Rivalidade Pelé–MaradonaA rivalidade entre Pelé e Maradona trata-se de uma rivalidade futebolística envolvendo os ex-jogadores Pelé e Diego Maradona, impulsionada pelas torcidas brasileira e argentina.[1][2] Embora os dois nunca tenham se enfrentado em campo,[3] esta rivalidade ganhou enormes proporções por conta da rivalidade entre o Brasil e a Argentina no futebol.[4] Pelo lado argentino, os torcedores exaltam Maradona frente a Pelé no cântico "Brasil, decime qué se siente" (onde gritam aos quatro cantos que "Maradona es más grande que Pelé"), e pelo lado brasileiro a exaltação a Pelé nos cânticos de "Mil gols, só Pelé" (onde zombam de Maradona, ao afirmarem que Pelé sozinho tem mais mundiais que a Argentina). Por conta disso, animosidade entre Pelé e Maradona é tratada como "a rivalidade de seus países no microcosmo".[5] Entre os jogadores de elite que os torcedores do futebol consideram como "melhor jogador de todos os tempos", o brasileiro Pelé e o argentino Diego Maradona são provavelmente os que mais tem defensores e argumentos a favor, e por isso geralmente dominam as pesquisas sobre o assunto. Famosas personalidades do futebol costumam opinar sobre um ou outro, com muitos elegendo o brasileiro, e outros tantos o argentino.[6] Por isso, talvez uma das comparações mais confiáveis disponíveis seja aquela feita pelos vencedores da Bola de Ouro (eleitos desde 1956 por eleitores de vários países, e indiscutivelmente os maiores para valorizar adequadamente os dois jogadores). Pelé foi eleito o Melhor Jogador do Século pelos vencedores da Bola de Ouro e Maradona foi o vice-campeão.[7] No entanto, a discussão predominante sobre se Pelé ou Maradona é o melhor parece não ter fim. Embora a maioria considere a ambos os melhores jogadores de sua geração, muitos consideram inútil e difícil a comparação entre eles, visto que jogaram em épocas incomparáveis e em diferentes ligas.[8] Pelé, por exemplo, jogou em uma época com poucas transmissões televisivas. Só para se ter uma ideia, enquanto o golaço de Maradona contra a Inglaterra, considerado o Gol do Século pela FIFA foi visto e revisto em todo o mundo, ao vivo e em cores, pouca gente testemunhou o Gol que valeu uma placa no Maracanã marcado por Pelé em 1961.[9] HistóricoEm 1979, Diego Maradona, ainda uma promessa, revelou a um jornalista que tinha o sonho de conhecer Pelé. Até a Copa do Mundo FIFA de 1982, o argentino rejeitava as comparações: "Cada um tem o seu jeito, sua individualidade. O Pelé foi o maior jogador que já vi atuar. É insuperável", revelou, à época.[1] A primeira rixa entre os dois provavelmente ocorreu durante a Copa de 1982.[1] À época, Pelé, como comentarista, criticou o desempenho de Maradona na partida contra o Brasil, na qual foi expulso.[1] Depois da Copa do Mundo FIFA de 1986, quando de fato Maradona passou a ser comparado com Pelé, o brasileiro afirmou que as comparações não faziam sentido porque o argentino só fazia gol de esquerda, não de direita ou de cabeça, e que o gol mais importante da carreira do rival foi com a mão.[1] Conforme o sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Ronaldo George Helal, que estudou a cobertura da imprensa portenha das Copas do Mundo de 1970 a 2006, essa rivalidade, porém, não existia na imprensa esportiva argentina, pelo menos até 1998. Segundo ele, "na imprensa argentina, o Pelé era tratado indiscutivelmente como o maior da história e Maradona como seu herdeiro". Ele cita como exemplo o fato de que, em 1990, Pelé foi colunista do Diario Clarín durante a Copa daquele ano, e o brasileiro era apresentado pelo jornal argentino como "aquele que foi o melhor da história do futebol".[4] Em 1995, Pelé tentou trazer Maradona para o Santos, por meio de sua empresa "Pelé Sports & Marketing".[10][11] Maradona, na época, estava impedido de jogar pela FIFA, em razão de ter sido pego no antidoping na Copa do Mundo de 1994, faltando ainda quatro meses para o fim da punição.[12] Segundo Pelé, na época Ministro dos Esportes, a negociação chegou a ser discutida com Carlos Menem, então presidente da Argentina.[12] Maradona chegou a ir a Santos, mas os altos custos da transação acabaram impedindo o negócio.[10][12] Entre 1999, Maradona alegou que Pelé teria tido uma relação homossexual com um dos seus treinadores.[13][14] Em uma das biografias de Pelé, é dito que ele optou por não responder a Maradona em respeito a saúde do argentino.