1º de janeiro de 1756, a capitania da Paraíba foi extinta e anexada a Pernambuco, tornando-se novamente independente em 11 de janeiro de 1799.[25] Em 1818, a porção norte do território paraibano foi desmembrada, através de Carta Régia, e formou o território que viria a ser o atual estado do Rio Grande do Norte.[26]
Movimentos liberais e império
Ao longo de sua história, a Paraíba participou de várias revoltas. No período colonial, destaca-se a Revolução Pernambucana de 1817, que surgiu baseada na independência dos Estados Unidos e nos ideais da Revolução Francesa, com o objetivo de tornar o Brasil um país independente. De Pernambuco, a revolução se espalhou por todo o Nordeste. Na Paraíba, o movimento entrou por Itabaiana e seguiu em direção a Areia, estendendo-se por diversas outras localidades do agreste, sertão e litoral. Participaram Amaro Gomes Coutinho, Francisco José da Silveira, José Peregrino, Padre Antônio Pereira, Inácio de Albuquerque Maranhão, entre outros revoltosos. O desfecho do movimento não obteve êxito, contudo a luta pela independência prosseguiu. Os cinco anos seguintes (1818-1822) foram marcados por acirramentos entre duas facções rivais, os cajás, revolucionários, também chamados de patriotas, e os carambolas (realistas), contrarrevolucionários.[27]
Em 1822, o Brasil se torna independente de Portugal e a Paraíba se torna uma província do império brasileiro e D. Pedro I é proclamado imperador do país. Dois anos depois, a Paraíba se envolve na Confederação do Equador, que teve início em Pernambuco e representou a principal reação contra a tendência monarquista e a política centralizadora de D. Pedro I esboçada na primeira constituição brasileira, outorgada em março de 1824. Seu principal líder foi o frei Joaquim do Amor Divino Caneca, apelidado de Frei Caneca, que de Recife se deslocou a Itabaiana e se juntou ao areiense Félix Antônio. De lá, percorreram partes da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, em defesa dos seus ideais federalistas e nacionalistas. Do Ceará, foram mandados para Recife para serem fuzilados, mas apenas Frei Caneca acabou morto pelas tropas imperiais, enquanto Félix Antônio conseguiu fugir.[27]
Entre o final de 1848 e 1849, ocorreu, sem sucesso, a Revolta Praieira, cujo palco foi novamente Pernambuco. Durou cerca de cinco meses, tendo seus ideais inspirados pelas revoluções ocorridas em 1848 na Europa. A Revolta Praieira chegou à Paraíba em fevereiro de 1849, liderada por Maximiano Machado e Borges da Fonseca, e reivindicava várias reformas sociais e econômicas, como a divisão latifundiária, a instalação de um regime democrático e a liberdade de imprensa.[27] Três anos depois, em 1851, a Paraíba, juntamente com suas províncias vizinhas, envolveu-se em mais uma revolta, intitulada Ronco da Abelha, que objetivava controlar os trabalhadores livres, na época da diminuição do tráfico de escravos. Entre os meses de outubro e dezembro de 1874, participou da Revolta do Quebra-Quilos, ocorrida após a substituição do sistema de pesos e medidas vigente no país; a revolta na Paraíba teve como principal palco localidades do agreste e foi caracterizada por diversos atos de violência, ao mesmo tempo em que era desencadeada a questão religiosa. A Paraíba participou ainda da Guerra do Paraguai, com um efetivo de três mil homens.[28]
Em 1860, a Paraíba tinha uma população de aproximadamente 212 mil habitantes e sofria com sérios problemas de saúde pública e epidemias de doenças, como cólera e febre amarela, sendo uma das principais causas o precário abastecimento de água. Em 1877, a província foi atingida por uma grande seca, a mais grave da história, acentuando a pobreza e provocando consequentemente uma migração populacional do interior para o litoral.[28]
República Velha
Em novembro de 1889, após a queda do regime monárquico e a consequente instituição da república no Brasil, a Paraíba, assim como as outras províncias, transformou-se em estado da federação. Venâncio Neiva foi o primeiro presidente (hoje governador) do estado, entre 1889 e 1891, quando foi deposto, assumindo em seu lugar um triunvirato.[14][29][30] Em 1892, foi nomeado pelo Presidente da República Floriano Peixoto para o cargo de Presidente do Estado da Paraíba Álvaro Machado e, nos vinte anos seguintes, este foi o principal nome da política paraibana, sendo o estado governado pelo próprio Álvaro ou por aliados, período em que se construíram açudes no interior do estado, abriu-se o curtume a vapor em Itabaiana e a chegada da linha telegráfica até Alagoa Grande e Campina Grande. A oligarquia ligada a Álvaro Machado teve fim em 1912, com a morte de Machado.[14]
Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a economia da Paraíba entrou em crise, principalmente devido à queda nas exportações do algodão, um dos principais produtos agrícolas do estado.[29][31] Nessa época, tornou-se o principal nome político da Paraíba Epitácio Pessoa, egresso do Supremo Tribunal Federal, eleito Senador Federal e posteriormente Presidente da República, eleito em 1919, quando se encontrava na França, chefiando a delegação do Brasil na Conferência da Paz de Paris. Retornando ao Brasil, foi empossado na Presidência em 28 de julho de 1919, estando à frente do Executivo federal até 15 de novembro de 1922. Foi durante seu governo que o Brasil comemorou seu primeiro centenário de independência.[32][33] Sob sua influência foram escolhidos os presidentes estaduais Castro Pinto (1912-15), Antônio da Silva Pessoa (1915-16), Francisco Camilo de Holanda (1916-20) e Sólon de Lucena (1920-24).[14]
