Copa Mundial de Fútbol – España 82 (em castelhano) Copa del Món de Futbol de 1982 (em catalão) 1982ko Munduko Futbol Txapelketa (em basco) Copa Mundial de Fútbol de 1982 (em galego) Espanha 1982
A Copa do Mundo FIFA de 1982 foi a 12.ª edição da Copa do Mundo FIFA. Foi a primeira a contar com 24 seleções, entre elas várias estreantes. No total, 105 países participaram das eliminatórias. O campeonato ocorreu na Espanha e teve como campeã a Itália.
A seleção brasileira, comandada por Telê Santana com futebol ofensivo e goleador conquistou a Espanha e encantou o mundo. Jogadores como Leandro, Júnior, Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Zico, Sócrates e Éder apresentaram um futebol de muita técnica, toque de bola vertical, lindos gols e muitos artilheiros no mesmo time, passando para a história como uma das melhores seleções de todos os tempos, mesmo não vencendo o campeonato.
A Argentina, campeã mundial, decepcionou. Os portenhos fizeram o jogo de abertura contra a Bélgica e perderam por 1 a 0. Classificaram-se em segundo lugar no grupo após vencerem a Hungria e El Salvador. Neste grupo, por um jogo a Hungria reviveu a máquina de Ferenc Puskás e cia. de 1954 e venceu El Salvador por 10 x 1. A Bélgica ficava com a primeira vaga no grupo, confirmando que o vice-campeonato na Eurocopa de 1980 não fora acidente.
No grupo da Alemanha Ocidental, ocorreu uma das maiores zebras da história das copas. A Argélia, estreante em copas do mundo, ganhou dos germânicos por 2 a 1. A seleção alemã, em seguida, goleou o Chile por 4 a 1 e venceu sua "irmã", a Áustria, por 1 a 0, no chamado "jogo da vergonha". A Áustria, que vencera seus outros dois jogos (1 a 0 sobre o Chile e 2 a 0 sobre a Argélia), liderava o grupo e precisava apenas de um empate; a Alemanha, por causa da surpreendente derrota para a Argélia na estreia, precisava vencer, pois tinha um saldo de gols melhor que os argelinos, que já haviam terminado sua participação na primeira fase no dia anterior vencendo o Chile por 3 a 2. Com isto, os times puderam deduzir que uma vitória alemã por, no máximo, dois gols de diferença, classificaria tanto alemães quanto austríacos; assim, depois do primeiro gol da Alemanha, logo aos 10 minutos de jogo, os times não tiveram escrúpulos em tocar a bola de um lado para outro, sob vaias e protestos do público. Os argelinos, mesmo brilhantes, com 2 vitórias em 3 jogos acabaram eliminados. Por conta deste episódio e outros, em futuros torneios foi instituída a regra de que o jogo final das fases de grupos da Copa e torneios similares devam ser disputados simultaneamente, para evitar combinações de resultados entre dois times.
A França perdeu por 3 a 1 da Inglaterra na estreia, mas mesmo com uma campanha irregular conseguiu a classificação. Empatou com a Tchecoslováquia e ganhou do Kuwait por 4 a 1. Neste jogo, o sheik kuwaitiano Fahad al-Sabah, integrante da comissão técnica e presidente da federação local de futebol, invadiu o campo para protestar contra um gol da França (que seria o quarto) e o árbitro anulou o gol; o time francês acabaria marcando outro gol, deixando o resultado em 4 a 1 mesmo assim. A Inglaterra, com futebol sem criatividade, mas objetivo, passou facilmente em primeiro lugar, pois venceu os tchecos por 2 x 0 e o Kuwait por 1 x 0, sendo a única seleção além do Brasil a bater os 100% de aproveitamento na primeira fase do mundial 82.
A Espanha, dona da casa, teve uma estreia decepcionante, mostrando que a "fúria" não iria longe na sua Copa em casa. Empatou em 1 x 1 contra a estreante em copas, Honduras, com um gol de pênalti no final da partida. Ficou em segundo lugar, em um grupo que foi liderado pela modesta Irlanda do Norte, que venceu os donos da casa por 1 x 0, após empatar com a Iugoslávia 0 x 0 e Honduras por 1 x 1. A Iugoslávia, mesmo sendo uma das favoritas do grupo não se classificou após derrota por 2 x 1 para a Espanha e vitória magra por 1 x 0 sobre Honduras; a derrota para os norte-irlandeses foi fatal para os eslavos do sul.
