O arquipélago é formado por 18 ilhas maiores e outras menores desabitadas que acolhem, ao todo, 47 mil pessoas em uma área de 1 399 km². Na ilha maior (Streymoy), encontra-se a capital, Tórshavn, com 16 mil habitantes (1999). As terras mais próximas são as ilhas mais setentrionais da Escócia (Reino Unido), que ficam a sul-sueste, e a Islândia, situada a noroeste.[6]
São autónomas desde 1948, tendo decidido não aderir à União Europeia. Gradualmente têm alcançado maior autonomia e para o futuro tem-se descortinado a possibilidade de tornarem-se independentes da Dinamarca.[6]
Como território autónomo da Dinamarca, as Ilhas contam com um Alto Comissário — representante da Rainha da Dinamarca, com um parlamentounicameral formado por 32 membros (Løgtingið) e um primeiro-ministro chefe de governo (løgmann).[6]
Etimologia e ortografia
Na língua local — o feroês — o nome das ilhas é Føroyar, e em dinamarquêsFærøerne. O nome — Føroyar — é composto por før (ovelha, carneiro) e oyar (ilhas), significando por isso "ilhas das ovelhas".[7]
O nome tradicional em português, "Féroe", provém do nórdico antigoFæreyjar, que significa literalmente "ilhas das ovelhas" ou "ilhas dos carneiros", e chegou à nossa língua proveniente do francêsFéroé. Similarmente, temos Feroe em espanhol,[8]Féroe em galego[9] e Faroe em inglês.
No que tange às fontes linguísticas brasileiras, o Dicionário Houaiss adota "Ilhas Féroe", tal como as fontes portuguesas. É "Féroe" também a forma adotada pelo dicionarista Caldas Aulete.[18] O Dicionário Aurélio atesta tanto "Féroe" (primeira forma apresentada na etimologia do vocábulo "feroês) quanto "Feroé" (usada na definição do mesmo vocábulo).
No campo dos órgãos de comunicação social, quase todos – quer portugueses, quer brasileiros – usam indiscriminadamente uma miscelânea de grafias, sendo que algumas não estão (ainda) prescritas por fontes linguísticas. Em Portugal, a RTP usa as grafias: Faroe, Faroé e Feroé; e o jornal Público usa Faroé e Faroe, embora o seu próprio livro de estilo defenda Feroé. Já na brasileira Globo, a preferência recai sobre as grafias Feroe, Faroe e Feroé, bem como Ilhas Faroes. No jornal O Estado de S. Paulo, utilizam-se Feroe, Faroé, Faroe e Feroé. Por fim, a Folha de S.Paulo usa Feroe, Faroé, Faroe e Faroes.
No campo político, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal usa oficialmente "Ilhas Faroé",[19] enquanto o Ministério das Relações Exteriores do Brasil usa oficialmente "Ilhas Féroe",[20] forma atestada por Houaiss, Aulete e Aurélio e pelas fontes vernáculas portuguesas. Os gentílicos aplicáveis a essas ilhas são feroês (feroesa; feroeses; feroesas) e feroico (feroica; feroicos; feroicas) — este último normalmente associado à língua local.[carece de fontes?]
Segundo a Saga dos Faroeses (de cerca de 1200), o primeiro colonizador foi um viquingue chamado Grímur Kamban, que teria aportado às ilhas em data incerta, pelos finais do século IX, talvez por volta de 825.[24]
600 – 800 — Estabelecimento de monges eremitas irlandeses
825 - Conquista e colonização por viquingues noruegueses
970 - 1280 - República
1135 - Torna-se país tributário à Coroa Norueguesa
1380 - Dinamarca e Noruega (incluindo as ilhas Faroés) realizam uma união monárquica
1655 - 1709 - O Rei da Dinamarca confia as ilhas à família von Gabel como um estado feudal
1776 - Administrada como parte do condado dinamarquês de Zelândia
24 de janeiro de 1814 - Reconhecida como possessão dinamarquesa pelo Tratado de Kiel
1816 - Recebe o grau de condado
12 de abril de 1940 - 16 de setembro de 1945 - Ocupação britânica durante a II Guerra Mundial. As tropas britânicas ocuparam as ilhas quando a Alemanha invadiu a Dinamarca (foi uma ocupação amigável de modo a assegurar que os Nazis não tinham nenhuma base militar no Atlântico Norte). Em 1945 os Ingleses partiram deixando para trás o aeroporto de Vágar e 170 soldados que se casaram com faroenses.[25]
14 de setembro de 1946 - Referendo aprova a independência (48,7% a 47%). A independência é declarada em 18 de setembro de 1946. É anulada pela Dinamarca dois dias depois.
30 de março de 1948 - Governo autônomo é permitido.
