Pedra sobre Pedra
Pedra sobre Pedra é uma telenovela brasileira que foi produzida e exibida pela TV Globo em 6 de janeiro até 31 de julho de 1992, com 179 capítulos,[1] A reexibição do último capítulo ocorreu em 1º de agosto.[2] Substituindo O Dono do Mundo e sendo substituída por De Corpo e Alma, foi a 45ª "novela das oito" exibida pela emissora. Teve a autoria de Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn, com colaboração de Márcia Prates e Flávio de Campos, foi dirigida por Paulo Ubiratan, Luiz Fernando Carvalho, Gonzaga Blota e Carlos Magalhães. A direção geral foi de Paulo Ubiratan. Foi coproduzida com a Radio e Televisão Portuguesa (que financiou 20% da produção)[1] e exibida em horário nobre na RTP1.[2] Contou com as participações de Lima Duarte, Renata Sorrah, Armando Bógus, Eva Wilma, Maurício Mattar, Adriana Esteves, Eloísa Mafalda e Fábio Júnior,[1] em uma trama que trata da rivalidade entre duas famílias no sertão nordestino, repleta de elementos de realismo fantástico.[2] ProduçãoRoteiroAguinaldo Silva trazia em Pedra Sobre Pedra vários elementos em comum com seus outros trabalhos, como a ambientação em uma cidade fictícia que faz as vezes de microcosmo do Brasil, cenas de realismo mágico e personagens com características parecidas. Aguinaldo já tinha apresentado estes elementos em Roque Santeiro e Tieta, e posteriormente em Fera Ferida, A Indomada, Porto dos Milagres e O Sétimo Guardião.[2] O realismo fantástico de Aguinaldo era visto, por exemplo, na flor de Jorge Tadeu que enlouquecia as mulheres que a comiam, além de situações de humor, comédia e curiosidade, apresentadas nas figuras de Sérgio Cabeleira, um homem que sofria a cada lua cheia por se sentir fortemente atraído por ela. E Dona Quirina, uma mulher de 120 anos de idade e memória prodigiosa.[1] Os figurinos também tinham uma concepção atemporal e traziam a mistura de detalhes de fantasia.[2] GravaçãoPedra Sobre Pedra é uma co-produção da Rede Globo com a emissora portuguesa RTP, que financiou 20% da produção.[2] Algumas cenas da trama foram gravadas em Lisboa.[2] Dois atores portugueses vieram ao Brasil para atuarem na telenovela, Carlos Daniel e Suzana Borges. Esta foi a segunda vez que a Globo fez parceria com uma emissora europeia. A primeira havia sido Lua Cheia de Amor, em 1990.[3] A telenovela contou, na época, com a maior cidade cenográfica construída até então pela Rede Globo.[2] Pela primeira vez, foi usado também um calçamento em pé-de-moleque de verdade, colocado sobre uma base de concreto, para não ser danificado pela chuva ou lama.[2] A construção do acampamento cigano, com três tendas de 60 m², exigiu um rigoroso trabalho de pesquisa.[2] Na construção da gruta de 1 500 m², a produção fez uso de fibra de vidro e materiais naturais, como pedra e areia.[2] As gravações fora da cidade cenográfica aconteceram nos municípios fluminenses de Volta Redonda, Valença e Vassouras e o Alto da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.[2] Fora deste estado, a produção gravou na cidade baiana de Lençóis, onde a equipe teve de escalar despenhadeiros com equipamento às costas.