Campeonato Paulista de Futebol de 1991
Campeonato Paulista de Futebol de 1991
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Campeonato Paulista de Futebol Profissional de 1991
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Dados
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Participantes
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28
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Período
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24 de julho – 15 de dezembro
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Gol(o)s
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756
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Partidas
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390
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Média
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1,94 gol(o)s por partida
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Campeão
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São Paulo (17º título)
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Vice-campeão
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Corinthians
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Melhor marcador
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Raí (São Paulo) - 20 gols
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O Campeonato Paulista de Futebol de 1991 foi uma competição oficial realizada pela Federação Paulista de Futebol. Teve como campeão o São Paulo, que conquistou o título ao vencer o Corinthians na final, com vitória por 3 a 0 no primeiro jogo e empate sem gols na segunda partida.
O artilheiro da competição foi Raí, do próprio São Paulo, com vinte gols marcados.[1]
Participantes
O Campeonato Paulista da Primeira Divisão de 1991 foi dividido nos grupos verde e amarelo. O Grupo Verde foi composto das equipes melhores classificadas no Campeonato Paulista de 1990 e o Grupo Amarelo, pelas equipes piores classificadas naquele torneio, incluindo Olímpia, Rio Branco, Sãocarlense e Marília, que subiram da segunda divisão de 1990.
Grupo Verde: América, Botafogo, Bragantino, Corinthians, Ferroviária, Guarani, Ituano, Mogi Mirim, Novorizontino, Palmeiras, Portuguesa, Santos, XV de Piracicaba e XV de Jaú.
Grupo Amarelo: Catanduvense, Internacional, Juventus, Marília, Noroeste, Olímpia, Ponte Preta, Rio Branco, Santo André, São Bento, São José, São Paulo, Sãocarlense e União São João.
Regulamento
Cada um dos grupos teve jogos em turno e returno apenas dentro das respectivas chaves. Ao final dos dois turnos, os cinco melhores do Grupo Verde e os três melhores do Grupo Amarelo passaram para a próxima fase. Foi rebaixado para a segunda divisão o time com pior campanha, independentemente do grupo.[2] O primeiro critério de desempate nessa fase era o número de vitórias, seguido do saldo de gols. Os oito classificados foram então divididos em dois grupos de quatro times, com apenas o campeão de cada grupo sendo promovido à final depois de dois turnos dentro de cada chave. A final deu-se em dois jogos: em caso de empate em pontos ganhos nas duas partidas, seria disputada uma prorrogação de 30 minutos; persistindo o empate o campeão seria o time com melhor campanha ao longo de todo o campeonato.[3]
O campeonato
Preparativos
O Campeonato Paulista de 1991 começou com projeção de ascensão dos clubes do interior,[4] já que não só o Bragantino tinha conquistado o título anterior, como os três últimos vice-campeões tinham sido equipes de fora da capital (Guarani, em 1988, São José Esporte Clube, em 1989, e o Novorizontino, em 1990). Para enfrentar essa ascensão, Palmeiras e Corinthians apostaram em novos técnicos, respectivamente Nelsinho Baptista e Cilinho (substituindo Carlos Alberto Silva, anunciado logo depois do Campeonato Brasileiro, mas que comandou o time em apenas três amistosos em junho e deixou o clube em seguida, diante de uma proposta mais vantajosa do Porto, de Portugal),[5] enquanto o São Paulo manteve Telê Santana no cargo, além da base que havia acabado de conquistar o Campeonato Brasileiro de 1991.
