Alfredo d'Andrade
Alfredo César Reis Freire de Andrade (Lisboa, 26 de Agosto de 1839 — Génova, 30 de Novembro de 1915), conhecido internacionalmente por Alfredo d'Andrade, foi um pintor, arquiteto e arqueólogo português, naturalizado italiano.[1][2] É reconhecido por ser um dos principais mentores da reconstrução dos monumentos italianos, tendo restaurado e reconstruído um grande número deles, devolvendo-os à sua traça original, recriando-os ou até criando-os de raiz.[3][4] BiografiaNascido em Lisboa, a 26 de Agosto de 1839, Alfredo César Reis Freire de Andrade era filho de António José Freire de Andrade e de Emília Gomes de Silva Reis, ambos oriundos de famílias burguesas portuguesas, tendo iniciado os seus estudos de pintura e de talha em 1845, quando se tornou discípulo do pintor espanhol Trifón de Avillez. Com 15 anos de idade partiu para Génova, Itália, a pedido do seu pai, que pretendia que este seguisse uma carreira comercial junto dos irmãos Barata, seus sócios e parceiros de negócios, tal como o seu irmão mais velho Júlio havia feito anos antes. Contudo, um ano depois, impressionado pela visita que fez à Exposição Universal de Paris, preferiu dedicar-se às artes decorativas, à pintura paisagística e ao estudo da arquitetura do passado,[1] tornando-se discípulo do pintor paisagista suíço Alexandre Calame, cujas obras haviam estado expostas no Palais des Beaux-Arts.[2] Em 1856, juntamente com o seu irmão, viajou por toda Itália, onde realizou vários estudos de obras de arte e arquitetura em diversas regiões, como em Civitavecchia, Roma, Nápoles e Florença, regressando no final desse ano a Portugal, por motivos de saúde. De volta a Génova apenas um ano depois, começou a frequentar o atelier do pintor Tammar Luxoro e os cursos de arquitetura de Giovanni Battista Resasco, na Academia Linguística de Belas Artes.[5] ![]() Em 1858, regressou novamente a Lisboa, a pedido de António José Freire de Andrade, seu pai, onde trabalhou no Consulado da Toscana até 1860, quando viajou novamente para Itália a fim de visitar a exposição de pintura de Turim. Fixando-se pouco depois em Genebra, na Suíça, durante esse período retomou os seus estudos artísticos com o seu antigo mestre Alexandre Calame e conheceu vários artistas que frequentavam o Café du Bourg, tais como Ernesto Bertea, Vittorio Avondo e Antonio Fontanesi, que teria sobre ele uma influência ainda maior do que Calame.[2] Em 1861, mudou-se uma vez mais para Génova, onde frequentou cursos de perspectiva e arquitetura na Accademia Ligustica di Belle Arti e conheceu o artista Carlo Pittara, que o apresentou ao grupo de pintores conhecidos como "i Grigi" (Os Cinzentos), da "Scuola Grigia", em Ligúria, que pintavam paisagens naturais, seguindo a estética do realismo francês e o exemplo do grupo artístico de Fontainebleau. Inspirado pelo movimento artístico, começou a retratar nos seus quadros as paisagens de Albano, Fiumicino e Ariccia, expondo com sucesso algumas pinturas em Gênova. ![]() Em 1863, por ordem do seu pai, regressou a Lisboa, onde recusou o cargo de professor de paisagem na Academia de Belas Artes, preferindo partir para Génova e ingressar, em 1864, no curso de anatomia da Accademia Ligustica. Durante esse ano, conheceu Federico Pastoris, juntou-se a Carlo Pittara em Rivara, ponto de encontro de pintores paisagistas conhecido como "Scuola Rivara", e apresentou uma das suas aguarelas, Loggia del Palazzo Cambiaso, que foi premiada com a medalha de prata da Accademia de Génova. Nesse mesmo ano, António José Freire de Andrade concede-lhe acesso ao legado do seu avô Bento de Andrade e permissão para se mudar definitivamente para Itália. Em 1865, foi agraciado com o título honorífico de professor de Ornato, Perspectiva e Arquitetura,[1][6] dedicando-se ao levantamento de edifícios históricos. Graças a estas atividades, desenvolveu um conhecimento profundo dos edifícios do Piemonte, da Ligúria e do Vale de Aosta, demonstrando particular interesse pelos da época medieval.[7] ![]() Como arquiteto, arqueólogo e historiador de arquitetura, nas décadas que se seguiram, Alfredo d' Andrade contribuiu largamente para o restauro dos castelos de Turim, Pavone Canavese, Montalto Dora e Fénis,[2] da Torre de Pailleron, do palácio de S. Jorge, da Sacra de S. Miguel, da Porta Soprana e Porta Palatina,[8] para além de ter feito parte dos grupos de avaliação artística ao monumento a Vítor Emanuel II, à edificação do sepulcro do rei Humberto, e da reconstrução da basílica de São Marcos, em Veneza. Foi também o autor da Vila Medieval de Turim, no Parque Valentino, no âmbito da Exposição Geral Italiana de 1884. Em Portugal, a sua obra mais conhecida é o Chalet de Font'alva, em Barbacena, Elvas,[9] tendo também sido responsável pelo alargamento do Terreiro do Paço, em 1857.[10] ![]() Em 1875, casou com a italiana Costanza Brocchi (1853-1913), com quem teve um filho, Ruy d'Andrade (1880-1967), zoólogo, anatomista, criador de cavalos e paleontologista português, reconhecido pelo seu trabalho na criação e seleção de cavalos lusitanos, andaluzes e sorraias. Fernando Sommer D’Andrade (1920 - 1991), engenheiro e famoso mestre de equitação, era seu neto. Faleceu em 30 de novembro de 1915, em Génova, tendo obtido a nacionalidade italiana apenas três anos antes. Os restos mortais do artista encontram-se sepultados na Igreja de San Pietro, dentro das muralhas do Castelo de Pavone Canavese, em Itália, ao lado de sua esposa.[2][11] Devido ao seu profícuo trabalho, deixou-nos cerca de 50 quadros, 1 500 desenhos e 10 000 desenhos de arquitetura.[1][12] Obras![]() Pintura
ArquiteturaRestauros na província de Génova
Restauros na província de Savona
Pilar funerário em Albenga (século II)
Restauros em Piemonte
Restauros em Valle d'Aosta
Restauros na província de SienaRestauros na província de RiminiProjetos em Portugal
Prêmios
Legado e HomenagensPostumamente, o seu nome foi atríbuido à toponímia de Rivarolo Canavese, Turim e Génova.[16] Referências
Bibliografia
Ligações externasInformation related to Alfredo d'Andrade |