Frederico, Duque de Iorque e Albany
Frederico Augusto, Duque de Iorque e Albany (em inglês: Frederick August, Duke of York and Albany) (16 de agosto de 1763 - 5 de janeiro de 1827) era o segundo filho mais velho do rei Jorge III do Reino Unido, um membro da Casa de Hanôver e da família real britânica. A partir da morte do pai, em 1820, até à sua própria morte em 1827, foi o herdeiro presuntivo do seu irmão mais velho, o rei Jorge IV. Foi enviado para o exército britânico quando era ainda muito novo, nomeado para o alto comando aos trinta anos e foi comandante numa campanha conhecida pelo seu fracasso durante a Guerra da Primeira Coligação que se seguiu à Revolução Francesa. Mais tarde, na posição de comandante-em-chefe, reorganizou o exército britânico, levando a cabo reformas estruturais e administrativas. Primeiros anosO príncipe Frederico Augusto, ou o duque de Iorque, título pelo qual se tornaria conhecido mais tarde, pertencia à Casa de Hanôver. Nasceu no dia 16 de agosto no Palácio de St. James, em Londres. O seu pai era o monarca reinante da Grã-Bretanha, o rei Jorge III e a sua mãe era a rainha Carlota (nascida princesa de Mecklemburgo-Strelitz).[1] Foi baptizado a 14 de setembro de 1763 no Palácio de St. James pelo arcebispo da Cantuária, Thomas Secker, e os seus padrinhos foram o seu tio-avô, o duque de Saxe-Gota-Altemburgo (representado na cerimónia pelo conde Gower, Lord Chamberlain), o seu tio, o duque de Iorque (representado pelo conde de Huntingdon) e a sua tia-avó, a princesa Amélia.[2] A 27 de fevereiro de 1764, quando o príncipe Frederico tinha seis meses de idade, o seu pai conseguiu fazer com que ele fosse nomeado príncipe-bispo de Osnabruque, na Baixa Saxónia.[1] Recebeu este título porque o seu pai, sendo príncipe-eleitor de Hanôver, tinha o direito de escolher quem podia deter este título (em alternação com o prelado católico).[3] Foi investido como cavaleiro da Honorável Ordem de Bath a 30 de dezembro de 1767[4] e cavaleiro da Ordem da Jarreteira a 19 de junho de 1771.[5] Carreira militarJorge III decidiu que o seu segundo filho seguiria uma carreira militar e conseguiu nomeá-lo coronel concursado a 4 de novembro de 1780.[6] Entre 1781 e 1787, o príncipe Frederico viveu em Hanôver, onde estudou juntamente com os seus irmãos mais novos, os príncipes Eduardo, Ernesto, Augusto e Adolfo na Universidade de Göttingen.[7] Foi nomeado coronel do 2o. Regimento de Guardas Granadeiros a Cavalo a 26 de março de 1782[8] antes de ser promovido a major-general a 20 de novembro de 1782.[1] Promovido a tenente-general a 27 de outubro de 1784,[1] foi nomeado coronel dos Guardas Coldstream a 28 de outubro de 1784.[9] Recebeu os títulos de duque de Iorque e Albany e conde Ulster a 27 de novembro de 1784[10] e tornou-se membro do Conselho Privado. Manteve o bispado de Osnabruque até 1803, ano em que, devido à secularização que se seguiu à dissolução do Sacro Império Romano, o bispado foi incorporado ao Reino da Prússia.[3] No verão de 1787, a imprensa americana lançou rumores de que o governo estava a preparar um golpe e que convidaria o príncipe Frederico para se tornar "rei dos Estados Unidos".[11] Quando regressou à Grã-Bretanha, o duque ocupou o seu lugar na Câmara dos Lordes, onde, a 15 de dezembro de 1788, durante a crise da regência, se opôs ao projecto de lei de regência de William Pitt num discurso que teria a influência do príncipe de Gales[3] A 26 de maio de 1789, participou num duelo com o coronel Charles Lennox, que o tinha insultado. Lennox falhou o alvo e o príncipe Frederico recusou-se a disparar em resposta.[12] FlandresA 12 de abril de 1793, Frederico foi promovido a general. Nesse mesmo ano, foi enviado para Flandres para comandar o contingente britânico do exército de Coburgo que tinha como objectivo invadir a França.[13] Frederico e o seu comando combateram na Campanha de Flandres em condições extremamente difíceis. O príncipe venceu vários confrontos notáveis, tais como o Cerco de Valenciennes em julho de 1793,[12] mas foi derrotado na Batalha de Hondschoote em setembro de 1793.[13] Na campanha de 1794, conseguiu vencer a Batalha de Willems em maio, mas foi derrotado na Batalha de Tourcoing nesse mesmo mês. O exército britânico foi evacuado através de Bremen em abril de 1795.[13] Comandante-em-chefeDepois de regressar à Grã-Bretanha, o seu pai, Jorge III, promoveu-o à posição de marechal-de-campo a 18 de fevereiro de 1795.[13] A 3 de abril de 1795, Jorge nomeou-o comandante-em-chefe efectivo, sucedendo a Lord Amherst[14] apesar de o título apenas ter sido confirmado três anos depois.