Entre os dias 5 e 12 de fevereiro de 1926, durante o governo do epitacista João Suassuna (1924-28), a Coluna Prestes, comandada por Luís Carlos Prestes, Miguel Costa e Juarez Távora, adentrou o território da Paraíba, percorrendo cidades do sertão, dentre elas Piancó onde, no dia 9 de fevereiro, o grupo enfrentou resistência da população, sob a liderança do padre Aristides Ferreira da Cruz, chefe político local e morto durante os confrontos, tornando-se um dos Mártires de Piancó.[14][35][36] Nessa mesma época, o estado também teve destaque no cangaço, tendo Antônio Silvino, Chico Pereira e Virgulino Ferreira da Silva (o Lampião) como líderes de bandos que atuaram em Piancó e nas localidades de Cajazeiras, Guarabira e Sousa.[37]
Em 26 de julho de 1930, em uma confeitaria de Recife, João Pessoa foi assassinado por João Duarte Dantas, assumindo, em seu lugar Álvaro Pereira de Carvalho. A morte de João Pessoa, um dos estopins da Revolução de 1930, gerou grande comoção nacional[31][40][41][42] e provocou o enfraquecimento do movimento armado no Território de Princesa, que voltou a fazer parte da Paraíba em 11 de agosto de 1930,[38] quatro dias após o corpo do ex-presidente João Pessoa ser sepultado na cidade do Rio de Janeiro. Em 4 de setembro seguinte, a capital estadual passou a se chamar João Pessoa e, três semanas depois, é adotada a atual bandeira da Paraíba.[43][44]
Em outubro de 1930, eclodiu o movimento conhecido como Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas à Presidência do Brasil. Durante a Era Vargas, a Paraíba foi governada por interventores federais: Antenor de França Navarro (1930-32), Gratuliano da Costa Brito (1932-35), Argemiro de Figueiredo (1935-40) e Rui Carneiro (1940-45). A década de 1930 na Paraíba foi marcada pelo plano de urbanização da capital e a introdução da cultura do sisal. Na primeira metade da década de 1940, foram descobertos minérios necessários para a indústria bélica no estado, no contexto da Segunda Guerra Mundial.[14][15] Somente em janeiro de 1947, a Paraíba voltou a realizar eleições diretas para governador, saindo vitorioso nesse pleito o candidato Osvaldo Trigueiro, que governou de 1947 a 1951.[45]
A partir da década de 1960, os incentivos fiscais da Sudene geraram uma incipiente industrialização na Paraíba e obras de infraestrutura foram feitas. Na década de 1970, a energia vinda da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso espalhou-se pela Paraíba.[15][46] Com a eclosão golpe militar de 1964, que resultou na instauração de uma ditadura militar, o governador Pedro Gondim teve seu mandato cassado e direitos políticos suspensos por dez anos,[47] assumindo no lugar João Agripino Filho (1966-1971), que foi sucedido por Ernâni Sátiro (1971-1975), Ivan Bichara (1975-1979) e Tarcísio Burity (1979-1983), todos eleitos indiretamente, sendo os dois primeiros pela Assembleia Legislativa e o último através de um colégio eleitoral, sucedido pelo vice-governador Clóvis Cavalcanti em 1982 e 1983, ano em que ocorreu a eleição de Wilson Braga, de forma direta.[48]
Burity voltou ao governo da Paraíba entre 1987 e 1991, sendo sucedido por Ronaldo Cunha Lima.[48] Seu vice, Cícero Lucena, assumiu em 1994 com a renúncia do titular para se candidatar ao Senado.[49] Nas eleições daquele ano, foi eleito o candidato Antônio Mariz, empossado em janeiro de 1995. No entanto, seu governo durou por pouco mais de oito meses, pois morreu no exercício do seu mandato, vítima de uma parada cardiorrespiratória, assumindo em seu lugar o vice José Maranhão.[50][51] Em 1997, o corpo do ex-presidente João Pessoa é transferido do Rio de Janeiro para a capital paraibana, sendo sepultado em um mausoléu construído pelo governo estadual entre o Palácio da Redenção e a Faculdade de Direito da Paraíba.[52] Maranhão foi reeleito em 1999 com votação bastante expressiva, superior a 80%, e governou até 2002, quando saiu para se candidatar ao Senado, obtendo êxito.[53] Seu vice de chapa, Roberto Paulino, concluiu o mandato, sem conseguir se reeleger.[54]
Cássio Cunha Lima, filho de Ronaldo Cunha Lima, foi empossado em 2003 e reeleito em 2006 para um segundo mandato[55][56] que, no entanto, foi interrompido em 2009, após ter sua cassação confirmada em definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim, o segundo colocado nas eleições de 2006, José Maranhão, foi reconduzido ao governo da Paraíba.[57] Em 2010, o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho vence Maranhão e se torna governador do estado em 2011, reelegendo-se em 2014 em segundo turno, contra o ex-governador Cássio Cunha Lima.[58] Entre 2012 e 2017, a Paraíba enfrentaria a maior seca de sua história recente, que colocou mais de 90% dos municípios paraibanos em situação de emergência e provocou impactos tanto na agropecuária quanto no abastecimento de água,[59] levando algumas cidades ao colapso hídrico.[60] Em 2017, após anos em obras, o eixo leste da transposição do Rio São Francisco chega à Paraíba, pelo município de Monteiro.[61] Em 2018, João Azevêdo é eleito em primeiro turno,[62] obtendo sua reeleição no segundo turno das eleições estaduais de 2022.[63]
A Paraíba está localizada a leste da Região Nordeste do Brasil, fazendo divisa com os estados do Rio Grande do Norte (norte), de Pernambuco (sul) e do Ceará (a oeste) e o Oceano Atlântico (a leste).[64] A distância linear entre seus pontos extremos é de 263 quilômetros no sentido norte-sul e de 443 quilômetros no sentido leste-oeste.[65] O ponto mais a leste da Paraíba, a Ponta do Seixas, em João Pessoa, é também o ponto mais oriental do Brasil e da América.[64] Sua área territorial é de 56 467,242 km²,[1] sendo um dos menores estados do país.
