Os reis castelhanos haviam preparado duas frotas: uma para o comércio na costa guineense e uma outra que visava a conquista da Grande Canária. As duas frotas partiram juntas de Sanlúcar de Barrameda até às ilhas Afortunadas, onde se separaram. A chegada de uma esquadra naval de Portugal provocou a fuga do contingente castelhano para as Canárias, que por isso não conseguiu estabelecer-se efectivamente na ilha. Os portugueses, entretanto, não foram capazes de desembarcar na Gran Canaria pelo que decidiram voltar para Portugal. Durante o percurso conseguiram capturar vários navios carregados com provisões castelhanas, pelo que decidiram mudar o rumo em direcção à Guiné, onde era possível um desembarque castelhano.
A frota castelhana e outros navios mercantes chegaram a São Jorge da Mina sem qualquer problema ou resistência por parte dos portugueses, arrecadando grandes quantidades de ouro e objectos diversos. No entanto, a ganância excessiva do representante comercial da coroa espanhola fez ficar lá por vários meses a frota castelhana o que a levou ao encontro da frota portuguesa. Os espanhóis, enfraquecidos por doenças tropicais, foram atacados de surpresa, sendo derrotados e feitos prisioneiros em Lisboa.
Graças ao ouro conseguido com esta vitória, foi possivel ao rei Afonso V relançar a guerra por terra contra Castela. Após o acordo de paz no ano seguinte, o resultado da batalha naval da Guiné foi, provavelmente, decisivo para Portugal por ganhar uma favorável divisão do Atlântico, e a hegemonia do mesmo.
De acordo com o cronista castelhano Alfonso de Palencia a frota que tinha como alvo o controlo do Golfo da Guiné teria 11 navios e o das ilhas Canárias 25 navios. As duas armadas saíram juntas da Andaluzia para se protegerem mutuamente separando-se apenas quando chegaram as ilhas Afortunadas. Um outro cronista castelhano, Fernando del Pulgar, afirmava que a frota da com destino a São Jorge da Mina era formada por 35 navios (talvez Fernando del Pulgar tivesse confundido com o número da soma das duas frotas, pois ambas as frotas saíram do porto juntas; seria muito improvável o envio de tantos navios para tomar um alvo tão remoto e com resistência esporádica como as feitorias portuguesas da Guiné uma vez que essa resistência seria apenas de embarcações vindas de Portugal, que seriam enviadas sob a forma de armadas organizadas).
Os comandantes militares responsáveis pela conquista da Grande Canária eram Juan Rejón e Juan Bermúdez. O comandante da frota da frota da Guiné seria Juanoto Boscá (não há certezas quanto ao comandante da frota da Guiné). De modo a garantir os lucros para a coroa castelhana depois do presumível sucesso da frota, Isabel I de Castela decretou que os navios da coroa de Castela teriam prioridade na venda dos produtos vindos da Guiné em relação a outros navios mercantes.
A reacção portuguesa
O príncipe João (futuro João II de Portugal), ciente dos planos castelhanos, preparou e organizou uma frota rapidamente de modo a surpreender os seus inimigos castelhanos nas Canárias. No entanto o envio desta mesma frota para o Golfo da Guiné era impossível devido a falta de provisões. Rui de Pina diplomata português, nomeara Jorge Correa e Mem Palha os comandantes da frota, sendo esta responsabilidade repartida entre os dois.
O Combate nas Canárias
As duas frotas castelhanas saíram juntas de Sanlúcar de Barrameda, provavelmente em Abril de 1478. Após terem feito uma paragem em Cádis, rumaram até à costa mauritana chegando à mesma a 4 de Maio, e de lá para a Grande Canária, onde atracou num porto seguro.
A frota castelhana com destino a São Jorge da Mina continuou a viagem agregada, mas a com destino às Canárias devido a acção da frota portuguesa foi dispersada imediatamente após à chegada. Como uma parte da expedição castelhana às Canárias foi dedicada a captura de escravos e urzela, apenas 300 soldados castelhanos desembarcaram na Grande Canária. A quanto da chegada de uma embarcação enviada por Fernando II de Aragão com o aviso da eminência da chegada portuguesa, o grosso da frota castelhana com os restantes 1000 soldados (cerca) retirou-se para alto mar.
Os portugueses aquando da chegada às Canárias com uma frota de 20 navios e 1600 soldados, acabariam por desembarcar em Porto de Sardina, na Grande Canária para em cooperação com a população autóctone, os Guanches, derrotarem os restantes soldados castelhanos que desembarcaram.
No entanto, a 27 de Julho, a chegada de uma tempestade acabou por impedir o fácil desembarque dos soldados portugueses, facto que foi aproveitado pelos andaluzes (a maioria da frota castelhana era composta por andaluzes), que iniciaram uma intensa actividade defensiva que acabou por impedir a manobra portuguesa. Depois de cinco dias de tentativas, os portugueses acabaram por cessar as manobras e retiraram-se de novo para o oceano. No entanto, ao passarem pelas ilhas vizinhas a Grande Canária os portugueses acabaram por avistar forças castelhanas que se encontravam a procura de guanches para escravizar. Em pequeno numero e bastante dispersos os soldados castelhanos (cerca de 200) acabaram por ser facilmente capturados e levados para Portugal em cinco embarcações.
No entanto a captura destes soldados não foi o principal prémio. Com eles foram também capturadas várias embarcações (não é possível precisar o numero de embarcações mas pode supor-se que seriam carracas bem armadas visto terem permitido aos portugueses prosseguir para o golfo da Guiné)(Os dados estão muito mal corroborados)
Os restantes soldados castelhanos acabariam por sobreviver na Grande Canária praticamente um ano até a chegada de uma nova frota