Seu primeiro cargo importante no clube foi o de diretor de Futebol, entre os anos de 1984 e 1988, durante a gestão de Carlos Miguel Aidar como presidente. Quando assumiu o cargo, fez o que chamou de "reciclagem",[1] ao dispensar jogadores que estavam no clube havia anos e eram ídolos da torcida, como Waldir Peres, Renato e Zé Sérgio.
Com o fim do segundo mandato de Aidar, foi eleito presidente, em abril de 1988, por apenas um voto de diferença, dado por um gerente social remunerado do clube, o que gerou protestos da oposição, apesar de o voto do sócio ser permitido pelos estatutos.[2] O mandato foi de 1988 a 1990, quando conquistou o título do Campeonato Paulista de 1989 e o vice-campeonato brasileiro no mesmo ano. Mas em 1990 viu a equipe realizar uma campanha pífia no Campeonato Paulista, não se classificando para o grupo verde no ano seguinte com os tradicionais rivais. Durante seu mandato, o São Paulo conquistou ainda um título não oficial, em 1989: o Torneio de Guadalajara, no México.
Entre 2003 e 2006 atuou como diretor de Futebol, sendo responsável por montar o time campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 2005. O então presidente Marcelo Portugal Gouvêa teve de insistir para que Juvêncio aceitasse voltar ao clube.[3] Durante a campanha do título da Libertadores, chegou a dar cavalos de seu haras de presente a alguns jogadores, como Souza e Cicinho.[3]
Tornou-se presidente do clube novamente em 2006, quando conseguiu o título de tricampeão brasileiro em 2006, 2007 e 2008. Foi reeleito em 22 de abril de 2008, com 147 votos favoráveis contra 64 da oposição, liderada pelo ex-judoca Aurélio Miguel. Juvêncio foi escolhido para o primeiro mandato de três anos, depois da mudança do estatuto do clube. Com isso, terá mandato de abril de 2008 a abril de 2011.
Foi criticado internamente por ter relações conflituosas com diversos dirigentes de outros clubes e entidades esportivas, o que prejudicaria o São Paulo na opinião dessas pessoas.[3] A resposta de Juvenal foi que ele estava defendendo os interesses do clube.[3] Juvenal também foi elogiado por sua dedicação ao clube, que "respirava 24 horas por dia" segundo o Jornal da Tarde.[3]
Juvenal foi eleito novamente para mais três anos em abril de 2011, disputa que se manteve na justiça, e enquanto recorria, mantinha-se como presidente do clube.[4] Depois de três mandatos na presidência, Juvenal passou a ocupar o cargo de diretor de futebol do Centro de Formação de Atletas de Cotia. Após alguns meses no cargo, foi demitido pelo então presidente Carlos Miguel Aidar, devido a desentendimentos entre ambos.[5]
No ano seguinte, 2011, Juvêncio trocaria farpas com Andrés Sanchez, mandatário do rival, em uma série de ofensas que desembocariam em acusações de que este teria o "Mobral inconcluso", numa tentativa de ofender o desafeto por meio de sua baixa escolaridade.[7]
Já em dezembro de 2012, após o sorteio que cruzaria o São Paulo com o Bolívar na Libertadores do ano seguinte, estes, conhecedores da confusão ocorrida na final da Copa Sul-Americana (quando o tricolor vencera o argentino Tigre por W.O., devido, segundo os visitantes, a agressões partidas pelos seguranças do Estádio do Morumbi), seriam ironizados por JJ pelo fato de que não desejariam atuar no campo são-paulino alegando falta de segurança. "Proponho então uma troca com eles", disse Juvêncio. "Se eles mandarem o segundo jogo em uma cidade que não tenha altitude, a gente coloca a primeira partida num estádio à escolha deles aqui."[8]
No mesmo ano, em entrevista à rádio Estadão/ESPN, Juvêncio "matou" o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira. Ao mandatário são-paulino: “Ele acabou chegando [à CBF] pelo sogro [o ex-presidente da Fifa, João Havelange]. Tem gente que diz até que ele foi bom, trouxe a Copa etc. Mas eu acho que o Ricardo não é um homem do futebol. A partir daí, eu entendo que ele se foi. Não é agora que a gente vai falar dele porque ele se foi. A nossas posições eram [diferentes] quando ele era vivo, mas ele se foi.”[9] Dias depois, no entanto, JJ assumiu que "torcia" pela morte do mandatário da CBF: "Aí ele [Teixeira] quieto, não podia comer direito porque estava com diabetes e eu torcendo para ver se ele morria, mas ele estava vivo lá!"[10]
Em março de 2013, após a sugestão de Emerson Leão para que Juvêncio, a exemplo do papa Bento XVI, renunciasse ao cargo, o mandatário são-paulino afirmou que o ex-treinador do clube precisava "arrumar um emprego logo".[11] As polêmicas com o ex-treinador são-paulino tornar-se-iam recorrentes em 2013. Em abril, Leão disse: "Acho que o Juvenal foi, digo no passado, um grande presidente e ajudou muito o São Paulo com suas ideias inovadoras. Hoje, acho que ele já passou."[12]