Devido à má campanha no campeonato de 1990, o tricolor estava no Grupo Amarelo, com os times teoricamente mais fracos, o que era motivo de preocupação para Telê. "Os times do Interior vão crescer contra nós", avisava.[6] As ausências em relação ao elenco campeão brasileiro eram o zagueiro Ricardo Rocha, vendido ao Real Madrid, da Espanha, o lateral Leonardo, vendido ao também espanhol Valencia, o volante Bernardo, vendido ao Bayern de Munique, da Alemanha, além dos reservas Zé Teodoro, que foi para o Guarani, e Mário Tilico, que foi para o Cruzeiro, onde ganharia naquele mesmo ano a Supercopa Libertadores. Mas o atacante Müller voltara do futebol italiano na reta final do Brasileiro e o também atacante Macedo, emprestado pelo Rio Branco para o Brasileiro, teve seu passe comprado em definitivo. Raí também começou finalmente a se destacar, depois de quatro anos apagados no elenco. "O Campeonato Paulista de 1991 matou um jogador comum e fez nascer um craque", escreveria a revista Placar em dezembro.[7]
No grupo mais forte, o Corinthians apostava no currículo de Cilinho como lançador de jovens talentos, embora ainda fosse uma incógnita o seu relacionamento com Neto, a estrela do time, com quem tinha tido problemas de relacionamento no São Paulo, em 1987.[8] O técnico, entretanto, colocava panos quentes: "Queria ter trabalhado com o Neto de hoje na época do São Paulo. Afinal, hoje ele é o atleta com maior liderança sobre o elenco."[8] Quando soube da contratação, o jogador disse que isso só tinha acontecido porque ele tinha autorizado, o que ele depois garantiria ser apenas uma brincadeira com o volante Márcio que fora entreouvida por jornalistas e, mais tarde, atrapalharia o relacionamento entre jogador e técnico.[9]
Também no Grupo Verde, o Palmeiras buscava pôs fim a um jejum de quinze anos sem títulos, e para isso trouxe o zagueiro Luís Eduardo, o meia Edu Marangon e o atacante Evair, trocado com a Atalanta por Careca Bianchesi.[10] Já o Santos não fez contratações, além do técnico Ramiro Valente, ex-jogador do próprio clube (campeão paulista em 1955, 1956 e 1958) mas sem qualquer experiência no cargo. "Nunca orientei nem times juvenis, mas acompanho atentamente o que acontece no futebol atual", explicava Ramiro.[11]
Primeira fase
Como se poderia esperar, a caminhada do São Paulo rumo à segunda fase foi bem tranquila, apesar de um começo razoavelmente claudicante, com três empates nos seis primeiros jogos. Depois o time deslanchou, embora sua maior série de vitórias seguidas tenha sido de apenas quatro, entre 18 de setembro e 2 de outubro. Antes de cada jogo, os são-paulinos colocavam diante de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, no vestiário, algumas rosas vermelhas.[12] A única derrota tricolor nessa fase — e em todo o campeonato — foi uma surpreendente goleada por 4 a 1 para a Internacional de Limeira em pleno Morumbi, em 9 de outubro. "Jogamos o tempo todo debaixo do gol da Inter, chutamos todas para fora e o adversário aproveitou quatro contra-ataques", reclamou Telê Santana.[13] Por outro lado, o clube conseguiu quatro goleadas ao longo do campeonato, como os 4 a 0 sobre o Juventus em 28 de julho, os 5 a 2 sobre o Marília em 6 de agosto, os 5 a 0 sobre o Catanduvense em 18 de setembro, em plena Catanduva, e os 5 a 0 sobre o São José em 12 de outubro, e o goleiro Zetti chegou a ficar 683 minutos sem sofrer gols, entre 1 de setembro e 2 de outubro.[14]
Em 21 de setembro o São Paulo jogou contra o Juventus no Canindé, e dirigentes do Cádiz, da Espanha, assistiram o jogo para analisar o futebol de Raí,[15] que começava a despontar. Foi a primeira sondagem internacional ao jogador, que ainda incluiria mais tarde os interesses do Valencia, por indicação de Leonardo, e do Real Madrid.[15]
O São Paulo classificou-se com antecipação para a segunda fase e terminou com oito pontos de vantagem sobre o segundo colocado, a Internacional, e catorze pontos sobre o quarto colocado, o Noroeste, o primeiro entre os times do Grupo Amarelo que não se classificaram. Acompanhando São Paulo e Internacional à segunda fase foi o Santo André.
