Violante do Céu (Sóror), ou Violante do Ceo, nascida Violante Montesino (Lisboa, 30 de maio de 1601 ou 1607 - 28 de janeiro de 1693) foi uma religiosa e escritora barroca portuguesa[1].
Seu pai era Manoel da Silveira Montesino(s) e a mãe Helena da França de Ávila[1]. Professou a 29 de Agosto de 1630 no Convento de Nossa Senhora da Rosa, em Lisboa, convento de monjas da Ordem dos Pregadores, ali vindo a falecer[1].
Conhecida pelos meios culturais da época como Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos, foi um dos máximos expoentes da poesia barroca portuguesa[2]. Compôs uma comédia para ser representada durante a visita de Filipe III a Lisboa[1].
Era fluente em português, latim e espanhol[1]. Tocava harpa e cantava[1].
Poema
- Um de seus poemas conhecidos é Vozes de uma dama desvanecida de dentro de uma sepultura que fala a outra dama que presumida entrou em uma igreja com os cuidados de ser vista e louvada de todos; e se assentou junto a um túmulo que tinha esse epitáfio que leu curiosamente[2]
“
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Ó tu, que com enganos divertida
Vives do que hás-de ser tão descuidada,
Aprende aqui lições de escarmentada,
Ostentarás acções de prevenida.
Considera que em terra convertida
Jaz aqui a beleza mais louvada,
E que tudo o da vida é pó, é nada,
E que menos que nada a tua vida.
Considera que a morte rigorosa
Não respeita beleza nem juízo
E que, sendo tão certa, é duvidosa.
Admite deste túmulo o aviso
E vive do teu fim mais cuidadosa,
Pois sabes que o teu fim é tão preciso.
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”
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[2]
- Rimas varias de la Madre Soror Violante del Cielo, religiosa en el monasterio de la Rosa de Lisboa, Rouen, França, 1646
- Romance a Christo Crucificado, 1659
- Soliloquio ao SS. Sacramento, 1662
- Soliloquios para antes, e depois da Comunhao, 1668
- Meditacoens da Missa, e preparacoens affectuosas de huma alma devota e agradecida a vistas das finezas do Amor Divino contempladas no Acro-santo sacrificio da Missa, e memoria da sagrada Paiza de Christo Senhor nosso, com estimulos para o Amor Divino, 1689
- Parnasso Lusitano de Divinos e Humanos Versos, Lisboa, 1733
- La transformación por Dios, 1617
- Santa Engrácia, 1619
Efemérides
Em 1949 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou a escritora dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade.[3]
Referências
Bibliografia
- BARROS, Theresa Leitão de, Escritoras de Portugal. Génio feminino revelado na Literatura Portuguesa, Lisboa, 2 vols., Typographia de Antonio B. Antunes, 1924, volume I, p. 132
- COUTO, Anabela Galhardo, e Catharina EDFELDT, Mulheres que escrevem, mulheres que lêm. Repensar a literatura pelo género, Lisboa, 101 Noites, 2008
- MENDES, Margarida Vieira, "Introdução", Rimas Várias de Soror Violante do Céu, Lisboa, Presença, 1994