[2] A cidade de Resplendor e o enredo da novela foram inspirados no cotidiano da cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina, que durante o século XX foi a maior exportadora de diamantes do mundo. Em diversos capítulos, os diálogos deixam claro a importância do garimpo de diamantes para a cidade fictícia de Resplendor que, em alguns trechos, é chamada de "A Capital dos Diamantes". Os primeiros capítulos e a maior parte das tomadas externas e aéreas foram feitas na Chapada Diamantina e, em especial, no município de Lençóis. A disputa política dualista entre famílias tradicionais foi inspirada em conflitos reais da região de Lençóis. A relação entre o enredo e o ambiente original do interior baiano foi tão significativo, que parte do cenário colonial montado no Projac para a segunda parte da novela, replicava construções reais do casario da tombada Lençóis. Na questão do elenco, a personagem principal Pilar Batista, estava destinada inicialmente a Betty Faria, mas acabou ficando com Renata Sorrah, Betty acabou sendo relocada para a novela seguinte, "De Corpo e Alma". Enquanto a personagem de Marina Batista foi destinada a Cristiana Oliveira, mas quem ficou com o papel foi Adriana Esteves, então Cristiana acabou reservada, também, para a novela seguinte, "De Corpo e Alma". Arlete Salles teve de aprender a andar de lambreta, veículo usado pela sua personagem Francisquinha.[2] Enquanto que Lília Cabral, intérprete da prostituta Alva, teve aulas com a professora de prosódia Iris Gomes da Costa para aprender o sotaque gaúcho.[2] Para interpretar Sérgio Cabeleira, Osmar Prado teve como primeira referência o filme de drama italiano Kaos (1984), dos Irmãos Taviani, indicação do diretor Luiz Fernando Carvalho para ajudar o ator na composição do personagem.[2] Pedro Paulo Rangel, que fez o homossexual Adamastor, contou que foi construindo o personagem com a resposta que recebia do público nas ruas.[2] Nívea Maria homenageou a sua mãe com sua personagem Ximena, uma portuguesa inserida em um contexto nordestino, uma sugestão da própria atriz ao diretor Paulo Ubiratan, que aceitou.[2] O próprio Paulo Ubiratan fez uma participação no último capítulo da novela, como um pretendente que a personagem Pilar Batista conhece ao embarcar em uma viagem.[2] Nuno Leal Maia participou dos últimos capítulos da novela, no papel de um delegado.[2] Eduardo Moscovis fez sua estreia na Rede Globo na novela, ainda como Carlos Eduardo de Andrade, no papel do cigano Tíbor.[2] Estreia também de Isadora Ribeiro em novelas globais. A atriz já tinha feito Brasileiras e Brasileiros, em 1990, no SBT. Primeira novela "das oito" de Tereza Seiblitz, que havia estreado no horário das 18h, em Barriga de Aluguel, em 1990. O ator Armando Bógus, que fazia o vilão Cândido Alegria, ficou muito doente durante a novela e Aguinaldo Silva decidiu diminuir as entradas e falas do ator para poupá-lo. Mas ele reclamou, alegando que suportaria as gravações em ritmo normal, e levou o papel até o fim brilhantemente. Essa foi a última novela do ator, que ainda faria a minissérie Sex Appeal, que morreu em 2 de maio de 1993.[2] SequênciaNo decorrer de Pedra sobre Pedra, o diretor Luiz Fernando Carvalho concebeu uma sequência importante com inspiração no Movimento Armorial de Ariano Suassuna, levada ao ar seis meses depois na trama, mostrando uma celebração em homenagem a Nossa Senhora da Luz, santa padroeira da cidade de Resplendor, fictícia da trama. O sucesso da sequência intitulada O Auto de Nossa Senhora da Luz, confirmado pelo número de pedidos de reprise feitos por telespectadores à emissora, foi determinante para transformar o material em um telefilme, com cenas adicionais escritas por Braulio Tavares e interpretadas pelo músico e ator Antônio Nóbrega. Concorreu ao Prêmio Emmy Internacional de Televisão em 1993.