Miguel Sousa Tavares
Miguel Andresen de Sousa Tavares (Porto, 25 de junho de 1950[1][2][2][3]) é um jornalista, editor, escritor e comentador político português.[4] Os seus artigos de opinião (mais recentemente, na SIC Notícias, Expresso e TVI 24) são, frequentemente, polémicos.[5][6][7] É um habitual crítico do Acordo Ortográfico,[8][9] da Lei do Tabaco,[10][11] de várias greves em Portugal,[12][13][14] da privatização da TAP,[15][16] do partido Pessoas-Animais-Natureza[17][18] e das Forças Armadas.[19][20] BiografiaMiguel Sousa Tavares, jornalista, cronista e escritor, nasceu no Porto, filho do advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares e da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. Entre os seus ascendentes constam figuras da aristocracia portuguesa, sendo bisneto de Tomás de Melo Breyner, que usou o título de 4.º Conde de Mafra, e trineto de Henrique Burnay, 1.º Conde de Burnay; é igualmente primo em terceiro grau de José Avillez. À exceção do período em que, durante a sua infância, viveu com os tios em Jazente, município de Amarante, Miguel Sousa Tavares cresceu em Lisboa. Estudou no Colégio São João de Brito e foi na capital que se licenciou em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e que iniciou a sua vida profissional na advocacia — durante 12 anos foi advogado, integrando o escritório do seu pai, Francisco Sousa Tavares, até optar exclusivamente pelo jornalismo, em finais da década de 1980. Integrou também, como jurista, a Comissão de Extinção da PIDE/DGS.[21] Os primeiros passos de Miguel Sousa Tavares na comunicação social ocorreram em 1978, ano em que ingressou na RTP. Em 1987, na estação pública, estreou-se como apresentador, com Face a face, um programa de entrevistas de figuras da cultura e da política portuguesa. Também moderou debates, como aquele em que opôs Mário Soares e Diogo Freitas do Amaral, nas eleições presidenciais de 1986. Em 1989 participou na fundação da revista semanal Grande Reportagem. Nesta publicação foi diretor durante dez anos; primeiro da versão trimestral, entre 1990 e 1991, subsequentemente da versão mensal, iniciada em outubro de 1991, abandonando o cargo no ano de 1999. Antes, em 1989, fora escolhido para diretor da revista Sábado, fundada por Pedro Santana Lopes e Rui Gomes da Silva, mas abandonara o cargo ao fim de alguns meses, devido à instabilidade interna da revista. Na SIC, a partir da década de 1990, apresentou Terça à Noite, um debate com António Barreto e Pacheco Pereira,[22] emitido de 1993 a 1995, ao mesmo tempo que, em 1994, apresentou 20 anos, 20 nomes, uma série de 20 entrevistas, assinalando os 20 anos do golpe de 25 de abril de 1974, com protagonistas da história portuguesa recente. De 1995 a 1998 apresentou ainda na SIC, com Margarida Marante, o programa sobre atualidade política Crossfire. Chegou também, na década de 1990, e por um curto período, a apresentar, aos domingos, o Jornal da Noite. Em 1998 Sousa Tavares terá sido convidado para o cargo de diretor-geral da RTP, que afirma ter recusado.[23] Em 1999 passou para a TVI, onde partilhou o debate Em Legítima Defesa, com Paula Teixeira da Cruz e moderação de Pedro Rolo Duarte. A partir de 2000, na mesma estação, viria a marcar presença assídua às terças-feiras no Jornal Nacional, na análise à atualidade nacional e internacional. Em 2010 regressou à SIC, com Sinais de Fogo, um programa semanal de comentário político. De 2011 a 2018 foi comentador residente, na mesma estação, às terças-feiras, no Jornal da Noite.[carece de fontes] Em 2021 anunciou a despedida da televisão, voltando a ser comentador político da TVI em 3 de setembro de 2023.[24] Crónicas em jornaisDesde os anos 1990 Miguel Sousa Tavares publica crónicas em jornais. Começou em 1990, no Público, onde assinou uma coluna semanal durante 12 anos consecutivos, até 2002. Entretanto, estendeu a sua colaboração ao desportivo A Bola, à revista Máxima e ao informativo online Diário Digital. Atualmente é colunista semanal do jornal Expresso e mantém-se n' A Bola, onde se evidencia como adepto do Futebol Clube do Porto. Cronista e romancistaA par do jornalismo, Sousa Tavares revelou-se na escrita, quer como cronista quer como romancista. Das suas incursões literárias resultam compilações de crónicas (sobretudo acerca de política e viagens), romances, livros de contos e uma história infantil. O seu romance Equador, editado em 2004, foi um best-seller, estando traduzido em mais de uma dezena de línguas estrangeiras. Rio das Flores, o seu