A ocupação britânica durante a II Guerra Mundial suspendeu os contatos com a Dinamarca e modificou o cenário político. Uma consulta popular aos faroeses demonstrou uma pequena maioria da população a favor da separação da Dinamarca. No entanto, o governo dinamarquês interveio e dissolveu o Logting para a realização de eleições gerais. O Logting eleito alcançou um acordo com a Dinamarca onde foram negociadas áreas de responsabilidade conforme os interesses de ambas as partes, e as ilhas Faroé foram declaradas "comunidade autónoma dentro do reino da Dinamarca". A língua faroesa foi reconhecida como língua oficial e a bandeira faroesa como bandeira das ilhas.[26][27]
As ilhas Faroé são um arquipélago de 18 ilhas situadas junto à latitude 62 N e longitude 7 W. Estão localizadas a meio caminho entre a Escócia e a Islândia, e a 575 km da Noruega.[28] Entre o extremo norte e sul do arquipélago medeiam 113 km e 75 de leste a oeste. As suas costas têm um perímetro total de 1 117 km.
As ilhas têm uma morfologia muito acidentada, rochosa, com costas alcantiladas recortadas por profundos fiordes. Nenhum ponto das ilhas está a mais de 5 km do mar. O ponto mais alto é o Slættaratindur, na ilha Eysturoy, com 882 metros de altitude.
Clima
O clima é oceânico, marcado pela influência moderadora da Corrente do Golfo, o que, tendo em conta a elevada latitude, suaviza as temperaturas invernais. Em Tórshavn não se registam temperaturas médias mensais negativas, oscilando estas entre os 0,3 °C em janeiro e os 11,1 °C em agosto. A média anual é de 6,7 °C. A amplitude térmica é assim muito reduzida, com verões frescos e invernos suaves. A precipitação aproxima-se dos 1 400 mm por ano, com um mínimo relativo na primavera e verão. O céu é em geral nublado, com frequentes nevoeiros. São frequentes os ventos fortes.
Ilhas
Todas as ilhas são habitadas excepto Lítla Dímun. Na tabela que se segue apresentam-se as áreas e população (dados referentes a 31 de dezembro de 2003) de cada uma das ilhas que compõem o arquipélago das Faroé:
A taxa de fecundidade das Ilhas Faroé é atualmente uma das mais elevadas da Europa.[32] O maior grupo de estrangeiros são os dinamarqueses, compreendendo 5,8% da população local, seguido por gronelandeses, islandeses, noruegueses e poloneses. As Ilhas Faroe têm pessoas de 77 nacionalidades diferentes.
A língua faroesa é falada em toda o arquipélago como língua materna. É difícil dizer exatamente quantas pessoas no mundo falam o idioma das Ilhas Feroe, porque muitas dos habitantes étnicos das ilhas vivem na Dinamarca e poucos que nascem lá voltar para as Ilhas Faroé com os pais ou adultos.
O idioma das Ilhas Faroe é uma das menores das línguas germânicas. O feroês escrito (gramática e vocabulário) é mais semelhante ao islandês e ao norueguês antigo, embora a língua falada esteja mais próxima de dialetosnoruegueses da costa oeste da Noruega. Apesar da língua faroesa ser a maioria nas ilhas, o dinamarquês também é um idioma oficial e é universalmente falado.
A religião tem uma parte importante da cultura feroesa. Nas Ilhas Feroe predominam as religiões cristãs, sendo a maior delas o luteranismo, além de outros protestantes, alguns católicos, Testemunhas de Jeová e bahá'is.
Cerca de 87% da população pertence à igreja estabelecida do estado, a Igreja das Ilhas Feroé, sendo o restante dividido entre outras denominações cristãs e poucas crenças não cristãs.
Governo e política
A inexistência de autonomia política levou ao nascimento tardio — apenas na primeira metade do século XX — dos primeiros partidos políticos. Sambandsflokkurin (Partido Unionista) e Sjálvstýrisflokkurin (Partido da Autonomia). Posteriormente surgiram o social-democrataJavnaðarflokkurin (Partido Social-Democrata) e o conservador nacionalista Fólkaflokkurin (Partido Popular) que defenderam interesses comerciais. O Tjóðveldisflokkurin (Partido da República) surgiu em 1948 defendendo uma República Feroesa.
Atualmente há eleições regionais de quatro em quatro anos, sendo então eleito um parlamento regional faroês (Løgtingið), o qual escolhe um governo local (Landsstýri), constituído por um presidente (Løgmaðurin) e sete ministros.[33]
Nas eleições de 1998 o Partido da União — simpático à Dinamarca — obteve um mau desempenho sendo substituído pelo Partido Republicano — secessionista. Iniciou-se uma coligação que pôs em marcha um processo político com o objetivo de alcançar a soberania total. Em 2002 o Landsstýri — governo local — e o governo dinamarquês iniciaram negociações a respeito da soberania faeroesa sem o rompimento de uma "commonwealth" com a Dinamarca. Chegou-se a um impasse e essa negociação acabou por não apresentar resultados.
