Síndrome do cólon irritável (SCI) é um grupo de sintomas, incluindo dor abdominal e alterações no padrão de movimentos intestinais, sem que haja qualquer evidência de lesões subjacentes.[1] Estes sintomas manifestam-se durante um longo período de tempo, em muitos casos ao longo de anos.[2] É classificada em quatro subtipos com base na consistência das fezes: cólon irritável com obstipação frequente, cólon irritável com diarreia frequente, cólon irritável com formas mistas e formas não classificáveis.[1] A SCI afeta de forma negativa a qualidade de vida da pessoa e pode estar na origem de faltas no trabalho ou escola.[7] Entre pessoas com a síndrome é comum a ocorrência de distúrbios de ansiedade, de depressão e de fadiga crónica.[1][8]
Estima-se que 10 a 15% das pessoas nos países desenvolvidos sejam afetados pela SCI.[1][6] A doença é mais comum na América do Sul e menos comum no Sudeste Asiático.[3] Afeta duas vezes mais mulheres do que homens e geralmente tem início antes dos 45 anos de idade.[1] A condição aparenta ser menos comum à medida que a idade avança.[3] A SCI não afeta a esperança de vida nem causa outras doenças graves.[5] A primeira descrição da doença foi feita em 1820. O termo atual "síndrome do cólon irritável" começou a ser usado em 1944.[13]
Diarreia ou prisão de ventre durante um período prolongado.
É comum a sensação de esvaziamento incompleto do conteúdo intestinal após a evacuação.
Diagnóstico diferencial
[carece de fontes?]
Como não existem lesões responsáveis pelo aparecimento da síndrome, o diagnóstico é feito clinicamente, com base na interpretação dos sintomas relatados ao médico, que diante de exames complementares exclui a possibilidade de patologias mais graves. Muitas vezes os sintomas apresentados também podem ocorrer no câncer de cólon e em doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, sendo importante o exame da colonoscopia a fim de subsidiar um diagnóstico diferencial. Entre os critérios que podem auxiliar no diagnóstico pode-se citar os critérios de Manning (1978), e os critérios de Roma III (2006).
De um modo geral o diagnóstico diferencial da síndrome do intestino irritável deve excluir:
Deficiência de lactase com sintomas de diarreia e distensão abdominal, onde se sugere os exames de: teste da dieta sem leite e derivados, teste respiratório ou de intolerância à lactose.
Retocolite ulcerativa com sintomas de diarreia com muco e sangue e dor (cólica), onde se sugere os exames de: prova de atividade inflamatória alteradas, prova de atividade inespecífica abdominal, retossigmoidoscopia, colonoscopia (biópsias), enema opaco.
Derivados de leite (queijos, manteiga, iogurtes, coalhadas) mesmo quando não há intolerância a lactose;
Bebidas alcoólicas.
Há alguns casos isolados, da forma diarreica, em que uma dieta que exclui o glúten, laticínios (leite e derivados) e soja tem se mostrado eficaz na supressão dos principais sintomas. A hipótese mais plausível é a de que algumas proteínas contidas nestes alimentos seriam de difícil digestão para os portadores da síndrome.[17][18]
A dieta Low FODMAP ou dieta pobre em FODMAP é uma nova abordagem alimentar que está a ser utilizada para controlar os sintomas associados à SII. A dieta com baixo teor de FODMAP está a tornar-se mundialmente aceite como a principal estratégia de gestão dos sintomas da SII, bem como de outros distúrbios gastrointestinais.[19]
Os FODMAPs (sigla para Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis) encontram-se numa grande variedade de alimentos que são dificilmente absorvidos pelo intestino delgado. Estes hidratos de carbono mal absorvidos são por sua vez fermentados por bactérias do intestino, produzindo gases. A pesquisa atual indica fortemente que este grupo de hidratos de carbono contribui para os sintomas associados à SII.[20]
A Dra. Sue Shepherd desenvolveu a dieta low FODMAP em 1999. Ela provou, através da sua tese de doutoramento pioneira, que limitar o consumo de FODMAPs na dieta é um tratamento eficaz para quem tem sintomas associados à SII.[21]
Mais recentemente, um estudo feito pela Dra. Manju Girish Chandran em Kentucky mostrou que o consumo diário de iogurte caseiro pode proporcionar melhoras substanciais aos portadores do SCI.[22]
Medicação
Conforme o tipo da Síndrome do Cólon Irritável, que podem incluir tendências a constipação ou a diarreia, considera-se os seguintes tratamentos medicamentosos:
Antiespasmódicos: devem ser empregados com cuidado nos casos de obstipação;
Agentes que aumentam o bolo fecal como dieta rica em fibras: os estudos mostram, contudo, que nem sempre uma dieta rica em fibras auxilia no tratamento, podendo piorar a flatulência. Usualmente as fibras estão indicadas no tratamento da obstipação;
Agentes antidiarreicos: contra-indicados na obstipação;
Antagonistas do receptor 5HT3 da serotonina: indicados apenas na diarreia;
Antagonistas do receptor 5HT4 da serotonina: indicados na obstipação e no quadro de constipação crónica.
A hortelã está dentro de um dos alimentos fitoterápicos a entrar na lista oficial de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), publicada pelo Ministério da Saúde, sendo utilizada no tratamento da Síndrome do Cólon Irritável.
Estima-se que 10 a 15% das pessoas nos países desenvolvidos sejam afetados pela SCI.[1][6] A doença é mais comum na América do Sul e menos comum no Sudeste Asiático.[3] Afeta duas vezes mais mulheres do que homens e geralmente tem início antes dos 45 anos de idade.[1]
A prevalência no Brasil usando os critérios de critérios de Roma III é de 15% entre homens e 30% entre mulheres.[23] Já a prevalência de intensa dor de barriga com diarreia ou constipação sem lesão tecidual significativa atinge 43% da população do Brasil, mais que o dobro da média do resto do mundo.[24]
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