Ordu Nota: Para a entidade tribal e política turco-mongol, veja Horda.
Ordu ou Ordo[3] é uma cidade e um distrito (em turco: ilçe) portuária situada na costa do mar Negro da Turquia. É capital da província homónima e faz parte da região do Mar Negro. Tem 303,6 km² de área e em 2012 a sua população era de 186 000 habitantes (densidade: 612,6 hab./km²), dos quais 147 913 moravam na cidade.[2] Atualmente a população é constituída por turcos e minorias de georgianos étnicos (em turco: gürcüler), arménios muçulmanos (ou hemichis; em turco: hemşinliler) e ainda um pequeníssimo número de descendentes de gregos que se recusaram a deixar a região apesar do genocídio dos gregos pônticos e da troca de populações entre a Grécia e a Turquia em 1923.[nt 1] EtimologiaO primeiro povoado de que há registos na área foi a colónia grega de Cotiora (ou Kotyora ou Kotyoron),[4] que alguns acreditam que tenha origem num topónimo local anterior, Kut.[5] Os otomanos instalaram uma grande base militar perto da atual cidade no século XV, a que chamaram Bayramlı. O nome Ordu pode ter origem na forte presença militar na área, que se prolongou até ao século XX. Ordu significa exército ou campo militar em turco[4] e é também a designação usada para "tenda" pelas tribos turcas e Mongóis[nt 1] (algo muito usado pelos militares). A palavra tem a mesma raiz de wikt:horda em português, que tem origem no tártaro "orda".[6] No passado, também se usou a grafia Ordou.[4] DescriçãoOrdu situa-se à beira de uma praia rochosa à beira do mar Negro, 60 km a leste de Ünye e 40 km a oeste de Giresun. É dominada a ocidente pelo monte Boztepe, uma montanha densamente florestada, com 550 metros de altitude. A região costeira entre Ünye, Ordu e Giresun é conhecida pela suas avelãs e paisagens verdejantes. A produção de avelã e a indústria a ela ligada constituem a principal atividade económica local.[nt 1] A cidade tem um porto que, apesar de pequeno, tem capacidade para navios de grandes dimensões. É por vezes chamada de Pequena Paris (Küçük Paris), devido às supostas semelhanças das suas ruas e de alguns dos seus edifícios mais elegantes.[nt 1] Politicamente, Ordu é tradicionalmente mais liberal do que outras cidades do mar Negro. Ao contrário do que acontece na maioria dos centros urbanos da região, onde nos últimos anos predomina o partido islamista moderado AKP, o partido mais votado é geralmente o Partido Republicano do Povo (CHP), de inspiração kemalista e esquerdista e em 2009 as eleições municipais foram ganhas pelo pequeno Partido da Esquerda Democrática (DSP).[nt 1] O principal eixo da cidade é a Avenida Atatürk (Atatürk Bulvarı), que percorre a zona costeira a noroeste e oeste e atravessa a parte oriental do centro. Este dispõe de zonas pedonais, áreas residenciais modernas e edifícios comerciais. Não restam muitas casas do período otomano e os edifícios mais antigos datam do século XIX. A antiga igreja arménia do na extremidade ocidental do centro foi convertida num centro cultural.[nt 1] Junto à estrada para Samsun ergue-se uma igreja arménia restaurada que foi usada como prisão. Foi construída no século XVIII ou XIX, provavelmente foi originalmente dedicada à festa ortodoxa do Hypapante.[7][nt 1] Entre outros locais de interesse turísticos destacam-se a Paşaoğlu Konağı, um palacete onde funciona um museu etnográfico, algumas casas antigas no centro histórico e as mesquitas Yalı Camii (também chamada Aziziye Camii), Atik İbrahim Paşa Camii (também chamada Orta Cami, construída em 1770), Efirli Camii e Eski Pazar Camii, esta última com um hamam anexo.[nt 2] Em 2006 foi aberta uma universidade[8] e em 2011 foi inaugurado um teleférico com mais de dois quilómetros no monte Boztepe.[9] Em julho de 2011 foi iniciada a construção do aeroporto Ordu-Giresun, numa ilha artificial 15 km a leste da cidade. A inauguração está prevista para 2014.[10] A cozinha local tem influências turcas e georgianas. Os pratos mais típicos são à base de peixe e de couve. Algumas das especialidades locais são, por exemplo, produtos de avelã como nougat (espécie de torrão) e chocolate, hamsi (um prato de anchova ou boqueirão do mar Negro), pancar çorba (sopa de acelga ou beterraba), mısır ekmek (literalmente: pão egípcio; de milho) e su börek (folhado de queijo).