Relevo e solos
Do território paraibano, 82% está entre 200 e 900 m de altitude e 18% abaixo de 200 m.[14]
O relevo da Paraíba varia desde planícies no litoral a depressões no sertão. No litoral há a planície litorânea e, no restante da zona da mata, os tabuleiros, formados a partir de acúmulos de terras que descem de localidades mais altas. No agreste, o relevo é formado por depressões situadas entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, com altitudes entre trezentos e oitocentos metros. Por último, no sertão, há a Depressão Sertaneja, a partir da Serra da Viração.[65]
Mais da metade do território paraibano é dominado por rochas muito antigas e resistentes formadas durante o período Pré-Cambriano, há mais de 2,5 bilhões de anos.[66] Desse período também se formaram alguns sítios arqueológicos do estado, como a Pedra do Ingá. Na Serra do Teixeira está localizado o Pico do Jabre, o ponto culminante da Paraíba com uma altitude de 1 208 metros acima do nível do mar.[67] Outros pontos acima dos 1 000 m são as serras da Paula (1 147 m), Tabaquino (1 120 m), Pesa (1 084 m) e Cariris Velho (1 070 m).[65]
Existem dezesseis classes de solo na Paraíba, sendo as principais os solos litólicos e os bruno não cálcicos, que constituem 39,11% e 25,95% da superfície estadual, respectivamente, seguido pelos solos podzólicos vermelho amarelo eutróficos (14,36%).[68] Na nova classificação
os solos litólicos são chamados de neossolos e os demais os luvissolos.[69] As demais classes são: regossolo (4,77%), solonetz solodizado (3,98%), vertissolo (3,39%), solos aluviais (3,38%), areia quatzosa (1,17%), planossolo (0,86%); cambissolo (0,84%), latossolo (0,6%), terra roxa estruturada (0,54%), podzol hidromórfico (0,49%), solo indiscriminado de mangue (0,26%), afloramento de rocha (0,26%) e gleissolo (0,04%).[68]
No Brasil, a Paraíba encontra-se inserida na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental.[70] Em se tratando apenas das bacias hidrográficas do estado, a Paraíba é abrangida por um conjunto de onze bacias, sendo a maior de todas a do rio Piranhas, que cobre 26 047,99 km² de área e é formada pelas sub-bacias hidrográficas do rio Piancó (9 424,75 km²), do Médio Piranhas (4 461,48 km²), do rio Seridó (3 442,36 km²), do rio do Peixe (3 420,84 km²), do rio Espinharas (2 981,60 km²) e do Alto Piranhas (2 588,45 km²). A segunda maior bacia é a do Rio Paraíba, com uma área de 20 071,83 km² e formada pelas sub-bacias do Alto Paraíba (6 717,39 km²), do Rio Taperoá (5 666,38 km²), do Baixo Paraíba (3 925,40 km²) e do Médio Paraíba (3 760,65 km²). As demais bacias hidrográficas da Paraíba são as dos rios Mamanguape (3 522,69 km²), Curimataú (3 313,58 km²), Jacu (977,31 km²), Camaratuba (637,16 km²), Gramame (589,38 km²), Abiaí (585,51 km²), Miriri (436,19 km²), Guaju (152,62 km²) e Trairi (16,08 km²).[65]
Alguns rios da Paraíba nascem em serras do Planalto da Borborema e deságuam no litoral do estado, sendo o principal o Rio Paraíba, que nasce na Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, percorrendo cerca de 360 quilômetros até desaguar no mar, destacando-se também os rios Curimataú e Mamanguape. Outros têm sua nascente no sertão e sua foz no litoral do Rio Grande do Norte; o principal é o rio Piranhas, o mais importante do sertão paraibano, que tem como principais afluentes os rios do Peixe, Piancó e o Espinharas, tendo sua nascente na Serra do Bongá, próximo à divisa da Paraíba com o Ceará, e deságua em Macau, no litoral norte-riograndense, sendo aproveitável para a irrigação em parte do seu curso.[66]
Com quase 98% do seu território está incluído no Polígono das Secas,[73][74] a maior parte da Paraíba apresenta clima semiárido, com índices pluviométricos variando de 300 mm nas regiões do Cariri/Curimataú (região central) a 900 mm no oeste do estado, chegando a ultrapassar esse valor em pequenas áreas. As chuvas se concentram meses do primeiro semestre, com pico em março e abril, sendo que, em alguns anos, há uma redução nos volumes pluviométricos, caracterizando as secas.[75]
Por outro lado, no litoral e no agreste, a época mais chuvosa compreende os meses de abril a julho, com índices que superam 1 200 mm/ano no litoral, chegando a 1 900 mm em algumas áreas. No agreste, área de transição entre o litoral e o sertão, esse índice é superior aos 700 mm, chegando a 1 200 mm na região do brejo.[75] Em todo o estado, o trimestre de outubro a dezembro, parte da época mais seca do ano, é o mais quente, enquanto o trimestre de junho a agosto é o mais frio.[75] Nessa época, é comum que cidades das regiões agreste, brejo e Cariri, situadas no Planalto da Borborema, cheguem a registrar temperaturas abaixo de 20 °C ou até mesmo 15 °C ou menos.[76]
Areia, no brejo, é a cidade mais fria do estado, enquanto Patos, no sertão, é a mais quente.[77] Em Monteiro, no Cariri, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou uma mínima de 7,7 °C no dia 28 de julho de 1976, sendo este o recorde absoluto de menor temperatura no estado.[78]
Segundo o censo de 2010, a população era de 3 766 528 habitantes. Desse total, 2 838 678 viviam na zona urbana (75,37%) e 927 850 na zona rural (24,63%). Ao mesmo tempo, 1 824 379 pessoas eram do sexo masculino (48,44%) e 1 942 149 do sexo feminino (51,56%),[84] tendo uma razão de sexo de 93,94.[85] Sua capital, João Pessoa, com seus 723 515 habitantes, concentrava, neste mesmo ano, 19,2% da população estadual[86] e possuía a maior densidade demográfica da Paraíba (3 421,30 hab./km²).[87] Da população total do estado, considerando-se a nacionalidade, 3 765 131 (99,96%) eram brasileiros, sendo 3 764 722 brasileiros natos (99,95%) e 409 naturalizados brasileiros (0,01%), além de 1 397 estrangeiros (0,04%).[88] Simultaneamente, 3 464 844 pessoas eram nascidas no próprio estado (91,99%) e os 301 684 restantes eram de outros estados ou até mesmo do exterior (8,01%).[89][90][91]
Dos 223 municípios do estado, apenas quatro possuíam população superior a cem mil habitantes (João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita e Patos), seis entre 50 e 100 mil habitantes (Bayeux, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo, Guarabira e Sapé), 20 entre vinte e cinquenta mil, 56 entre dez e vinte mil, 68 entre cinco e dez mil, 63 entre dois e cinco mil e seis abaixo de dois mil habitantes (Areia de Baraúnas, Coxixola, Riacho de Santo Antônio, Quixaba, São José do Brejo do Cruz e Parari).[92][93] Entre 2000 e 2010, a Paraíba registrou um crescimento populacional 9,51%, inferior às médias da região Nordeste (11,29%) e do Brasil (12,48%).[94]
