Mocidade Independente de Padre Miguel conquistou seu terceiro título no carnaval carioca com um desfile sobre a sua própria história. O enredo "Vira, Virou, a Mocidade Chegou" foi desenvolvido pelo então casal de carnavalescos Renato Lage e Lilian Rabello, que foram campeões pela primeira vez na elite do carnaval. Assim como no ano anterior, a Beija-Flor ficou com o vice-campeonato. São Clemente obteve seu melhor resultado, até então, com um desfile em que criticou os rumos do carnaval.[1] Enquanto a Portela obteve o pior resultado de sua história até então. A escola se classificou em décimo lugar. Últimas colocadas, Acadêmicos de Santa Cruz e Unidos do Cabuçu foram rebaixadas para a segunda divisão.[2]
Alegria da Capelinha, Magnatas de Engenheiro Pedreira e Queima de Bangu venceram os grupos dos blocos de empolgação. Flor da Mina do Andaraí, Acadêmicos da Abolição, Gaviões de Jacarepaguá, União da Ilha de Guaratiba, Cometas do Bispo, Tubarão, Mocidade Unida de Vasconcelos, Roda Quem Pode, União da Vila, Balanço do Cocotá e Samba como Pode foram os campeões dos grupos de blocos de enredo.[6] Batutas da Cidade Maravilhosa ganhou a disputa de frevos.[7]Decididos de Quintino foi o campeão dos ranchos.[8] Diplomatas da Tiradentes venceu o concurso das grandes sociedades.[9]
Seguindo o regulamento do ano, a campeã de 1989, Imperatriz Leopoldinense, pôde escolher o dia e a posição de desfile, enquanto a vice-campeã de 1989, Beija-Flor, teria que desfilar em dia diferente da campeã, mas poderia escolher a posição. A primeira noite de desfiles foi aberta pela décima quarta colocada do Grupo 1 do ano anterior, Unidos do Cabuçu; seguida da campeã do Grupo 2 do ano anterior, Acadêmicos de Santa Cruz. A segunda noite de desfiles foi aberta pela vice-campeã do Grupo A do ano anterior, Lins Imperial; seguida da décima terceira colocada do Grupo 1 do ano anterior, São Clemente.[10][11] A posição de desfile das demais escolas foi definida através de sorteio realizado pela LIESA no dia 7 de junho de 1989.[12]
A apuração do resultado foi realizada na quarta-feira de cinzas, dia 28 de fevereiro de 1990, na Praça da Apoteose.[14][15] De acordo com o regulamento do ano, as notas variam de cinco a dez. Neste ano foi adotado o sistema de pesos por quesito. A menor nota de cada escola, em cada quesito, foi descartada. O somatório das duas notas restantes foi multiplicado pelo peso correspondente a cada quesito. Os quesitos Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Comissão de Frente tinham peso dois, e o restante tinha peso três. A justificativa foi retirar o peso dos quesitos que eram defendidos por poucas pessoas. No caso, Comissão de Frente (no máximo quinze pessoas) e Casal (duas pessoas). O desempate entre agremiações que obtiveram a mesma pontuação final foi definido seguindo a ordem de leitura dos quesitos, sendo Bateria, o primeiro quesito de desempate.[16][17][13]
Unidos de Vila Isabel e Estação Primeira de Mangueira ultrapassaram o tempo máximo de desfile e não receberam os cinco pontos referentes à Cronometragem. As demais escolas receberam a bonificação.
Concentração
Todas as escolas receberam cinco pontos.
