Nessa edição houve um número recorde de 80 países participantes, totalizando 2 574 atletas, que competiram em sete esportes.[2] Com uma população de 900 mil habitantes, Turim foi a maior cidade a hospedar uma edição de Jogos Olímpicos de Inverno até então, sendo superada por Vancouver, no Canadá, sede da edição de 2010.[5][6]
Turim foi eleita cidade-sede em 19 de junho de 1999, durante a 109ª reunião do Comité Olímpico Internacional, em Seul, na Coreia do Sul, impondo-se diante de Sion.[7]
Essa escolha foi a primeira após a mudança do processo de eleição, ocorrida em virtude de escândalos nas eleições de Nagano 1998 e Salt Lake City 2002.[8][9] Na Sessão, as seis cidades candidatas - Turim, Sion na Suíça, Helsinque, na Finlândia, Klagenfurt, na Áustria, Poprad-Tatry, na Eslováquia e Zakopane, na Polônia - fizeram sua última apresentação perante os membros do COI. Em seguida, um grupo denominado Colégio de Seleção escolheu as duas finalistas,que eventualmente iriam para a votação final. As escolhidas foram Turim e Sion.[10] Na eleição final, a cidade italiana venceu com uma vantagem de dezessete votos.[11]
A eleição de Turim foi uma surpresa, já que Sion era considerada a favorita.[12] Uma boa parte da derrota da cidade suíça foi creditada a Marc Hodler, membro suíço do COI que denunciou o esquema de corrupção da eleição para os Jogos de 2002.[13]
Locais de competição
Os eventos de gelo foram realizados em Turim, mas os eventos de neve (esqui, snowboard, além dos esportes de pista de gelo) foram realizadas em resorts espalhados pela região noroeste do Piemonte.
Turim
Muitos locais estavam localizados no Distrito Olímpico no centro de Turim, incluindo:
Torino Palavela - Patinação artistíca e patinação de velocidade em pista curta
Vila Olímpica Principal
Outros locais
Bardonecchia, resort localizado no Alto Vale de Susa, foi a sede das competições de snowboarding. Uma das duas Vilas Olímpicas secundárias foi construída em Bardonecchia.
Sauze d'Oulx, é o local mais ocidental da Itália, localizado 80 km de Turim e estando a alguns metros da fronteira com a França. Foi a sede das provas de esqui estilo livre.
Sestriere, localizada 100 km de Turim, foi a sede das provas de esqui alpino. A outra Vila Olímpica secundária esteve localizada em Sestriere.
Além da Grécia e da própria Itália, o revezamento visitou sete países: Malta, San Marino, Eslovênia, Áustria, Suíça, França e o Vaticano.[15] Na fronteira franco-italiana, um manifestante tentou apagar a tocha com uma faixa de protesto. A tocha chegou a Turim no dia anterior da abertura dos Jogos.
Durante a etapa final do revezamento na cidade de Turim e nas suas cercanias, a tocha foi carregada por vários ex-atletas e celebridades, incluindo Fabio Capello, o ex-treinador de futebol do Juventus, e o ex-saltador e campeão olímpico Sergey Bubka. A tocha percorreu 11,300 km, sendo carregada por 10.001 portadores.[15]
A pira foi acesa durante a cerimônia de abertura pela esquiadora de cross-country local Stefania Belmondo. Ela tem em seu currículo dez medalhas (duas de ouro, quatro de prata e quatro de bronze) no período de 1992 a 2002.[3]
Organização
Preparativos
Os Jogos de Turim demandaram mais de sessenta obras de infraestrutura, com custo estimado em 1,7 bilhão de euros.[16] A maioria das instalações esportivas já estava pronta um ano antes dos Jogos, como as do salto de esqui e do bobsleigh, que receberam as Copas do Mundo das modalidades em 2005.[17] O Estádio Olímpico, construído para a Copa do Mundo de 1934, passou por uma reforma completa para receber as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos.
Marketing
O logotipo dos Jogos corresponde em versão estilizada da Mole Antonelliana, o símbolo da cidade, composto de cristais de gelo nas cores azul e branca significando a neve e o céu. Os cristais também demonstram a rede de novas tecnologias da época e o espírito olímpico de comunidade, e a frase "Torino 2006", o nome da cidade em italiano; a cidade é conhecida como "Turim" em português e "Turin" em piemontês, dialeto local.[18] As mascotes dos Jogos foram Neve, uma bola de neve, e Gliz, um cubo de gelo.[19]
Nesta edição dos Jogos, trabalharam cerca de 2700 membros de agências de notícias e fotógrafos e mais de 6500 jornalistas de rádio e televisão. Juntos, levaram ao ar mais de 1000 horas de transmissão ao vivo através de 94 emissoras oficiais, que trasmitiram os Jogos para 130 países utilizando 50 idiomas. Durante os Jogos foram usadas 400 câmeras de televisão e 780 km de cabos, controlados em 30 salas de operação móveis.[2]
Na internet, foram registradas mais de 667 milhões de visitas ao site oficial em quinze dias (11,8% mais que em Atenas 2004), sendo 72 milhões apenas no dia 12 de fevereiro.[2][20]
Os Jogos distriburíram medalhas em 84 eventos, em 15 disciplinas agrupados em sete esportes.[2] No total seis eventos estrearam nesta edição: largada coletiva no biatlo, velocidade por equipes no esqui cross-country, perseguição por equipes na patinação de velocidade e o snowboard-cross.[24] No esqui cross-country, o clássico masculino de 50 km e o feminino de 30 km, que foram disputados nos Jogos Olímpicos anteriores, não foram realizadas nestes Jogos Olímpicos, já que estes eventos foram alternados com o evento livre nas mesmas distâncias.