Na Igreja Católica, a Paraíba pertence à Regional Nordeste II, que também abrange os estados de Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e seu território está inserido na Província Eclesiástica da Paraíba,[102] formada pela Arquidiocese da Paraíba e suas quatro dioceses sufragâneas: Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira e Patos.[103][104]
Conforme dados do censo de 2010, 52,948% da população declararam-se como pardos, 39,672% como brancos, 5,611% pretos, 1,238% amarelos e 0,517% indígenas, além dos que não declararam (0,013%).[105]
Tal como os brasileiros, a origem dos paraibanos está ligada à miscigenação entre brancos (vindos da Europa), os indígenas locais e os negros (vindos da África). Isso contribuiu para que a população paraibana fosse considerada como mestiça. Os pardos constituem a maioria da população do estado e, entre eles, os principais são os caboclos, que predominam no interior e no litoral norte, enquanto nas regiões do agreste e do Cariri (mais especificamente o centro-sul paraibano), predominam os mulatos.[107] A identidade mestiça foi reconhecida como um grupo étnico-racial-cultural pela lei estadual N.º 8.374, de 9 de novembro de 2007, que também instituiu o Dia do Mestiço na Paraíba, comemorado desde então no dia 27 de junho.[108] Existem também pequenas populações de cafuzos dentro do estado.[107]
Os descendentes de europeus ocupam em especial os maiores centros urbanos, bem como as regiões do brejo e alto sertão. Ao contrário do que ocorreu em Pernambuco, na Bahia e no Maranhão, a Paraíba teve pouco destaque na cultura da cana-de-açúcar, o que fez com que pouca oferta da mão de obra africana viesse ao local e, consequentemente, contribuiu para que apenas uma pequena parte da população atual seja formada por negros.[107] Restam, contudo, algumas poucas comunidades de quilombos espalhadas por várias partes do estado.[109][110]
Na região litorânea, os índios potiguaras, que já chegaram a ocupar grande parte da costa litorânea do Nordeste, desde o Maranhão até Pernambuco, ocupam uma área de apenas 33 mil hectares de terra nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto.[111][112] Os índios tabajaras, que outrora foram milhares, restam pouco menos de mil deles, distribuídos pela microrregiões de João Pessoa e do Litoral Sul.[113][114]
De acordo com dados do "Mapa da Violência 2012", publicado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 10,8 em 1980, subiu para para 33,8 em 2009 (ficando acima da média nacional, que era de 27,0). Nos mesmos anos, o número de homicídios subiu de 519 para 1 269. Em geral, a Paraíba subiu catorze posições no ranking nacional dos estados e Distrito Federal por taxa de homicídios, passando da vigésima posição em 2000 para a sexta em 2010. João Pessoa e região metropolitana possuíam taxas quase duas vezes maiores que a do estado (64,3), enquanto que, no interior, o mesmo era menor que a média estadual (21,2).[115]
Em 2000, os dois municípios mais populosos da Paraíba concentravam 67,6% dos casos de homicídios do estado, número que se reduziu para 55% em 2010. Considerando-se todos os municípios com mais de cem mil habitantes, que em 2000 eram responsáveis por 25% do total de homicídios, passaram, em 2010, para 35% do total do mesmo. Entre os municípios acima de 50 000 e abaixo de 100 000 habitantes, destacam-se Cabedelo e Bayeux, que apresentaram forte crescimento nos níveis de violência. Ao mesmo tempo, a região metropolitana da capital registrou um forte aumento de 164,2% nas taxas de homicídios, enquanto no interior do estado registrou queda de 30,4%.[115][116]
Conforme o "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008", também publicado pelo Instituto Sangari, os municípios paraibanos que apresentavam as maiores taxas de homicídios por grupo de cem mil habitantes eram João Pessoa (46,7), Conde (40,5), Campina Grande (36,2), São Mamede (33,4) e São Sebastião do Umbuzeiro (33,4).[117]
O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), composto por 21 desembargadores, é a instância máxima do judiciário estadual.[118] Representações deste poder estão espalhadas por todo o estado por meio de unidades chamadas de comarcas, que abrangem ou mais municípios.[123][124] De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Paraíba possui mais de três milhões de eleitores, distribuídos em 68 zonas eleitorais.[125][126]
Subdivisões
A Paraíba é a nona unidade da federação em número de municípios, com 223, e a terceira do Nordeste (atrás apenas da Bahia e do Piauí).[127] João Pessoa, a capital, é o município mais antigo, fundado em 1585 por carta régia. Matureia, na região da serra de Teixeira, e Santa Cecília, no agreste, são os mais recentes, ambos emancipados em 14 de dezembro de 1995 através de lei estadual.[128]
A economia da Paraíba é a décima nona mais rica do país e a sexta da região Nordeste (ficando atrás de Bahia, de Pernambuco, do Ceará, do Maranhão e do Rio Grande do Norte, e à frente de Alagoas, Sergipe e Piauí). De acordo com dados relativos a 2014, o Produto Interno Bruto da Paraíba era de R$ 155 143 milhões e o PIB per capita de R$ 16 722,05.[136] As maiores economias da Paraíba são João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Santa Rita e Patos.[137]
A Paraíba tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 8,8 bilhões, equivalente a 0,7% da indústria nacional e empregando 109.825 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (32,1%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (23,9%), Couros e Calçados (11,3%), Alimentos (6%) e Minerais não metálicos (5,9%). Estes 5 setores concentram 79,2% da indústria do estado.[144]
O perfil industrial da Paraíba está voltado principalmente para o benefício de minerais e de matéria-prima vindas do setor primário. Os principais centros industriais da Paraíba, bem como os principais industriais do estado, são: na zona da mata, a Região Metropolitana de João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa, Lucena e Santa Rita), onde se encontram principalmente as indústrias alimentícia, de cimento, de construção civil e a têxtil; no agreste, Campina Grande, onde se destacam novamente as indústrias de alimentos, como também as de bebidas, calçados, frutas industrializadas e, mais recentemente, de software; no sertão, Cajazeiras, Patos, São Bento e Sousa, com destaque para as indústrias de confecções e a têxtil. A atividade industrial no estado encontra-se, até os dias atuais, em processo de desenvolvimento, com intuito de gerar melhores condições de vida à população.[145][146] Os maiores PIBs do setor secundário são João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Cabedelo e Caaporã.[139]