Legenda: Campeã Rebaixadas S Nota descartada J1 Julgador 1 J2 Julgador 2 J3 Julgador 3
Com nota máxima em todos os quesitos, a Mocidade Independente de Padre Miguel sagrou-se a campeã, conquistando seu terceiro título no carnaval do Rio. O campeonato anterior da escola foi conquistado cinco anos antes, em 1985. Quarta escola da segunda noite, a Mocidade realizou um desfile sobre a própria história. O enredo "Vira, Virou, a Mocidade Chegou" foi desenvolvido por Renato Lage e Lilian Rabello, que foram campeões pela primeira vez na elite do carnaval. Também foi o primeiro ano dos carnavalescos na Mocidade. O desfile contou a história da agremiação dividida por décadas; relembrou os desfiles marcantes da escola; e homenageou os grandes nomes da Mocidade como Mestre André, Arlindo Rodrigues, Fernando Pinto e Ney Vianna. Durante o desfile, a escola foi saudada pelo público com gritos de "é campeã".[2][18]
Beija-Flor e Acadêmicos do Salgueiro empataram em pontos totais. O desempate, no quesito Harmonia, deu à escola de Nilópolis o vice-campeonato. O enredo "Todo Mundo Nasceu Nu", do carnavalesco Joãosinho Trinta, foi inspirado no regulamento da LIESA que proibiu a "genitália desnuda" a partir do carnaval daquele ano. Ainda assim, o humorista Jorge Lafond desfilou nu, com os órgãos genitais cobertos por uma malha transparente, o que resultou, para o ano seguinte, na proibição da "genitália decorada". O desfile da Beija-Flor abordou a evolução da civilização e lembrou que todos nascem pelados. Terceiro colocado, o Salgueiro realizou um desfile sobre as histórias e as lendas do Rei Carlos Magno e seus cavaleiros, denominados "os doze pares da França". As histórias do Rei influenciaram a origem de festejos folclóricos populares como a congada, a cavalhada e a folia de reis.[19] Campeã do ano anterior, a Imperatriz Leopoldinense ficou em quarto lugar com uma apresentação sobre as riquezas do Brasil.[20]Estácio de Sá conquistou a última vaga do Desfile das Campeãs. Com um desfile sobre a expedição do cônsul-geral da Rússia, o Barão de Langsdorff, feita no século XIX no Brasil, escola se classificou em quinto lugar.[21]
Ala de baianas do Salgueiro, a escola se classificou em terceiro lugar.
São Clemente obteve a melhor colocação de sua história até então. O desfile da escola criticou abertamente os rumos do carnaval, cada vez mais caro e mais profissionalizado. A agremiação chegou a liderar a apuração em determinado momento, mas terminou classificada na sexta colocação.[1]União da Ilha do Governador ficou em sétimo lugar com uma apresentação em homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta, que desfilou na última alegoria da escola.[22] Com um desfile sobre Sinhá Olímpia, a Estação Primeira de Mangueira se classificou em oitavo lugar. A quebra de uma alegoria atrasou o final do desfile e a escola ultrapassou o tempo máximo de apresentação em quatro minutos.[23]Unidos da Tijuca e Portela empataram em pontos totais. O desempate, no quesito Samba-Enredo, deu à Tijuca a nona colocação. A escola realizou uma apresentação sobre Portugal e sua influência no Brasil. A Portela obteve o pior resultado de sua história até então. Décima colocada, a escola realizou um desfile sobre as manifestações populares brasileiras e o folclore nacional.[24]Império Serrano ficou em décimo primeiro lugar com uma apresentação sobre a busca de ouro no Brasil na época colonial. Com um desfile crítico-social, pedindo a Reforma Agrária no Brasil, a Unidos de Vila Isabel se classificou em décimo segundo lugar. Com problemas para manobrar seus carros na dispersão, a escola ultrapassou o tempo máximo de desfile, deixando de ganhar os dez pontos de bonificação (cinco em cronometragem e cinco em dispersão).[25] Caprichosos de Pilares foi a décima terceira colocada com uma apresentação sobre a boca.[26] De volta a primeira divisão, de onde estava afastada fazia treze anos, desde 1976, a Lins Imperial conseguiu se manter na elite do carnaval. Vice-campeã do Grupo 2 do ano anterior, a Lins obteve a décima quarta colocação com um desfile sobre Madame Satã.[27]
