Kotava
O Kotava é uma língua artificial criada com o intuito de servir como uma língua auxiliar internacional neutra. Diferente de outras línguas artificiais tais como o Esperanto e a Língua Franca Nova, que foram baseadas em línguas naturais, o Kotava é completamente a priori, ou seja, seu vocabulário foi criado do zero, para que não seja injustamente mais fácil para nativos de nenhuma língua natural estudá-lo. O slogan adotado pela comunidade do Kotava é "um projeto humanista e universal, utópico e realista". O Kotava é conhecido sobretudo em países francófonos e a maioria do material para aprendê-lo é em francês. HistóriaO Kotava foi inventado por Staren Fetcey, uma canadense, que começou o projeto em 1975 com base em seu estudo de projetos anteriores de línguas auxiliares internacionais. O idioma foi disponibilizado ao público pela primeira vez em 1978, e duas grandes revisões foram feitas em 1988 e 1993. Desde então, o Kotava estabilizou-se, e possui um vocabulário com mais de 17 mil raízes básicas. Em 2005, um comitê de sete membros foi estabelecido sob a responsabilidade de guiar o a evolução futura da língua. O objetivo maior era criar uma potencial língua auxiliar que não fosse baseada em um substrato cultural em particular. Para este fim, vários objetivos menores foram estabelecidos:
Propriedades linguísticasClassificaçãoSendo uma língua artificial a priori, as palavras em Kotava não lembram as de nenhuma outra língua, natural ou artificial. A ordem dos constituintes é bastante livre, porém a prática atual tende a ser objeto–sujeito–verbo (OSV). Todos os objetos e outros complementos devem ser introduzidos por preposições. Também há inovações quanto às conjunções e preposições (por exemplo, um sistema de preposições locativas). Sistema de escritaO Kotava é escrito no alfabeto latino, porém sem as letras H e Q. A letra H originalmente era usada para palatizar o L, M, ou N, porém foi eliminada e substituída pelo Y em todos os casos. O único diacrítico utilizado em Kotava é o acento agudo, para marcar a primeira pessoa do singular dos verbos na última vogal da palavra. Assim como em francês, um espaço é adicionado entre o texto e os pontos de exclamação ou interrogação. FonologiaA pronúncia das letras do Kotava é completamente regular:
A regra de tonicidade no Kotava é a mesma para todas as palavras com mais de uma sílaba: se a palavra termina com uma consoante, a última sílaba é a tônica; se a palavra termina com uma vogal, a penúltima sílaba é a tônica. A única exceção a esta regra são verbos conjugados na primeira pessoa do singular, que sempre são oxítonos. MorfologiaO Kotava tem normas morfológicas rígidas, as quais são explicadas em uma tabela que prescreve ordem e interação. Todas as classes gramaticais são marcadas, de forma que não haja ambiguidade. Substantivos e pronomes são variados e não há sistema de declinação. Não há afixos de número ou gênero, ambos os quais são indicados com partículas e outras palavras se necessário. Uma característica peculiar do Kotava é o princípio "eufônico" que bate com as terminações de adjetivos e outros modificantes com seus substantivos. GramáticaPronomesOs principais pronomes pessoais são os seguintes:
O pronome reflexivo é int e o pronome recíproco é sint. Os possessivos são indicados pela adição do sufixo -af ao pronome pessoal. Outros pronomes incluem coba (coisa), tan (pessoa desconhecida), tel (pessoa conhecida) e tol (um de dois). VerbosOs verbos são conjugados em três tempos (presente, pretérito e futuro) e quatro modos (realis, imperativo, subjuntivo e relativo). Além disso, há mecanismos para voz, aspecto, modalidade e outras nuances, permitindo um alto grau de sutileza na expressão. Há sete pessoas para os verbos, entre as quais duas versões da primeira pessoa do plural: uma inclusiva e outra exclusiva. A primeira pessoa do singular é usada como o lema do verbo. Os sufixos adicionados à raiz indicam a pessoa e o tempo verbal. A seguinte tabela exemplifica a conjugação dos verbos tí (ser) e estú (comer):
Os seguintes prefixos podem ser adicionados ao verbo:
O pretérito é indicado por um interfixo, -y-, colocado antes da última vogal:
Da mesma forma, o futuro é indicado pelo interfixo -t-:
VozO Kotava tem cinco vozes verbais:
SubstantivosNão há gênero gramatical. Para indicar o sexo ou gênero de uma pessoa ou animal, -ya é usado para o sexo feminino e -ye para o sexo masculino.[1]
CasosEm Kotava, as partículas são usadas principalmente para expressar casos. AcusativoO caso acusativo é formado pela partícula va
GenitivoO caso genitivo é formado pela partícula ke
DativoPara formar o caso dativo, a partícula pu é usada
InstrumentalNo Kotava existem duas formas de caso instrumental, a primeira forma qualifica o instrumento pelo qual a ação é realizada:
E a segunda forma descreve o agente que comete a ação:
NúmerosOs números assumem a forma de radicais que se unem a afixos com certos atributos. Os radicais são:
Afixos:
Sinais matemáticos:
LiteraturaA literatura tem um lugar importante na comunidade de usuários do Kotava. Foram escritas centenas de traduções de romances (Leo Tolstoy,[2] Émile Zola,[3] Guy de Maupassant,[4] Octave Mirbeau,[5] Albert Camus,[6] Molière,[7] Mikhail Sholokhov,[8] Antoine de Saint-Exupéry,[9] Victor Hugo,[10] etc.), contos (La Fontaine, Charles Perrault, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, lendas do mundo[11]) e outros textos literários (Maquiavel, etc.). Kotava na cultura popularNo romance francês Les Tétraèdres ("Os Tetraedros", ISBN 978-2-9536310-0-5), de Yurani Andergan, o Kotava é a língua falada pelos neandertais e transmitida em segredo para seus descendentes por muitas gerações. Ela é recitada por algumas heroínas como longos oráculos.[12] Exemplos de textoTrecho de "A Princesa e a Ervilha", de Hans Christian Andersen: [13] Lekeon tiyir sersikye djukurese va sersikya, va sersanhikya. Ta da vaon trasir, va tawava anamelapiyir vexe kotviele koncoba me dojeniayar ; sersikya, jontika tiyid, vexe kas tiyid sersanhikya ? Batcoba tiyir voldrikafa karolara, kotviele koncoba ok arcoba nuvelayad mekotunafa. Gabenapaf in dimdenlapiyir, va sersanhikya loeke co-djudiyir.
A oração do Pai Nosso:
A Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Referências
Fontes
Ligações externas
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