Já o Grupo Verde foi muito mais disputado. A diferença entre o primeiro colocado Corinthians e o sexto colocado Bragantino, o primeiro entre os não-classificados, foi de apenas três pontos. A briga foi até o último minuto da última rodada: um gol de Vladimir, da Portuguesa, aos 47 minutos do segundo tempo[16] do jogo contra o Palmeiras, deu a vitória por 1 a 0 à Lusa, classificando-a no lugar do Bragantino e tirando o alviverde do topo do grupo, o que garantiria uma chave teoricamente mais fácil na segunda fase.[17] Ao fim da primeira fase, o Bragantino ainda tentou tomar a vaga do Botafogo, alegando que o clube ribeirão-pretano deveria perder os pontos da partida contra o XV de Jaú por ter escalado Nélson sem condições de jogo. Na tentativa de resolver o caso na Justiça, depois do campeonato, a apelação foi esquecida.[18]
A classificação em primeiro lugar por parte do Corinthians deu-se apesar da ausência de sua estrela Neto, suspenso por ter dado uma cusparada no árbitro José Aparecido de Oliveira depois de ter sido expulso contra o Palmeiras, em 13 de outubro[19] — ele já frequentava o banco de reservas por decisão do técnico.[20] Quando a decisão da suspensão por quatro meses foi tomada, Cilinho não apoiou seu jogador, que passou a se sentir persona non grata no clube e teve o preço de seu passe fixado em dois milhões de dólares, menos da metade do valor original antes dos problemas com o técnico e da suspensão.[9] Cilinho também teve problemas com o dirigente João Bosco, e os dois quase saíram aos tapas no vestiário quando da vitória por 3 a 0 sobre o Bragantino no Canindé, em 9 de outubro.[20] A partir daí, entretanto, foi selado um acordo de paz.[20]
Com a pior campanha entre os dois grupos, o São Bento, de Sorocaba, acabou rebaixado à divisão intermediária, sendo substituído em 1992 pelo Araçatuba, campeão daquela divisão em 1991 depois de vencer a Independente de Limeira — vencia por 1 a 0 quando a torcida do Independente derrubou o alambrado do Estádio Municipal Bruno Lazzarini, em Leme, onde foi disputado o jogo.[21] Na Segunda Divisão (que na verdade era o equivalente à terceira), o campeão foi o São Caetano, que dava continuidade à sua ascensão meteórica rumo à primeira divisão paulista — e, mais tarde rumo ao vice-campeonato da Copa Libertadores da América de 2002 e a dois vice-campeonatos brasileiros, em 2000 e 2001 —, já que tinha subido da quarta divisão em 1990 e em 1992 conquistaria uma vaga na primeira divisão. O São Caetano venceu um quadrangular com Velo Clube, também classificado, de Rio Claro, Oeste de Itápolis e Batatais, e contou em sua caminhada com três veteranos ex-jogadores da seleção brasileira: Luís Pereira, Serginho Chulapa e Wladimir, que geraram apelidos pejorativos das torcidas adversárias, como "asilo", "refugo" e "Matusalém", mas foram peças importantes na conquista.[22]
- Classificação final
Segunda fase
Para o Grupo 1 classificaram-se Corinthians (primeiro colocado do Grupo Verde), Internacional (segundo colocado do Grupo Amarelo), Santo André (terceiro colocado do Grupo Amarelo) e Portuguesa (quarta colocada do Grupo Verde). O Corinthians ainda estava sem Neto, mas viu Wilson Mano assumir a liderança do time na ausência dele[23] e classificou-se com uma rodada de antecipação, vencendo seus seis jogos e sofrendo apenas dois gols. A ausência de Neto era desdenhada até pelos jogadores. "Ele é muito importante, mas pela primeira vez as pessoas notaram que formamos um time", explicou Jacenir, que era amigo do meia. "Quando ele jogava, a imprensa se esquecia dos outros atletas."[9]
No Grupo 2, enfrentaram-se São Paulo (primeiro colocado do Grupo Amarelo), Palmeiras (segundo colocado do Grupo Verde), Botafogo (terceiro colocado do Grupo Verde) e Guarani (quinto colocado do Grupo Verde). São Paulo e Palmeiras terminaram empatados com nove pontos. Os times tinham se enfrentado na primeira rodada, com vitória do São Paulo por 4 a 2, e na última rodada, com um empate sem gols em que o Palmeiras, precisando da vitória, pressionou bastante[16] e chutou uma bola na trave, com Evair, mas o goleiro são-paulino Zetti (que defendera o Palmeiras até o ano anterior) foi o grande destaque.[24] O Palmeiras levava vantagem no número de vitórias, enquanto o São Paulo vencia no confronto direto e no número de gols marcados (os times também estavam empatados no saldo de gols), mas o regulamento deu a vaga ao tricolor, pela melhor campanha na primeira fase.
