Culcitaceae
Culcitaceae é uma família monotípica de pteridófitas pertencente à ordem Cyatheales da classe Polypodiopsida, constituída por um único género e duas espécies.[1][2] O género Culcita é de hábito terrestre, com uma ampla distribuição geográfica que inclui a Macaronésia (Açores, Madeira, Tenerife), a Península Ibérica e o norte do Neotrópico.[3][4] Especificamente no Brasil, ocorre na região sul e sudeste, presente em vegetação de floresta ombrófila da Mata Atlântica.[5] DescriçãoMorfologiaAs culcitáceas são plantas vasculares com ciclo de vida haplodiplonte no qual a alternância de gerações é bem marcada, com esporófitos e gametófitos multicelulares e independentes, com esporos como estrutura de dispersão e de resistência. O gametófito é um "talo" (corpo sem diferenciação anatómica), e o esporófito é um "cormo" (com raiz, vergôntea e sistema vascular). As espécies de Culcita são plantas herbáceas perenes. Os rizomas são rastejantes ou ascendentes. Têm um solenóstele e apresentam tricomas articulados. As características da família levam a que seja tradicionalmente incluída nas pteridófitas, sendo frequentemente consideradas fetos árboreos, embora tenham [[hábito [botânica)|hábito]] tendencialmente rastejante, reduzindo a visibilidade do tronco. Por apresentar esporófitos com megáfilos, ou frondes, a família é incluída entre as Euphyllophyta. A fronde é formada por um pecíolo e uma lâmina, os megafilos são maiores e mais complexos que os microfilos, tendo várias nervuras e caules do tipo sifonostelo e eustelo.[6] Os rizomas são bem desenvolvidos, prostrados ou sub-retos (não eretos), solenostélicos, com pêlos articulados (septados), longos e densos, que podem ser em tons amarelados. O corte transversal dos pecíolos mostra um feixe vascular afunilado ("gutter-shaped"). As frondes são divididas em pecíolo e lâmina foliar. Os pecíolos sulcados mostram um feixe vascular em forma de sulco quando visto em secção transversal. Ao longo do sulco do pecíolo, glândulas castanhas a castanho-avermelhadas correm em fila dupla ao longo de quase todo o comprimento. Os caules são tão peludos na base como a nervura central. A lâmina foliar é tão comprida como o pecíolo, tem quatro a cinco pinas e é sempre peluda, embora ligeiramente. Os pêlos castanhos, sedosos e brilhantes, têm cerca de 2 centímetros de comprimento, com exceção dos da lâmina, que têm apenas 0,5 a 1 centímetro. As frondes são grandes, 4-5 pinadas-pinatífidas, glabras (sem tricomas/pelos) a ligeiramente pubescentes (com tricomas/pelos), subcoriáceas. Nervuras livres, geralmente bifurcadas ("forked"). Os soros, estrutura onde os esporângios estão alojados, têm até 3 mm de largura, estão na parte distal (marginal) das nervuras, com paráfises. As nervuras terminam livremente e são frequentemente bifurcadas. Os soros têm cerca de 3 milímetros de largura, são terminais em relação às nervuras e têm paráfises (filamentos estéreis). O indúsio externo quase não se distingue do tecido foliar, o interno é claramente modificado. Os esporos são tetraédricos-esféricos, globosos e trilobados (estigma dividido em três partes), com marca trilete. Apresentam superfície levemente rugosa, com espínulos. Como em Dicksoniaceae, o indúsio apresenta duas valvas. A face externa é apenas diferenciada do tecido da lâmina, mas o indúsio interno é claramente modificado. O número cromossómico base é x = 66.[3] DistribuiçãoCulcita é um género de grandes fetos, nativo das Américas, Macaronésia e Península Ibérica. É o único género da família Culcitaceae na classificação do Pteridophyte Phylogeny Group de 2016 (PPG I).[7] Alternativamente, a família pode ser tratada como a subfamília Culcitoideae de uma família Cyatheaceae muito amplamente definida,[8] colocação que foi usada para o género na base de dados Plants of the World Online.[9] Filogenia e sistemáticaFilogeniaConstituída por um único género e duas espécies, é uma família monofilética[10] que já esteve classificada junto com a família Dicksoniaceae por terem características morfologicamente semelhantes. Posteriormente, análises de estudos moleculares informaram que, na verdade, está estreitamente aparentada com Plagiogyriaceae e com o género Calochlaena,[11] com o qual Culcita esteve usualmente associado. Esta relação filogenética é confirmada por caracteres anatómicos, incluindo o hábito de feto arbóreo que caracteriza o género.[11] [6] Atualmente, só o género Culcita é descrito para a família Culcitaceae, com apenas espécies: Culcita coniifolia (Hook.) Maxon (1911), na América do Sul; e Culcita macrocarpa Presl (1836), na Península Ibérica e Macaronésia.[1][2] Contudo, o género Culcita está estreitamente relacionado com as Plagiogyriaceae e, por vezes, foram-lhe atribuídas até dez espécies, a maioria das quais forma atualmente o género Calochlaena na família Dicksoniaceae, comum na região da Australásia. SistemáticaO género Culcita foi estabelecido em 1836 por Karel Bořivoj Presl com a espécie tipo Culcita macrocarpa C.Presl em Tentamen Pteridographiae, página 135, placa 5, figura 5.[1] O nome do género Culcita deriva da palavra latina para "almofada" e refere-se quer ao indúsio em forma de almofada quer à pilosidade das bases dos pecíolos. Um sinónimo de Culcita C.Presl é Dicksonia subgen. Balantium Gancho..[1] A família Culcitaceae Pic.Serm. foi estabelecida em 1970 em Webbia, Volume 24, página 702.[1] Culcita é o único género da família Culcitaceae.[1] Na sua presente circunscrição taxonómica, apenas duas espécies extantes do género Culcita são consideradas como validamente descritas: uma ocorre na Macaronésia e no sudoeste de Espanha; e a outra nos Neotrópicos. A distribuição natural dessas espécies é a seguintr:[12]
O género Culcita contém apenas duas espécies:
SinonímiaA base de dados taxonómicos World Checklist of Vascular Plants[14] lista os seguintes nomes como não sendo corretos, sendo portanto sinónimos de espécies anteriores ou de espécies transferidas para outros géneros:
Ocorrência no BrasilEssa família ocorre nos três estados do Sul brasileiro e em três estados do sudeste, especificamente Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.[5] Não há espécies endémicas, mas a que ocorre no país é a Culcita coniifolia (Hook.) Maxon (1911). [5] Referências
Bibliografia
Ligações externas |