Norma-padrão
Norma-padrão é a construção abstrata e idealizada de uma determinada língua, encontrada nas gramáticas tradicionais (derivando-se daí regras a serem seguidas), com o objetivo de servir de referência a “projetos políticos de uniformização linguística”, como pontua o linguista e professor Carlos Alberto Faraco (2007, p. 75).[1] Tem como objeto de representação, principalmente, a modalidade escrita presente em textos de escritores portugueses e brasileiros consagrados. A norma padrão não deve ser confundida com a norma culta, que, segundo Carlos Alberto Faraco (2007, p.73), “designa o conjunto de fenômenos linguísticos que ocorrem habitualmente no uso dos falantes letrados em situações mais monitoradas de fala e escrita”. A noção de normaQuando se fala em norma-padrão, é preciso compreender os diferentes significados que norma pode carregar dentro das discussões linguísticas e por vezes fora delas. No sentido sociolinguístico, norma define o conjunto de padrões sociais de fala que são aprendidos nos meios em que os falantes circulam. Trata-se de um conjunto de regras sociais e psicológicas aprendidas pelo falante que são compartilhadas de formas diferentes nos seus diferentes grupos sociais. E é da diversidade destas normas e de suas competições que surgem a variação, e quando esta tem sucesso, a mudança linguística. O termo norma também pode se referir à forma falada majoritariamente dentro de uma comunidade de fala. Neste caso, ela é a forma predominante entre um conjunto diverso de variantes. Variantes ou variedades linguísticas são as diferentes formas de se falar dentro de uma mesma comunidade de fala, que dependem das condições sociais, culturais, regionais e históricas de seus falantes.[2][3] No entanto, quando se fala em norma-padrão popularmente, geralmente isso se refere aos padrões gramaticais esperados na escrita. Neste sentido, o termo carrega o sentido normativo da palavra, no sentido de um conjunto de prescrições que precisam ser seguidas, como uma lei em seu sentido jurídico. Ela se refere, portanto, ao conjunto de regras arbitrariamente prescritas no sentido de normatizar a língua.[4] A norma-padrão também recebe diversas outras denominações, muitas vezes imprecisas, preconceituosas e/ou equivocadas, como norma culta, língua culta, língua padrão, norma padrão (sem hífen), dentre tantas outras. O problema com o termo norma culta, por exemplo, é que implica na ausência de cultura em todas as outras normas faladas e/ou escritas. Já o termo língua padrão é tecnicamente impreciso, pois ele não corresponde de fato a uma língua ou variedade linguística existente no mundo real.[4] Propósito da línguaA língua utilizada pelo ser humano não transmite apenas suas ideias, como também um conjunto de informações sobre nós mesmos. Certas palavras e construções denunciam a situação social, ou seja, a região de nascimento de um determinado país, o nível social e escolar, a formação e, às vezes, os valores, círculo de amizades e passatempos, como esqueite, roque, surfe, etc.[5] O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de nos adaptarmos a situações novas, nossa insegurança, etc. Lista da normas-padrão
Norma-padrão na escolaO ensino da norma-padrão na escola não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da norma-padrão, somado ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que participamos.[6] Graus de formalismoAs variações entre os níveis formal e informal da língua são chamadas de registros, que dependem do grau de formalismo existente na situação de comunicação; do modo de expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; da sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum campo científico, por exemplo). O registro coloquial caracteriza-se por não ter planejamento prévio, construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases curtas e conectores simples. O registro informal, pelo uso de ortografia simplificada, de construções simples. Este último é geralmente usado entre membros de uma mesma família ou entre amigos.[7] Ver tambémReferências
Ligações externas
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