O livro A História do Campeonato Paulista, publicado em 1997, considerou tal decisão um "absurdo",[18] embora ela fizesse parte do regulamento desde o início.[25] As críticas eram refutadas também com a argumentação de que na segunda fase, jogando apenas contra clubes do Grupo Verde, o São Paulo conseguiu uma média de gols por jogo (2,16) maior do que a conquistada no Grupo Amarelo (1,92).[12] Com a eliminação do rival, o são-paulino Müller gritou para a torcida adversária: "Seus porcos, 16 anos na fila!"[18] Curiosamente, quatro anos depois Müller seria contratado pelo Palmeiras, onde se destacaria.[26]
- Classificação final
Segunda Fase
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Grupo 1
|
Time
|
PG
|
J
|
V
|
E
|
D
|
GP
|
GC
|
SG
|
1
|
Corinthians
|
12
|
6
|
6
|
0
|
0
|
11
|
2
|
9
|
2
|
Portuguesa
|
8
|
6
|
4
|
0
|
2
|
8
|
6
|
2
|
3
|
Internacional
|
2
|
6
|
1
|
0
|
5
|
4
|
9
|
-5
|
4
|
Santo André
|
2
|
6
|
1
|
0
|
5
|
5
|
11
|
-6
|
Grupo 2
|
Time
|
PG
|
J
|
V
|
E
|
D
|
GP
|
GC
|
SG
|
1
|
São Paulo
|
9
|
6
|
3
|
3
|
0
|
13
|
7
|
6
|
2
|
Palmeiras
|
9
|
6
|
4
|
1
|
1
|
11
|
5
|
6
|
3
|
Guarani
|
5
|
6
|
2
|
1
|
3
|
8
|
11
|
-3
|
4
|
Botafogo
|
1
|
6
|
0
|
1
|
5
|
4
|
13
|
-9
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¹ O São Paulo se classificou por ter a melhor campanha ao longo do campeonato. PG - pontos ganhos; J - jogos; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; GP - gols pró; GC - gols contra; SG - saldo de gols
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Finais
São Paulo e Corinthians começaram a decidir o Campeonato Paulista de 1991 em 8 de dezembro, em um duelo do melhor ataque contra a melhor defesa. Dos treze confrontos anteriores entre os clubes, desde o Campeonato Brasileiro de 1987, o São Paulo havia vencido apenas um,[27] em setembro de 1988, e um ano antes os rivais haviam decidido o Campeonato Brasileiro, com duas vitórias corintianas. Apesar desse retrospecto, o São Paulo era considerado o time mais técnico.[28] O Corinthians ainda vivia um ambiente conturbado desde que Cilinho impedira Neto de se concentrar para as finais junto com o restante do elenco,[9] apesar de estar suspenso, e o goleiro Ronaldo também passou a dar declarações contra o treinador.[29]
Antes do primeiro jogo, a interpretação errônea[30] dos regulamentos dos campeonatos de 1990 e 1991 fez com que a torcida alvinegra aproveitasse para receber os são-paulinos com gritos de "Segunda Divisão!".[31] Na preliminar, os corintianos também comemoraram o título de aspirantes da Ponte Preta, um time cujas cores também são preto e branco, sobre o Guarani.[32] Em campo, entretanto, Raí, já àquela altura considerado "o melhor do Brasil" por Telê[12] e pela imprensa,[13] abriu o placar para o São Paulo logo aos 16 minutos, com um chute da intermediária, um gol que o deixou empatado na artilharia do campeonato com Guga, do Santos, ambos com 18 gols. No segundo tempo, Raí aumentaria a vantagem tricolor e assumiria de vez a artilharia do torneio com uma cobrança de pênalti sofrido por Macedo e ainda marcaria mais um, de cabeça. Com o pênalti desperdiçado mais tarde por Wilson Mano, o placar ficaria em 3 a 0. Apesar da boa margem, Telê não saiu satisfeito. "Faltou determinação", reclamou. "Poderíamos ter marcado mais gols."[33] Ele ainda creditou a vitória elástica ao técnico adversário, mas encarou isso como elogio: "Foi um resultado anormal e só aconteceu porque o Cilinho optou pelo esquema ofensivo, procurando sempre o gol desde o início do jogo. Ele é um técnico arrojado."[34]