[4] Vinheta de aberturaQuem aparece na abertura da novela é a modelo Mônica Fraga. A modelo tornou-se atriz e tem participado de novelas globais, como Tropicaliente e Senhora do Destino. Através da computação gráfica, o corpo da modelo foi transformado em rochas e montanhas. As gravações da vinheta de abertura foram feitas em Lençóis, na Chapada Diamantina, na Bahia, onde havia formas naturais que favoreciam a montagem desejada. Depois, em computador, suas pernas, rosto e colo ganhavam o contorno das paisagens da chapada. ReexibiçõesFoi reexibida pelo Vale a Pena Ver de Novo de 10 de abril a 11 de agosto de 1995, substituindo Tieta (outra novela de Aguinaldo Silva, por sinal) e sendo substituída por Renascer. Foi reexibida na íntegra pelo Canal Viva de 26 de janeiro a 21 de agosto de 2015, substituindo A Viagem e sendo substituída por Cambalacho, às 14h30. [5][6] Exibição internacionalPedra sobre Pedra foi vendida para Bolívia, Chile, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, entre outros países.[2] A novela fez sucesso em Cuba, onde foi exibida com o nome Te Odio mi Amor, o título adaptado da novela veio da relação de amor e ódio entre Murilo e Pilar.[2] Lima Duarte visitou Cuba e esteve em uma tradicional fábrica de charutos, que seu personagem fumava, e foi muito bem recebido pelos funcionários. Segundo o ator, o que conquistou o público cubano foi a relação de amor e ódio entre seu personagem e o de Renata Sorrah.[2] Outras mídiasFoi disponibilizada na íntegra na plataforma de streaming Globoplay em 18 de julho de 2022.[7] EnredoA pequena cidade de Resplendor, localizada no sertão nordestino, era o palco das disputas políticas entre os Pontes e os Batista. Murilo Pontes ia se casar com a jovem Pilar Farias, por quem Jerônimo, o herdeiro dos Batista, também era apaixonado. No dia do casamento de Murilo e Pilar, a noiva diz não em pleno altar, por acreditar que Murilo fosse o pai da criança que Eliane, sua melhor amiga, estava esperando. Desejando vingança, Pilar se casa com Jerônimo, inimigo de Murilo, enquanto este se casa com Hilda, uma jovem que sempre o amara. Dessa união nasce Leonardo, e Murilo vai seguir carreira política em Brasília, enquanto Pilar tem uma filha, Marina, e fica viúva no dia do nascimento da filha. Antes disso, a filha de Eliane nasce, mas a mãe morre no parto e Pilar assume a educação da menina, dando-lhe o nome da mãe, Eliane. Com a morte do marido, Pilar assume a liderança da família Batista, composta agora por ela, sua filha Marina, seu cunhado boêmio Carlão Batista (único irmão de Jerônimo) e a avó de Carlão e Jerônimo, a centenária Dona Quirina, de 120 anos de idade. Vinte e cinco anos se passam, Murilo está de volta a Resplendor e reencontra Pilar querendo fazer de sua filha, Marina, a prefeita da cidade, destino que ele reservara para seu filho, Leonardo. Mas os dois não contam que seus filhos, ao se conhecerem, se apaixonam e têm que esconder esse amor por causa da rivalidade entre seus pais, rivalidade essa que oculta um amor mal resolvido. Mas os Pontes e os Batista terão na briga pelo comando de Resplendor um adversário perigoso: Cândido Alegria, um homem que enriqueceu roubando e matando o amigo português Benvindo Soares, e que nutre uma paixão por Pilar Batista. Para conseguir o que quer - a prefeitura de Resplendor e o coração de Pilar - Cândido Alegria conta com a ajuda da ambiciosa Eliane, a agregada da família Batista, que nem desconfia de que ele é o seu pai biológico. Mas Resplendor tem outros mistérios. A cidade recebe a visita do enigmático fotógrafo Jorge Tadeu, que se ocupa em fotografar e seduzir as mulheres casadas da cidade. Entre elas, Úrsula, filha da beata Gioconda, a irmã de Murilo Pontes. Também está na cidade um grupo de ciganos liderados por Yago. A irmã de Yago, a bela Vida, se apaixona por Carlão Batista, mas tenta fugir a essa paixão, por saber que seu irmão não permitirá esse envolvimento. Carlão é o cunhado de Pilar e proprietário do Grêmio Recreativo Resplendorino, que é dirigido por seu amigo e confidente Adamastor. Elenco