O carisma e a falta de papas na língua de Juvenal Juvêncio acabaram sendo fatores fundamentais para a criação de um fake online do mandatário. "Curtido" por mais de 17 mil pessoas na rede social Facebook[13] e sob as características de "dirigente de Futebol Sênior, apreciador de bebidas escocesas, colecionador de cavalos diferenciados", o personagem baseado em JJ chegou a lançar, sob o título de "Whisky com bolachas", um livro.[14] Apesar do sucesso e da obra, o responsável por representar o cartola afirmou que a brincadeira não lhe rendeu lucros, mas, sim, que foi executada apenas para eternizar Juvêncio.[15]
Em 10 de maio de 2013, Juvenal Juvêncio, depois das eliminações são-paulinas na Libertadores e no Campeonato Paulista, anunciou a permanência de Ney Franco no cargo de técnico do clube, justificando que tal profissional "é correto (…), é trabalhador, conhece e, com o tempo (…), está fazendo seu esforço", mas, em compensação, dispensou sete atletas, alegando falta de correspondência de alguns.[16] Na mesma coletiva em que confirmou tais dispensas, Juvêncio chamou o Estádio Independência, onde caiu na competição sul-americana após uma sonora derrota por 4 a 1 diante do Atlético-MG, de "arapuca".[17] Para Marco Aurélio Cunha, um dos maiores opositores de Juvêncio, ao afastar um número tão elevado de jogadores, o mandatário fazia "coisas erradas", que depois iria fazer de novo: "É a confissão de uma estratégia falida."[18]
Em junho, Juvenal começou a perder aliados dentro do clube. A provável confirmação de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para ser o candidato da situação nas eleições de 2014 fez com que o mandatário visse o vice-presidente administrativo, Ricardo Haddad, pedir demissão. Dessa forma, o principal adversário da gestão, Marco Aurélio Cunha, comemorou o momento e afirmou que "a tendência é só melhorar".[19]
Em 11 de julho, na apresentação de Paulo Autuori como novo treinador do São Paulo, Juvêncio "roubou a cena", chamando a atenção para suas histórias e casos. O dirigente, entre outras coisas, disse que estava "com vergonha" da má fase, afirmou que, devido ao "cansaço ósseo", comum no futebol, trocou todo o elenco quando necessário, mantendo apenas o goleiro Rogério Ceni, e, questionado se o problema do clube não era administrativo, Juvêncio desafiou o repórter a verificar, entre os atletas, "se há um descontentamento com a diretoria", insinuando não haver diferenças hierárquicas e atrasos salariais no Tricolor, fator que faria inexistir insatisfação dos jogadores.
No mesmo evento, o presidente são-paulino ainda apresentou uma pesquisa que, apesar de não ter sido questionada na coletiva, foi apresentada independentemente disso; nesta, JJ contabilizou o tempo que treinadores do rival Corinthians estiveram no cargo, desde 2003, desejando apontar que a agremiação que gerencia tem os mesmos problemas de seus pares.[20] Além disso, perguntado sobre a pressão da torcida pela contratação de Muricy Ramalho para a direção técnica do futebol, Juvêncio usou o exemplo do lateral Cicinho, que, para o dirigente, foi uma contratação cara e não rendeu o esperado durante sua segunda passagem pelo clube.[21]
Em 21 de julho de 2013, um dia após a derrota do tricolor para o Cruzeiro por 3 a 0 no Estádio do Morumbi, JJ organizou um churrasco no estádio e foi um dos pivôs pelo clima ter esquentado na confraternização. A certa altura, o mandatário passou a discutir com membros da oposição, discussão esta que teria evoluído, inclusive, à violência física.[22]
Em 3 de janeiro de 2014, durante o empate da equipe de juniores do São Paulo com o japonês Kashiwa Reysol por 1 a 1, válido pela Copa São Paulo de Futebol Júnior, Juvêncio foi alvo de protestos por parte de membros de um organizada do clube, que exigiam reforços na equipe principal. Insatisfeitos com o baixo número de jogadores contratados para 2014 — o único, até então, havia sido o ex-lateral da PortuguesaLuis Ricardo — os uniformizados fizeram coro contra a possível eleição da chapa da situação.[23] O mandatário, por sua vez, utilizando-se do exemplo do recém-negociado Aloísio, defendeu-se das críticas contra sua administração: "Você pensa que eu vendo e compro por ato de lazer? Ora…"[24]
Morte
O dirigente tratava um câncer de próstata havia vários anos, mas a doença debilitou bastante sua saúde nos últimos meses antes de sua morte, em 9 de dezembro de 2015, aos 81 anos. Seu corpo foi velado no Salão Social do Estádio do Morumbi e sepultado no Cemitério do Morumbi.[25][26]
Referências
↑ ab"Um voto contra o caos", entrevista a Álvaro Almeida, Placar número 934, 29/4/1988, Editora Abril, págs. 49-51
↑"Juvenal Juvêncio: a vitória da rodada", Mário Sérgio Venditti, Placar número 933, 22/4/1988, Editora Abril, pág. 11
↑ abcdeMarcius Azevedo (2 de maio de 2010). «Ele não tem medo». Jornal da Tarde (14 496). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. pp. 10C–11C. ISSN1516-294X. Consultado em 2 de maio de 2010