Claudia Fonseca nasceu em Boston, no Massachusetts, Estados Unidos. Seu pai era militar da marinha e, por conta disso, Claudia e sua família moraram na Inglaterra, na Alemanha e no Marrocos. Mudou-se para a Califórnia aos oito anos de idade, após o falecimento de seu pai, e posteriormente para o Kansas, onde passou a adolescência.[1][2]
Estudou na Universidade do Kansas, onde concluiu sua graduação em Letras, em 1967, e o mestrado em Estudos Orientais, dois anos depois. Ainda na graduação realizou suas primeiras experiências de pesquisa de campo, na Micronésia e em Taiwan.[1] Segundo comentário de Fonseca em seu livro Família, fofoca e honra, suas
[...] primeiras experiências como antropóloga foram em sociedades tribais, na Oceania e na África. Aprendi o ofício fazendo diários de campo à luz de um lampião de querosene. Embora aprecie trabalhos antropológicos que prescindem desses métodos sem deixar de contribuir grandemente para a disciplina, tive meu próprio modo de fazer ciência e a minha própria identidade profissional definitivamente marcados por Malinowski, Evans-Pritchard e companhia. Por tudo isso, atrás das narrativas desse volume, há uma fé no trabalho de campo – longas horas, aparentemente “jogando tempo fora!” na observação de cidadãos comuns em suas rotinas banais.[3]
Seu primeiro doutorado foi defendido em Sociologia, na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (1981), em Paris, sob a orientação de Henri Desroche. Cerca de uma década depois, em 1993, defendeu seu segundo doutorado, também na França, com uma tese apresentada à Universidade de Paris X - Nanterre, na área de Etnologia, sob a orientação de Colette Pétonnet, intitulada Crime, corps, drame et humour: famille et quotidien dans la culture populaire au Brésil.[1]
Claudia é casada com o jornalista brasileiro José Secundino da Fonseca, com quem teve dois filhos, Ethon e Pedro.[1][2]
Realizações
Desde 1978, é docente e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde coordena o Núcleo de Antropologia e Cidadania.[4] Claudia Fonseca tem uma vasta obra produzida nos campos temáticos diversos - como cultura popular, infância, gênero, violência, educação, família, parentesco, direitos humanos, cidadania e ciência.[2] Seu livro, Caminhos da adoção, tornou-se referência para os estudos sobre esta temática. Nele, a autora trata da “circulação de crianças”, categoria usada pela antropóloga para discorrer sobre relações familiares e cuidado com crianças, questões relacionadas ao direito e a gênero.[5] Com o desenvolvimento de exames de DNA, ela começou a se interessar por seu impacto no que diz respeito à paternidade, levando-a a discutir o lugar da ciência em sociedades modernas.
Em homenagem à antropóloga, em 2017 foi publicada a coletânea Etnografia, o espírito da antropologia - tecendo linhagens: homenagem a Claudia Fonseca. Organizado por Jurema Brites e Flávia de Mattos Motta, a obra reúne trabalhos realizados sob a orientação de Fonseca, que foi responsável pela formação de dezenas de pesquisadores.[6] Em dezembro de 2021, Claudia Fonseca foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências, tomando posse em 2022.[7][8]
Finalista de 57º Prêmio Jabuti de melhor livro na categoria "Engenharias, Tecnologias, Informática", com a obra Parentesco, Tecnologia e Lei na Era do Dna. 2015[10]
Prêmio ANPOCS de Excelência Acadêmica 2020 - Antropologia, 2020[11][12]
Escritos
Livros
Parentesco, tecnologia e lei na era do DNA. Rio de Janeiro: Eduerj, 2014. 187p . ISBN 978-85-7511-335-6
Caminhos da adoção. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. 152p . ISBN 978-8524905841
Família, fofoca e honra: a etnografia de violência e relações de gênero em grupos populares. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000. ISBN 978-8570255143
Caminos del Adopción. Buenos Aires: Editora del Universidad de Buenos Aires, 1998. 120p .
Programas de Capacitação Legal. Porto Alegre: Themis: Assessoria Jurídica da Mulher, 1998. 60p.[13]
Nos caminhos da adoção. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 1995.
Fronteiras da cultura. Porto Alegre: UFRGS, 1993. 231p. ISBN 9788570252906
Coletâneas organizadas
Pesquisas sobre família e infância no mundo contemporâneo. Porto Alegre: Sulina, 2018. (org. com Chantal Medaets e Fernanda Ribeiro). ISBN 978-8520508275
Promessas e incertezas da ciência: Perspectivas antropológicas sobre saúde, cuidado e controle. Porto Alegre: Sulina, 2017. 255p . (org. com Denise Jardim) ISBN 978-8520507865
Antropologia e Direitos Humanos6. Rio de Janeiro: Mórula/ABA, 2016. 310p (org. com Parry Scott, Ana Lucia Schritzmeyer, Patrice Schuch, Eliane o´Ddwyer e Sérgio Carrara) ISBN 978-85-65679-36-7
Antropologia da ciência: desafios etnográficos e dobras reflexivas. Porto Alegre: Sulina, 2016. 310p (org. com Fabíola Rohden, Sandrine Machado, Heloisa Paim). ISBN 978-85-205-0750-6
Ciência, Medicina e Pericia nas Tecnologias de Governo. Porto Alegre: CEGOV/Editora da UFRGS, 2016. 171p. (org. com G. Maricato, L. Besem L. Duarte) ISBN 9788538603290
Ciência, identificação e tecnologias de governo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2015. v. 1. 234p. ISBN 9788538602729
El principio del 'interés superior' de la niñez tras dos décadas de prácticas: perspectivas comparativas. 2012. (org. com Ana Uziel e D, Marre)
Ciências na vida: Antropologia da ciência em perspectiva. São Paulo: Terceiro Nome, 2012. 307p . (org. com F. Rohden e P.S. Machado) ISBN 9788578160982
Políticas de proteção à infância: um olhar antropológico. Porto Alegre: Editora da UFRG, 2009. 225p. (org. com Patrice Schuch) ISBN 9788538600435
Antropólogos em Ação: Experimentos de Pesquisa em Direitos Humanos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. (org. com Soraya Fleischer e Patrice Schuch) ISBN 9788570259677
Etnografias da Participação. Santa Cruz do Sul: Editora da UNISC, 2006. 378p. (org. com Jurema Brites) ISBN 9788575781272
Antropologia, diversidade e direitos humanos: diálogos interdisciplinares. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. (org. com V. Terto) ISBN 9788570257574