No comércio, o valor de vendas em todo o estado chegou a 4,8 bilhões de reais, enquanto todo o setor terciário contribuiu com mais de 25 bilhões.[147] O estado é o quinto maior em exportação no Nordeste, destacando-se na exportação de bens de consumo, bens intermediários e de capital. Açúcar, álcool etílico, calçados, granito, roupas, sisal e tecidos são os principais produtos exportados da Paraíba para o exterior, destinados principalmente para Austrália, Argentina, Estados Unidos, Rússia e União Europeia.[148]
Turismo
Outra importante fonte de renda econômica na Paraíba é o turismo. Eleito melhor destino nacional do ano em 2013, cerca de um milhão de turistas que visitam o estado todos os anos.[149]
Litoral
Com 55 praias,[150] o litoral paraibano possui aproximadamente 154 quilômetros de extensão, estendendo-se desde Mataraca, na divisa com o estado do Rio Grande do Norte, até Pitimbu, na divisa com Pernambuco.[65]
No litoral norte está Cabedelo, vizinho a João Pessoa e uma das cidades mais portuárias do país. Na cidade situam-se a Fortaleza de Santa Catarina e a praia fluvial do Jacaré, no estuário do Rio Paraíba, que dispõe de um pôr do sol ao som do bolero de Ravel tocado diariamente por Jurandy do Sax; as praias de Camboinha, Intermares e do Poço onde, na primeira, está situada a ilha de Areia Vermelha. Outros destinos do litoral norte são Baía da Traição, município que possui praias e redutos indígenas com aldeias, e Lucena, onde se situa a Igreja de Nossa Senhora da Guia.[154][155]
Dentre as principais praias do litoral sul, estão: do Amor, de Carapibus, de Graú, de Jacumã, de Pitimbu e Tabatinga e Tambaba, esta a mais famosa, cercada por falésias e matas densas, no município de Conde. É a primeira praia de naturismo da Região Nordeste e a segunda do Brasil, atraindo milhares de visitantes anualmente.[154][155] As areias coloridas de Pitimbu são outro destaque do litoral sul.[156]
Interior
Campina Grande, no agreste, é o principal destino turístico do interior, abrigando, junto com João Pessoa, os principais eventos realizados na Paraíba, como O Maior São João do Mundo, o festival de Inverno, o Encontro da Nova Consciência, além de contar com hotéis e diversos outros atrativos.[157][158]
No município de Ingá, vizinho de Campina Grande, encontra-se o sítio arqueológico mais visitado do estado, a Pedra do Ingá, um dos monumentos pictográficos mais estudados no mundo, onde estão gravadas dezenas de inscrições rupestres em baixo-relevo, com mensagens que até hoje ainda não decifradas. Embora ainda fazendo parte do desconhecido, os achados da Pedra do Ingá estão já há bastante tempo catalogados por notáveis arqueólogos como um dos mais importantes documentos líticos, motivando permanentes e incessantes pesquisas, que buscam informações mais nítidas sobre a vida e os costumes de civilizações passadas.[159]
No campo do serviço telefônico móvel, por telefone celular, a Paraíba faz parte da "área 10" da Agência Nacional de Telecomunicações (que compreende, além da Paraíba, os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Alagoas)[172] e é servido por quatro operadoras telefônicas: dados de fevereiro de 2013 apontavam a Oi com a maior participação neste mercado no estado (33,04%), seguida pela TIM (32,24%), Claro (25,91%) e Vivo (8,81%).[173] O código de discagem direta a distância de todos os municípios do estado é 083.[174] Em 2010 63,73% dos domicílios tinham somente telefone celular, 15,37% telefone celular e fixo e 1,92% apenas telefone fixo.[175]
Alguns dos principais jornais da Paraíba são: Diário do Sertão (Cajazeiras); Jornal da Paraíba e Rede Campina (Campina Grande); Alternativa Nordeste, Click PB, Correio da Paraíba e Folha da Paraíba (João Pessoa) e Notícias do Cariri (Monteiro), além de vários outros, como Paraíba Online, Paraibeabá, Virgulino e Vitrine do Cariri;[176] havia também os jornais Diário da Borborema (Campina Grande) e O Norte (João Pessoa), que saíram de circulação em 2012.[177] Dentre as emissoras de televisão estão: em João Pessoa, a TV Arapuan (afiliada da Rede TV!),[178]TV Cabo Branco (afiliada da Globo),[179]TV Tambaú (afiliada do SBT) e a TV Miramar (afiliada à TV Cultura);[180] no interior, a TV Borborema (afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão)[181] e a TV Itararé (afiliada da TV Cultura),[182] e a TV Paraíba (afiliada da Rede Globo);[179] todas em Campina Grande.
Em 2009, existiam, no estado, 2 622 estabelecimentos hospitalares, com 8 149 leitos. Dos estabelecimentos hospitalares, 1 825 eram públicos, sendo 1 762 de caráter municipal, 57 de caráter estadual e apenas seis de caráter federal. 797 estabelecimentos eram privados, sendo 734 com fins lucrativos e 63 sem fins lucrativos. 79 unidades de saúde eram especializadas, com internação total, e 2 145 unidades eram providas de atendimento ambulatorial.[183]
De acordo com uma pesquisa realizada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2008, 72,5% da população paraibana avaliou sua saúde como boa ou muito boa, 65,2% afirmaram ter realizado consulta médica nos últimos doze meses anteriores à data da entrevista, 41,3% dos habitantes consultaram o dentista no mesmo período e 7,2% da população esteve internado em leito hospitalar. 29,5% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 12,2% dos residentes tinham cobertura de plano de saúde. No mesmo ano, 83,7% dos domicílios particulares permanentes estavam cadastrados no programa Unidade de Saúde Familiar.[184]
De acordo com a mesma pesquisa, na questão de saúde feminina, 24,4% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses, 27,8% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos e 65,3% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos.[184]
Educação
Em 2015, a Paraíba dispunha de 5 724 escolas de ensino pré-escolar, 4 632 estabelecimentos de ensino fundamental e 558 de ensino médio, com um total de 808 693 matrículas. Nesses estabelecimentos de ensino existiam 34 907 docentes de ensino fundamental, 10 839 de ensino médio e 5 724 do pré-escolar.[186]
