Cláudia Wonder
Cláudia Wonder (São Paulo, 15 de fevereiro de 1955 — São Paulo, 26 de novembro de 2010) foi uma artista performer,[1] escritora, cantora-compositora, colunista e militante travesti brasileira pelos Direitos LGBT.[2] Primeiros anosClaudia logo cedo descobriu sua identidade de gênero. Ainda na adolescência, começou a frequentar a noite e a se inserir no contexto transgênero, sendo contemporânea dos grandes nomes do underground paulistano, como Andréa de Mayo, Telma Lipp, Nana Vogel, Brenda Lee, Roberta Close, Janaína Dutra, entre outras. CarreiraÍcone da cena underground, começou sua carreira artística fazendo shows em boates e logo estreou no teatro e no cinema. Ainda adolescente contracenou com grandes nomes nacionais, entre eles, Tarcísio Meira e Raul Cortez. Nos anos 1980 descobriu sua veia musical e estreou como letrista e vocalista da banda de rock Jardins das Delícias, com o show "O Vomito do Mito", no lendário clube paulistano Madame Satã. Depois formou a banda Truque Sujo e obteve sucesso junto a critica musical e ao público. No final da década de 80 mudou-se para a Europa e lá ficou durante onze anos, onde trabalhou em shows e depois como empresária na área da estética (a artista tinha formação como cabeleireira e maquiadora). De volta ao Brasil, retomou a carreira artística, participando de duas coletâneas musicais em CD "Melopéia", do selo Rotten e "Sonetos do poeta Glauco Mattoso", musicados por vários artistas, entre eles, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção. Para esse trabalho Claudia musicou o "Soneto Virtual", no qual faz dueto o cantor Edson Cordeiro, seu amigo. Participou ainda da primeira coletânea de electronacional no CD Body Rapture, do selo Lua Music, com a música "Tôníca do Haligalle", e em setembro de 2007 lançou seu primeiro CD solo FunkyDiscoFashion, pelo mesmo selo. A artista também lançou o livro intitulado Olhares de Claudia Wonder – Crônicas e Outras Histórias[3] em agosto de 2008 pelas Edições GLS[4] do Grupo Editorial Summus. Em junho de 2009, protagonizou o documentário "Meu Amigo Claudia", do cineasta Dácio Pinheiro, o qual conta sua trajetória e cuja première foi no Frameline Lesbian and Gay Film Festival of San Francisco, na Califórnia. Em virtude de sua identidade de gênero, por várias vezes foi detida, sexualmente molestada e enxotada de lugares. Segundo ela mesma revelou em entrevista, chegou a ser comparada aos mais perversos marginais “simplesmente por ser diferente das outras pessoas”. Isso lhe causou grande revolta e ela fez de sua revolta o motor para lutar contra o que considerava uma barbárie. Um de seus feitos foi ter conseguido fazer shows e frequentar as páginas culturais de jornais e revistas mesmo em plena Ditadura Militar.[5]
MilitânciaÍcone da comunidade LGBT, foi escolhida como abre-alas da Parada do orgulho LGBT de São Paulo de 2001,[6] além de madrinha do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, e foi incluída numa lista das 24 personalidades que marcaram 2010.[7]. Foi também coordenadora do Grupo de Estudos da identidade de Gênero "Flor do Asfalto"[8] e trabalhou como colunista e repórter da revista G Magazine e do site G online até 2008. Militante fervorosa, Cláudia ainda trabalhava como monitora de abordagem e comunicação do Centro de Referência da Diversidade, no projeto "Cidade Inclusiva", uma parceria da prefeitura da cidade de São Paulo com a União Europeia.[9] Meses antes de falecer, em meados 2010, ela concedeu uma entrevista à revista Trip, cujos trechos gravados são transcritos abaixo:[10]
Descrição da vida artísticaFilmografia
Teatro
Aparições na TVTV Cultura (Metrópolis, Fábrica do Som, Direções (em "O cego e o Louco"), de Débora Dubois e Vídeomagia – Má Consciência, de Vera de Sá e Marcelo Osório), SBT (Programa Silvio Santos, Programa do Gugu e Hebe), Rede TV! (Direito de Resposta, Super Pop e Adriane Galisteu), TV Globo (Domingão do Faustão) e TV Gazeta (Mulheres). Participações em videoclipesTrilogia Disco, do cantor Edson Cordeiro, Memórias, da roqueira Pitty, Eu Mesmo, da banda de rock Radikalez e Mina de Família, do grupo de funk Fulerô o Esquema. Músicas gravadasSoneto Virtual – Melopéia: compilação de sonetos de Glauco Mattoso, selo Rotten; Tônica do aliegalie: coletânea de electro nacional (CD Body Rupture), pela Lua Music; Claudia Wonder & The Lap Top Boys - funkyDiscoFashion, pela Lua Music FunkyDiscoFashion (com o qual ganhou prèmio-revelação da nova música brasileira no programa Solano Ribeiro, da Radio Cultura 1200); e Bach Man Kill The Thing He Loves (trilha sonora do curta-metragem A Cama do Tesão). Escritora e colunistaCláudia escrevia para a revista G Magazine as colunas Claudia Wonder e Hype. No site G Online tinha a página Wonderground trans. Publicou também o livro Olhares de Claudia Wonder: crônicas e outras histórias, pela Edições GLS, 2008.[11] MorteA performer faleceu em 26 de novembro de 2010 em decorrência de uma criptococose ("doença do pombo").[12] ReferênciasLigações externas |