Já o Brasil, grande favorito ao título, estreou contra a União Soviética. Foi um jogo duríssimo, com a defesa brasileira falhando muito, além de um gol mal anulado do lado soviético, sem contar o pênalti não marcado para a seleção vermelha. Os soviéticos fizeram 1 a 0 numa falha de Waldir Peres. No segundo tempo, o Brasil colocou a bola no chão e o gênio de Sócrates explodiu no gol de empate: Sócrates driblou dois jogadores e soltou uma bomba no ângulo. Aos 43 minutos o gol da vitória, Éder Aleixo dispara um violento chute no ângulo de Rinat Dasayev: Brasil 2 a 1. Em seguida, a equipe de Telê venceu a Escócia, por 4 a 1 - foi a segunda virada dos Canarinhos. Zico brilhou com um bonito gol de falta. Contra a Nova Zelândia, a seleção novamente venceu por goleada, 4 a 0, com o Brasil desfilando em campo. A URSS após empate com a Escócia acabou ficando com a segunda vaga, pois tinha melhor saldo que a seleção britânica. Uma vez mais os escoceses não passavam da primeira fase de um mundial.
Em Vigo, a Itália dava um vexame após outro. Foram 3 péssimos jogos na primeira fase da Copa. Empate com Polônia (0 a 0), Peru (1 a 1) e Camarões (também 1 a 1), e a Azzurra só se classificou por ter feito um gol a mais que os africanos, que também empataram seus três jogos (sem marcar gols tanto contra Polônia quanto contra Peru). A Polônia de Lato e Boniek goleou o Peru por 5 x 1 na única partida do grupo sem um resultado igual e ficou com o primeiro lugar do grupo. O clima da seleção italiana era tão ruim que o técnico Enzo Bearzot ordenou que seus jogadores não dessem entrevistas e não lessem os jornais, para que não se deixassem contaminar pelo pessimismo da imprensa italiana.
Segunda Fase
A Copa de 1982 contou com um regulamento único. Como eram 6 grupos de 4 times, e apenas os 2 primeiros se classificavam, 12 times formaram 4 grupos de 3 times na segunda fase, de onde os campeões de cada grupo fariam a semifinal.
No grupo da França, a seleção de Michel Platini despachou a Áustria e a Irlanda do Norte. Já a Polônia de Lato e Boniek voltava a fazer uma copa comparável com a célebre campanha de 1974, e eliminava a Bélgica e a URSS, ganhando um lugar na semifinal.
A Alemanha Ocidental sepultou o sonho espanhol do primeiro título e despachou a "Fúria", além do English Team, provando, uma vez mais, o grande poder de recuperação das seleções alemãs, como em 1954 e 1974.
Na segunda fase, o Brasil enfrentaria Argentina e Itália. Primeiramente, o Brasil atropelou a Argentina, se vingando de 1978. Com uma exibição irrepreensível, o time comandado em campo por Zico envolveu a defesa da Argentina e chegou a fazer 3 x 0. A emblemática imagem de Júnior na beira do campo, sambando ao som da batucada da torcida, dava provas do poderio do futebol-arte do Brasil. Nesse jogo, o então jovem Maradona não resistiu à incapacidade de reação do time portenho e foi expulso após desferir um verdadeiro golpe de arte marcial em Batista. No final o Brasil venceu por 3 x 1, em uma humilhante despedida para os campeões do mundo, de malas prontas para retornarem a Buenos Aires.
O outro time do grupo, a Itália, jogou três jogos péssimos na fase de classificação, porém, na hora da verdade, a mística da Azzurra incendiou a equipe, que disparou rumo ao tricampeonato. A seleção europeia venceu o primeiro jogo contra a Argentina por 2 a 1, complicando e muito a situação dos portenhos, que, como já visto, perderam do Brasil. Depois, viria um dos grandes jogos da Copa, para muitos, a grande partida, que definiu os rumos do mundial.
