Parábola do Vinho Novo em Odres VelhosA parábola do Vinho Novo em Odres Velhos é um par de parábolas contadas por Jesus no Novo Testamento, encontradas em Mateus 9:14–17, Marcos 2:18–22 e Lucas 5:33–39. Uma versão das parábolas também aparece no Evangelho de Tomé.[1] O episódio anterior a este é o Chamado de Mateus como discípulo de Jesus. E a parábola dos odres parece ser parte de uma discussão em um banquete realizado por seu novo discípulo (Lucas 5:29).[2] NarrativaNo Evangelho de Mateus, a parábola é contada assim:
Em Marcos:
Por fim, no Evangelho de Lucas:
InterpretaçãoNão se sabe exatamente qual o significado exato deste famoso dito em seu contexto original, mesmo para os acadêmicos modernos.[3] Geralmente se interpreta o trecho indicando que Jesus estaria propondo uma nova forma de realizar as coisas. Jesus, desta forma, parece estar preocupado que tanto o "remendo novo" e o "vinho novo" quanto o "vestido velho" e o "odre velho" sejam preservados.[4] É possível ainda que ele estivesse tentando indicar que é necessário jogar fora as coisas velhas que são incompatíveis com seu novo caminho.[5] Outra possibilidade é que as coisas velhas são dignas de serem preservadas, mas não misturadas com as novas. As metáforas nas duas parábolas foram retiradas da cultura da época.[6] Pano novo ainda não tinha encolhido com as lavagens, de modo que o uso de pano novo em roupa velha, causaria o rompimento da roupa velha pois o pano novo vai encolher quando for lavado.[7] Do mesmo modo, odres velhos tinham sido "esticados até ao limite" [7] e tornado-se frágeis [6] com o vinho fermentado que havia dentro deles, usando-os novamente, portanto, arriscaria estourá-los.[7] Uma das interpretações das duas parábolas diz respeito à relação entre "o ensinamento de Jesus e do judaísmo tradicional.[6] Muitos, especialmente os cristãos, interpretaram o trecho como significando que Jesus era o início de uma nova religião, distinta da religião de João Batista e do judaísmo, como é o caso de Inácio de Antioquia.[8] Alguns cristãos também utilizaram este trecho para propor novos meios de ser cristão ou mesmo formas muito distintas de cristianismo. Contra esta interpretação, Lucas 5:39 acrescenta: "Ninguém que já bebeu vinho velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom." Este dito também é encontrado parcialmente como dito 47 no Evangelho de Tomé.[9] Em Marcos, este conflito é o ponto central da disputa inicial de Jesus com os doutores da Lei. Segundo alguns intérpretes, Jesus e "seu novo ensinamento contra o velho caminho dos fariseus e dos escribas".[2] No segundo século, Marcião , fundador do marcionismo, usou a passagem para justificar a total separação entre a "religião que Jesus e Paulo defendiam" das Escrituras hebraicas, uma ruptura completa do cristianismo em relação ao judaísmo, principalmente em relação ao Antigo Testamento[10] Outros intérpretes vêem Lucas como demonstrando as raízes do cristianismo no judaísmo,[2] dizendo que "Jesus trouxe algo de novo, e os rituais e tradições do judaísmo oficial não poderiam contê-lo".[11] A interpretação preferida de João Calvino indica que as roupas velhas e os odres velhos são representações dos discípulos de Jesus. Em seu "Comentário sobre Mateus, Marcos e Lucas",[12] ele explica que o vinho novo e o odre não alargado representam a prática de jejuar duas vezes por semana. Jejuar assim seria um incômodo para os novos discípulos e seria mais do que eles poderiam suportar. Lucas 5:39Lucas termina estas parábolas afirmando que Jesus declarou que o vinho velho é geralmente melhor que o vinho novo — «Ninguém que já bebeu vinho velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom» (Lucas 5:39) — um comentário que não existe nos dois outros evangelhos sinóticos. Este versículo apresenta algumas dificuldades de interpretação. Se Jesus está ensinando um distanciamento do judaísmo, teria dito que o velho é melhor?[13] Diversas explicações foram propostas ao longo dos séculos. Uma delas defende que o versículo não pertence ao texto e deveria ser desconsiderado ou removido, uma visão adotada, por exemplo, por Marcião.[13] Outros propõem que Jesus está lembrando que os padrões antigos e familiares são difíceis de mudar.[14] Outra explicação sugere que Jesus estaria tentando salvar o "velho" e o "novo" seria uma referência aos ensinamentos de seus críticos. Outros ainda retraduzem as palavras gregas originais de forma diferente para tentar dar um sentido novo à frase.[13] Uma abordagem diferente proposta é a de não se assumir que Jesus estaria falando de "velho" e "novo" em relação a ensinamentos religiosos, mas sobre sua forma de escolher os discípulos. Assim, Jesus usa novos métodos ("novas roupas") para prover novos homens ("odres") com uma nova mensagem ("vinho").[13] Ele não rejeita o "velho", mas este é limitado e não acessível para todos. Conforme avança seu ministério, ele demonstra que sua abordagem é inclusiva e, por isso, encontra os rejeitados, os pobres e os enfermos.[13] Ver tambémReferências
Bibliografia
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