São Pedro e Miquelão
São Pedro e Miquelão,[5][2] São Pedro e Miquelon[6][7] ou Saint-Pierre e Miquelon (em francês: Saint-Pierre-et-Miquelon), oficialmente Coletividade de Ultramar de São Pedro e Miquelão (em francês: Collectivité d'Outre-mer de Saint-Pierre-et-Miquelon), é uma coletividade de ultramar da França situado no noroeste do oceano Atlântico, perto da província canadense de Terra Nova e Labrador, a mais de 1 800 km a leste de Montreal. É a única parte da Nova França que permanece sob controle francês,[8] com uma área de 242 km² e uma população de 6 080 habitantes no censo de janeiro de 2011.[4] As ilhas estão situadas na entrada da Baía da Fortuna, que se estende para a costa sudoeste de Terra Nova, perto dos Grandes Bancos.[9] a 3 819 quilômetros de Brest, o ponto mais próximo da França Metropolitana,[10] mas apenas 25 quilômetros da península de Burin em Terra Nova.[11] HistóriaAs ilhas foram descobertas em 1520 pelo navegador português João Álvares Fagundes que as batizou como "ilhas das Onze Mil Virgens". No entanto, o rei designa-as por "ilhas Verdes". São Pedro e Miquelão tornou-se uma possessão francesa em 1536, quando foram reclamadas por Jacques Cartier em nome do rei da França.[12] Embora já tenham sido frequentadas pelos povos Micmac[13] e por pescadores bascos e bretões,[12] as ilhas não foram permanentemente habitadas até o final do século XVII: quatro habitantes permanentes foram contados em 1670 e 22 em 1691.[12] Em 1670, durante o mandato de Jean Talon como intendente da Nova França, um oficial francês anexou as ilhas quando encontrou uma dúzia de pescadores franceses acampados lá. A Marinha Real Britânica logo começou a assediar os franceses, saqueando seus acampamentos e navios.[13] No início dos anos 1700, as ilhas foram novamente desabitadas e foram cedidas aos britânicos pelo Tratado de Utrecht, que encerrou a Guerra da Sucessão Espanhola em 1713.[13] Nos termos do Tratado de Paris de 1763, que pôs fim à Guerra dos Sete Anos, a França cedeu todas as suas possessões situadas na América do Norte, mas São Pedro e Miquelão foram devolvidos à França. A França também manteve direitos de pesca nas costas de Terra Nova.[14] Com a França aliada aos estadunidenses durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, o Reino Unido invadiu e arrasou a colônia em 1778, enviando toda a população de 2 mil pessoas para a França.[15] Em 1793, os britânicos desembarcaram em São Pedro e, no ano seguinte, expulsaram a população francesa e tentaram instalar colonos britânicos.[13] A colônia britânica foi, por sua vez, saqueada pelas tropas francesas em 1796. O Tratado de Amiens de 1802 devolveu as ilhas à França, mas o Reino Unido reocupou-as quando as hostilidades recomeçaram no ano seguinte.[13] O Tratado de Paris de 1814, devolveu o território à França, embora a Grã-Bretanha os ocupasse novamente durante a Guerra dos Cem Dias. A França então reivindicou as ilhas que na época estavam desabitadas e com todas as estruturas e edifícios destruídos ou em condições precárias.[13] As ilhas foram reassentadas em 1816. Os colonos eram principalmente bascos, bretões, normandos, que se juntaram com vários outros elementos, particularmente da ilha vizinha de Terra Nova.[12] Somente em meados do século, o aumento da pesca trouxe uma certa prosperidade para a pequena colônia.[13] Durante o início da década de 1910, a colônia sofreu severamente com o resultado de pescas não lucrativas, e um grande número de pessoas emigraram para Nova Escócia e Quebec.[16] O projeto imposto a todos os habitantes do sexo masculino com idade de recrutamento após o início da Primeira Guerra Mundial prejudicou as pescas, que não podiam ser processadas pelas pessoas mais velhas e pelas mulheres e crianças.[16] Cerca de 400 homens da colônia serviram no exército francês durante a Primeira Guerra Mundial, dos quais 25% morreram.[17] O aumento da adoção de arrastões a vapor nas pescarias também contribuiu para a redução das oportunidades de emprego.