romance seguinte, lançado em 2007, teve uma primeira tiragem de 100 mil exemplares. Recebeu o Prémio de Jornalismo e Comunicação Victor Cunha Rego, em 2007. Ativismo políticoNão sendo filiado em nenhum partido político, ao contrário dos seus pais — Francisco Sousa Tavares foi do Partido Popular Monárquico e, mais tarde, deputado pelo Partido Socialista à Assembleia da República, saindo depois e passando para o Partido Social Democrata — foi Ministro num governo da AD —, e Sophia foi deputada pelo Partido Socialista na Assembleia Constituinte — Miguel Sousa Tavares participou alguns movimentos cívicos, em ocasiões esporádicas. Em 1998, na oposição à regionalização administrativa, integrou a direção do Movimento Portugal Único, defensor do «não» no referendo lançado pelo governo de António Guterres sob proposta de Marcelo Rebelo de Sousa; e em 2009 foi uma das principais vozes na contestação ao prolongamento do terminal de contentores de Alcântara, numa concessão polémica do executivo camarário de António Costa à construtora Mota Engil, quando esta tinha como administrador o também socialista Jorge Coelho. PolémicasInvestimento no Grupo Espírito SantoMiguel Sousa Tavares investiu no Grupo Espírito Santo cerca de dois milhões de euros em unidades de participação do fundo ES Liquidez, num total de cinco movimentos bancários feitos ao longo do ano de 2013. Sousa Tavares não sabia. “Nunca, com o meu conhecimento ou autorização, fui investidor de produtos do BES e do GES”.[25] Direitos dos fumadoresSousa Tavares é fumador e defende militantemente os direitos dos fumadores. Nessa qualidade tem defendido, por exemplo, que todos os aviões deviam ter obrigatoriamente lugares para fumadores. Aquando da implementação da nova lei do tabaco em Portugal, que proíbe veementemente o fumo em estabelecimentos com menos de 100 metros quadrados, Sousa Tavares fez questão de referir que considera incoerente e incompreensível que o Governo se oponha desta forma ao tabaco em locais como prisões, e ao mesmo tempo, ofereça condições para que os reclusos se injectem, referindo que esta lei é um atentado à liberdade e aos direitos dos fumadores. Por fim, deixou bem claro que faz questão de deixar de frequentar locais onde não seja permitido fumar. Afirmou que a lei antitabaco faz lembrar "os primeiros decretos antijudeus da Alemanha nazi"[26] e "o fumo nos restaurantes, que o Governo quer limitar, incomoda muitíssimo menos do que o barulho das crianças - e a estas não há quem lhes corte o pio."[27] Corridas de tourosMiguel Sousa Tavares, aquando da abolição das touradas na Catalunha pelo governo regional, referiu no jornal da noite da SIC, quando questionado se em Portugal se poderia adotar este caminho, "que este é o caminho da estupidez". Para MST o "que está em causa é uma questão de liberdade, e em Democracia as minorias são respeitadas", referindo ainda que "só vai a uma tourada quem quer". MST considera que a aversão às touradas se deve a uma imaturidade democrática e a uma carência de cultura, referindo que a maioria da população desconhece as origens da tourada e seus meandros, e que grandes pintores espanhóis pintaram touradas, desde Goya, Salvador Dali e Picasso. Refere ainda que levada ao extremo, a abolição das touradas conduz à extinção dos touros de morte, pois são animais criados especificamente para este efeito. MST considera ainda, quando questionado sobre a barbárie do espetáculo tauromáquico que choca várias pessoas, que "os combates de boxe quando saem de lá todos a sangrar também chocam muita gente" e "as corridas de automóveis onde podem morrer condutores e espectadores também chocam" e que não é por isso que são banidos.[28] Acordo OrtográficoMiguel Sousa Tavares é um conhecido opositor ao Acordo Ortográfico de 1990, tendo os seus livros no Brasil sido grafados e impressos com a ortografia europeia do português antes do dito acordo. Acusado de plágioSousa Tavares venceu o processo em que foi acusado pelo blogue anónimo freedomtocopy de plágio literário em Equador. O autor do blogue criou este espaço unicamente para lançar a calúnia, tendo esta sido categoricamente refutada por Sousa Tavares, assim como os críticos que se dedicaram à análise das obras. Com efeito, o caluniador sugeria que logo os primeiros parágrafos das obras são semelhantes, algo que facilmente se pode comprovar ser falso ao comparar ambas as obras. Segundo Sousa Tavares, "um dos suspeitos é bloguista do Bloco de Esquerda que gosta de pôr coisas anónimas, por uma questão de traumas pessoais, e o outro é um escritor falhado e invejoso, cuja produção literária consiste em destruir os outros".[29] O livro em questão chama-se no original Cette nuit la liberté de Dominique Lapierre e Larry Collins, e foi lido por 35 milhões de leitores, segundo informação da editora Pocket. Outras opiniões- Em entrevista ao jornal brasileiro O Globo em 26 de junho de 2004, Miguel Sousa Tavares assim descreveu o papel do livro e do escritor:
