Walter Franco Nota: Não confundir com Walter do Prado Franco.
Walter Rosciano Franco ou simplesmente Walter Franco (São Paulo, 6 de janeiro de 1945 – São Paulo, 24 de outubro de 2019) foi um cantor e compositor brasileiro. É considerado um dos músicos mais influentes no cenário underground brasileiro e um dos mais revolucionários da história da música popular brasileira, sendo precursor de compositores como Arrigo Barnabé, Maurício Pereira, André Abujamra, Itamar Assumpção e Arnaldo Antunes.[1] Não chegou a participar de nenhum movimento cultural musical, como bossa nova ou tropicalismo, mas seu nome sempre se fez presente na chamada vanguarda.[2][3] Já era parte da Vanguarda Paulista, antes mesmo da expressão ser cunhada pela geração de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Trabalhou com arranjadores como Rogério Duprat e Júlio Medaglia, e teve a letra da música "Cabeça" traduzida para o inglês por Augusto de Campos. Seu álbum mais aclamado pela crítica é Revolver,[4] de 1975.[5] O compositor tem pelo menos cinco músicas bem conhecidas do grande público: a própria "Cabeça", "Seja Feita a Vontade do Povo", "Coração Tranquilo", "Respire Fundo" e "Vela Aberta",[2][5] sendo a última executada até hoje em programas radiofônicos de flashback. Outro sucesso de Walter Franco é "Serra do Luar", com um refrão marcante: "Viver é afinar o instrumento / De dentro pra fora / De fora pra dentro". Walter Franco já foi regravado por artistas como Leila Pinheiro, Oswaldo Montenegro, Lobão e Chico Buarque,[6] além de bandas de rock como Ira!, Inocentes, Camisa de Vênus, Pato Fu e Titãs.[6][7] Em 1979, com "Canalha", conquistou o segundo lugar no Festival da Tupy de 1979. Cantada com a voz dilacerada, quase um grito primal, provocava uma catarse coletiva. A canção foi incluída no disco “Vela Aberta”. BiografiaNascido de uma família que valorizava a arte, tendo o pai, Cid Franco, como um poeta que se correspondia com nomes de destaque da literatura brasileira como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, o cantor desde pequeno já apresentava muito interesse por esse universo artístico de forma a envolver-se com a música e a poesia. Quando tinha 16 anos, teve aulas de violão com a esposa do violonista Paulinho Nogueira, Elza Nogueira. Posteriormente, quando atingiu a maioridade, Walter Franco, em meio ao dilema de ter que escolher um curso e uma faculdade, decidiu que gostaria de ser cantor e compositor. Porém acabou vinculando-se ao teatro antes da música e cursou a Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo.[2] De lá teve inspirações musicais bastante conectadas à voz como instrumento pelo fato de haver grande variedade de personagens e expressões enfáticas. Compôs trilhas sonoras para peças como A Caixa de Areia, de Edward Albee, Caminho que Fazem o Darro e o Genil até o Mar, de Renata Palottini, Os Olhos Vazados de Emílio de Biasi[6] e As Bacantes, de Euripedes. Tal período influenciaria grande parte de seu trabalho.[1] Começou participando de festivais de música em 1968, quando, em São Paulo, inscreveu a canção "Não se Queima um Sonho" no 1° Festival Universitário da TV Tupi defendida por Geraldo Vandré.[5][6] Na segunda edição do festival, conquista o terceiro lugar com "Sol de Vidro". Em 1971, começou a carreira como músico profissional lançando um compacto pela Philips, por ter sua canção "No Fundo do Poço" como tema de abertura da novela O Hospital da TV Tupi. No ano seguinte, no 7° Festival Internacional da Canção, organizado pela TV Globo, conquistou o prêmio especial com a composição "Cabeça".[3][5] Em 1973, lançou seu primeiro LP "Ou Não" pela gravadora Continental, com participação do maestro Rogério Duprat e com músicas autorais como "Cabeça", "Me Deixe Mudo", "Mixturação", "No Fundo do Poço" e "Água e Sal". O álbum possui uma linguagem musical fortemente influenciada pela poesia concreta.[8] O show "A Sagrada Desordem dos Espíritos" foi apresentado no Teatro de Arena, em 1974, com Walter no palco cantando e tocando violão em posição da flor de lótus, com as mixagens de Peninha Schimidt. No ano seguinte, conquistou a terceira posição no Festival Abertura, também da Rede Globo, com os arranjos do maestro Júlio Medaglia e lançou o disco "Revolver" pela Continental. O álbum conseguiu equilibrar suas ideias mais arrojadas e uma sonoridade pop e rock, bastante influenciada pelos Beatles.[8] Além disso, lançou pela gravadora CBS os LPs "Respire Fundo" (1978) e "Vela Aberta" (1980), sendo que neste está a canção "Canalha", segundo lugar no Festival 79 de Música Popular, realizado pela Rede Tupi de Televisão e posteriormente interpretada por nomes importantes da música brasileira como Oswaldo Montenegro, Titãs, Camisa de Vênus, Jards Macalé e Lobão.[9] Em 2017, sua música Feito gente foi veiculada na trilha sonora da supersérie Os dias eram assim, da TV Globo.[3] Era vice-presidente da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), sociedade de recolhimento de direitos autorais filiada ao ECAD.[10] Antes de falecer, fazia shows com seu filho, o também cantor e compositor Diogo Franco e se apresentava juntamente com uma banda agrupando composições recentes e marcantes de sua trajetória.[1] Também estava prestes a lançar um trabalho que daria fim a um período de mais de 15 anos sem um trabalho novo. Um álbum chamado "Listen - ResiLIência e ResISTÊNcia",[2][3][6] pronto desde o final de 2018.[11] Morreu em 24 de outubro de 2019, após ficar internado cerca de duas semanas em decorrência de um acidente vascular cerebral.[5][6][7][12] Discografia
Referências
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