Durante o século XIX, o concelho torranense foi integrado no concelho de Alvito, pertencente ao Distrito de Beja, com a exceção de Santa Margarida do Sado, que transitou para o Concelho de Ferreira do Alentejo. No entanto, em 1871, a freguesia do Torrão passa a integrar o concelho (atual município) de Alcácer do Sal, que fez parte do distrito de Lisboa até à criação do distrito de Setúbal. Pouco depois, em 1936, a freguesia de São Romão do Sado seria incorporada na do Torrão.[6][7][8][9][10]
Geografia
Localização
Torrão é uma das seis freguesias de Alcácer do Sal, localizando-se no sudeste deste município da zona sul do distrito de Setúbal. A vila sede desta freguesia dista 26,542 km da sede de município[11], 63 km da sede de distrito, Setúbal e 92,5 km da capital portuguesa Lisboa, em linha recta.
A vila do Torrão é atravessada pela Estrada Nacional n.º 2 e tocada pelo rio Xarrama, que passa junto à vila, alimentando a jusante, a Barragem Engenheiro Trigo de Morais[14][15] (também designada de Barragem de Vale do Gaio). É na freguesia do Torrão que o rio Xarrama, proveniente de Évora, desagua no rio Sado e este atravessa a parte sudoeste da freguesia.
Já em 2013, devido à reforma administrativa nacional,[17] Torrão passou a ser, em termos de área, a sexta maior freguesia do país, caindo três lugares.[1]
Em 1801, a freguesia do Torrão tinha 1686 habitantes nos seus limites e, juntamente com as freguesias de Odivelas e Santa Margarida do Sado, compunha o Concelho do Torrão, de 2413 habitantes. Este concelho pertencia à Comarca de Setúbal, na Província da Estremadura. Na altura, a então freguesia de São Romão (do Sádão) fazia parte do Concelho de Alcácer do Sal e contava 1190 residentes.[5]
Já em 1849, desagregado o concelho torranense, a freguesia do Torrão (1817 habitantes) passa a integrar, juntamente com as freguesias de Odivelas, Alvito e Vila Nova da Baronia, o Concelho de Alvito, no Distrito de Beja, pertencente à Província do Alentejo. No mesmo distrito, o Concelho de Ferreira (do Alentejo) acolhia a freguesia de Santa Margarida do Sado. Nessa altura, a freguesia de São Romão (do Sádão) contava 1217 habitantes e ainda pertencia ao Concelho de Alcácer do Sal, do Distrito de Lisboa, na Província da Estremadura.[18]
Passando para o ano de 1868, a freguesia do Torrão, de 2088 habitantes, mantém-se integrada no Concelho de Alvito, no Distrito Administrativo de Beja. Nesta altura a freguesia de (São Romão do) Sádão, que contava 1004 habitantes, ainda pertencia ao Concelho de Alcácer do Sal, que se encontrava no agora Distrito Administrativo de Lisboa.[19]
Quando chega o ano de 1878, a freguesia do Torrão, então com 2075 residentes, já pertencia ao Concelho de Alcácer do Sal, no Distrito Administrativo de Lisboa, tal como a freguesia de São Romão do Sádão, com 844 habitantes. A mudança deveu-se a um Decreto de 3 de Abril de 1871.[6][10]
Mantendo-se no Concelho de Alcácer do Sal, no agora Distrito de Lisboa, ambas as freguesias continuam a ver a sua população aumentar. Em 1890, a freguesia do Torrão já conta 2203 habitantes e a de São Romão do Sádão, 800 residentes. Já em 1900, Torrão apresenta 2153 habitantes e a sua vizinha salaciana contava então 978.[20][21]
Apesar de nos Censos entre 1911, 1920 e 1930 a freguesia de São Romão do Sádão aparecer anexada à freguesia do Torrão, a sua extinção oficial só é feita pelo Decreto-Lei n.º 27 424, de 31 de Dezembro de 1936, sendo incorporada na do Torrão.[7][8][9][10]
No ano de 1930, o Concelho (atual município) de Alcácer do Sal, já surge integrado no entretanto criado Distrito de Setúbal.[9]
