Ciranda de Pedra (2008)
Ciranda de Pedra é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 5 de maio a 3 de outubro de 2008, em 131 capítulos,[2] substituindo Desejo Proibido e sendo substituída por Negócio da China. Foi a 71ª "novela das seis" exibida pela emissora. Escrita por Alcides Nogueira, livremente inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, e escrita com Mário Teixeira e a colaboração de Lúcio Manfredi e Cristiane Dantas[3], tendo direção de Maria de Médicis, Natália Grimberg, André Luiz Câmara e Allan Fiterman, direção geral de Carlos Araújo e direção de núcleo de Denise Saraceni [4]. Esta é a segunda adaptação do livro produzida pela emissora, que já havia realizado uma outra adaptação exibida na mesma faixa em 1981. Contou com Ana Paula Arósio, Marcello Antony, Caio Blat, Tammy Di Calafiori, Max Fercondini, Leandra Leal, Ana Beatriz Nogueira e Daniel Dantas nos papéis principais. EnredoEm São Paulo, na década de 1950, Laura (Ana Paula Arósio) e Natércio (Daniel Dantas) formam um dos casais mais ricos e invejados da sociedade paulista. Natércio é um advogado conceituado e poderoso, de prestígio nacional, ávido para seguir uma vitoriosa carreira jurídica, e Laura é uma mulher elegante e culta, totalmente dedicada ao lar. O casal mora em um elegante casarão no bairro do Jardim Europa e possuem três filhas, cada uma com um temperamento diferente: a ardilosa e mimada Otávia (Ariela Massotti), a religiosa e moralista Bruna (Anna Sophia Folch); e a romântica e ingênua Virgínia (Tammy di Calafiori). Embora sejam vistos como um "casal perfeito" e exibirem uma vida repleta de luxo e poder, o casamento de Laura e Natércio vive em diversas ruínas. Apesar de culto e educado perante a sociedade, Natércio é um homem prepotente, arrogante e autoritário, que comete vários abusos psicológicos e verbais a Laura, que se torna uma mulher frágil, carente e sensível. A instabilidade emocional de Laura acaba levando-a a sérias crises, fazendo ela buscar tratamento com o médico Daniel (Marcello Antony) – com quem já teve um caso no passado e esconde dele um grande segredo. Ao contrário de Natércio, Daniel é um homem atencioso e generoso, que ainda é apaixonado por Laura e se esforça para sublimar seus sentimentos. Cansada das humilhações do marido e a falta de compreensão, Laura vai se entregando aos poucos a Daniel, despertando ódio em Natércio, que lida com uma obsessão doentia por Laura. Natércio fará de tudo para ter sua mulher de volta, contando com o apoio de Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira), sua fiel governanta, uma mulher austera e temida pelos demais empregados da mansão, que é apaixonada em segredo pelo patrão e odeia Laura, querendo ser a nova "esposa" do advogado. Paralelamente, Virgínia, desde pequena, sempre foi muito afeiçoada à mãe, a apoiando e cuidando, e despertando ciúmes das suas irmãs. A jovem é apaixonada por Conrado (Max Fercondini), filho do rico empresário Cícero (Osmar Prado), melhor amigo de Natércio, filho de imigrantes italianos e dono de uma metalúrgica. Cícero é verdadeiramente apaixonado pela esposa, Julieta (Mônica Torres), e adora pegar no pé da filha mais nova, Letícia (Paolla Oliveira), uma jogadora de tênis que possui pensamentos mais "liberais" e "progressistas". Virgínia faz amizade com a doce e tímida professora Margarida (Cleo Pires), que é apaixonada por Eduardo (Bruno Gagliasso), um engenheiro jovem, bonito e honesto, que acaba de chegar à cidade e logo se torna um grande amigo de Daniel. Moradora do bairro de Vila Mariana, Margarida faz parte de uma família muito animada: sua irmã mais velha, Elzinha (Leandra Leal), só pensa em casar com um homem rico. E ainda esconde um segredo: sua irmã Lindalva (Ana Karolina Lannes), na verdade é a sua filha com Patrício (Júlio Andrade), filho de Urânia (Mila Moreira), dona do Grêmio da cidade. O pai de Margarida e Elzinha, Memé (José Rubens Chachá), vive às turras com a sogra, Ramira (Walderez de Barros). Elenco
Participações especiais
