De ascendência espanhola e italiana,[7] graduou-se, em 1983, em Comunicação social com habilitação em Publicidade e propaganda[8] pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) onde também concluiu mestrado, em 1999, sob orientação de Tupã Gomes Correa com a dissertação O algo mais na publicidade brasileira nos anos 90, em que buscou sistematizar o conhecimento sobre o texto publicitário no Brasil, tendo como foco sua rede semântica. No mesmo ano, o trabalho foi publicado como livro com o título A evolução do texto publicitário. Doutor em 2003, orientado por Ivan Santo Barbosa, também pela ECA/USP, defendeu a tese Razão e mais sensibilidade no texto publicitário, publicada em 2003 como livro, trazendo prefácio escrito pelo publicitário Washington Olivetto.[9][10]
João Anzanello Carrascoza participou de programas de escritores residentes, como o Château de Lavigny, na Suíça, e a Ledig House, nos Estados Unidos.[12][13][14]
Carreira
Como redator publicitário trabalhou em agências de propaganda como Young & Rubicam e JWThompson, atuou por mais de vinte anos nessa área, elaborando campanhas promocionais e publicitárias.[15]
Em 1991 ingressou como professor assistente no Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) da ECA/USP, colaborando com as aulas de Redação e linguagem publicitária ministradas pelo publicitário e professor Roberto Duailibi. Com a saída de Roberto Duailibi, em 1992, João Anzanello Carrascoza assumiu as disciplinas.[16][10]
Como escritor publicou suas primeiras histórias, nos anos 1980, em jornais de São Paulo e Minas Gerais. Na mesma época frequentou a oficina literária Três Rios ministrada pelo escritor João Silvério Trevisan. Foi neste período que surgiu seu primeiro livro Hotel solidão, vencedor em 1992 do Prêmio Paraná de Literatura na categoria conto. No entanto, Carrascoza considera que sua estreia ocorreu, de fato, em 1991 com a obra infantil As flores do lado de baixo.[18][19] O autor realizou adaptações de clássicos da literatura, para público infantojuvenil: O livro da selva, de Rudyard Kipling, Pollyanna, de Eleanor Porter, O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson e A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson.[12]
O vaso azul (1998), com contos mais apurados, segundo a crítica,[20][21] ganhou os prêmios Eça de Queiroz e Guimarães Rosa, este último patrocinado pela Radio France Internationale, além de uma indicação ao Prêmio Jabuti. Publicou Duas tardes pela Boitempo Editorial, recebendo mais uma indicação ao Prêmio Jabuti, em 2003. Para o escritor Marcelo Rubens Paiva esta obra é marcada por "muita sensibilidade e sofisticação literária.".[22]
Seu primeiro romance, Aos 7 e aos 40, publicado pela Cosac Naify em 2013, traz elementos que o autor considera próprios da maturidade:
Ao longo do tempo, passei a entender que, em literatura, não só as palavras são necessárias, mas a não-palavra, o silêncio também tem seu valor. O ofício de redator me fez entender esse peso das palavras, do silêncio e o quanto a tensão é importante para a narrativa.[23]
Nesta obra, Carrascoza escreveu que “o presente é feito de todas as ausências”. Em Caderno de um ausente, publicado pela mesma editora no ano seguinte, essa ideia se materializa de forma contundente, alçada por um lirismo poucas vezes visto na literatura brasileira.[24] Por esse trabalho recebeu o Prêmio FNLIJ, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria Jovem e foi um dos ganhadores no 57º Prêmio Jabuti.[25]
Além das importantes premiações nacionais e internacionais recebidas, seus livros foram traduzidos para diversos idiomas. A coletânea de contos O volume do silêncio (2006), publicado pela Cosac Naify, ganhou uma edição espanhola pela editora Baile del Sol em 2011.[26] Em 2017, a editora Sesi-SP relançou essa antologia, mantendo a apresentação feita pelo crítico literário Alfredo Bosi e o posfácio elaborado pelo escritor Nelson de Oliveira.[27]