Andréa Avancini é creditada na abertura, mas sua personagem nunca entrou na novela. 1º Fase
Participações especiais
MúsicaVolume 1
Capa: Adriana Esteves
Volume 2
Capa: Isadora Ribeiro
RepercussãoO cordão usado pela personagem Marina e um pingente da personagem de Úrsula viraram moda nacional. O figurino vibrante da cigana Vida, também fez sucesso.[2] Por conta de um banho de cachoeira de sua personagem, Úrsula, e dos camisolões transparentes que ela usava, a atriz Andréa Beltrão virou sex symbol.[2] A música tema de Úrsula, "Madana Mohana Murari", de Tomaz Lima, o "Homem de Bem", tornou-se uma das 10 músicas mais tocadas do Brasil na época. Foi a primeira vez que um mantra atingiu os meios de comunicação. Gioconda Pontes (Eloísa Mafalda), chamava Eliane (Carla Marins), a filha de Cândido Alegria (Armando Bogus), de "bastardinha". Carla Marins foi o grande destaque do ano, se tornando capa da edição de 17 anos de aniversário da revista Playboy, em agosto de 1992. Uma das cenas mais marcantes da novela, foi a do assassinato do retratista Jorge Tadeu (Fábio Jr.), encontrado morto, em sua cama, enquanto borboletas sobrevoavam seu corpo. Essa cena foi ao ar no capítulo de número 30, no ar em 8 de fevereiro de 1992, um sábado. A pergunta "Quem matou Jorge Tadeu?!" parou o país. As namoradas do personagem foram vividas por Andréa Beltrão, que fazia a esfuziante Úrsula; a delegada Francisquinha, a fogosa Rosemary, personagem de Elizângela; a ingénua Suzana, personagem de Isadora Ribeiro; e a discreta Ximena, personagem de Nívea Maria. Outra cena marcante foi a do último capítulo, em que Cândido Alegria (Armando Bogus), se transforma em pedra. A questão do racismo foi apresentada quando o padre Otoniel, de Antônio Pompêo assume a paróquia de Resplendor e provoca a ira racista de Gioconda Pontes, de Eloísa Mafalda.[10] AudiênciaSua média geral de 57 pontos e considerada a 6ª de maior audiência da história da televisão brasileira.[11] LegadoOs autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares reviveram o personagem Murilo Pontes, interpretado por Lima Duarte, como forma de homenagear o ator, na novela A Indomada, exibida em 1997. O personagem participou de uma partida de pôquer em Greenville, cidade fictícia onde a novela era ambientada.[2][12] O texto de A Indomada também fez várias referências a Pedra sobre Pedra. Quando Murilo Pontes encontrou Zenilda (papel de Renata Sorrah, que fez Pilar em Pedra sobre Pedra), ele perguntou a ela se os dois não se conheciam de algum lugar. Ela responde que talvez de alguma outra encarnação.[12] A personagem Altiva, de Eva Wilma, também fazia comentários sobre a mulher de Pontes, Hilda (personagem da atriz em Pedra sobre Pedra).[12] A fictícia cidade de Serro Azul, referida muitas vezes pelos personagens como um município vizinho de Resplendor, foi reutilizada da mesma forma em tramas futuras de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares como Fera Ferida, A Indomada e Saramandaia. Pedra Sobre Pedra não possuiu a trilha sonora de músicas internacional, no mesmo caso ocorreu em Tieta de 1989 dos mesmos autores. PrêmiosTroféu APCA (1992):
Troféu Imprensa de 1993 (1992): Notas e referênciasNotasReferências
Ligações externas
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