[15] Também foi coronel do 60.º Regimento a Pé a partir de 19 de agosto de 1797.[16] Quando foi nomeado comandante-em-chefe, Frederico declarou imediatamente o seguinte, referindo-se à sua Campanha de Flandres de 1793-94: "(...) nenhum oficial devia ser sujeito às mesmas desvantagens sob as quais ele trabalhou".[14] O seu segundo comando de campo aconteceu com um exército enviado para a invasão anglo-russa da Holanda em agosto de 1799. A 7 de setembro de 1799, recebeu o título honorário de capitão-general.[17] Sir Ralph Abercromby e o almirante sir Charles Mitchell, encarregados da vanguarda, tinham conseguido capturar alguns navios de guerra holandeses em Den Helder. Contudo, após a chegada do duque com o corpo principal do exército, as forças aliadas passaram por uma série de desastres que incluíram a falta de mantimentos.[18] A 17 de outubro de 1799, o duque assinou a Convenção de Alkmaar, em consequência da qual a expedição aliada se retirou depois de desistir dos seus prisioneiros.[18] Estes contratempos militares deviam-se à falta de antiguidade moral de Frederico como comandante de campo, ao estado miserável do exército britânico na altura e os objectivos militares contraditórios dos protagonistas. Depois desta campanha falhada, Frederico foi ridicularizado, talvez injustamente, na rima "The Grand Old Duke of York" [O Grande e Velho Duque de Iorque]:
A experiência de Frederico na campanha holandesa impressionou-o profundamente. Essa campanha e a campanha de Flandres tinham demonstrado as várias fraquezas do exército britânico após vários anos de negligência. Como comandante-em-chefe, Frederico levou a cabo um programa massivo de reforma.[20] Foi a pessoa mais responsável pelas reformas que criaram a força que prestou serviço na Guerra Peninsular. Também estava encarregue das preparações contra a invasão ao Reino Unido planeada por Napoleão em 1803. Na opinião de Sir John Fortescue, Frederico "fez mais pelo exército do que qualquer outro homem em toda a sua história."[21] Em 1801, Frederico apoiou activamente a criação da Real Academia Militar de Sandhurst que promovia o treino profissional e por mérito de futuros oficiais comissariados.[18] A 14 de Setembro de 1805, recebeu o título honorário de Guardião da Floresta de Windsor.[22] Frederico demitiu-se da sua posição de comandante-em-chefe a 25 de março de 1809 devido ao escândalo causado pelas actividades da sua última amante, Mary Anne Clarke.[18] Clarke foi acusada de vender comissões do exército ilicitamente sob a protecção de Frederico. Um comité escolhido pela Câmara dos Comuns levou a cabo um inquérito sobre o assunto Eventualmente, o Parlamento absolveu Frederico da acusação de ter recebido subornos com 278 votos contra 196. Apesar de tudo, o príncipe demitiu-se devido ao grande número de votos contra ele. Dois anos depois foi descoberto que Clarke tinha recebido pagamentos do principal acusador de Frederico, que tinha caído em desgraça, e o príncipe-regente voltou a nomear o irmão, agora exonerado, comandante-em-chefe a 29 de maio de 1811. Frederico mantinha uma residência no campo em Oatlands, perto de Weybridge, em Surrey. No entanto, como estava lá raramente, uma vez que preferia ocupar o seu tempo com os Guardas a Cavalo (o quartel-general do exército britânico) e com a alta sociedade de Londres, principalmente nas suas mesas de jogo. Frederico ficou endividado toda a vida por causa de apostar demasiado em jogos e cavalos.[23] Após a morte inesperada da sua sobrinha, a princesa Carlota de Gales, em 1817, Frederico ficou no segundo lugar da linha de sucessão e com grandes hipóteses de vir a herdar a coroa.[24] Em 1820, tornou-se herdeiro presumível após a morte do seu pai, o rei Jorge III.[23] Frederico morreu de hidropsia e aparente doença cardio-vascular em casa do duque de Rutland em Arlington Street, Londres, em 1827.[18] Depois de um velório em Londres, o corpo de Frederico foi sepultado na Capela de São Jorge em Windsor.[23] FamíliaFrederico casou-se por procuração a 29 de setembro de 1791 em Charlottenburg, Berlim, e em pessoa, no Palácio de Buckingham, a 23 de novembro de 1791, com a sua prima, a princesa Frederica Carlota da Prússia, filha do rei Frederico Guilherme II da Prússia e da duquesa Isabel Cristina de Brunswick-Lüneburg. O casamento não foi feliz e o casal separou-se pouco depois. Frederica retirou-se para Oatlands, onde viveu até à sua morte em 1820. AncestraisNotas e referências
Bibliografia
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