ProduçãoA telenovela é baseada no romance homônimo escrito por Lygia Fagundes Telles em 1954, o qual já havia gerado a primeira versão da telenovela em 1981, também pela TV Globo, e escrita por Teixeira Filho. Durante a produção, o autorAlcides Nogueira fez algumas mudanças na trama em relação ao livro, recebendo carta branca da autora para que fizesse as alterações necessárias. A principal delas sendo a ambientação da trama, que se passava originalmente na década de 1940, enquanto na nova versão foi alterada para a década de 1950, especificamente o ano de 1958 – ano considerado por ele como marcado por grandes transformações. Outra alteração foi a adição de um núcleo de humor à história, mantendo um equilíbrio entre o romance e o drama.[5] Em relação à telenovela de 1981, o único elemento aproveitado da primeira versão pelo autor foi o personagem Eduardo (Bruno Gagliasso), um recém-chegado engenheiro que se apaixona por Margarida (Cléo Pires) e, mais tarde, por Virgínia (Tammy Di Calafiori).[5] Em matéria publicada na revista Veja São Paulo, Lygia disse que considera a adaptação de Alcides muito melhor que a versão de 1981. Lygia declarou: "O roteiro é muito delicado e cuidadoso". A autora trocou telefonemas com Alcides nos quais contou suas impressões sobre a trama.[6] A nova adaptação de Ciranda de Pedra trouxe uma inovação, o recurso de ambientação virtual da novela. Esse recurso, usado em caráter experimental em O Profeta nas passagens de cena, dessa vez foi aprimorado. Para tal, a produção utilizou um enorme painel de 12 metros de altura por 28 metros de largura para a inserção de imagens em chroma key. Nele são sobrepostas cenas gravadas e produzidas em um cruzamento em São Paulo. Os prédios da trama, construídos na cidade cenográfica, no Rio, foram inspirados nos estilos art déco e modernista e tinham o pé-direito duplo. Todos esses recursos tinham o objetivo de imprimir às cenas a grandiosidade e a agitação que a cidade de São Paulo já exibia naquela época.[7] O tema de abertura de uma novela da Globo coincidiu com um tema musical já usado pelo SBT: "Redescobrir", de Elis Regina, já havia sido tema de abertura da novela Razão de Viver, exibida pela emissora em 1996. Abertura A abertura da novela foi a primeira da emissora a usar a tecnologia RED, uma câmera de cinema digital com resolução 4k UHD, enquanto a abertura consiste em casais dançando e formando um ciranda. Escolha do elencoPaulo Betti havia sido escalado para interpretar o barbeiro Memé, porém o ator declinou do papel sem explicações, mesmo tendo feito a prova do figurino, sendo substituído por José Rubens Chachá. Por causa do personagem, Chachá teve de pintar semanalmente seus cabelos, já que Memé fazia em si próprio experiências com tinturas de cabelo.[2][5][8] As atrizes que viveriam as três filhas de Laura seriam Paolla Oliveira, Patrícia Werneck e Larissa Queiroz, mas a diretora Denise Saraceni acabou mudando de opinião e colocou três atrizes até então desconhecidas para evitar comparações com a versão anterior. Foram as escolhidas Ariela Massoti, como Otávia, Anna Sophia Folch, como Bruna, e Tammy Di Calafiori. Mesmo perdendo o posto de protagonismo, Oliveira foi muito bem avaliada pela produção durante os testes, sendo realocada para outro papel, a tenista Letícia. Marco Ricca seria o intérprete do antagonista Natércio, mas por causa de compromissos no cinema, não pôde viver o personagem, que acabou ficando com Daniel Dantas.[1] O autor havia escrito uma personagem especialmente para Vivianne Pasmanter, a médica Lígia, porém a atriz recusou o convite por estar passando por um período conturbado pelo fim de seu casamento, sendo que a personagem foi retirada da história, sem ser passada para outra artista. Mônica Torres esteve presente na primeira versão da trama no papel de Letícia, enquanto na nova versão desempenhou o papel de Julieta, mãe de Letícia, vivida anteriormente por Ana Lúcia Torre. Assim como José Augusto Branco, que nessa versão interpretou Silvério, enquanto na primeira versão foi o personagem Moreno. Regina Casé fez uma participação na trama interpretando Eunice Jardim, uma apresentadora de televisão que vai conhecer Jovelina (Olívia Araújo) e saber mais sobre o dom dela de ler as unhas. As primeiras cenas dela foram ao ar em 2 de setembro de 2008.[9] Para compor o caráter idealista e humanitário de seu personagem, o neurologista Daniel, Marcello Antony disse ter buscado referências em médicos como Dráuzio Varella, ao qual definiu como "um cara que acredita na medicina, na ligação entre médico e pacientes".[10] Mudanças no enredoLaura estava prevista para permanecer apenas até o capítulo 80, no qual morreria e passaria o protagonismo para a filha, Virgínia, como na trama original. Porém a emissora observou que Ana Paula Arósio era o principal fator pelo qual os espectadores assistiam a novela, devido a popularidade da atriz, e desistiu-se de matar sua personagem, mantendo seu protagonismo até o final da telenovela, enquanto Tammy Di Calafiori foi mantida como co-protagonista, temendo que os índices da novela diminuíssem.