Curiosamente, no Censo de 1940, depois de extinta em 1936 e de vários Censos em que foi agrupada com a do Torrão, a agora freguesia de São Romão do Sado volta a surgir como freguesia autónoma, com 2092 habitantes, espalhados por vários locais como Algalé, Barragem de Vale de Gaio, Benagazil, Casa Branca, Crujeira Nova, Herdade dos Frades, Parchanas, Pontes, Portancho, Portinho, Porto de Rei, Quinta de Cima, Quinta de D. Rodrigo, Rio de Moinhos, Salema, Salema de baixo, Sanchares, São Bento, São Domingos, São Romão do Sado, Vale de Lachique, Vale de Romeiras, Várzea Redonda e Xamarrinha, para além de outros isolados e dispersos.[7][8][9][22][10]
Em 1940, já a freguesia do Torrão tinha 4489 habitantes, distribuídos por localidades como Couvelo à Estrada das Barras, Herdade do Montinho Negro, Herdade da Pena, Herdade de Soberanas de Baixo, Monte do Outeiro, Monte da Serra, Nossa Senhora do Bom Sucesso, São Soeiro, Soberanas de Pinheiro, Torrão, Vale Bom, Vale de Médico e Vale de Paraíso de Baixo, entre outros.[22]
Chegado o ano de 1970, o Censo relativo à freguesia do Torrão identifica a vila do Torrão, com 2139 habitantes, a Aldeia de Rio de Moinhos, com 290 residentes, e a Aldeia de São Romão que conta 57 habitantes. Para além da Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso, as restantes aglomerações são denominadas "Monte", com destaque para a de Monte da Quinta de Cima, com cem habitantes, e o Monte das Parchanas, que contava 93 residentes.[25]
Economia
Produtos regionais
São vários os produtos que podem ser certificados como genuinamente originários da freguesia do Torrão, recebendo protecção legislativa nacional e, a maioria, da União Europeia, seja por DOP (Denominação de Origem Protegida), por IGP (Indicação Geográfica Protegida), por VR (Vinho Regional) ou por ETG (Especialidade Tradicional Garantida).[33]
Azeite do Alentejo (IGP)[36][37] — Ainda em processo de registo a nível europeu.[38] Pertencendo ao concelho de Alcácer do Sal, a freguesia do Torrão faz parte de duas áreas geográficas de produção deste azeite.
Queijo Serpa (DOP)[39][40] — No concelho de Alcácer do Sal, apenas a freguesia do Torrão faz parte da área geográfica definida para a produção deste queijo de ovelha, uma área que chegou a ser denominada Região Demarcada.
Vinho da Península de Setúbal (IGP)[41] — Todo o distrito de Setúbal, e consequentemente o Torrão, é a área geográfica de produção de vinícolas de Indicação Geográfica Protegida denominada Península de Setúbal (IGP), que pode ser usada para a identificação de vinho branco, tinto, rosé ou rosado, frisante, espumante e licoroso e ainda vinagre de vinho. No entanto, as terras torranenses não fazem parte das zonas de produção dos vinhos com Denominação de Origem da Península de Setúbal (IGP), Palmela (DO)[42] e Setúbal (DO)[43] De referir que a Península de Setúbal (IGP) veio substituir a área anteriormente denominada zona do Vinho regional Terras do Sado (desatualizado).[44] sendo "Vinho regional" uma referência que dispensa a utilização de IGP - Indicação Geográfica Protegida.[45]
Mel Multiflorado
De notar ainda que a freguesia do Torrão não pertence à área de produção de indicação geográfica de Vinho regional Alentejano apesar de um mapainteractivo,[46] no sítio da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, dar a entender que a maior parte das terras torranenses, particularmente as situadas a sul da Estrada Nacional 5 e da Estrada Municipal 543 e a leste da Estrada Nacional 2, possam fazer parte desta área de produção. No entanto, a produção de "Vinho regional Alentejano" está restringida aos distritos de Beja, Évora e Portalegre.[47]
Pertencendo ao município de Alcácer do Sal, e ao distrito de Setúbal, a freguesia do Torrão faz parte de duas áreas geográficas de produção de carne com Denominação de Origem Protegida:
Carnalentejana (DOP), seja como "Carne de Vitela", "Carne de Vitelão", "Carne de Novilha", "Carne de Novilho", "Vaca" ou "Touro";[48]
Carne Mertolenga (DOP), seja como Carne de Vitela", "Carne de Novilha" ou "Carne de Novilho".[50]
Cabrito do Alentejo (IGP)[51][52] A freguesia do Torrão é uma das freguesias de Álcácer do Sal que fazem parte da área da Indicação Geográfica Protegida deste cabrito.