Em 2002 — novas eleições — e modificação no cenário político. O Partido do Povo e o Partido Autonomista perderam suas cadeiras para o Partido da União. Mesmo assim o governo local — Landsstýri — foi composto pela coligação dos Partidos do Povo, Republicano, Autonomista e do Centro — partido pequeno que se fundiu ao Autonomista.
Em 2011, um novo projecto de constituição das Ilhas Faroé está sendo elaborado. No entanto, o projecto foi declarado pelo ex-primeiro-ministro dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, como incompatível com a Constituição da Dinamarca e se os partidos políticos das Ilhas Faroe quiserem continuar então eles deverão declarar a independência.[41]
Economia
Os recursos naturais são escassos. A vegetação — gramíneas — dos morros é utilizada para a criação de ovelhas. Em algumas partes da ilha de Suðuroy, existem alguns depósitos de lignito, úteis como combustível.
No mar — nos peixes — é que está a grande riqueza da nação faroesa. A pesca é responsável por 96 a 98% das exportações realizadas e praticamente todo o comércio deriva dos produtos capturados no mar. Dentro do limite de 200 milhas marítimas são encontradas espécies como bacalhau, arinca, argentina-dourada, faneca da Noruega, alabote, tamboril, peixe vermelho, pechelim, salmão e arenque. A piscicultura de salmão e truta é um setor que tem crescido e contribuído para o crescimento da balança comercial.
Outros artigos presentes são navios — de aço, pesqueiros, de carga — que respondem por 2% de tudo que é vendido ao exterior. Estima-se que existam reservas petrolíferas no subsolo oceânico faroês e têm sido realizadas prospecções com sinais positivos.
O aeroporto Vagar (EKVG) é o único na ilha. Foi construído na segunda guerra mundial pelos militares ingleses, mas hoje é um aeroporto civil. Perto do aeroporto, existem 7 heliportos, mas nenhum deles está representado no cenário.
Cultura
A cultura das Ilhas Faroe tem suas raízes na cultura nórdica. As Ilhas Faroe por muito tempo estiveram isolada dos principais movimentos culturais que surgiram em diferentes partes da Europa, o que significa que a população local conseguiu manter uma grande parte de sua cultura tradicional.
Apesar de uma rica tradição oral ter sobrevivido, por 300 anos a língua não foi escrita, significando isto que todos os poemas e histórias foram transmitidos oralmente. Em 1948, o faroês foi finalmente reconhecido como língua oficial das Ilhas Faroé.[43]
Festivais
O principal festival das ilhas é o Ólavsøka, que é realizado no dia 29 de julho e homenageia São Olavo. As celebrações são realizadas em Tórshavn, com início na noite do dia 28 e até ao dia 31.
Os registros de caças às baleias nas ilhas datam de 1584 e a atividade é regulada pelas autoridades locais, mas não pela Comissão Baleeira Internacional, pois há divergências sobre a autoridade legal desta comissão para regular a caça de cetáceos.[44] Anualmente, centenas de baleias-piloto-de-aleta-longa (Globicephala melas) são mortas, principalmente durante o verão, pelos habitantes das ilhas. As caçadas, chamadas de grindadráp em feroês, não são comerciais e são organizadas pela própria comunidade; qualquer pessoa pode participar. Quando um grupo de baleias é avistado próximo da costa os caçadores participantes cercam as baleias-piloto através de um grande semicírculo formado por barcos e então, lentamente e silenciosamente, começam a conduzir as baleias em direção à baía. Quando o grupo de baleias encalha o abate começa.[45]
Este tipo de atividade é legal e fornece alimento para muitas pessoas que moram nas ilhas.[46][47] No entanto, apesar da população local considerar a caça uma parte importante de sua cultura e da história das ilhas, grupos de direitos dos animais, como a Sea Shepherd Conservation Society, criticam as caçadas como sendo cruéis e desnecessárias. As discussões sobre a sustentabilidade da caça às baleias-piloto nas Ilhas Faroe também é outro fator apontado, mas com uma captura média de longo prazo de cerca de 800 baleias-piloto por ano, o impacto não é considerado significativo sobre a população de baleias.[48][49]
Caçadores em lanchas e jet skis emboscaram e massacraram um super-pod de mais de 1.400 golfinho-de-laterais-brancas-do-atlântico em 12 de setembro de 2021, levando a protestos de conservacionistas e até mesmo de alguns defensores da tradição centenária do arquipélago de matando os animais marinhos.[50]
Em 1995, o pintor alemão Ingo Kühl pintou aquarelas em Gjógv, a partir do qual foi criado o ciclo de imagens em nove partes Färöer, que foi publicado como livro ilustrado em 1998 e exibido em a Embaixada Real da Dinamarca em Berlim em 2003/2004 foi.[56]
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