Não que fizesse diferença, pois ao Corinthians não importava a elasticidade do placar: no segundo jogo, precisaria ganhar por qualquer placar no tempo normal e depois novamente na prorrogação.[2] Nem a torcida acreditou, e no segundo jogo o Morumbi foi tomado por 60% de são-paulinos.[35] A chuva forte que caiu antes[36] e depois do jogo[37] não impediu que mais de 106 mil torcedores pagassem ingresso para assistir à decisão.
Jairo foi escalado para marcar Raí[23] e cumpriu sua função, tanto que o são-paulino teve apenas uma chance de gol, no primeiro tempo.[38] Mesmo assim, sem Dinei, expulso no primeiro jogo, o Corinthians criou pouco no ataque. Cilinho teve de colocar Tupãzinho, que ele mesmo tinha barrado na metade do campeonato.[23] A única grande chance foi um chute de Ezequiel cara a cara com Zetti, mas que saiu cinco metros acima do gol.[39] O São Paulo dominou o jogo,[40] e, mesmo sem conseguir marcar, o empate sem gols deu o título ao São Paulo sem a necessidade de prorrogação.
Ao fim do jogo, Raí comandou a corrida de alguns jogadores até o técnico Telê Santana e levantou-o em seus ombros. Mais tarde, fez uma "guerra de água" com jornalistas e, ao lado de Antônio Carlos, Müller e Cafu, subiu na grade do vestiário para cantar o hino do clube.[41] "Minha concentração antes e durante a partida é muito grande, o que me deixa calado", confessou Raí. "Mas, depois da conquista, volto a ser mais espontâneo, como uma criança."[41] Telê aproveitou o momento para desabafar: "O São Paulo (…) foi disparado o melhor time, como já tinha acontecido no Campeonato Brasileiro, justamente porque adotou o bom futebol como opção de trabalho. A conquista paulista foi mais difícil e mais importante que a do Brasileiro, pois tivemos de provar não estar em vantagem por termos disputado o Grupo B. a classificação para a semifinal até a conquista do título, a equipe participou de oito jogos decisivos e não perdeu nenhum. Isso é uma prova de superioridade."[34] Telê ainda dizia não ter certeza se continuaria no clube em 1992 e que só tomaria uma decisão no início do ano — ele acabaria voltando, e conquistaria duas Libertadores e dois Mundiais Interclubes nos dois anos seguintes. A diretoria são-paulina ainda falava sobre o então possível reforço do lateral Júnior, do Flamengo, que não queria conversar enquanto não acabasse a decisão do Campeonato Carioca, no domingo seguinte.[42]
No vestiário corintiano, o tom era de conformismo, embora os jogadores não escondessem sua decepção com o resultado do primeiro jogo, que classificaram como determinante para a perda do título. "O erro aconteceu domingo passado", lamentou Jacenir. "Jogamos totalmente errado e agora pagamos o preço. Fizemos hoje o que foi possível, mas a goleada nos desestruturou. Se tivéssemos ao menos empatado aquele jogo…"[38] Giba concordou: "Demos o máximo, mas não foi possível derrotar o São Paulo. Perdemos o título nos 3 a 0."[38] Quem não estava sereno era o técnico Cilinho, que tentou comprar briga com um repórter do Jornal da Tarde, e ambos despencaram das escadas que dão acesso ao vestiário.[20] Mais tarde, também lamentou a derrota: "Deus, não satisfeito com tudo o que realizamos na primeira fase, nos colocou à frente de um time beneficiado pelo empate, e aí não conseguimos superar."[43]
A decisão
Corinthians: Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio (Tupãzinho), Wilson Mano e Ezequiel; Marcelinho Paulista, Dinei e Paulo Sérgio. Técnico: Cilinho.
