O menino azul
O menino azul (em inglês: The Blue Boy) é uma pintura a óleo realizada, por volta de 1770, pelo pintor inglês Thomas Gainsborough.[1] Atualmente, faz parte da coleção da Biblioteca Huntington, em San Marino, na Califórnia. HistóriaUma das obras mais conhecidas de Gainsborough, O menino azul foi durante muito tempo considerado um retrato de Jonathan Buttall (1752-1805), o filho de um rico comerciante de ferragens, devido ao fato de este ter sido o primeiro proprietário do quadro. Esta identificação nunca foi provada e, como Susan Sloman argumentou em 2013, a provável figura é do sobrinho do pintor, Gainsborough Dupont (1754-1797).[2] A obra é um estudo de trajes históricos, assim como um retrato; o jovem aparece em vestuário do século XVII como homenagem do artista a Antoon van Dyck, e é muito semelhante a outros retratos de jovens rapazes feitos pelo artista flamengo, especialmente o seu duplo retrato dos irmãos George Villiers, 2º Duque de Buckingham e Lorde Francis Villiers.[3] Em 1821, John Young (1755-1825), gravador e guardião da British Institution, publicou pela primeira vez uma reprodução do quadro e contou a história de como o artista pintou The Blue Boy para contestar os argumentos de Sir Joshua Reynolds. Como Presidente da Academia Real, Reynolds tinha dado uma palestra pública sobre o uso de cores quentes e frias no seu Oitavo Discurso apresentado em 1778.
Esta anedota a respeito de sua origem apelou à percepção do público sobre as personalidades distintas de Reynolds e Gainsborough, uma vez que colocou os dois artistas em oposição. Como presidente da Academia Real, Reynolds foi um defensor disciplinado da pintura histórica, que desempenhou um papel ativo no desenvolvimento e entrega de seu currículo, e em sua apresentação nas exposições anuais. Gainsborough, por outro lado, foi retratista e paisagista e manteve-se afastado de quaisquer funções acadêmicas. Reynolds foi nomeado cavaleiro em 1769, além de escrever críticas de arte e proferir palestras, enquanto Gainsborough nunca recebeu reconhecimento da Coroa e tem como legado escrito apenas sua correspondência. Estas e outras diferenças reais e imaginárias entre os dois artistas foram exageradas em relatos subsequentes sobre a criação d'O menino azul. Embora, posteriormente, tenha ficado claro que a pintura foi concluída por Gainsborough oito anos antes do Oitavo Discurso de Reynolds, a história sobre como resultou de um desafio sobre cores quentes e frias era demasiado apelativa para ser esquecida. O relato, apesar de equivocado, impulsionou o quadro para a fama internacional.[6] A pintura esteve na posse de Buttall até à sua falência, em 1796. Foi primeiro comprado pelo político John Nesbitt e depois, em 1802, pelo retratista John Hoppner. Por volta de 1809, O menino azul entrou na colecção do Conde Grosvenor e permaneceu com os seus descendentes até à sua venda pelo segundo Duque de Westminster ao magnata dos caminhos-de-ferro da Califórnia, Henry Edward Huntington, em 1921.[7] Antes da sua partida para a Califórnia em 1922, O menino azul foi brevemente exposto na National Gallery, onde foi visto por 90.000 pessoas. Os britânicos reconheceram a perda da pintura de Gainsborough de diversas maneiras, incluindo o seu aparecimento em palco no final do Mayfair and Montmartre Variety Show no New Oxford Theatre, na Primavera de 1922. Emoldurada no palco, vestida como o rapaz da pintura, e ladeada por cowboys e índios, a celebridade Nellie Taylor cantou "The Blue Boy Blues" de Cole Porter.[8] A família Grosvenor desempenhou um papel significativo na fama crescente do quadro durante o século XIX e início do século XX. Não só permitiram aos visitantes da sua residência em Londres ver o quadro, como também emprestaram-no frequentemente a exposições importantes, incluindo a Exposição de Tesouros Artísticos em Manchester em 1857, quando O menino azul capturou a atenção de espectadores. Guias de galerias e publicações de exposições transmitiram a história das origens contestadas da pintura. O quadro foi subsequentemente exposto a grande aclamação do público na Grande Exposição de Londres em 1862, na Academia Real Inglesa e no então Museu de South Kensington em 1870, na Grosvenor Gallery em 1885, e novamente na Academia Real em 1896, quando foi considerado como "o mais famoso de todos os seus quadros" por uma crítica no London Times.[9] Além ser exibido em locais públicos, a pintura também apareceu em publicações e como estampas individuais em preto e branco e coloridas. Tornou-se uma figura popular da cerâmica e apareceu em anúncios publicitários. O menino azul também ganhou vida como homens, mulheres, meninos e meninas vestidos com trajes semelhantes em bailes de fantasia, cerimônias de casamento, pantomimas, peças de teatro e, eventualmente, em filmes e programas de televisão.[10] Em 2017, foi iniciado um projeto de restauração da obra, primeiro através de uma análise preliminar utilizando uma gama de técnicas de imagem, e seguido em 2018 pelo "Projeto Blue Boy", que ofereceu aos visitantes da Biblioteca Huntington um vislumbre das técnicas de conservação da obra. O processo de restauração foi concluído em 26 de março de 2020.[11] Em 25 de janeiro de 2022, O menino azul voltou a ser exibido na National Gallery de Londres, exatamente um século desde que deixou o Reino Unido em 1922, ficando em exposição por cinco meses antes de retornar permanentemente aos Estados Unidos.[12] Notas
Referências
Bibliografia
Information related to O menino azul |