Nasceu a 11 de novembro de 1865, em Lisboa, sendo filha ilegítima de José Francisco Pereira, natural de São Miguel do Outeiro e de Maria José de Oliveira, natural do Porto, freguesia de Santo Ildefonso. Foi deixada na roda dos expostos da Misericórdia de Lisboa, como filha de pais incógnitos, aos 3 meses de idade. Foi apenas reconhecida e resgatada por seus pais a 27 de junho de 1867, já contando 19 meses.[2]
Frequentou as aulas dramáticas do Conservatório Nacional de Lisboa. Tendo apenas 8 anos de idade, iniciou a sua carreira teatral, apresentando-se em público, pela primeira vez, com a companhia infantil do Teatro da Rua dos Condes, ensaiada por Pedro de Alcântara Chaves e, aparecendo com frequência, em palcos particulares, alcançando apreciáveis êxitos. Em 1884, estava no Teatro Gymnasio, onde fez uma festa artística em travesti com O Filho de Carolina, comédia em 3 atos de Schwalbach, e a estreia da comédia, em 3 atos, O Gancho, tradução de Eduardo Garrido, em 1885. Ali se demorou até 1886, data em que apareceu na comédia em 2 atos Um Marido para duas Mulheres, de Carlos Borges. Nos anos de 1886 e 1887, integrou os elencos do Grupo Dramático Tasso, Clube Dramático Primeiro de Junho à Graça, Clube Comercial Recreativo, Grupo Dramático Taborda, Sociedade Dramática da Calçada do Monturo do Colégio, Sociedade Polla e Academia Recreativa Familiar, que representavam em salas próprias, em teatros particulares, nalguns teatros nacionais e em digressões pela província.[3][4]
Além da Companhia Rosas & Brazão, trabalhou com a Companhia do Teatro Gymnasio, Companhia Dramática Portuguesa do Teatro D. Amélia de Lisboa, Companhia do Teatro República, Companhia Aura Abranches-Chaby Pinheiro, Companhia Cremilda-Chaby Pinheiro, Sociedade Artística do Teatro Nacional D. Maria II e Companhia Chaby Pinheiro, esta última constituída por si e pelo marido. Da sua enorme carreira teatral, destacam-se as suas prestações nas peças: O comissário de polícia, O testamento da velha, O ganha-perde, Os Crimes de Brandão, Zázá, A estrangeira, Fogueiras de S. João, Casa da Boneca, Magda, Madame Flirt, Abel e Caim, O Papá Lebonard, A cruz de esmola, A ironia da vida, Ressurreição, Madame Sans-Gêne, Os filhos de Zebedeu, Blanchette, A Madrinha de Charley, Francillon, Sôra Francisca, Na esquadra, A Feira do Diabo, Dr. Boneco, A Biblioteca, Roca de Hércules, A Gata Borralheira, Os Postiços, Alcácer-Quibir, Sua Ex.ª, Hotel Luso-Brasileiro, As noivas de Eneas, O Botequim do Felisberto, Coração de mulheres, Tradições de família, O olho vivo, A doença da mamã, Explosão de paixões, Providência dos maridos, Os noivos de Vénus, Nas garras do Leão, Os Lusíadas, Faze bem, O pinto calçudo, O juiz, Trica espinhas, Santa Inquisição, O conde barão, Médico à força, A Maluquinha de Arroios, Ser ou não ser, A vida de um rapaz gordo, O abade Constantino, Cama, mesa e roupa lavada, O amigo de Peniche, O Leão da Estrela, Prima Anica, etc. Um dos seus maiores êxitos foi a personagem de "Bruxa" na peça Santa Inquisição, de Júlio Dantas.[4][6][7]
Faleceu a 13 de outubro de 1947, no primeiro andar do número 132 da Rua Carvalho Araújo, freguesia de Penha de França, em Lisboa, aos 81 anos de idade, vítima de embolia cerebral. Encontra-se sepultada em jazigo de família, no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.[11]
Casou a 3 de maio de 1886, com apenas 20 anos, na Igreja de São Roque, em Lisboa, com o tipógrafo Manuel José Saraiva Júnior, natural da freguesia de Areosa, do concelho e distrito de Viana do Castelo, filho de Manuel José Saraiva e de sua esposa, Maria Fernandes Vicitas. Enviuvou a 27 de dezembro de 1905, tendo o marido falecido no Hospital de São José, em Lisboa.[13][14]
Casou civilmente, em segundas núpcias, a 17 de março de 1918, com 52 anos, em Lisboa, com o ator António Augusto de Chaby Pinheiro, natural da freguesia de Madalena, de Lisboa, filho de Fortunato Emídio Duarte Pinheiro e de sua esposa, Margarida Luísa Pereira d’Eça Chaby. Enviuvou a 6 de dezembro de 1933, tendo o marido falecido na "Vivenda Jesuína de Chaby", junto ao apeadeiro do Algueirão, então na freguesia de São Pedro de Penaferrim (atualmente Algueirão-Mem Martins), do concelho de Sintra. Não deixou descendência de nenhum dos casamentos.[14][15]
↑ abcEsteves, João; Castro, Zília Osório de (dezembro de 2013). «Feminae: Dicionário Contemporâneo». Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. p. 382-383