Na lista de estados brasileiros por IDH, com dados de 2010, o fator "educação" atingiu a marca de 0,555 de índice, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ficando, em todo o país, à frente apenas do Maranhão (0,547), do Pará (0,528) e de Alagoas (0,520).[187] Tratando sobre o analfabetismo, a lista de estados brasileiros por taxa de alfabetismo (mais o Distrito Federal) mostra a Paraíba com a terceira maior taxa, com 20,2% de sua população considerada analfabeta, mais que o dobro da média nacional (9,02%), de acordo com o censo de 2010.[188] O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do estado, em 2015, foi de 4,9 para os anos iniciais (1ª à 4ª série), 3,8 para os anos finais (5ª à 8ª série) e 3,4 para a terceira série do ensino médio.[189]
Ainda em 2010, a Paraíba possuía uma expectativa de anos de estudos de 9,24 anos, valor inferior à média nacional (9,54 anos). O percentual de crianças de cinco a seis anos na escola era de 94,13% e de onze a treze anos cursando o fundamental de 81,67%. Entre os jovens, a proporção na faixa de quinze a dezessete anos com fundamental completo era de 44,85% e de 18 a 20 anos com ensino médio completo de 32,88%. Considerando-se apenas a população com idade maior ou igual a 25 anos, 37,67% tinham ensino fundamental completo, 27,42% analfabetos, 26,98% ensino médio completo e 8,02% superior completo.[138] Em 2015, a distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com idade superior à recomendada, era de 19,2% para os anos iniciais, 36,5% nos anos finais, sendo essa defasagem no ensino médio de 32,8%.[190]
No transporte rodoviário, a Paraíba é cortada por sete rodovias federais, das quais três têm início no litoral do Rio Grande do Norte, passando pela Paraíba e se estendendo até outros estados: BR-101,[207]BR-104,[208] e BR-110.[209] Outras três têm início em solo paraibano: a BR-230 (Rodovia Transamazônica), que parte de Cabedelo e se estende até a fronteira do Brasil com o Peru, no Amazonas;[210] a BR-412, a única rodovia federal localizada inteiramente em território paraibano, começando no distrito de Farinha, município de Boa Vista, e terminando em Monteiro, onde se encontra com a BR-110;[211] e a BR-427, ligando em Pombal, no sertão, a Currais Novos (Rio Grande do Norte), onde se encontra com a BR-226.[212] Um pequeno trecho da BR-116, com aproximadamente quatorze quilômetros de extensão, também corta o estado da Paraíba, passando somente pelo município de Cachoeira dos Índios, extremo oeste do estado.[213]Há diversas outras rodovias estaduais,[214] que, junto com as rodovias federais, somam 5 030 quilômetros de extensão (dos quais 1 400 sob jurisdição federal),[215] sendo 2 140 km pavimentados, 1 468 km implantados, 1 372 km em leito natural e 50 km planejados.[216]
No transporte ferroviário, a Paraíba possui 660 quilômetros de ferrovias,[217] a maior parte desativada e em péssimas condições.[218] Anteriormente, a Paraíba era servida por duas importantes ferrovias: a primeira, operada pela Rede Ferroviária do Nordeste, tinha início em Natal, capital do Rio Grande do Norte e chegava até a Paraíba, possuindo um ramal em direção a Cabedelo e outro em Campina Grande com destino a Patos e, posteriormente a Sousa; a segunda era operada pela Rede de Viação Cearense, e partia de Fortaleza, capital do Ceará, e, na Paraíba, chegava até Sousa, onde se encontrava com o trecho da Rede Ferroviária do Nordeste.[219][220] Nos dias atuais, está ativo apenas o ramal que faz a ligação entre Santa Rita, João Pessoa e Cabedelo, servindo aos trens metropolitanos do Sistema de Trens Urbanos de João Pessoa, administrado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos.[221]
Quanto ao transporte marítimo, que é um dos vetores fundamentais da economia do estado, a Paraíba possui o Porto de Cabedelo, que está localizado vizinho à Fortaleza de Santa Catarina, na margem direita do estuário do Rio Paraíba[222] e foi construído na primeira metade do século XX, sendo inaugurado em 1935 e com a sua administração exercida pelo governo da Paraíba até 1978, quando passou a ser administrado pela Empresa de Portos do Brasil S.A., extinta em 1990, ano em que o porto teve sua administração exercida pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte e, desde 1998, pela Companhia Docas da Paraíba.[223] Há também o Porto de Capim, de pequeno porte, localizado em João Pessoa, à beira do rio Sanhauá e permaneceu ativo até a inauguração do porto de Cabedelo.[224]
A Polícia Militar da Paraíba foi criada durante o período imperial, sendo órgão público em atividade mais antigo do estado. Tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no estado da Paraíba. Ela é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil, sendo seus integrantes denominados militares dos estados.[229][230]
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Paraíba é um comando intermediário da polícia militar estadual, cuja missão consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, no âmbito do estado da Paraíba.[231] Assim como ocorre com os policiais militares, os integrantes do Corpo de Bombeiros também são denominados militares dos estados pela constituição federal.[232]
A Polícia Civil do Estado da Paraíba foi criada pela lei estadual nº 4273, de setembro de 1981, tem a função de polícia judiciária e é responsável pela apuração das infrações penais, com o objetivo de promover o bem-estar e a paz social da população.[233]
Cultura
O responsável pelo setor cultural do estado da Paraíba é o Conselho Estadual de Cultura, juntamente com a Secretaria Estadual de Cultura. O conselho foi instituído pelo decreto estadual nº 32 408 de 14 de setembro de 2011, está vinculado ao gabinete do governador e tem por objetivo planejar e executar a política cultural do estado por meio da elaboração de programas, projetos e atividades que visem ao desenvolvimento cultural, além de defender a conservação do patrimônio artístico, cultural e histórico da Paraíba.[235]
O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural paraibana. Em várias partes da Paraíba é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, criada de acordo com a cultura e o modo de vida local e feita com matérias-primas regionais, como os bordados, a cerâmica, o couro, o crochê, a fibra, o labirinto, a madeira, o macramê e as rendas. Alguns grupos reúnem diversos artesãos, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais.[241]