- Em entrevista ao Diário de Notícias em 5 de julho de 2009, Miguel Sousa Tavares informou em entrevista que pensa em emigrar para o Brasil. Pois:
- Em entrevista ao Diário de Notícias em Julho de 2009, afirmou que:
- Em entrevista ao Diário de Notícias em Outubro de 2009, Miguel Sousa Tavares saiu em defesa da actriz brasileira Maitê Proença afirmando que:
- No Jornal da Noite da SIC de 8 de Junho de 2010, convidado (junto com Pedro Santana Lopes) a pronunciar-se sobre último jogo de preparação de Portugal para o Mundial da África do Sul, Miguel Sousa Tavares defendeu a proibição das vuvuzelas. - Em Maio de 2013, em entrevista ao Jornal de Negócios chamou palhaço a Cavaco Silva, que apresentou queixa à Procuradora-Geral da República. O número um do artigo 328º do Código Penal estabelece que “quem injuriar ou difamar o Presidente da República, ou quem constitucionalmente o substituir, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa”. O número 2 diz que “Se a injúria ou a difamação forem feitas por meio de palavras proferidas publicamente, de publicação de escrito ou de desenho, ou por qualquer meio técnico de comunicação com o público, o agente é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com pena de multa não inferior a 60 dias”.[31] Em maio de 2014, em entrevista ao jornal "i" disse "politicamente, o que eu penso de Cavaco é bem pior que palhaço".[32] - A Comunidade de Países de Língua Portuguesa é uma instituição inútil (outubro de 2016).[33] No rescaldo das Eleições Parlamentares Europeias de 2019, discordando da existência de total entrosamento ideológico entre o partido Pessoas–Animais–Natureza, que havia elegido o seu primeiro Eurodeputado, e os restantes partidos ecologistas europeus, que haviam obtido um aumento no número de lugares nessas mesmas eleições, referiu que "o mundo rural detesta o PAN", e referiu-se ao seu eleitorado como sendo aquilo a que ele chama os "urbano-depressivos", que "comem alface", "são Vegans", e para os quais "não se pode tocar nos animais", considerando, todavia, que era "uma bofetada de luva branca" no Partido Ecologista Os Verdes, ao qual chamou "apêndice do PCP", o qual, "de verde, não tem nada", vindo a preencher um vazio que existia a nível de Partidos Ecologistas em Portugal.[34] Em março de 2020 afirmou Ricardo Araújo Pereira é muito pouco criativo, muito pouco imaginativo e muito preguiçoso.[35] BoatosDe entre os vários boatos postos a circular, sobretudo na internet, a propósito de MST, destaca-se a carta aberta de uma professora, que circula desde 2008 e que o acusa de ter afirmado que «os professores são os inúteis mais bem pagos deste país». Trata-se de uma farsa que foi desmentida pelo próprio, em artigo publicado no Expresso: «(…) nunca disse, nunca escrevi e nunca me ocorreu pensar tão estúpida frase. É absolutamente falsa, de fio a pavio. Quem a inventou sabia bem que a melhor forma de atingir um adversário não é discutindo as razões dele, mas atacando-lhe o carácter. E quem a adoptou logo como verdadeira e do 'domínio público', sem nunca, pessoalmente, a ter escutado ou lido, mostrou como é fácil conduzir um rebanho de ovelhas nesses fóruns tão democráticos da Internet. E pensar que é assim que hoje se forma largamente a opinião pública!»[36] Obras
Prémios
Casamentos e descendênciaCasou pela primeira vez a 7 de abril de 1973, no Estoril, com Mariana Espírito Santo Bustorff Silva (Lisboa, São Sebastião da Pedreira, 9 de dezembro de 1951 — 1 de janeiro de 2001), de quem se divorciou e de quem teve um filho e uma filha:
Casou segunda vez com a jornalista Laurinda Alves, de quem se divorciou e de quem tem um filho:
Casou terceira vez, em 2003, com Cristina Pinto Basto Avides Moreira, de quem se divorciou em 2009, sem geração.[48] Teve um relacionamento entre 2009 e 2010 com a escritora luso-brasileira Tatiana Salem Levy.[49] Casou pela quarta vez com a deputada centrista Teresa Caeiro em Pavia, Mora, a 25 de junho de 2011,[50] relação que durou até 2017. Referências
Ligações externas
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