Em 2019 foi um dos cinco finalistas do 63° Prêmio Jabuti na categoria Literatura Juvenil por Caleidoscópio de vidas (2019), publicado pela FTD[28] e, ainda em 2019, publicou o romance Elegia do irmão. Em 2020 publicou, pela editora Nós, Conto para uma só voz, escrito em uma residência literária que o autor fez na Índia.[29] Em 2021, lançou Tramas de meninos livro de contos em que, segundo Stefania Chiarelli, professora de Literatura brasileira e colunista do Jornal Estado de Minas, Carrascoza
reafirma a potência terna do autor, com a reunião de histórias sobre infância e família narradas com maestria.[30]
Suas produções exploram a complexidade das relações de parentesco e de amizade, com narrativas perpassadas por poesia.[34][35] Em sua criação literária, o conto é a forma privilegiada de expressão.[1] O escritor afirma:
Sou um contador de histórias e os contos permitem que contemos várias delas de forma mais rápida. Quando você passa muito tempo fazendo um romance, conta apenas uma história.[23]
Crítica literária
As obras de João Carrascoza foram bem recebidas por grandes nomes do cenário literário como o escritor Raduan Nassar e o crítico literário Alfredo Bosi.[1][36] Para o escritor e jornalista Márwio Câmara,
Se o tempo pode ser justo para cada um, não se sabe. Mas para a escrita de João Anzanello Carrascoza não há sombra de dúvida. Um prosador fundamental na literatura brasileira contemporânea.[37]
Lista de obras
João Carrascoza é autor de mais de vinte e cinco livros, entre contos, romances, adaptações de clássicos da literatura universal, obras infanto-juvenis e também de não-ficção na área da publicidade.
Prêmio Catedra 10, categoria Seleção (Cátedra Unesco de Leitura, BLLIJ - PUC-Rio) - Com a publicação Caleidoscópio de vidas (FTD).[40]
2018
44ª Prêmio FNLIJ, categoria Jovem - Com a publicação Catálogo de perdas.[41]
Prêmio Orígenes Lessa, categoria o melhor para o jovem (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ) - Com a publicação Catálogo de perdas.[42]
2017
24ª Prêmio Literário Biblioteca Nacional,[43] Prêmio Glória Pondé - Com a publicação Tempo justo (Edições SM).[44]
2016
Rumos Itaú Cultural 2015-2016 - com livro Catálogo de perdas (Sesi-SP Editora). Realizado com o apoio do programa Rumos Itaú Cultural.[45]
2015
Prêmio Livro Juvenil Altamente Recomendável, categoria criança (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) - Com a publicação Vendedor de sustos (FTD).[46]
57º Prêmio Jabuti, categoria romance (Câmara Brasileira do Livro) - Com a publicação Caderno de um ausente (Cosac Naify).[25]
2014
Prêmio Orígenes Lessa, categoria o melhor para o jovem - Com a publicação Aos 7 e aos 40.[42]
Rumos Itaú Cultural 2013-2014 - Produção do livro Linha única.[47]
2013
55º Prêmio Jabuti, categoria contos e crônicas - Com a publicação Aquela água toda.[48]
Prêmio Orígenes Lessa – categoria o melhor para o jovem - Com a publicação Aquela água toda.[42][49]
2012
Prêmio APCA, categoria contos - Com a publicação Aquela água toda.[50]
2007 - 49ª Prêmio Jabuti, categoria Contos e Crônicas - Com a publicação O volume do silêncio (Cosac Naify).[51]
2000 - Prêmio Eça de Queiroz - Especial do Júri, categoria contos (UBE Rio de Janeiro) - Com a publicação O vaso azul.[10]
1996 - Prêmio VI Projeto Nascente, categoria texto (USP/Editora Abril) - Com a publicação Oito moradas (depois intitulado O vaso azul).[10]
↑ abcdeCarrascoza, João Anzanello (janeiro de 2005). «Memorial: João Anzanello Carrascoza»(PDF). Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP. Consultado em 12 de julho de 2021
↑«Currículo Lattes - João Carrascoza». CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 2 de julho de 2021. Consultado em 2 de julho de 2021
↑Carrascoza, João Anzanello (janeiro de 2005). «Memorial: João Anzanello Carrascoza»(PDF). Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP. Consultado em 12 de julho de 2021
↑ abcSouza, Danilo Fernandes Sampaio (2019). Literatura juvenil premiada: diálogos entre pesquisas acadêmicas, crítica especializada, escola e adolescentes leitores. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo