Jorge Mautner – O Filho do Holocausto
Jorge Mautner – O Filho do Holocausto é um filme brasileiro de 2012 escrito e dirigido por Pedro Bial e Heitor D’Alincourt. O documentário, que retrata a história de Jorge Mautner, foi ideia de D’Alincourt e teve sua história baseada no livro O Filho do Holocausto, de Mautner. Foram incluídos depoimentos, fotos e imagens de diversos arquivos para a produção que Bial desejava que fosse "mais do que um documentário". A trilha sonora contou com regravações de canções de Mautner, totalizando 36 músicas tocadas ao longo do filme. O longa teve sua primeira exibição em 23 de março de 2012, no Festival É Tudo Verdade, e foi, posteriormente, exibido em diversos outros festivais, ganhando prêmios nos festivais de cinema de Recife e de Gramado e sendo indicado também para a mostra competitiva do Festival do Rio. A estreia nos cinemas brasileiros ocorreu em 1º de fevereiro de 2013 e desde então Jorge Mautner – O Filho do Holocausto vem recebendo análises positivas dos críticos especializados. SinopseO documentário narra a trajetória de Jorge Mautner após seus pais —uma austríaca católica de origem iugoslava e um judeu austríaco— fugirem do nazismo, na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e chegarem ao Rio de Janeiro, no Brasil, no início da década de 1940. Seu nascimento na cidade, seu contato com a cultura brasileira por meio de uma jovem negra que trabalhava como babá de sua família e cantava para ele sambas e cânticos de candomblé, sua ida para São Paulo, sua estada em Nova Iorque na década de 1960, suas parcerias com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Nélson Jacobina, bem como seu auge no mundo musical são contados pelo filme.[1][2][3][4][5][6][7] ElencoProduçãoEm 2008,[9] Heitor D'Alincourt sugeriu a Pedro Bial a produção de um filme sobre Jorge Mautner, lembrando que o cantor comemoraria setenta anos em 2011. Bial, que disse gostar de Mautner desde sua adolescência, aceitou a proposta e declarou que o ponto de partida para o filme foi a leitura de O Filho do Holocausto, livro escrito pelo próprio Mautner e lançado em 2006.[10][6] Ele disse ter se identificado com a história e que a gênese do filme partiu de sua compreensão da história dele, "um filho de refugiados." Bial comentou que sua vontade era que Jorge Mautner – O Filho do Holocausto "fosse mais do que um documentário: um documento sobre a passagem desse cara por aqui. Algo que, se daqui a 50 anos alguém queira saber quem foi Jorge Mautner, possa saber ao assistir ao filme."[4][10] A produção do documentário custou 800 mil reais, com investimentos do Canal Brasil e da Universidade Paulista (UNIP)[11] e contou com depoimentos, fotos e imagens da Cinemateca Brasileira, do centro de documentação da TV Globo (CEDOC) e de um filme Frank Capra, coletados pela pesquisadora Carla Siqueira.[4][10] O orçamento foi utilizado para as filmagens de Jorge Mautner – O Filho do Holocausto, que ocorreram ao longo de quatro dias em um estúdio no Rio de Janeiro, e para pós-produção, direitos fonográficos e finalização.[1][11] Pedro Bial contou que preferiu entrevistar pessoas próximas ao cantor ao invés de personalidades que foram influenciadas por ele, pois "queria fazer uma coisa bonita, e me incomodam muito as cabeças falantes comuns em documentários". Ele também disse que se fosse colher depoimentos não conseguiria manter a mesma qualidade técnica de plano do filme, luz, cenários e a câmera em movimento.[10] Trilha sonora
A trilha sonora é composta por 36 canções de Jorge Mautner, sendo 26 delas regravações interpretadas por Pedro Sá, Kassin, Domenico Lancellotti e Berna Ceppas.[2][4][5] A canção "Kilawea" foi indicada por Pedro Bial para fazer parte da trilha, mas Mautner recusou gravá-la várias vezes, aceitando apenas no quarto e último dia quando não houve mais tempo para incluí-la no filme. A equipe também desejava incluir uma música com a participação de Lulu Santos, mas isso não foi possível devido ao pouco tempo para gravações.[5][10] O lançamento da trilha sonora ocorreu antes do lançamento do próprio filme para o público brasileiro, ocorrendo em 3 de dezembro de 2012, na livraria da Travessa, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro.[3] O CD da trilha conta com quatorze das 36 canções usadas no filme e foi dedicado à memória de Nélson Jacobina, que morreu em 31 de maio de 2012.[2][12] Em 2 de abril de 2013, houve um show de lançamento da trilha sonora realizado no SESC Pompeia.[13]