[11] Além da rejeição à morte de Laura, pesquisas apontaram uma mudança de perfil dos telespectadores da emissora no horário das 18 horas, agora composto de jovens que nesse horário trocam a televisão pela internet.[12] O ator Samuel de Assis, que interpretava Emiliano, o químico industrial da Cassini & Prado Metalúrgica, foi dispensado da novela depois de uma avaliação interna realizada pela emissora, que constatou que seu personagem não havia funcionado.[13] Temas como eutanásia, homossexualidade, suicídio e impotência, abordados no romance original, não aparecem nessa adaptação por uma opção de Nogueira, que não pretendia criar polêmicas e por causa da classificação etária dos programas, chamada pelo autor de "censura disfarçada", que não permitiria que a novela fosse exibida às 18 horas[14]. A homossexualidade da personagem Letícia, entretanto, foi aprovada pela emissora apenas para ir ao ar na última cena da personagem no último capítulo, quando ela inicia um relacionamento com sua treinadora de tênis Joyce (Ana Furtado). ControvérsiasAna Paula Arósio viveu um papel completamente diferente dos anteriores ao interpretar Laura, uma mãe de três jovens interpretadas por atrizes entre 19 e 23 anos, muito embora a própria Ana tivesse somente 32 anos na época, nove anos a mais que a mais velha delas, o que gerou diversas controvérsias sobre sua escalação para um papel tido como "velho demais" para ela.[15] A imprensa classificou a escalação como equivocada, uma vez que, mesmo que as personagens que interpretavam as filhas fossem mais novas na história, Ana Paula ainda aparentava ser muito jovem e visualmente parecia irmã das atrizes.[15] Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo Ana Paula revelou que estava feliz pelo trabalho por admirar a obra original, mas lamentou ser alçada ao posto de "mãe de adolescente" tão cedo e o rápido envelhecimento de seus personagens: "As coisas na Globo são muito rápidas: na primeira novela você é filha da mocinha; na segunda, é a mocinha; na terceira, é a mãe da mocinha".[16] As críticas se intensificaram quando outros autores da própria emissora deram declarações dizendo que a escolha da atriz para o papel era equivocada e apagava o brilho de protagonista jovem dela. Manoel Carlos declarou que a atriz era "muito nova, sem idade para ser mãe de adolescentes. Mas ela saberá fazer tudo isso muitíssimo bem, porque é uma excelente atriz"; Glória Perez disse que jamais pensaria em colocar a atriz em um papel tão velho e que ela deveria fazer o papel de filha; já Benedito Ruy Barbosa foi enfático ao dizer que "Eu a acho muito moça e muito bonita para fazer o papel de mãe tão já. Nas minhas novelas, ela continua como mocinha de 20 e poucos anos".[17] ExibiçãoAdiantada em cinco semanas, Ciranda de Pedra estreou às 18 horas, faixa de horário que sofria com as baixas audiências registradas pelas novelas, desde o término de O Profeta (2006).[18] A Globo quis evitar que a novela sucessora de Ciranda estreasse durante o horário de verão que, segundo a emissora, prejudica a audiência das tramas, como aconteceu com Desejo Proibido, que amargou baixos índices de audiência. Por conta da antecipação, a equipe de Ciranda de Pedra chegou a trabalhar com a mesma equipe da minissérie Queridos Amigos, também núcleo de Denise Saraceni. Outras MídiasFoi disponibilizada na íntegra no Globoplay, como parte do Projeto Resgate da plataforma, em 26 de agosto de 2024.[19] AudiênciaSua estreia marcou média de 25 pontos, no limite do que é exigido, que são 30 pontos.[20] A média dos três primeiros capítulos de Ciranda foi de 23 pontos, menos do que sua antecessora, Desejo Proibido, que marcou 27 no mesmo período.[21] No início de sua última semana a novela se recuperou. No dia 29 de setembro, a trama cravou 25 pontos de média com 31 de pico. Ciranda de Pedra marcou, em seu antepenúltimo capítulo, média de 27 pontos e picos de 33, seu recorde até então. Seu último capítulo marcou 28 pontos, com pico de 32[22]. A média de Ciranda de Pedra foi de 22 pontos e 46% de participação no horário.[23] Trilha sonora
Capa: Marcello Antony
Prêmios e indicações
Melhor Figurino[24]
Melhor Ator Coadjuvante - Osmar Prado[25] Referências
Ligações externas |