Abaixo a lista de modalidades que foram disputadas nos Jogos. Em parênteses o número de eventos em cada modalidade:
As caixas em azul representam uma competição, ou um evento qualificatório de determinada data. As caixas em amarelo representam um dia de competição valendo medalha. Cada ponto dentro das caixas é uma ligação para a página do evento. A coluna T representa o total de finais do esporte
O alemão Michael Greis ganhou três medalhas de ouro. A primeira foi exatamente na primeira final dos Jogos, os vinte quilômetros do biatlo. A segunda foi no revezamento de 7,5 quilômetros já na segunda metade dos Jogos, e o terceiro nos quinze quilômetros, no penúltimo dia de competições.[25]
Outro alemão, André Lange, ganhou dois ouros, no bobsled de duplas e no de de time, tornando-se o quinto homem a conseguir o feito em uma mesma edição olímpica de inverno.[25]
A canadense Cindy Klassen, levou uma medalha em cada uma das cinco modalidades da patinação, sendo um ouro nos 1.500 metros[25]
A Áustria, dominou as competições de esqui alpino. Ganhando quatorze das trinta medalhas disponíveis. Benjamin Raich e Michaela Dorfmeister, que se aposentou após o evento, ganharam dois ouros cada.[25]
O principal feito da Áustria no esporte foi no Slalom. O trio composto por Benjamin Raich, ouro, Reinfried Herbst, prata, e Reiner Schoenfelder, bronze, foi o terceiro na história dos Jogos a dominar integralmente o pódio. Apenas a Noruega, em 94, e os próprios austríacos, em 56, haviam conseguido o mesmo.[25]
O americano Apolo Anton Ohno ganhou três medalhas em Turim, tornando-se um dos seis patinadores de velocidade em pista curta a ganhar cinco medalhas na carreira.[26]
O Canadá, considerado o "país do curling", conquistou a sua primeira medalha de ouro na história entre os homens, após chegar a duas finais consecutivas em 1998 e em 2002. O país ainda subiu no pódio no feminino onde conquistou a medalha de bronze.[25]
A final de hóquei masculina colocou lado a lado pela primeira vez dois países nordícos Suécia e Finlândia, ambos considerados favoritos por derrotarem os russos e os tchecos,os dois últimos campeões mundiais nas semifinais. A Suécia acabou ganhando a final. Entre as mulheres, a Suécia surpreendeu o mundo a chegar a final derrotando as então campeãs olímpicas, o time americano, pela primeira vez em uma competição oficial. Contudo, o Canadá confirmou o favoritismo e se tornou bicampeão olímpico vencendo a final. Na decisão do bronze, as finlandesas acabaram perdendo para as americanas.[25]
No bobsled a Alemanha ganhou as três medalhas de ouro em disputa. Além dos ouros no trenó de dois e quatro masculino, o país ainda ficou com o ouro no feminino de duplas.[25]
Polêmicas
Doping
A polícia italiana invadiu os quartos da delegação austríaca, em busca de provas de doping. O ataque foi realizado devido a suspeitas sobre a presença do treinador de biatlo Walter Mayer, que havia sido banido de todos os eventos olímpicos incluindo os Jogos Olímpicos de Vancouver em 2010 devido a condenações anteriores de doping. Na época da invasão, Mayer e dois biatletas austríacos, Wolfgang Perner e Wolfgang Rottmann, conseguiram fugir e retornaram a Áustria. Mais tarde, o presidente da federação austríaca de esqui, disse que os dois atletas lhe disseram que "poderiam ter usado métodos ilegais."[27] Depois de alguns dias os resultados dos testes de todos os 10 atletas austríacos foram testados e apresentaram resultados negativos. Lista de atletas com doping condenações nestes Jogos:
A russa Olga Medvedtseva foi desclassificada e perdeu a sua medalha de prata nos 15 km do biatlo após testar positivo para carphedon.[28]
O brasileiro Armando dos Santos, atleta do bobsled, foi expulso dos Jogos depois de um teste antidoping preventivo ter acusado positivo (os resultados foram de um teste realizado no Brasil).[29]
↑«World Games News»(PDF) (em inglês). International World Games Association. Consultado em 20 de junho de 2009. Arquivado do original(PDF) em 14 de junho de 2007