Povoado do Outeiro do Circo
O Povoado do Outeiro do Circo, também conhecido como Cerro dos Muros, é um sítio arqueológico da Idade do Bronze, situado entre as freguesas de Beringel e Mombeja, no Município de Beja, em Portugal. DescriçãoO Outeiro do Circo localiza-se na zona conhecida como Cabeços da Corte Garrana, entre as freguesias de Mombeja e Beringel, no concelho de Beja.[1] Situa-se no topo de um monte que faz parte de um conjunto de cabeços baixos, com cerca de 250 a 276 m de altitude, mas que se realçam bem na planície em redor.[1] O sítio arqueológico está em mau estado de conservação, restando poucos vestígios, incluindo um lanço de muralhas, e vários possíveis taludes em pedra e barro, que poderiam fazer parte de um sistema de defesa.[1] No local foram encontrados vários objectos em cerâmica, incluindo taças com superfícies tratadas, partes de mamilos e pagas mamilares, fundos em ônfalo e bordos ornados, parte de um bojo decorado e o bordo de um dolia, cerâmica vidrada, fragmentos de terra sigillata, e elementos de construção como tégulas e lateres.[1] Também foram identificados produtos de uma indústria lítica, como peças de forma esferóide que poderiam ser utilizadas como projécteis, partes de moventes e de dormentes em granito, lascas de quartzito, e uma peça arredondada em xisto.[1] Em termos de peças decorativas, foram recolhidas contas de colar em tons brancos.[1] HistóriaO Povoado do Outeiro do Circo foi ocupado por volta de 1250 a 850 a.C., num período correspondente à Idade do Bronze Final,[2] já na transição para a Idade do Ferro.[1] É considerado um dos maiores povoados dos finais da Idade do Bronze na Península Ibérica.[3] Devido ao grande número de sítios arqueológicos no concelho de Beja, esta região terá atingido uma grande importância durante a Idade do Bronze, cerca de 2000 a 800 a.C., tendo conhecido uma extensiva ocupação humana durante este período, ligada à exploração dos abundantes recursos naturais.[4] O local foi alvo de pesquisas arqueológicas, incluindo escavações e sondagens, em 1989, 2008 a 2011, e 2013 a 2015.[1] No verão de 2016 foi iniciada mais uma fase de escavações, na qual colaboraram arqueólogos e estudantes de arqueologia de várias universidades nacionais e internacionais, incluindo da Espanha, Canadá e Bulgária.[3] O sítio é de grande interesse para a comunidade científica, tendo sido publicados mais de quarenta artigos sobre o Outeiro do Circo até 2019.[5] Em 2016 a autarquia de Beja, em colaboração com as entidades responsáveis pelo Outeiro do Circo, promoveu um conjunto de eventos no sentido de divulgar o património da Idade de Bronze no concelho, que incluía a organização de exposições, conferências e percursos pedestres em cada freguesia.[4] Em Agosto de 2019, foi iniciada uma nova campanha arqueológica no local, no âmbito do Projecto Arqueológico do Outeiro do Circo, acordado entre a autarquia de Beja e a empresa Palimpsesto, e que prevê várias escavações entre 2019 e 2021.[5] A coordenação do programa foi entregue aos arqueólogos Miguel Serra e Eduardo Porfírio, enquanto que a responsável pela direcção científica era Sofia Silva.[5] Previa-se que as escavações fossem feitas principalmente no interior do antigo perímetro urbano, numa zona onde foram encontrados vestígios de ocupação habitacional.[6] O Projecto do Outeiro do Circo, que foi criado para a investigação e divulgação da Idade do Bronze na zona de Beja, também incluiu visitas guiadas aos trabalhos arqueológicas, conferências e sessões para jovens durante as férias.[3] O programa do Outeiro do Circo engloba igualmente investigações noutros locais, em cooperação com várias instituições. Por exemplo, em 2019, os arqueólogos responsáveis pela coordenação do programa, Miguel Serra e Eduardo Porfírio, foram convidados pelo Museu Municipal de Aljustrel para estudar a chamada Estela do Carniceiro, uma pedra funerária com cerca de 3500 anos, que foi descoberta em São João de Negrilhos, no concelho de Aljustrel.[7] Em Agosto de 2020 teve lugar uma nova campanha de escavações no lugar, integrada no programa iniciado em 2019, tendo a principal descoberta sido parte de uma muralha da da Idade do Bronze, junto da qual foram igualmente encontrados indícios da Idade do Ferro.[8] Em Setembro de 2022 foi apresentado o programa Outeiro do Circo, organizado em colaboração com a autarquia de Beja, e que tinha como finalidade divulgar o Outeiro do Circo junto das comunidades escolares, e aprofundar os conhecimentos sobre o sítio arqueológicos, principalmente através da vertente laboratorial.[9] Ver também
Referências
Ligações externas
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