[nt 1] A música tradicional local é típica da região do mar Negro, e o principal instrumento é o kemençe do mar Negro (Karadeniz kemençe), também chamado lira pôntica.[nt 1] O principal clube de futebol local é o Orduspor, que em 2011-2012 jogou na Süper Lig, a primeira divisão turca. Disputa os seus jogos no Estádio 19 Eylül (Estádio 19 de setembro), um estádio multiusos inaugurado em 1967 e com capacidade para 11 024 espetadores.[nt 1] ClimaO clima é de transição entre os tipos oceânico e subtropical húmido (Cfb/Cfa na classificação de Köppen-Geiger), como a maior parte da costa oriental turca do mar Negro.[nt 2] Os verões são húmidos e quentes e os invernos são frios e chuvosos, sem temperaturas extremas, oscilando as máximas entre 27 °C (em julho e agosto) e os 10-12 °C entre dezembro e março; as temperaturas mínimas oscilam entre os 3,6 e os 5,7 °C entre dezembro e março e pouco menos de 20 °C em julho e agosto.[11] A precipitação é elevada e mais ou menos distribuída ao longo de todo o ano, embora um pouco menos intensa nos meses de verão e mais intensa no outono e primavera. A queda de neve é comum entre dezembro e março, registando-se normalmente uma ou duas semanas de neve, que pode ser intensa. Como no resto da costa turca do mar Negro, a água do mar é fria, oscilando entre os 8 e os 20 °C ao longo do ano.[11] HistóriaOs achados arqueológicos mais antigos encontrados na área datam de cerca de 1 500 a.C. No século VIII ou VII a.C., gregos da colónia de Sinope, fundada por colonos de Mileto,[12][13][14][15] estabeleceram na área de Ordu a colónia de Cotiora, uma das várias colónias Mileto criadas ao longo da costa do mar Negro. A colónia foi estabelecida em território dos Tibarenos. Cotiora foi o local onde os gregos da "Marcha dos Dez Mil", descrita por Xenofonte, que dela fez parte, estiveram 45 dias antes de partirem para a Ásia.[16] Segundo a lenda, os Argonautas aportaram ali na sua viagem para a Cólquida.[nt 1] A eles se deve o nome do cabo Jasão, situado a poucos quilómetros a noroeste da cidade (Jasão era o líder dos Argonautas) e onde também há vestígios de um antigo povoado.[5] Entre 280 a.C. e 63 d.C. a região pertenceu ao Reino do Ponto, passando depois a integrar o Império Romano.[5] Depois de pertencer durante vários séculos aos impérios romano e bizantino, a região esteve sob o domínio dos turcos danismêndidas entre 1095 e 1175.[nt 1] Foi conquistada pelos Seljúcidas em 1214 e 1228. Em 1346 passou para as mãos do beilhique Hacı Emiroğulları e em 1461, com a queda do Império de Trebizonda, foi integrada no Império Otomano. Os otomanos fundaram uma nova cidade como um posto militar, a que deram o nome de Bayramlı, situado perto de Eskipazar, 5 km a oeste da cidade atual.[nt 2] No início do século XIX, Ordu era uma pequena cidade portuária, onde a maioria da população era constituída por gregos pônticos. Nas décadas seguintes cresceu rapidamente, devido às leis otomanas que obrigaram os turcos nómadas a fixarem-se na região.[nt 1] Em 1869 o nome da cidade foi mudado para Ordu e foram reunidos os distritos de Bolaman,Perşembe, Ulubey, Hansamana (Gölköy) e Aybastı.[nt 2] Em 1883 um incêndio de grandes proporções fez grandes estragos na cidade,[nt 1] nomeadamente nas importantes instalações que o exécito otomano ali mantinha.[5] Durante e após a guerra russo-turca de 1877-1878, instalaram-se na região muitos turcos que fugiram das suas terras no Cáucaso que foram ocupadas pelos Russos.[5][nt 1] Em 1921 a cidade fazia parte do sanjaco (subprovíncia) otomono de Trebizonda e tinha 13 000 habitantes (5 500 gregos, 5 000 turcos e 2 500 Arménios).[4] Depois das perseguições dos gregos no Império Otomano a partir de 1913, quando houve grandes confrontos étnicos, durante a Primeira Guerra Mundial e da troca de populações entre a Grécia e a Turquia em 1923, os gregos ainda subsistiam deixaram Ordu. A província de Ordu foi criada em 17 de abril de 1920.[5][nt 1] NotasReferências
Ligações externas
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