Recém promovida ao Grupo Especial, após vencer o Grupo 2 do ano anterior, Acadêmicos de Santa Cruz foi rebaixada de volta para a segunda divisão. Penúltima colocada, a escola realizou um desfile sobre o semanário brasileiro O Pasquim. Após seis carnavais consecutivos na elite do carnaval carioca, a Unidos do Cabuçu foi rebaixada para a segunda divisão. Última colocada, a escola realizou um desfile satirizando os problemas enfrentados pelos brasileiros na época.[28]
Legenda: Desfile das Campeãs Rebaixadas para o Grupo 1
A segunda divisão do carnaval foi renomeada para Grupo 1. O desfile foi organizado pela Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro (AESCRJ) e realizado entre as 20 horas e 45 minutos do sábado, dia 24 de fevereiro de 1990, e as 9 horas e 30 minutos do dia seguinte, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.[10][29][30]
Unidos do Viradouro foi a campeã, garantindo sua promoção inédita à primeira divisão do carnaval.[31] Vice-campeã, Acadêmicos do Grande Rio também foi promovida ao Grupo Especial pela primeira vez. A escola do município de Duque de Caxias foi fundada dois anos antes. Nenhuma escola foi rebaixada.[3][4][5][29]
Legenda: Promovidas ao Grupo Especial / Desfile das Campeãs
A terceira divisão do carnaval foi renomeada para Grupo 2. O desfile foi organizado pela AESCRJ e realizado a partir da noite da terça-feira, dia 27 de fevereiro de 1990, na Avenida Rio Branco.[32]
Leão de Nova Iguaçu foi a campeã, garantindo sua promoção inédita à segunda divisão. A escola apresentou o enredo "O Leão Falou, Abre o Jogo, Doutor", assinado pela carnavalesca Lilian Rabello, que também foi campeã no Grupo Especial. Vice-campeão, o Império da Tijuca também foi promovido à segunda divisão, de onde foi rebaixado no ano anterior.[3][4][5][32]
A quarta divisão do carnaval foi renomeada para Grupo 3. O desfile foi organizado pela AESCRJ e realizado a partir da noite do domingo, dia 25 de fevereiro de 1990, na Avenida Rio Branco.[33]
Acadêmicos da Rocinha foi a campeã, garantindo sua promoção inédita à terceira divisão. Foi o segundo carnaval da escola e o segundo título conquistado. Vice-campeã, Unidos de Campinho também foi promovida à terceira divisão.[3][4][5][33]
O desfile do Grupo de Avaliação (quinta divisão) foi organizado pela AESCRJ e realizado a partir da noite do sábado, dia 24 de fevereiro de 1990, na Avenida Rio Branco.[34]
O Desfile das Campeãs teve início pouco depois das 18 horas do sábado, dia 3 de março de 1990, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Última escola a desfilar, a Mocidade iniciou sua apresentação às 6 horas e 15 minutos da manhã de domingo e encerrou seu desfile sendo seguida pelo público presente no Sambódromo.[35][36]
Alegria da Capelinha foi o campeão. Últimos colocados, Tigre de Bonsucesso, Pena Vermelha de Madureira e Sineta do Engenho Novo foram rebaixados para o Grupo A-2.[6]
O desfile dos ranchos foi organizado pela Federação dos Ranchos do Estado do Rio de Janeiro e realizado a partir das 18 horas da terça-feira de carnaval, dia 27 de fevereiro de 1990, na Avenida Rio Branco. O rancho Decididos de Quintino foi campeão.[8]
Bastos, João (2010). Acadêmicos, unidos e tantas mais - Entendendo os desfiles e como tudo começou 1.ª ed. Rio de Janeiro: Folha Seca. 248 páginas. ISBN978-85-87199-17-1
Cabral, Sérgio (2011). Escolas de Samba do Rio de Janeiro 3.ª ed. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional. 495 páginas. ISBN978-85-7865-039-1
Gomes, Fábio; Villares, Stella (2008). O Brasil É Um Luxo: Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta 3.ª ed. São Paulo: CBPC - Centro Brasileiro de Produção Cultural Ltda. e AXIS Produções e Comunicação Ltda. 256 páginas. ISBN978-85-87134-04-2
Gomyde Brasil, Pérsio (2015). Da Candelária à Apoteose - Quatro décadas de paixão 3.ª ed. Rio de Janeiro: Multifoco. 501 páginas. ISBN978-85-7961-102-5
Riotur (1991). Memória do Carnaval 1.ª ed. Rio de Janeiro: Oficina do Livro. 407 páginas. ISBN85-85386-01-0
Valença, Rachel; Valença, Suetônio (2017). Serra, Serrinha, Serrano - O Império do Samba 1.ª ed. Rio de Janeiro: Record. 433 páginas. ISBN978-85-0110-897-5