Entre os principais centros de artesanato do estado estão: o Mercado de Artesanato Paraibano, em João Pessoa, um espaço de 120 lojas com vários produtos artesanais variados, como bordados e redes, além de comidas típicas regionais;[242] a Feira de Artesanato de Tambaú, também em João Pessoa, que possui lanchonetes, praças de alimentação e restaurantes, além de contar com diversas apresentações culturais;[243] a Casa do Artista Popular, igualmente situada na capital, inaugurada em 2006, reunindo mais de mil peças e representações do artesanato paraibano[244] e a Vila do Artesão, em Campina Grande, que possui 77 chalés e é bastante procurada durante o São João.[245]
Além destes equipamentos permanentes, acontece, duas vezes ao ano, o evento Salão do Artesanato Paraibano, vinculado ao Programa de Artesanato da Paraíba do governo estadual, que conta com mais de cinco mil artesãos.[246] Uma das edições do evento ocorre durante o verão em João Pessoa[247] e a outra, durante o inverno em Campina Grande.[248] Participam dos eventos milhares de artesãos e visitantes todos os anos.[247][248][249][250]
Teatros e museus
O primeiro teatro construído na Paraíba foi o Minerva, localizado em Areia, na segunda metade do século XIX (1859). Com o decorrer dos anos, foram surgindo novos espaços teatrais que foram ganhando importância, como o Teatro Santa Rosa, no Centro Histórico de João Pessoa, hoje o mais importante do estado. O teatro mais recentemente entregue é o Teatro Pedra do Reino, no Centro de Convenções da capital.[251] Outros espaços teatrais da Paraíba são o teatro Santa Inês (em Alagoa Grande); teatro Santa Catarina (Cabedelo); teatro Íracles Pires (Cajazeiras); Espaço Paulo Pontes e teatros Elba Ramalho, Rosil Cavalcanti e Severino Cabral (Campina Grande); teatros de Arena, Ariano Suassuna, Cilaio Ribeiro, Ednaldo Egypto, Lampião, Lima Penante, Paulo Pontes, Piollin e da SESI, além do Cine Teatro Banguê (em João Pessoa); teatro Oficina de Artes (em Santa Rita) e cine-teatro Gadelha (em Sousa).[252]
O estado também possui vários museus, dentre os quais destacam-se o Museu da Rapadura (em Areia), Museu de Arte Assis Chateaubriand (está localizado em Campina Grande e é o mais famoso da Paraíba;[253] foi inicialmente denominado Museu de Arte de Campina Grande em 1967, ano de sua fundação, depois Museu Regional de Arte Pedro Américo e, desde a década de 1980, o museu possui seu nome atual),[254] o Museu Histórico e Geográfico (também em Campina Grande), o Museu da Fundação Ernani Satyro (está situado em Patos e possui arquitetura do século XIX, sendo doada posteriormente para a fundação Ernani Satyro e atualmente possui vários objetos e utensílios da antiga residência de Ernani Satyro),[255] e o Museu Sacro (em João Pessoa).[236]
Os pratos típicos também variam em cada região do estado. No litoral, destacam-se os frutos do mar, bem como os petiscos de beira da praia. No interior, os pratos mais consumidos no cardápio são galinha a cabidela e as carnes de bode e sol. Na região do brejo, onde estão localizadas algumas das principais marcas de bebidas alcoólicas do Brasil, a cachaça é muito popular. No sertão, o principal cardápio são o arroz vermelho, as carnes e os grãos.[259]
A Paraíba e seu povo também são exaltados em canções. Alguns exemplos são o samba-exaltação "Meu Sublime Torrão" (1937) de Genival Macedo, que se tornou o Hino Popular da Cidade de João Pessoa através da Lei Municipal N. 1.601, de 16 de março de 1972,[262] e o hino não oficial da Paraíba,[263][264] o baião "Paraíba" (1950) de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga,[265] o coco "Na Paraíba" (1957) de Zé do Norte,[266] o samba "Paraíba" (1972), de Carlos Magno e João Rodrigues,[267] o xote "Paraíba, Meu Amor" (1997) de Chico César,[268] e o forró "Paraíba Joia Rara" (2011) de Ton Oliveira.[269]
Esporte
O futebol foi introduzido pela primeira vez na Paraíba no início do século XX, quando, em 1908, o estudante José Eugênio Soares trouxe da cidade do Rio de Janeiro a primeira bola de futebol, dando origem ao primeiro clube paraibano, o Club de Foot Ball Parahyba. Em 1914, foi fundada a Liga Parahyba de Foot Ball e, cinco anos depois, foi criada a Liga Desportiva Paraibana, cujo primeiro jogo ocorreu em 25 de maio de 1919, no Hypodromo Parahybano. A Federação Desportiva da Paraíba foi criada em 1941, transformando-se, seis anos depois, na atual Federação Paraibana de Futebol, entidade responsável por organizar anualmente o Campeonato Paraibano, disputado em duas divisões.[270] Até 2015, o Botafogo, de João Pessoa, era a equipe com o maior número de títulos no campeonato estadual, com 27, seguido pelo Campinense (19 títulos) e o Treze (14), ambos de Campina Grande.[271] Dentre os jogadores e ex-jogadores paraibanos famosos estão Mazinho (campeão da Copa do Mundo de 1994), Douglas Santos (medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016), Júnior (multicampeão pelo Flamengo) e Hulk (disputou a Copa do Mundo de 2014).[272]
A partir dos anos de 1960, natação também passou a ganhar importância com o surgimento dos clubes pessoenses Astrea e Cabo Branco e, posteriormente, ganharam atenção o polo aquático, o nado sincronizado e as maratonas aquáticas. Em 1979, a paraibana Kay France tornou-se a primeira mulher da América Latina a atravessar o Canal da Mancha, entre França e Reino Unido, na Europa. O desenvolvimento da natação na Paraíba também tornou possível a conquista de títulos nacionais ou internacionais de seus atletas, destacando-se o pessoenseKaio Márcio, especialista no nado borboleta e um dos melhores nadadores do país. Além da natação, há a prática de kitesurf e windsurf, no litoral.[270]
Existem na Paraíba dois feriados estaduais, a data magna do Estado da Paraíba, Fundação do Estado em 1585 e dia da sua padroeira Nossa Senhora das Neves,em 5 de agosto, instituído pela Lei Estadual n.º 10.601, de 16 de dezembro de 2015 e o feriado em homenagem à memória do ex-presidente João Pessoa no dia 26 de julho, instituído pela lei Lei Estadual 3.489/67, Art. 2º.[282][283]
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Pengeboman Wall StreetAkibat ledakan bomLokasiKota New YorkTanggal16 September 1920 12:01 pm (UTC-4)SasaranWall StreetJenis seranganbom mobilKorban tewas38Korban luka400Pelakutidak diketahui; dicurigai dilakukan oleh kelompok anarkis dari Italia bernama GalleanisMotifmenurut dugaan adalah pembalasan atas penahanan sejumlah anggota Galleanis Pengeboman Wall Street adalah suatu kejadian terorisme yang terjadi pada tanggal 16 September 1920 jam 12:01 siang, di distrik finansial Manhattan di kota Ne…
