Margaret Bonds
Margaret Jeanette Allison Majors (Chicago, 3 de março de 1913 – Los Angeles, 26 de abril de 1972) foi uma compositora e pianista norte-americana. Foi uma das primeiras compositoras e artistas negras a se apresentar e ganhar reconhecimento de crítica e de público nos Estados Unidos. Trabalhou várias vezes com Langston Hughes em adaptação para musicais de obras de Shakespeare. Foi uma das primeiras solistas a tocar na Orquestra Sinfônica de Chicago e foi essencial para o desenvolvimento da música de câmara no século XX. BiografiaMargaret nasceu em Chicago, em 1913. Era filha de Monroe Alpheus Majors, médico, ativista pelos direitos civis e escritor, e sua segunda esposa, Estella C. Bonds.[1] O casal se separou cerca de dois anos depois, em 1917, e Margaret foi criada pela mãe.[2] Mostrando aptidão para a música desde pequena, compôs sua primeira música aos 5 anos, chamada Marquette Street Blues. Sua mãe também era musicista e a incentivava. Além disso, sua casa era bastante frequentada pela nata intelectual da cidade, como escritores, artistas e músicos negros. Eles gostavam de performar na sala da casa, enquanto Margaret ouvia e assimilava.[2][3] Alguns dos convidados regulares em sua casa eram a soprano Abbie Mitchell e os compositores Florence Price e Will Marion Cook.[4][5] Suas primeiras aulas de música foram com a mãe, ao piano. Ainda na escola, Margaret estudou composição com Florence Price e com William L. Dawson. Depois de se formar no ensino médio, Margaret ingressou na Universidade do Noroeste e era uma das poucas estudantes negras da instituição. Em 1932, sua música "Sea-Ghost" ganhou o Prêmio Wanamaker. Dois anos depois, aos 21 anos, ela se formou na universidade com título de bacharel e mestre em música e composição.[2][5] CarreiraAbriu uma escola, Allied Arts Academy, onde ensinava arte, música e balé.[1][5] Como pianista, apresentou-se em vários palcos. Em 1933, apresentou-se com a Orquestra Sinfônica de Chicago e no ano seguinte em um concerto com Florence Price na Women's Symphony Orchestra of Chicago.[2][5] Em 1939, mudou-se para a cidade de Nova Iorque, onde trabalhou como produtora musical e colaborou em várias canções famosas e populares.[6] Sua adaptação da música "Peachtree Street" fez parte da trilha sonora de Gone with the Wind.[7] Em 1940, casou-se com Lawrence Richardson, com quem teve uma filha, Djane Richardson.[2][3] Enquanto morava em Nova Iorque, continuou seus estudos em piano e composição na Juilliard School, estudando também com Roy Harris e Emerson Harper em aulas particulares. Tentou ter aulas com Nadia Boulanger, que ao ouvir seu trabalho e vê-la tocar, disse que não precisava de mais aulas.[8] Margaret apresentou-se com várias orquestras e fez um dueto ao piano com Gerald Cook. Morando no Harlem, Margaret trabalhou com vários projetos sociais na vizinhança. Ajudou a criar um centro comunitário no bairro e trabalhou com música gospel na igreja da região. Na mesma época, formou a Margaret Bonds Chamber Society, um grupo de músicos negros que tocavam músicas compostas, principalmente, por negros.[3][4][5][9] Margaret era conhecida por trazer e combinar vários elementos em suas composições. Usou o jazz, blues, calipso e spirituals e suas obras, especialmente na peça em nove atos The Ballad of the Brown King, junto de Langston Hughes. Margaret trabalhou muito em teatro musical, trabalhando como diretora de várias produções e escrevendo dois balés. Escreveu vários outros trabalhos como Shakespeare in Harlem, um libretto em parceria com Hughes, que estreou em 1959.[3][4][5][9] Em 1965, na mesma época da Marcha sobre Washington, em Montgomery, Alabama, Margaret escreveu Montgomery Variations para orquestra, dedicando a obra a Martin Luther King, Jr.. Em 1967, com a morte de Langston Hughes, Margaret mudou-se para Los Angeles, deixando para trás o marido e a filha de 21 anos.[10] Lecionou música no Los Angeles Inner City Institute. Em 1959, Zubin Mehta e a Orquestra Filarmônica de Los Angeles estrearam sua composição Credo.[1][2][5] MorteA morte de Langston abalou Margaret profundamente. Mesmo com seu sucesso profissional, as mortes não apenas de Langston, mas também a morte de sua mãe, em 1957, a abalaram muito. Margaret entrou em depressão e começou a beber em demasia, o que a levava a tomar decisões precipitadas, como sua mudança para Los Angeles.[3][10] Margaret morreu em Los Angeles, em 26 de abril de 1972, aos 59 anos, devido a um infarto.[2] Ela foi sepultada ao lado da mãe, em Chicago.[4][5][10] LegadoMuitas de suas composições se perderam depois de sua morte. Das cerca de 200 composições suas, apenas cerca de 75 ainda existem. Destas, apenas 47 foram publicadas durante sua vida.[2] Margaret não organizava seu trabalho nem tinha uma lista de suas obras e era comum compor para terceiros sem manter uma cópia consigo. Seus diários e papéis também se perderam. Uma caixa com suas obras foi encontrada no lixo depois de um leilão não conseguir vendê-las.[10] Margaret morreu quatro anos antes da lei do direito autoral norte-americana ser assinada em 1976 e morreu sem deixar um testamento. Sua única herdeira, Djane Richardson, morreu em 2011, também sem deixar um testamento. Assim suas composições encontram-se em limbo jurídico, o que impede regravações e performances. Sua composição em homenagem a Martin Luther King, Jr. nunca foi performada por uma orquestra. Suas obras não entrarão em domínio público antes de 2042, dependendo a interpretação anterior da lei.[3][10] Referências
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