São Paulo: Zetti, Cafu, Adilson (Sérgio Baresi), Ronaldão e Nelsinho; Sídnei, Suélio (Rinaldo) e Raí; Macedo, Müller e Elivélton. Técnico: Telê Santana.
São Paulo: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Nelsinho; Sídnei, Suélio e Raí; Macedo, Müller e Elivélton. Técnico: Telê Santana.
Corinthians: Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Jairo, Ezequiel (Carlinhos) e Wilson Mano; Marcelinho Paulista, Tupãzinho e Paulo Sérgio. Técnico: Cilinho.
Campeão Paulista de 1991
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SÃO PAULO (17º título)
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Ver também
Referências
- ↑ «Lista de artilheiros do Campeonato Paulista 1942». ge.globo.com
- ↑ a b "Regulamento", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 4
- ↑ file:///C:/Users/Jos%C3%A9%20Luis/Downloads/MF0000009030b.pdf
- ↑ "Os poderosos estão sitiados", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 4
- ↑ Celso Dario Unzelte, Almanaque do Corinthians Placar, Editora Abril, 2005, pág. 735
- ↑ "Gigante com medo de cair", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 6
- ↑ "Jogador nota 11", Placar número 1 066-A, dezembro de 1991, Editora Abril, pág. 4
- ↑ a b "Correndo atrás da criatividade", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 7
- ↑ a b c d "Neto era o ídolo. Agora não tem lugar no time", Cosme Rímoli, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 7
- ↑ "O maior reforço está no banco", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 8
- ↑ "Aposta no desconhecido", Placar número 1 061, julho de 1991, Editora Abril, pág. 9
- ↑ a b c "Pronto para mais uma década", Placar número 1 067, janeiro de 1992, Editora Abril, págs. 4-9
- ↑ a b "São Paulo tem tudo para ficar com a taça", O Estado de S. Paulo, 15/12/1991, Esportes, pág. 6
- ↑ "Epopéia tricolor", Placar número 1 066-A, dezembro de 1991, Editora Abril, pág. 6
- ↑ a b "Raí, um elogio ao futebol", Ubiratan Brasil, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 4
- ↑ a b Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Palmeiras Placar, Editora Abril, 2004, pág. 334
- ↑ Celso Dario Unzelte, Almanaque do Timão Placar, Editora Abril, 2000, pág. 384
- ↑ a b c Valmir Storti e André Fontenelle, A História do Campeonato Paulista, Publifolha, 1997, pág. 197
- ↑ Celso Dario Unzelte, Almanaque do Corinthians Placar Editora Abril, 2005, pág. 479
- ↑ a b c d "Cilinho abre o caminho. No braço", Luiz Antonio Prósperi, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 7
- ↑ "Araçatuba já se considera campeão", O Estado de S. Paulo, 15/12/1991, Esportes, pág. 5
- ↑ "São Caetano vence e pega a vaga", Brasil de Oliveira, O Estado de S. Paulo, 15/12/1991, Esportes, pág. 5
- ↑ a b c "Os vice-campeões", Sérgio Baklanos, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 6
- ↑ Conrado Giacomini, São Paulo: Dentre os Grandes, És o Primeiro, Ediouro, 2005, pág. 229
- ↑ Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Palmeiras Placar, Editora Abril, 2004, pág. 330
- ↑ Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Palmeiras Placar, Editora Abril, 2004, pág. 492
- ↑ "Os números são favoráveis ao Corinthians", O Estado de S. Paulo, 8/12/1991, Esportes, pág. 4