[16] O contrabando sempre foi uma atividade econômica importante nas ilhas, mas tornou-se especialmente proeminente na década de 1920 com a instituição da Lei seca nos Estados Unidos.[17] Em 1931, o arquipélago teria importado 6 871 550 litros de uísque do Canadá em 12 meses, a maior parte para ser contrabandeada para os Estados Unidos.[18] O fim da proibição em 1933 mergulhou o território na depressão econômica.[19] Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da oposição do Canadá, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, Charles de Gaulle tomou o arquipélago da França de Vichy, ao qual o governo local havia prometeu sua fidelidade. Em um referendo no dia seguinte, a população aprovou a mudança de controle para a França Livre.[20] O arquipélago tornou-se um território de ultramar em 1946. Após o referendo constitucional francês de 1958, as ilhas tiveram a opção de se integrar plenamente à França, tornar-se um estado autônomo na Comunidade Francesa ou preservar o estatuto de território ultramarino; decidiram permanecer como um território.[21] Em 1976, as ilhas se transformaram em um departamento de ultramar, antes de se tornar uma coletividade territorial em 1985, com um estatuto especial. Desde março de 2003, São Pedro e Miquelão são uma coletividade de ultramar.[22] GeografiaLocalizado no extremo oeste da península de Burin em Terra Nova, o arquipélago de São Pedro e Miquelão é composto por oito ilhas, com um total de 242 quilômetros quadrados, dos quais apenas dois são habitados.[23] As ilhas são geologicamente parte do extremo nordeste das Montanhas Apalaches, juntamente com a ilha de Terra Nova. A ilha de São Pedro, onde está localizada a comuna (município) e capital homônima, cuja área é menor, 26 quilômetros quadrados, é a mais populosa e o centro comercial e administrativo do arquipélago. Um novo aeroporto, o Aeroporto de São Pedro, está em operação desde 1999 e é capaz de acomodar voos de longa distância da França.[22] A ilha de Miquelão, a maior, é, de fato, composta por três ilhas geológicas: Grande Miquelão, Langlade e Le Cap, conectadas por um tômbolo (dunas de areia). Abriga a segunda e maior comuna do território, Miquelão-Langlade, porém é pouca habitada. A ilha também hospeda o segundo aeroporto do território, o Aeroporto de Miquelão, que oferece voos à ilha de São Pedro e, também, para Montreal. Uma terceira ilha, anteriormente habitada, a Ilha dos Marinheiros (Isle-aux-Marins), conhecida como Île-aux-Chiens até 1931 e localizada a pouca distância do porto de São Pedro, tornou-se desabitada desde 1963.[22] Até 1945, ela abrigava a terceira comuna de São Pedro e Miquelão. A comuna da Ilha dos Marinheiros foi anexada pela comuna de São Pedro em 1945.[12] DemografiaA população total de São Pedro e Miquelão no censo de janeiro de 2011 era de 6 080 habitantes,[4] das quais 5 456 moravam em São Pedro e 624 em Miquelão-Langlade.[24] No censo de 1999, 76% da população havia nascido no arquipélago, enquanto 16,1% nasceram na França metropolitana, um aumento acentuado em relação aos 10,2% em 1990. No mesmo recenseamento, menos de 1% da população relatou ser cidadão estrangeiro.[12] A população de São Pedro e Miquelão são na sua maioria descendentes de bascos, normandos e bretões (nacionalidades cujos estandartes figuram na própria bandeira oficiosa do território). LínguasOs habitantes de São Pedro e Miquelão falam o francês, a língua oficial; seus costumes e tradições são semelhantes aos encontrados na França metropolitana.[25] O francês falado no arquipélago está mais próximo do francês metropolitano do que do francês canadense, mas mantém uma série de características únicas.[26] A língua basca, anteriormente falada em ambientes privados por pessoas desta origem, desapareceu da ilha no final da década de 1950.[27] GaleriaVer tambémReferências
Ligações externas
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