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Bulu panjang britania Asal Britania Raya Kucing domestik (Felis catus) Kucing bulu panjang britania adalah salah satu ras kucing domestik yang berasal dari Britania Raya.[1] Referensi ^ (Indonesia) Tabel Jenis/Ras Kucing Populer. www.kucing.biz. Diakses 6 September 2014. lbs Kucing domestikFelinologi Anak kucing Anatomi kucing Genetika kucing Indera kucing Kucing bermata ganjil Kucing kerdil Kucing polidaktil Kucing tupai Mutasi genetik Genetika bulu Kucing belang tiga Kucing biru …
Gearing-class destroyer For other ships with the same name, see USS Stribling. This article includes a list of references, related reading, or external links, but its sources remain unclear because it lacks inline citations. Please help improve this article by introducing more precise citations. (May 2021) (Learn how and when to remove this template message) History United States NameUSS Stribling NamesakeCornelius Stribling BuilderBethlehem Mariners Harbor, Staten Island, New York City Laid dow…
1990 single by Iron MaidenHoly SmokeSingle by Iron Maidenfrom the album No Prayer for the Dying B-sideAll in Your MindKill Me Ce SoirReleased10 September 1990 (1990-09-10)[1]Recorded1990GenreHeavy metalLength3:47[2]LabelEMISongwriter(s)Steve Harris, Bruce DickinsonProducer(s)Martin BirchIron Maiden singles chronology Infinite Dreams (Live in 1988) (1989) Holy Smoke (1990) Bring Your Daughter... to the Slaughter (1990) Holy Smoke is a song by English heavy metal ban…
Artikel ini sebatang kara, artinya tidak ada artikel lain yang memiliki pranala balik ke halaman ini.Bantulah menambah pranala ke artikel ini dari artikel yang berhubungan atau coba peralatan pencari pranala.Tag ini diberikan pada November 2022. Emilie Moatti Faksi yang diwakili dalam Knesset Informasi pribadiLahir27 Juni 1980 (umur 43)Netanya, IsraelSunting kotak info • L • B Emilie Haya Moatti (Ibrani: אמילי חיה מואטי, lahir 27 Juni 1980)[1] adalah s…
Anggur Yunani adalah minuman anggur yang diproduksi di Yunani. Selama ribuan tahun, minuman anggur Yunani dibuat oleh keluarga dan komunitas. Kawasan industri paling besar ditemukan di pesisir Mediterania. Minuman anggur pernah menjadi salah satu komoditas/produk perdagangan terpenting di Yunani pada zaman kuno dan pertengahan. Penyebaran dan peningkatan budidaya buah anggur di Eropa sebagian besar dipengaruhi oleh Yunani. Peradaban Yunani menyebarkan budaya anggur ke Mediterania, di mana berbag…
Village and municipality in Slovakia Košice-okolie District in the Kosice Region Gyňov (Hungarian: Hernádgönyű) is a village and municipality in Košice-okolie District in the Kosice Region of eastern Slovakia. History In historical records the village was first mentioned in 1255. Geography The village lies at an altitude of 200 metres and covers an area of 5.38 km2. It has a population of about 570 people. Genealogical resources The records for genealogical research are available at t…
Protectionist economic policies of the early 19th-century United States This article is part of a series aboutHenry Clay Early law and political career Family U.S. Speaker of the House War of 1812 Second Bank of the United States Missouri Compromise U.S. Secretary of State Corrupt bargain U.S. Senator from Kentucky Nullification Crisis Bank War Whig Party Compromise of 1850 Presidential elections 1824 1832 1844 American System Ashland Clay's law office Charlotte Dupuy Great Triumvirate Death Lyi…
The Sixth SenseU.S. film posterSutradaraM. Night ShyamalanProduserSam MercerFrank MarshallDitulis olehM. Night ShyamalanPemeranBruce WillisHaley Joel OsmentToni ColletteOlivia WilliamsDistributorBuena Vista PicturesTanggal rilis6 Agustus 1999Durasi107 menitBahasaInggrisAnggaran$65,000,000IMDbInformasi di IMDbAMGProfil All Movie Guide The Sixth Sense merupakan sebuah film Amerika Serikat yang meraih penghargaan nominasi Academy Award. Film ini disutradarai oleh M. Night Shyamalan. Pemain utamanya…
Bagian luar aula konvensi di Anime Expo 2004 Konvensi anime adalah acara atau kumpul bersama dengan berfokus pada anime, manga, dan budaya Jepang. Konvensi anime biasanya merupakan acara multi-hari yang diselenggarakan di pusat konvensi, hotel, atau kampus. Konvensi anime memiliki berbagai macam aktivitas dan diskusi, dengan banyak peserta berpartisipasi dalam cosplay daripada kebanyakan jenis konvensi penggemar lainnya. Konvensi anime juga digunakan sebagai sarana untuk industri, dapat berupa s…
Guilin Airport redirects here. For the military airport, see Guilin Qifengling Airport. Airport in Lingui District, GuilinGuilin LiangjiangInternational Airport桂林两江国际机场IATA: KWLICAO: ZGKLSummaryAirport typePublicServesGuilin, GuangxiLocationLiangjiang, Lingui District, GuilinOpened1 October 1996; 27 years ago (1996-10-01)Hub forAir GuilinElevation AMSL174 m / 571 ftCoordinates25°13′10″N 110°02′22″E / 25.21944°N 110.03944…
Japanese reality television show franchise This article is about the Japanese reality show franchise. For the architectural style, see Terraced house. Terrace HouseGenreRealityPresented byYouReina TriendlYoshimi TokuiAzusa BabazonoRyota YamasatoHiroomi TosakaAyumu MochizukiKentaroShono HayamaCountry of originJapanOriginal languageJapaneseProductionProducersDai OtaSayaka MatsumotoRunning timeVariesProduction companies Fuji Television (2012–2020) Netflix (2015–2020) Original releaseNetworkFuji…
Pertempuran NikopolisBagian dari Perang Utsmaniyah di EropaPertempuran Nikopolis(Perhatikan penggambaran senjata pengepungan yang tidak faktual)Tanggal25 September 1396LokasiNikopol, Bulgaria43°42′21″N 24°53′45″E / 43.70583°N 24.89583°E / 43.70583; 24.89583Hasil Kemenangan besar UtsmaniyahPihak terlibat Kesultanan Utsmaniyah Vasal:Serbia Moravia[1] Kekaisaran Romawi Suci Kerajaan Prancis[2] Kerajaan Hungaria[2] Wal…
Bonaire'Openbaar lichaam BonaireEntidat públiko BoneiruEntidad pública Bonaire Municipio especial BanderaEscudo Himno: Tera di Solo y suave biento(En papiamento: «Tierra de sol y suave viento») Bonaire en América del Sur en el Caribe .Coordenadas 12°10′47″N 68°15′29″O / 12.1796, -68.2581Capital KralendijkCiudad más poblada KralendijkIdioma oficial Neerlandés y papiamento • Otros idiomas EspañolEntidad Municipio especial • País Países BajosVicegob…
2 Tawarikh 4Kitab Tawarikh (Kitab 1 & 2 Tawarikh) lengkap pada Kodeks Leningrad, dibuat tahun 1008.KitabKitab 2 TawarikhKategoriKetuvimBagian Alkitab KristenPerjanjian LamaUrutan dalamKitab Kristen14← pasal 3 pasal 5 → 2 Tawarikh 4 (atau II Tawarikh 4, disingkat 2Taw 4) adalah pasal keempat Kitab 2 Tawarikh dalam Alkitab Ibrani dan Perjanjian Lama di Alkitab Kristen. Dalam Alkitab Ibrani termasuk dalam bagian Ketuvim (כְּתוּבִים, tulisan).[1][2] Teks Nas…