Paula Beatriz
Paula Beatriz de Souza Cruz (Taboão da Serra, 31 de janeiro de 1971) é uma educadora, diretora escolar e ativista brasileira pelos direitos da população LGBT.[2] É responsável pela administração da Escola Estadual Santa Rosa de Lima, no Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, cargo que ocupa desde 2013.[3] Foi a primeira diretora trans de uma escola pública em São Paulo. Conduziu, de maneira pioneira, a mobilização em favor da inclusão de nome social de alunos(as) transexuais e travestis nas listas de chamada e nos diários de classe das escolas.[4] Carreira na educaçãoPaula Beatriz é educadora há mais de 35 anos, formada em pedagogia e pós-graduada em gestão educacional, pela Unicamp, e em Docência no Ensino Superior, pela Universidade Estácio de Sá. Iniciou a carreira de professora aos 18 anos.[5] Leciona na rede estadual de ensino de São Paulo desde 1989, quando ingressou na Escola Estadual Presidente Kennedy.[6] Desde 2003, é diretora da E.E. Santa Rosa de Lima,[5] com 1.000 alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental e 70 professores e funcionários.[7] AtivismoPaula tem organizado diversas atividades sobre o movimento LGBT na sua escola e na comunidade.[5] Na escola, liderou estudos e discussões sobre pessoas LGBT no sistema educacional.[8] Na comunidade, tem dado palestras em diversas conferências, como a TODXS Conecta[9] e o Congresso sobre Gestão de Pessoas do Setor Público Paulista.[10] Além do mais, é ativa e reconhecida na comunidade afrodescendente.[11] Em 2012, filiada ao Partido Socialismo e Liberdade, candidatou-se ao cargo de vereadora, pelo município de São Paulo tornando-se suplente.[12] Prêmios e homenagensTem sido reconhecida por sua trajetória e seu ativismo em diversas instâncias. Em 2014 ganhou o 1º Prêmio Telma Lipp - categoria Educação, no IX Encontro Sudeste de Travestis e Transexuais. Em 2016 ganhou o Prêmio Claudia Wonder, na 4ª SPTransvisão – em comemoração ao dia 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans.[13] Também em 2016 ganhou o Prêmio da Diversidade - 5ª Edição, na categoria Personalidade Transexual.[14] Em 2017 o Ministério da Educação, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, a 1ª Revista da ABRAPEE (Associação Brasileira de Profissionais e Especialistas em Educação) e a Revista UOL on line publicaram matéria reconhecendo-a como a 1ª Diretora Transexual da Rede Estadual de Ensino de São Paulo. Em 2018 foi palestrante do Ciclo Educar Hoje - As diferentes infâncias no território, realizado pelo SESC- São Paulo. [15] e homenageada pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo pela notável participação na categoria Diversidade Sexual e de Gênero.[16] Em 2019, recebeu o Prêmio Ruth de Souza, oferecido pelo Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (CPDCN), da Secretaria da Justiça e Cidadania. O prêmio celebra líderes afro-brasileiros.[11] Também em 2019, foi homenageada durante o ato solene organizado pelo deputado Carlos Giannazi, na ALESP, por seu ativismo LGBTQIA+.[17] Em 2021, recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, concedido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.[18] Ainda em 2021, uma das travessas do Jardim Mitsutani, no Capão Redondo, passou a ser chamada "Professora Paula Beatriz", por iniciativa dos próprios moradores do bairro.[19] Em 28 de junho de 2022, a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa da vereadora Erika Hilton, concedeu-lhe o título de Cidadã Paulistana.[20] Vida pessoalDe família modesta, nasceu num município da periferia da Região Metropolitana de São Paulo, recebendo o nome de Paulo. A mãe separou-se do pai quando os seis filhos do casal ainda eram pequenos.[3] Sua infância e adolescência foram marcadas por várias descobertas - entre elas, a de que era uma mulher trans [6]e a de que queria ser professora.[5] Aos 9 anos, Paulo foi levado a um psiquiatra, por recomendação da escola. O diagnóstico foi "homossexualismo", condição que, na época, era tida como doença, pela Organização Mundial da Saúde, e só em 1990 deixou de constar na CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde). Começou a tomar medicamentos, o rendimento na escola caiu, o comportamento mudou, até que sua mãe, Beatriz, decidiu pôr fim ao suplício do menino e tomou uma decisão drástica: jogou todas as drogas no vaso sanitário. Ter um filho gay era OK; mas um filho louco ou infeliz... de jeito nenhum![16][21] Dona Beatriz era servente escolar. Depois virou zeladora da Escola Estadual Presidente Kennedy e a família morou lá por cerca de sete anos lá, enquanto era construída a própria casa. Paula Beatriz lembra que gostava de ir para a biblioteca. "Nas férias, também ajudava na secretaria, já que a minha caligrafia era boa. Quando decidi ser professora, muitos me desincentivaram, falando que era uma profissão que pagava muito mal. Aos 18 anos, comecei a alfabetizar crianças e adultos e, em 1989, iniciei a docência. Me formei em pedagogia, fiz pós-graduação em gestão educacional e em docência no ensino superior."[16] Sempre teve uma boa relação com sua família[7] e se refere a sua imagem anterior como a de seu "irmão gêmeo".[16] Não se livra de fotos antigas, nem tenta esquecer seu passado.[5] Transição de gêneroEm 2007, começou o processo médico para o procedimento de readequação de sexo.[5] Anteriormente à sua transição de gênero, Paula era coordenadora, instrutora e diretora. Sua transformação foi completada quando ainda era diretora.[7] Ela sentia que estava confortável durante sua transição, em parte por causa do apoio de seus colegas e alunos. Por esse motivo, faz um esforço para apoiar outras pessoas em transição, na comunidade escolar.[8] Em 2013, retificou seus documentos para o sexo feminino e alterou seu nome civil para Paula Beatriz de Souza Cruz.[22] Filmografia
Referências
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