[13][14] Em 2000, Maradona lançou sua biografia Yo soy el Diego. Nela, Maradona colocou Pelé como número um em sua lista dos cem maiores jogadores de todos os tempos;[13][14] acusou Pelé, no entanto, de ter deixado Garrincha "morrer na ruína".[15] Segundo Maradona, Pelé deveria ter presidido "alguma associação que defenda os direitos dos jogadores", em suas palavras; sobre a relação de ambos, afirmou: "Nós tínhamos muitas discordâncias; quando nos encontrávamos, saía faísca".[16] No final de 2000, a FIFA promoveu um evento para escolher melhor jogador do século XX. Maradona venceu a enquete eletrônica por larga margem, com 53.6% dos votos contra 18.53% de Pelé. A forma de escolha pela FIFA foi criticada por alguns, que apontaram que a votação favorecia a participação de um público mais jovem, que vira Maradona jogar, mas não Pelé.[17] Em razão disso, a organização então nomeou o comitê "Família do Futebol" de membros da FIFA para decidir o vencedor do prêmio juntamente com os votos dos leitores de sua revista. O comitê escolheu Pelé. Como Maradona ganhou a enquete na internet, foi decidido que os dois deveriam compartilhar o prêmio.[17] Ao saber do ocorrido, Maradona recusou-se a subir ao palco com Pelé, afirmando que não dividiria o prêmio com esse, já que "as pessoas votaram em mim", em suas próprias palavras.[1] Em 2005, Pelé foi o primeiro convidado do programa La Noche del 10, apresentado por Maradona. Ao apresentar Pelé, Maradona anunciou o encontro do "Rei na noite do Deus" - em referência ao apelido que ambos ficaram conhecidos.[18] No programa, Pelé e Maradona conversaram sobre drogas, com Maradona abordando sua dependência química e Pelé falando de seu filho Edson Cholbi Nascimento, que fora preso por associação ao tráfico de drogas. Os ex-jogadores trocaram ainda passes de cabeça, elogios e abraços.[18][19] Em 2020, após a morte de Maradona, Pelé afirmou que perdera "um grande amigo".[1] Comparativo entre ambosValências físicasPelé tinha o biotipo ideal para a prática do futebol, o que lhe permitia alcançar a perfeição em todos os fundamentos: chute com o pé direito, chute com o pé esquerdo, dribles, lançamentos, cabeceio. Já Maradona tinha um físico compacto e com suas pernas fortes, baixo centro de gravidade e equilíbrio resultante, ele podia suportar bem a pressão física enquanto corria com a bola, apesar de sua pequena estatura, enquanto sua aceleração, pés rápidos e agilidade, combinados com suas habilidades de drible e controle próximo da bola em velocidade, permitiram que ele mudasse de direção rapidamente, tornando-o difícil para os adversários se defenderem. Por outro lado, sua falta de força e precisão nos chutes com o pé direito e a pouca impulsão – prejudicada pela baixa estatura (1,66 metro) – evidenciavam que o argentino não era completo em todos os fundamentos. Argumentos comparativos
Comparativo por prêmios conquistadosPelé recebeu o título de "Atleta do Século" pelo Comitê Olímpico Internacional.[21] Em 1999, a revista Time elegeu Pelé como uma das 100 Pessoas Mais Importantes do Século 20.[22] Além disso, ele foi eleito Jogador de Futebol do Século pela FIFA no voto dos especialistas, Jogador de Futebol do Século, pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol IFFHS, 1999, Jogador de Futebol da América do Sul, pela Federação Internacional de IFFHS de História e Estatísticas do Futebol. Os 1281 gols de Pelé são reconhecidos pela FIFA como o maior total alcançado por um jogador profissional de futebol, embora a Soccer Statistic Foundation (rssf) reconheça apenas 767 gols na modalidade oficial, ocupando a terceira colocação, atrás de Josef Bican (805) e Romário (772). Por sua vez, Maradona foi eleito o melhor jogador de futebol da história da Copa do Mundo tanto pelo jornal The Times[23] quanto pela revista FourFourTwo,[24] publicação que também o premiou como o "Melhor Jogador de Futebol de Todos os Tempos".[25] Ele também foi eleito o "Maior Atleta da História" pelo Corriere dello Sport - Stadio.[26] PatrimônioDe acordo com o Metrópoles, estima-se que Maradona tenha deixado fortuna de R$ 257 milhões para os seus herdeiros.[27] Já o O Estado de S. Paulo estimou que Pelé deixou fortuna de R$ 78 milhões para os seus herdeiros.[28] Referências
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