Lançamento e recepçãoLançamento e prêmiosO filme foi exibido pela primeira vez em 23 de março de 2012 durante o Festival É Tudo Verdade, no Rio de Janeiro.[14] Posteriormente, foi rodado também na mostra competitiva do Festival de Recife, perdendo o prêmio de melhor filme para À Beira do Caminho, enquanto Jorge Mautner ganhou o Prêmio Especial do Júri.[15] Exibido no Festival de Gramado em 17 de agosto, o documentário foi premiado nas categorias Melhor Montagem, Melhor Roteiro e Melhor Trilha.[4][16] Foi também selecionado para a Première Brasil, mostra competitiva realizada durante o Festival do Rio.[17] Em novembro, integrou a mostra competitiva da nona edição do Amazonas Film Festival.[18] No circuito nacional, Jorge Mautner – O Filho do Holocausto, com distribuição da H2O Filmes, estreou em 1º de fevereiro de 2013, em 31 salas de cinema do Brasil.[19][20] Em abril do mesmo ano, foi apresentado no Cineclube Espaço Brasil, em Lisboa.[21] O longa foi lançado em DVD pelo Canal Brasil sob o selo Coleção Canal Brasil, em 22 de maio, no mesmo lugar em que ocorreu o lançamento do CD da trilha sonora: a livraria Travessa, onde Pedro Bial e Heitor D'Alincourt autografaram os exemplares comprados.[22][23] Recepção críticaJorge Mautner – O Filho do Holocausto recebeu críticas geralmente positivas dos críticos especializados.[18] O crítico Diego Benevides do jornal Diário do Nordeste elogiou o filme, dizendo que um dos grandes diferenciais "é a quebra da estrutura clássica do documentário, realizando jogos de cena dinâmicos e, principalmente, exuberantes" e que a fotografia e a direção conseguem "dar um ar de espetáculo musical até mesmo quando não existe trilha sonora em cena."[24] Escrevendo para o Estado de S. Paulo, Luiz Zanin notou que é feito um retrato "tanto musical como cultural" e que o documentário "é hábil em conduzir a biografia do personagem."[25] Thales de Menezes, da Folha de S. Paulo comentou que o filme "não é só música e depoimento" e que ele "[v]ai além porque traz ideias interessantes e muito bem realizadas."[26] O trabalho de pesquisa foi elogiado por João Carlos Sampaio, do jornal A Tarde, que criticou as "interferências egocêntricas" de Pedro Bial "que às vezes parece muito preocupado em ser também personagem do filme e arranja até um gancho para colocar a própria mãe diante das câmeras", embora tenha dito que isso não interfere no filme que é "bastante eficaz como introdução" ao artista.[27] Diversos críticos elogiaram a cena em que Jorge conversa com sua filha Amora,[1][25] porém Daniel Feix, da Zero Hora, criticou o não aprofundamento sobre outros fatos da vida do cantor.[28] Embora Paulo Camargo, escrevendo para a Gazeta do Povo, tenha chamado de trunfo a utilização do longa-metragem experimental O Demiurgo, gravado por Mautner em Londres, em 1972, ele também notou que "o envolvimento com as drogas e sua bissexualidade" são omitidos do filme.[1] Por outro lado, segundo Miguel Barbieri Jr., da Veja São Paulo, o maior mérito do filme é "abordar com transparência a figura do compositor carioca".[7] Aline Senzi do portal R7 notou a preocupação estética do longa, dizendo que o "resultado é um filme belo", porém, segundo ela, "não muito criativo". Ela afirmou que a alternância entre trechos musicais e entrevistas "[n]ão se torna em nenhum momento cansativa devido às histórias do violinista, contadas por ele e por pessoas íntimas na presença dele" e que ele diverte o público. No entanto, a crítica comentou que por se tratar de alguém muito "multifacetado" dificilmente uma única produção poderia abordar tudo o que há, dizendo que Jorge Mautner – O Filho do Holocausto "tenta, mas também não é capaz de fazê-lo".[6] Do AdoroCinema, o crítico Bruno Carmelo notou que para "um homem multifacetado e lúdico" foi utilizada uma "estética igualmente multifacetada e lúdica" e comentou que o filme "funciona como um caldeirão, uma espiral que sai de Mautner para chegar... a Mautner", embora tenha dito que "cumpre o seu papel, além de ser divertido e agradável de assistir".[29] Referências
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