- ↑ "Estrutura, planejamento. E o título", Sérgio Baklanos, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 3
- ↑ "Cilinho fica. Os líderes não", Luiz Antonio Prósperi, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 8
- ↑ Conrado Giacomini, São Paulo: Dentre os Grandes, És o Primeiro, Ediouro, 2005, págs. 224-226
- ↑ Conrado Giacomini, São Paulo: Dentre os Grandes, És o Primeiro, Ediouro, 2005, pág. 230
- ↑ "'É o troco do Brasileiro de 90'", Ferdinando Casagrande, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 2
- ↑ "A arte de ser o melhor", Placar número 1.066-A, dezembro de 1991, Editora Abril, pág. 2
- ↑ a b "'Fomos os melhores do campeonato. Disparado!'", depoimento de Telê Santana a Ubiratan Brasil, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 5
- ↑ "O 'já ganhou', desde o Anhangabaú", Ferdinando Casagrande, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 2
- ↑ "Cidade-Morumbi recebe multidão e muita água", Nelson Urt, O Estado de S. Paulo, 16/12/1991, Esportes, pág. 10
- ↑ "Globo ganhou no detalhe", Roberto Pereira de Souza, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 2
- ↑ a b c "Os jogadores sabiam: estava tudo perdido", Cosme Rímoli, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 6
- ↑ "Atacar. Mas, com quem?", Cosme Rímoli, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 6
- ↑ "São Paulo mantém o jogo sob controle", Tonico Duarte, O Estado de S. Paulo, 16/12/1991, Esportes, pág. 3
- ↑ a b "No fim, uma homenagem justa. A Telê", Ubiratan Brasil, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 4
- ↑ "Na boate, caviar. No vestiário, água e lama", Luiz Antonio Prósperi, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 12
- ↑ "'Futebol é para gente capaz'", depoimento de Cilinho a Vinícius Mesquita, Jornal da Tarde, 16/12/1991, Edição de Esportes, pág. 7
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Edições do primeiro nível masculino | | |
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Edições do segundo nível masculino | |
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Edições do terceiro nível masculino | |
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Edições do quarto nível masculino |
- Terceira Divisão: 1960
- 61
- 62
- 63
- 64
- 65
- 66
- 67
- 68
- 69
- Segunda Divisão: 1977
- 78
- 79
- Terceira Divisão: 1988
- 89
- 1990
- Seletivo: 91
- Série B1: 94 (B1-A)
- 94 (B1-B)
- 95 (B1-A)
- 95 (B1-B)
- 96
- 97
- 98
- 99
- 2000
- 01
- 02
- 03
- 04
- Segunda Divisão: 05
- 06
- 07
- 08
- 09
- 2010
- 11
- 12
- 13
- 14
- 15
- 16
- 17
- 18
- 19
- 2020
- 21
- 22
- 23
- Série A4: 24
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Edições do quinto nível masculino |
- Terceira Divisão: 1978
- 79
- Série B2: 1994
- 95
- Série B1-B: 96
- 97
- 98
- 99
- Série B2: 2000
- Segunda Divisão: 24
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Edições do sexto nível masculino | |
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Edições do campeonato do interior |
- 2007
- 2008
- 2009
- 2010
- 11
- 12
- 13
- 14
- 15
- 17
- 18
- 19
- 2020
- 21
- 22
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Edições do campeonato feminino | |
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