Estação Ferroviária de Famalicão
Nota: Este artigo é sobre a estação na Linha do Minho. Se procura o apeadeiro na Linha do Oeste, veja Apeadeiro de Famalicão da Nazaré.
A Estação Ferroviária de Famalicão é uma interface da Linha do Minho, que serve a localidade de Vila Nova de Famalicão, em Portugal. Foi o terminal da Linha do Porto à Póvoa e Famalicão entre 1881[2] e 1995. DescriçãoEsta interface tem acesso rodoviário pelo Largo Heróis de Monsanto, na cidade de Vila Nova de Famalicão.[3] O edifício de passageiros situa-se do lado nascente da via (lado direito do sentido ascendente, a Monção).[4] Em dados oficiais de 2010, a estação de Famalicão tinha três vias de circulação, com 601, 577 e 516 m de comprimento; as plataformas apresentavam 270 e 265 m de extensão, e uma altura de 90 cm.[5] HistóriaAntecedentesAté aos meados do século XIX, a região do interior do Minho tinha grandes problemas de comunicações, com poucas vias terrestres, sendo os rios os principais meios de transporte.[6] Esta situação começou a mudar com os programas de obras públicas do governo, que se incidiram particularmente sobre as comunicações terrestres, tendo por exemplo sido construída em 1856 uma estrada macadamizada, que permitiu a criação de uma carreira de diligências entre o Porto e Viana do Castelo, passando por Famalicão e Barcelos.[7] Também se construiu uma estrada entre Famalicão e Viana do Castelo, que seria parte da futura Estrada Real 4, de Famalicão a Caminha.[8] Planeamento, construção e inauguraçãoAs primeiras tentativas para a construção de caminhos de ferro na região do Minho datam ainda do governo de Costa Cabral, durante a Década de 1840, quando foi feita uma proposta pelo empresário inglês Hardy Hislop para uma linha entre o Porto e Valença.[9] Esta ideia seria retomada em 1857, um ano depois de ter sido construído o primeiro troço de via férrea em Portugal, entre Lisboa e o Carregado, quando o Conde de Réus propôs a instalação de uma linha entre o Porto e Vigo.[9] O projecto do Conde de Réus saía da futura Estação de Campanhã e seguia pelo interior até São Romão do Coronado, virando depois para a Vila do Conde, acompanhando depois a costa durante o resto do percurso até Caminha.[9] Uma lei de 2 de Julho de 1867 autorizou o governo a construir a linha do Minho, tendo sido elaborado um novo projecto para aquela linha, incluindo desde logo um ramal para Braga.[9] Este novo percurso passava por Balazar e depois começava a seguir a linha costeira a partir da foz do Cávado, em Esposende.[9] O ramal para Braga seguiria o vale do Rio Este.[9] Como este projecto passava demasiado longe de Famalicão e Barcelos, o governo ordenou que fosse refeito de forma a que a linha servisse aquelas duas importantes vilas.[9] Desta forma, foi feito um novo projecto, que fazia a linha seguir por Barcelos, com o Ramal de Braga a sair de Nine.[9] Este documento foi posteriormente modificado para melhorar o traçado a Norte de Barcelos, até Viana do Castelo.[9] Um decreto de 14 de Junho de 1872 ordenou o início das obras da linha do Minho,[9] tendo o lanço entre Campanhã e Nine entrado ao serviço em 21 de Maio de 1875, em conjunto com o Ramal de Braga.[10] Ligação à Linha da PóvoaEm 1 de Outubro de 1875, foi inaugurada uma linha férrea de via estreita entre o Porto e a Póvoa de Varzim, cujo prolongamento até Famalicão foi autorizado por um decreto de 19 de Dezembro de 1876.[11] Assim, em 12 de Junho de 1881, entrou ao serviço o lanço entre Famalicão e Fontaínhas, concluindo a linha.[12] A linha foi construída pela Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão, que também ampliou a estação de Famalicão com novas instalações, de forma a servir a sua linha.[13] Continuação projectada até Guimarães e Santo TirsoOriginalmente, a Linha da Póvoa estava planeada para continuar além de Famalicão, devendo passar por Guimarães e pelas Terras de Basto até entroncar com a Linha do Corgo.[14] Em 16 de Agosto de 1895, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que se estava a planear a linha entre Guimarães a Famalicão,[15] e em 1 de Setembro de 1899 reportou que se estava a fazer uma tentativa para construir aquela linha.[16] Em 16 de Fevereiro de 1901, noticiou que tinha sido pedida autorização para construir uma linha no sistema americano, com tracção a vapor,[16] pedido que foi recusado pelo ministro das Obras Públicas, uma vez que iria prejudicar o tráfego das linhas do Minho e de Guimarães.[17] Em 16 de Abril, a Gazeta relatou que a Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão tinha-se mostrado interessada em construir a linha, como via férrea pesada, que iria funcionar como um ramal da sua linha principal.[18] No entanto, estes planos também foram rejeitados pelo estado.[19] Além da continuação até Guimarães, também foi proposto o prolongamento da Linha da Póvoa até Santo Tirso, na Linha de Guimarães.[14] Esta obra foi defendida pelo jornalista José da Guerra Maio, num artigo publicado na Gazeta dos Caminhos de Ferro em 1949.[20] Década de 1910Em 1913, existiam serviços de diligências ligando a vila de Famalicão à estação ferroviária.[21] Décadas de 1930 e 1940Originalmente, a linha da Póvoa utilizava uma bitola de 90 cm, que foi ampliada para via métrica em 1930, já pela Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal.[2] Em 1 de Janeiro de 1947, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses começou a explorar as antigas linhas da Companhia do Norte.[22] Em 1949, foi algaliado o lanço da Linha do Minho entre Lousado e Famalicão.[23] Esta obra permitiu o estabelecimento de comboios directos entre a Póvoa de Varzim e Guimarães, revitalizando a linha de via estreita até Famalicão, que tinha tão pouco movimento que em certos dias não chegava a ter comboios.[20] Após a abertura da via algaliada, passaram a ser feitos cinco comboios diários entre a Póvoa e Famalicão em cada sentido, dos quais três continuavam até Guimarães ou Fafe.[20] Década de 1950Em 4 de Janeiro de 1950, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses decidiu criar uma zona de comboios tranvias entre a Póvoa de Varzim e Famalicão, de forma a combater a concorrência do transporte rodoviário naquele percurso.[24] Década de 1990Na década de 1990, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um programa de modernização das linhas suburbanas da cidade do Porto, incluindo a Linha do Minho e Ramal de Braga, tendo ficado concluído em Janeiro de 1996 um estudo prévio sobre a remodelação do lanço entre Lousado e Nine.[25] Previa-se que esta intervenção iria melhorar consideravelmente os serviços no eixo entre o Porto e Braga, através da redução dos tempos de percurso e da introdução de novos comboios, como um Intercidades, que teria uma só paragem em Famalicão.[25] Também se poderiam criar novos serviços suburbanos, como um semi-rápido cadenciado e outro expresso entre Porto - São Bento e Braga, ambos com várias paragens ao longo do percurso, incluindo em Famalicão.[25] Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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