Borrego do Baixo Alentejo (IGP).[53] No que diz respeito a este borrego, a freguesia do Torrão é a única do concelho de Alcácer do Sal a fazer parte da sua zona de Indicação Geográfica Protegida.
Borrego de Montemor-o-Novo (IGP)[54] — De notar ainda que no ano de 2002, a nível nacional, entrou em fase de pedido de registo, para que a IGP do Borrego de Montemor-o-Novo passasse a incluir, entre outras, a freguesia do Torrão.[55]
“Brasão - escudo em prata, cruz da Ordem de Santiago de vermelho, entre dois feixes de um espiga de trigo, um ramo de oliveira e um ramo de sobreiro, tudo de verde, atados de vermelho; em ponta, livro aberto da prata, guarnecida e perfilado de vermelho, tendo brocantes duas penas de ouro passadas em aspa. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: "TORRÃO – ALCÁCER DO SAL". Bandeira - esquaterlada de vermelho e amarelo. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Hasta e lança de ouro.”
Existem várias marcas da presença romana por estas paragens, como a Calçadinha Romana,[82], situada no local onde iria ser construído o Centro Escolar do Torrão, além de um conjunto de tanques, cerâmica, uma cisterna e três esqueletos da época romana.[83], encontrados numa área de dispersão de cerca de 500 m².
Monte da Tumba (SIP) ou "Povoado fortificado do Monte da Tumba". É o mais antigo (edificado entre 2500 e 2000 a.C.) e o mais recente a ser classificado. Depois de descoberto no início dos anos 80, foi classificado como Sítio de Interesse Público em 2013.[85]
Igreja e Convento de São Francisco (MIP). O Convento de São Francisco e a respectiva Igreja de São Francisco foram considerados Monumento de Interesse Público em 2012, terminando a exclusividade da Igreja Matriz na lista dos bens classificados da freguesia torranense.[86]
Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso (MIP) ou Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Esta ermida, incluindo a antiga casa dos romeiros, foi classificada Monumento de Interesse Público em 2012.[87] Encontra-se numa colina sobranceira à vila. Foi fundada em 1758. É de destacar a pia baptismal, o Altar-Mor e a arte sacra no seu interior.
Ermida de São João dos Azinhais (MIP) ou Capela de Arranas. Apesar de se encontrar parcialmente em ruínas, foi classificada como Monumento de Interesse Público em 2013. A sua origem remonta, pelo menos, ao século VII e ao domínio dos Visigodos.[88]
↑ abEstatística de Portugal (1868) – "População: Censo no 1.º de Janeiro 1864" (Censos 1864), pp. 17 e 143 (ficheiro: pp. 41 e 169). Nota: Censo de 1960 indicam um valor diferente para 1868: 3099 habitantes. Acesso 2012-09-09
Torrão na Entidade Regional de Turismo do Alentejo LitoralAcesso 2012-08-22. Nota: a "Igreja da Misericórdia do Torrão" é erradamente apresentada com fotografias da "Igreja Matriz do Torrão" e esta, por sua vez, com imagens da "Antiga Igreja de Nossa Senhora do Carmo".