O Show de Paolo Rossi no Sarriá
Brasil e Itália se enfrentaram pelo terceiro jogo da segunda fase em seu grupo. Como a Argentina tinha perdido por 2 x 1 para a Itália e por 3 x 1 para o Brasil, a seleção canarinho, àquela altura tida como favorita ao título, tinha a vantagem do empate para se classificar em primeiro no grupo. A maioria dos torcedores brasileiros acreditava em uma vitória tranquila, pois a Itália, até então, só havia vencido um jogo na copa, enquanto o Brasil era o único com aproveitamento de 100%. Logo no início da partida, aos 5 minutos, ataque da Itália com um cruzamento vindo da esquerda e cabeceio do artilheiro Paolo Rossi, com a defesa brasileira apenas assistindo à cabeceada do italiano. Seguiu o jogo, o Brasil não se intimidou. Ainda no 1º tempo, Zico se livra de Claudio Gentile e toca para Sócrates, o "doutor" invadiu a área e chutou colocado e forte, empatando o confronto. A Itália marcava forte a saída de bola do Brasil e forçava o erro da seleção. Em uma reposição de bola do goleiro brasileiro Waldir Peres, Toninho Cerezzo fez um toque lateral para o meio, entre Luisinho e Falcão, o veloz Paolo Rossi tomou a bola, encaminhou-se de frente para o gol brasileiro e chutou forte, marcando 2 x 1.
Mas o "time canarinho" ainda tinha todo o 2º tempo para empatar e se classificar. Foi no segundo tempo que o time de Telê pressionou o adversário buscando o empate. Em um lance memorável Júnior saiu com a bola da lateral esquerda para o meio, tocou a bola para Falcão na entrada da área, Cerezzo fez uma ultrapassagem levando a marcação e abrindo espaço na defesa da squadra azzurra, e Falcão chutou forte empatando o confronto: 2 x 2. Aquele resultado era o suficiente para a classificação do Brasil. Mas o lance fatal viria logo em seguida: escanteio para a Itália, o time brasileiro, que só jogava no ataque, estava todo dentro da área. Cobrado o escanteio, a bola sobrou na entrada da área, um chute é desferido e a bola achou ele, Paolo Rossi, que desviou a trajetória e matou Valdir Peres: 3 x 2. Detalhe: Junior estava embaixo da trave brasileira dando condições ao matador italiano Rossi. Depois disso tudo, a Itália teve um gol legítimo mal anulado pela arbitragem (que aumentaria o placar da derrota brasileira para 2 X 4) e o Brasil teve uma última chance no finalzinho da partida, mas o veterano e excepcional goleiro Dino Zoff confirmou a derrota brasileira ao fazer uma defesa espetacular em uma cabeçada certeira de Oscar.[1]
As semifinais
A Alemanha passou à final após uma vitória épica contra a França de Platini, no outro jogo que marcou a Copa, ao lado de Brasil x Itália. No tempo normal, 1 a 1. Na prorrogação, a França chega a fazer 3 a 1. Mas, os alemães, liderados por Rummenigge, buscaram o resultado e empataram o jogo em 7 minutos, numa das mais espetaculares reações de todos os tempos. Na primeira decisão por pênaltis da história das Copas (a regra de desempate por pênaltis já estava prevista desde o Mundial de 1974, mas não foi utilizada até aqui), deu Alemanha por 5 a 4, depois que o chute de Maxime Bossis foi defendido e Horst Hrubesch converteu nas cobranças alternadas. O lado lamentável foi a covarde agressão que o goleiro alemão, Harald Schumacher, cometeu sobre Patrick Battiston, que caiu no chão sem sentidos, o que fez muitos acreditarem que o atacante francês havia morrido; apesar disso, Schumacher não recebeu sequer um cartão e o árbitro holandês Charles Corver deixou o jogo seguir.
A Itália venceu a Polônia, em Barcelona, por 2 x 0, dois gols de Paolo Rossi, agora carrasco também dos poloneses, que perderam mais uma vez a chance de chegar a uma final de copa.
Na decisão do terceiro lugar, a França sucumbiu frente aos "Águias Brancas", que igualariam o 3º lugar de 1974: Polônia 3 x 2 França.
A final
A final da Copa aconteceu no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri. Mas o que era para ser um clássico virou um passeio italiano. A Azzurra passeou em campo, embalada pelas vitórias sobre Argentina e Brasil, e não tomou conhecimento da Alemanha. O 1º tempo termina com 0 x 0. No 2º tempo porém, a seleção italiana abriu 3 x 0, sendo o primeiro gol do carrasco Paolo Rossi, que assim se tornava o artilheiro do torneio, com 6 gols. A Alemanha ainda descontou, mas já era tarde para a reação do time germânico. A Itália era mesmo a campeã, consagrada em cima da Argentina (campeã do mundo), do Brasil (favorito ao título) e da Alemanha (sua maior rival).
Sorteio
O sorteio foi realizado no Palacio de Congresos em Madri, no dia 16 de Janeiro de 1982.
Os cabeças de chave foram: Alemanha Ocidental, Argentina, Brasil, Espanha, Inglaterra e Itália.